UM
29 de janeiro de 2022
Sábado
Daniela já estava na sua quarta xícara de café, seus olhos cansados e os bocejos frequentes evidenciavam que ela teve uma noite ruim, o recipiente esquentava a sua mão no momento em que ela bebia o líquido quente com vontade e sua irmã estava sentada na sua frente enquanto observava a mulher suspirar de esgotamento.
— Mais uma noite de insônia? — Débora perguntou preocupada.
— Mais uma. — Ela assumiu dando mais um bocejo. — Ontem o Thiago chegou tarde em casa, de novo, e a cobra da mãe dele não me deixou em paz até ele chegar.
— Ela ainda pega no seu pé por não dar um neto pra ela, né!?
— Sim, e nem vou dar. A última coisa que eu quero é um filho, já tenho problemas demais.
— Mas filho não é problema. — Débora comentou com uma voz triste.
— Eu sei, me perdoa. — Dani se desculpou depois de perceber que havia magoado a irmã. — Eu sei que você tá tentando engravidar, e eu não devia ter dito isso.
Débora suspirou desanimada e pegou nas mãos da mais nova como sinal de que estava tudo bem, afinal, ela e o marido Leandro estavam tentando ter um filho há quase quatro anos, mas nunca conseguiram o que a deixava cada vez mais frustrada.
— Você tá tomando os remédios direitinho? — A mais velha questionou tentando esquecer o assunto.
— Tô, mesmo horário de sempre. Mas esses dias eu não sei o que tá acontecendo, tô me sentindo mais cansada e ainda assim não consigo dormir. Não sei, tô com a sensação de que tem alguma coisa errada.
— Que coisa? — Débora perguntou intrigada.
— Não sei, e espero que eu esteja enganada.
Daniela ouviu sua irmã avisar que iria pagar a conta e logo a viu ir até o balcão, ela então tomou mais um gole do seu café enquanto observava a rua pela janela de vidro, ela estava na cafeteria que ela e os amigos costumavam frequentar, mas desde que os irmãos foram embora para Portugal ela nunca mais ela teve a sensação de aconchego e segurança, e apesar de ainda terem mantido contato, a relação entre os oito amigos foi se esfriando e restou apenas as boas lembranças.
Dani passou a mão na parte posterior do seu braço se lembrando do dia em que as quatro amigas fizeram a tatuagem e logo sentiu uma lágrima descer pelo seu rosto, mas rapidamente a secou percebendo a aproximação de Débora, a mais velha que conhecia a irmã muito bem logo tratou de perguntar.
— Você tá bem?
— Tô sim, só tô cansada. — Dani respondeu com uma voz desanimada e perguntou em seguida. — Posso ir pra sua casa tentar descansar lá?
— Claro que sim. — Ela falou e pediu em seguida. — Me dá a chave do seu carro, eu dirijo pra você.
Daniela pegou as chaves que estavam dentro da sua bolsa e entregou para a sua irmã enquanto ela se levantava da cadeira calmamente, ela então sentiu a mais velha envolver os braços dela nos seus para assim poderem ir até a casa onde Débora e Leandro moravam há quase quatro anos.
As duas seguiram o trajeto em silêncio chegando quase 20 minutos depois, e após estacionar o carro de Dani perto da calçada, Débora chamou a irmã que cochilava no banco do passageiro. As duas saíram do automóvel e quando entraram, a mais velha fechou o portão da garagem para depois abrir a porta chamando pelo marido e ele logo respondeu aparecendo na sala com uma colher grande na mão.
— Oi, meu amor. — O homem deu um selar nos lábios da esposa e voltou o olhar para Daniela. — Oi, Danizita. Você tá bem?
— Sim, só um pouco cansada. — Ela respondeu e avisou em seguida. — Vou tentar dormir, não me acordem, não estou pra ninguém.
Dani saiu do local indo em direção ao quarto de hóspedes enquanto Leandro observava a cunhada caminhar devagar e quando ela entrou no dormitório, ele virou o rosto para Débora perguntando com uma voz baixa.
— Ela não tá bem, né!?
— Não. — A mulher respondeu pegando colher da mão do marido. — Teve outra noite de insônia.
— Mais uma? — Leandro perguntou admirado enquanto seguia Débora que ia para a cozinha.
— Sim, tô preocupada com ela. Esse casamento não tá fazendo bem pra Dani, hoje ela me disse que o Thiago chegou em casa tarde, de novo e a dona Cristina não deixou ela sossegada até ele chegar.
— Você acha que ele trai a Dani?
— Com certeza, aquela cara de bom moço não me engana. — Débora falou com convicção depois de experimentar o feijão que o marido estava fazendo. — Hm, tá bom, hein, amor?
— Gostou? — Ele a puxou com força fazendo ela derrubar a colher.
— Ai, seu bruto.
Leandro não pode deixar de rir com o comentário dela e a beijou com paixão, as mãos dela envolveram o seu pescoço enquanto ela sentia seus lábios serem mordidos por ele que logo deixou o beijo mais devagar para falar baixinho nos lábios dela.
— Eu amo você. Nunca se esqueça disso.
— Eu também amo você. — Débora respondeu enquanto recebia um cheiro no pescoço. — Você é a melhor coisa da minha vida.
Os dois sorriram e ela recebeu um selar nos lábios, mas logo eles ouviram passos se aproximando e viram Alex entrar pela porta dos fundos que dava acesso à cozinha.
O rapaz não havia mudado muito, o cabelo continuava castanho o diferenciando do irmão que permanecia mais escuro, os dois não se pareciam em nada, afinal, Leandro foi adotado pelos pais de Alex quando era um recém-nascido depois que foi abandonado por sua mãe biológica na porta de um orfanato. A mãe dos rapazes ainda estava grávida de Alex quando fez uma visita a trabalho no local e se apaixonou pelo bebê no mesmo instante em que o viu.
— Oi, vim caçar comida aqui. — O rapaz deu um beijo no rosto da cunhada e cumprimentou o irmão em seguida.
— Onde você tava? — Débora perguntou enquanto se abaixava para pegar a colher que estava no chão.
— Fui mostrar a casa da mãe da Renata pra um casal. Hoje ela tá de plantão e pediu pra eu ir.
— Já? — A mulher perguntou surpresa. — Vocês não anunciaram ontem?
— Ah, minha filha. Esse povo não perde tempo.
Leandro concordou com a cabeça e logo eles sentiram o cheiro forte da carne assada no forno, Débora então seguiu até o armário que ficava em cima do balcão e prontamente pegou os pratos de porcelana junto com os talheres que ficavam na gaveta para poder colocar na mesa enquanto Alex ajudava o irmão a levar as travessas com as comidas para se servirem.
— Chamo a Dani pra almoçar? — Leandro perguntou.
— Não. — Ela balançou a cabeça em negativo. — Deixa ela dormir, ela tá precisando descansar, vou lá ver se ela tá dormindo, mesmo.
Débora logo seguiu em direção ao quarto, a casa era grande, o imóvel foi levantado em um terreno dado de presente pelos pais de Leandro e com muito esforço, o casal conseguiu terminar de construir sua moradia do jeito que eles sempre sonharam. Alex, que tinha sua casa ao lado do irmão, também a construiu em um local presenteado por seus pais, seu imóvel era um pouco maior do que a de Leandro, acrescentando apenas uma varanda perto da garagem onde servia de encontros com amigos e familiares.
Débora abriu a porta do quarto devagar e logo viu sua irmã dormindo profundamente fazendo ela soltar um suspiro de alívio. Ela então retornou para a sala de jantar e viu o marido e o seu irmão se servindo sem esperarem por ela que logo resmungou.
— Tu falou com a Isa, Deb? — Alex perguntou enquanto cortava a carne.
— Sim, ela me disse que chega na semana que vem. — A mulher respondeu se servindo de mais arroz. — Tô com saudades dela.
— Eu também. — Leandro assumiu. — De todos, na verdade.
— Como seria nossas vidas se eles não tivessem ido embora?
— Completamente diferente, com certeza. — Débora afirmou com convicção. — A Dani estaria com o Caio e não com esse seboso do Thiago que não me desce.
— Qual o seu problema com ele, mesmo? — Alex questionou curioso.
— Ah, eu não sei. Sabe quando o santo não bate? — Ele balançou a cabeça em afirmativo. — Então, é assim que eu me sinto com ele, e a Dani não gosta dele, tento certeza.
— Por que ela não se separa dele, então?
— Também queria saber, deve ter alguma coisa que prende ela lá, ou ela quer ter essa sensação de ter alguém ao lado dela mesmo ela não amando ele tanto assim.
Os três continuaram o almoço sem parar de conversar e depois que terminaram a refeição, Alex ajudou a limpar tudo para depois ir para a sua casa enquanto o casal seguia até o quarto para descansar por um instante.
🍀
Caio saiu do aeroporto acompanhado de seus irmãos, e quando sentiu o ar da sua cidade, não pode deixar de sorrir, pois foram mais de dez anos longe daquele lugar que ele amava tanto. Não que ele não gostasse de Portugal, afinal, foi nesse país onde ele aprendeu diversas coisas, além de se formar e se tornar um advogado de sucesso.
Seu irmão gêmeo, Cássio, estava logo atrás dele e tinha um sorriso estampado no rosto, sua namorada estava ao seu lado e estava tão feliz quanto ele ao retornar para o seu país natal. O rapaz, que havia se formado em medicina com louvor, conseguiu se especializar em neurologia se tornando um neurocirurgião renomado.
Juliana estava com lágrimas nos olhos ao poder retornar para aquele país que tanto lhe fez falta, afinal, não foi fácil ter deixado sua cidade e seus amigos justo uma semana depois do seu aniversário, e mesmo com sua família ao seu lado, demorou muito tempo para que ela se acostumasse com uma cultura totalmente diferente. Caio logo percebeu a emoção da irmã e se aproximou dela para poder abraçá-la.
— Tava com saudades, né!? — Ele perguntou depois de dar um beijo no seu rosto.
— Muitas, você nem imagina o tanto que eu queria voltar. — Ela respondeu com um sorriso e ouviu seu outro irmão questionar.
— Caio, tu sabe onde eles estão morando, agora?
— Não, mas eu vou descobrir, vamos fazer a surpresa, mas antes eu tenho que ir nesse jantar com o dono dessa empresa que eu fiz sociedade.
— Tá importante, hein? — Flávia brincou com o cunhado que fez uma expressão sarcástica.
Eles então pegaram um táxi e seguiram em direção à casa que o pai deles possuía na cidade e que servia de estadia para ele e a família quando eles visitavam o local. A casa, que ficava em um bairro perto do Centro, já estava limpa a mando de Jorge e os irmãos logo se acomodaram nos quartos para descansar.
🍀
Já estava anoitecendo quando Daniela chegou na sua casa, estava mais disposta depois que conseguiu descansar na casa da sua irmã. Ela então estacionou o carro na garagem ao lado do veículo do seu marido e logo constatou que ele já estava em casa. Dani trancou o seu automóvel e foi em direção à sala vendo Thiago parado no local com uma expressão irritada.
— Onde você estava? — Ele perguntou com a voz alterada. — Te liguei várias vezes. Esqueceu que hoje é o jantar com o novo sócio da empresa?
— Desculpa, o celular descarregou e eu tava na casa da Débora.
— Sempre lá, né!? O jantar vai começar daqui a pouco, melhor você ir se arrumar.
Daniela não falou nada, apenas revirou os seus olhos enquanto seguia até o seu quarto, e quando chegou, ela prontamente trancou a porta e foi para o banheiro. Já debaixo do chuveiro ela fechou seus olhos e sua mente foi para o dia do aniversário de sua amiga Juliana, lembrou de quando beijou seu amigo Caio pela primeira vez e de como o seu grupo de amigos estava feliz naquela noite. Ela então sentiu suas lágrimas se misturando com a água que caía pelo seu corpo de perguntando em como será que eles estariam agora.
Dani acabou o seu banho e desligou o chuveiro pegando a toalha que estava pendurada ao lado do box, e depois que terminou de se enxugar, ela retornou para o quarto decidindo usar um vestido longo para aquela noite optando por um look laranja que ela gostava muito e que havia sido presente de sua irmã no seu aniversário.
Depois que terminou de se vestir, Daniela finalizou o seu penteado e se olhou no espelho mais uma vez se achando bonita após muito tempo, ela então seguiu até a sala e desceu as escadas vendo alguns convidados do seu marido no local, sua sogra estava sentada no sofá e a olhou com desdém enquanto a mulher cumprimentava a todos e logo eles ouviram a campainha tocar.
— Deve ser ele, pessoal. — O marido de Dani falou.
Thiago foi até a porta para receber o convidado e quando a abriu, ele entrou no local e logo Daniela precisou se segurar para não cair ali na frente de todos.
Primeiro capítulo postado, amorees. ✨❤️
O que acharam?
Apesar de já vocês saberem quem chegou no jantar e que deixou a Daniela sem chão, o que esperam desse reencontro?
E como vocês acham que vão ser os outros reencontros? Quero saber tudo.
Confesso que estou bem ansiosa e empolgada com esse livro e essa história.
Espero que gostem da história e torçam muito para esses casais que já são tudo pra mim. ❤️
Beijinhos ❤️
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