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Zaranler - Parte III

ATO VII (Bucu)

Correndo desesperadamente pela densa floresta, sinto cada fibra do meu corpo clamando por descanso. Meus pulmões queimam e minhas pernas tremem, lutando contra o esgotamento que me consome.

Ao meu lado, Zilevo avança com determinação, seu olhar intenso fixado à frente. Sua voz corta o ar, firme e urgente: - Vamos, rápido! - Ele me incita a acelerar, mas sinto o peso da exaustão me puxando para baixo.

Urum, sempre atento, corre a nossa frente, lançando olhares preocupados em minha direção. Ele percebe algo em mim que tento desesperadamente ocultar. - Há algo errado contigo - ele constata, sua voz carregada de preocupação, mas eu insisto em mascarar minha fraqueza.

Tento responder com firmeza, mas minha voz sai fraca e vacilante, um espelho do meu estado físico: - Eu estou bem, não se preocupe... - Mal termino a frase e sinto meu corpo ceder, a força me abandonando completamente.

Antes que eu possa cair desamparado ao solo, Urum, com uma agilidade impressionante, posiciona-se diante de mim. Suas costas servindo como um escudo, amortecendo meu impacto iminente. Sem hesitar, ele me agarra com destreza, colocando meu corpo exausto sobre suas costas, e continuando a correr, imperturbável pelo peso adicional.

Enquanto sou carregado apressadamente por Urum, uma sensação estranha e perturbadora invade meu ser. É como se uma febre abrasadora corresse por minhas veias, deixando um rastro de mal-estar e confusão. - O que está acontecendo comigo? - Interrogo-me.

Meu corpo, antes resiliente, agora parece falhar, cada membro pesado e estranhamente paralisado pelo cansaço avassalador. Enquanto luto para compreender, uma voz interna me sussurra que essa exaustão ultrapassa os limites físicos, corroendo algo muito mais profundo dentro de mim, algo essencial à minha própria existência.[CG1]

À frente, Zilevo mantém seu ritmo implacável, seus olhos cravados no horizonte. Contudo, ao perceber minha condição precária sobre as costas de Urum, uma sombra de preocupação atravessa seu rosto. Ele lança um olhar questionador sobre o ombro: - O que aconteceu com ele?

- Não sei dizer. Ele... - Urum responde, mas antes que ele possa continuar, sua voz é engolida pelo som retumbante de um trovão que rasga o céu. O estrondo é seguido por uma chuva fina, suas gotículas desabando das copas das árvores.

Subitamente, Zilevo diminui seus passos, uma expressão contemplativa tomando conta de seu rosto. Há uma pausa carregada no ar antes dele falar. - Sinto a presença de Theos próxima. - Seu olhar disperso, talvez, pensando no que fazer.

Enquanto isso, Urum, sentindo a mudança no ambiente, para e se vira, seus olhos buscando os de Zilevo para orientação. Com uma voz firme, que ressoa com a autoridade de um líder, Zilevo dá sua ordem: - Urum, leve Bucu até algum abrigo, irei sozinho a partir de agora. - Não há hesitação em seu tom; é uma decisão tomada com a seriedade de quem conhece os riscos, mas está disposto a enfrentá-los.

- Quando encontrar algum abrigo, deixe Bucu a salvo e parta para ajudar Tanri - Zilevo instrui, sua voz portando a seriedade de um líder em tempos de crise. Não há espaço para debate em seu tom; é uma ordem clara e direta, refletindo a gravidade do momento.

Urum, compreendendo a gravidade do momento, acena com a cabeça em concordância silenciosa. Eu, por outro lado, me debato fracamente contra a sua firme pegada, um protesto ineficaz nascido de um desejo de não ser deixado para trás. Minha voz, um sussurro fraco e rouco, falha em formar palavras de desafio, traída pela fraqueza que me consome. As mãos de Urum sobre minhas pernas se apertam, silenciando qualquer tentativa minha de argumentar contra seu comando.

Zilevo então se vira, seus olhos fixos na direção de uma coluna de fumaça branca que se eleva no horizonte, sinal de um incêndio à distância. Ele se move, desaparecendo rapidamente em meio à vegetação densa, sua figura se fundindo com as sombras da floresta.

Urum, por sua vez, acata a ordem sem um murmúrio de protesto, seu rosto concentrado. Ele ajusta cuidadosamente minha posição em suas costas, garantindo que estou seguro, antes de se mover com agilidade em direção ao acampamento. A urgência da missão o impulsiona, e ele avança pela floresta com uma velocidade impressionante, levando-me para longe do perigo iminente.

ATO VIII (Tanri)

O céu sombrio desperta, as nuvens claras transformando-se em densas massas cinzentas que choram com furiosas gotas, quase cortantes, impulsionadas por uma ventania violenta que assobia pelas frestas e balança os galhos das árvores com força bruta. A cada momento, linhas violáceas rasgam o ambiente, iluminando de forma espetacular o cenário, seguidas por estrondos retumbantes que fazem o chão tremer sob os pés, deformando o solo com seu beijo elétrico.

No meio deste caos, as flores, agitadas pelo vento, parecem dançar uma valsa desesperada, suas cabeças douradas inclinando-se em uma reverência trágica. Entre elas, figuras sombrias movem-se com uma graça perigosa. Eles preparam a mesa para um convidado de honra: a morte, que se deleita com um cálice cheio do sangue derramado, sorvendo cada gota com um prazer quase obsceno.

- Você está bem? - a voz de Pólimos transborda preocupação. Essa pergunta surge logo após eu ter recebido um golpe feroz nas costas, desferido pelo alto guerreiro de armadura de arcríris escuro, cujo elmo espinhoso oculta quase todo seu rosto, revelando apenas seus olhos brancos e inquisitivos. Sua mão segura firmemente um bastão de arcríris de tonalidade amarronzada, refletindo um brilho sinistro à luz tempestuosa.

Ao lado deste guerreiro, há mais dois combatentes. O primeiro, uma figura colossal, ultrapassa em estatura o alto guerreiro, vestindo a mesma armadura de matizes sombrios. Em suas mãos, um gigantesco martelo se ergue, imponente e ameaçador, com mais de dois metros de altura. O cabo, feito da resistente madeira de alaúpo, sustenta uma cabeça de cristal arcririsiano púrpura, que capta e distorce a luz ao redor. O segundo guerreiro se destaca de seus companheiros; sua armadura de arcríris azul-marinho é adornada nas costas com o símbolo de uma Gáilus minguante. Seu elmo espinhoso é complementado por um longo rabo de cavalo que se agita com cada movimento.

- Não se preocupe comigo - respondo, forçando as palavras por entre dentes cerrados, minha atenção fixa no guerreiro de armadura distinta. Observo seus olhos cintilantes e postura robusta, tentando discernir algo familiar neles. - Máterum? Não, impossível. Máterum é maior, e seus cabelos... Eram grisalhos, na última vez que o vi - murmuro, mais para mim mesmo, a confusão se instalando em minha mente, misturando-se à ardência do golpe em minhas costas. - Quem são vocês? - Interrogo enquanto encaro os invasores, minha voz embargada pela raiva. O sangue que escorre pelas minhas costas parecendo queimar cada vez mais.

- Os mocinhos - escarnece o guerreiro do bastão em um tom sarcástico. Em um movimento súbito, ele avança, sua silhueta cortando a neblina da tempestade. Com um empurrão brutal de ombro, ele atinge Pólimos, que cambaleia para trás, o impacto soando em uníssono com o trovão, fazendo suas costelas pressionarem dolorosamente contra seu peito sob a força do golpe.

Meus olhos cintilam com uma intensidade feroz, evidenciando sua coloração esmeralda, conforme canalizo minha telecinese, concentrando-a em uma onda de energia devastadora que arremessa o guerreiro para trás, seu corpo arrastado pela terra molhada, girando e torcendo-se sob o controle invisível e implacável da telecinese. Ele grita, um som abafado pela tempestade, enquanto seu corpo choca-se contra pedras e terra, ossos estalando sob o peso da manipulação, como uma marionete cujas cordas são manipuladas por forças invisíveis.

- Não sabia que você tinha esse poder - admite o colossal guerreiro com uma voz grave.

- Há muitas coisas que você não sabe sobre mim, Córpulus - retruco, rapidamente identificando a identidade do colossal guerreiro.

Enfurecido, o guerreiro do bastão grita - Como ousa?! - e investe novamente contra mim. Sua fúria se transforma em força bruta, mas eu, novamente, o arremesso com minha telecinese. Ele voa pelo ar, antes de colidir com o solo com um baque surdo, a terra cedendo sob o impacto brutal, seu corpo se encaixando em uma cova formada pela força da queda.

- Sabia que este elmo não adiantaria de nada... - desdenha Córpulus, removendo seu elmo.

- Coloque o elmo, Córpulus! - ordena a guerreira de armadura única, sua voz feminina cortando o ar com autoridade. Ela lança um olhar severo em direção a Córpulus. - Ele não é para esconder seu rosto, é para te proteger. - Seus olhos, penetrantes e calculistas, avaliam rapidamente eu e Pólimos, medindo nossas forças e fraquezas. - Vamos terminar com isso logo, a qualquer momento Máterum nos enviará o sinal de partida.

- Muntera. Sempre em busca de agradar a Máterum - digo, minha voz carregada de ironia, ao identificar a guerreira. Observo-a com cautela, ciente de suas habilidades em combate.

- Não sou eu quem guarda uma lembrança dele no pescoço - ela responde rapidamente, seu olhar fixo no amuleto pendurado em meu pescoço.

De repente, Muntera salta em minha direção, portando em suas mãos: uma adaga de um gume com lâmina curva feita de zérum na mão direita, e uma espada de um gume com lâmina afiadíssima feita do mesmo material na mão esquerda, cuja empunhadura se enrosca em seu antebraço, como uma extensão de sua própria pele.

Com um gesto brusco, manipulo a terra molhada sob nossos pés, erguendo-a em um escudo improvisado e disparando a lama espessa e pesada contra Muntera com uma força avassaladora, derrubando-a no chão. Ela tenta se levantar, mas é rapidamente contida. - Não seja tola, Muntera. Você não pode me vencer - afirmo, enquanto múltiplos cipós emergem do solo, enroscando-se ao seu corpo e a aprendendo.

Enquanto Muntera luta contra as amarras naturais, Pólimos e o guerreiro do bastão, em pé outra vez, se enfrentam em um duelo feroz, com a lama salpicando a cada movimento. O guerreiro, surpreendentemente ágil para sua estatura, faz seu bastão de arcríris amarronzado girar em um redemoinho ameaçador, cortando o ar com um zumbido sinistro.

Pólimos, em um esforço desesperado para esquivar-se, encontra-se superado pela habilidade do guerreiro. Com um movimento ágil e preciso, o bastão atinge seu diafragma com uma força descomunal, roubando-lhe o ar em um impacto que parece comprimir seus órgãos internos. Seguindo sem hesitação, o guerreiro desfere outro golpe brutal, desta vez atingindo a boca de Pólimos. O som de um dente se quebrando ecoa assustadoramente, acompanhado pelo sangue que enche sua boca.

Pólimos cai, sem ar e em agonia, sentindo uma dor absurda no ombro, possivelmente deslocado, e em sua mandíbula desalinhada.

Sem piedade, o guerreiro avança novamente, levantando o bastão para um golpe final. Pólimos, recuperando seu ar no último segundo, rola para o lado, evitando por pouco o golpe que teria sido fatal. Ele se levanta trôpego, a boca ensanguentada e o rosto contorcido em dor, a mão trêmula lutando para se manter firme.

Neste momento, Córpulus, a imponente figura, irrompe na cena. Ele agarra Pólimos pelo antebraço e o levanta com uma força esmagadora. Pólimos grita, sentindo seu antebraço prestes a estalar sob o aperto feroz. Mas a atenção de Córpulus é desviada pelo chamado desesperado de Muntera. - Córpulus, me solta! - grita ela, lutando inutilmente contra os cipós espinhosos que se apertam ainda mais a cada tentativa inútil, fazendo seu sangue jorrar sob a armadura.

Observando Córpulus se aproximando para ajudar Muntera, germino raízes do solo que se enrolam em suas pernas. Entretanto, ele se solta com facilidade e avança em minha direção, seus passos massivos ecoando pelo solo como um terremoto. - Você não é poderoso o suficiente para me derrubar, Tanri! - ele brada, erguendo seu colossal martelo em minha direção.

Com uma calma indiferente, paraliso o martelo próximo ao meu rosto com minha telecinese, movendo a cabeça para o lado e olhando nos olhos de Córpulus com desdém, julgando-o inferior, como qualquer outro dos deuses de Máterum que tentasse se igualar a mim. - Posso não ser o mais poderoso, - digo, repelindo aos poucos o martelo. - mas certamente sou mais do que você.

No auge da tensão, o guerreiro do bastão emerge das sombras, mirando um golpe traiçoeiro em minhas costas. Pólimos, superando sua dor e exaustão, intercepta o ataque no último instante. Com uma destreza nascida do desespero, ele agarra o bastão, contendo a força bruta do golpe, seus músculos se retorcendo sob o esforço.

Aproveito esse momento, apertando o guerreiro do bastão com uma força telecinética implacável. Seu corpo se contorce sob a pressão invisível, cada movimento um suplício. Pólimos, vendo a oportunidade, desfere um chute violento nas costelas do guerreiro, fazendo-o urrar de dor. Com violência em seus olhos, Pólimos arranca o bastão de suas mãos e, com um movimento vingativo, golpeia o diafragma do guerreiro.

Conforme a batalha se desenrola, Muntera corta suas amarras usando sua adaga e lança-se ferozmente em minha direção. Ela mira um golpe letal na minha clavícula, mas Pólimos intervém. Ele balança o bastão visando a cabeça de Muntera. Mas ela com agilidade se abaixa, e, num movimento fluido, crava sua adaga no ombro de Pólimos.

Muntera não perde um segundo, com uma velocidade que quase desafia o olhar, ela desfere um cruzado impiedoso no rosto de Pólimos, seguido por um soco devastador em seu estômago. O choque de seu punho atingindo carne é quase semelhante pelo golpe dos trovões no solo. Outro cruzado cruel acerta o outro lado do rosto de Pólimos, fazendo-o cambalear para trás, o impacto vibrando até seus ossos.

Pólimos cambaleia, seus joelhos falhando sob ele. Muntera completa sua sequência de violência com um chute no rosto de Pólimos, derrubando-o miseravelmente no chão encharcado. Ele cai, um som abafado na lama, sufocando com o próprio sangue que se acumula em sua boca, o sabor avermelhado e a dor aguda em seus lábios e dentes quebrados preenchendo seus sentidos.

Com a respiração ofegante, encaro Córpulus, cuja imensa figura se aproxima lenta e inexoravelmente, como uma montanha em movimento. Minha telecinese, tão poderosa parece impotente diante da força bruta de Córpulus, incapaz de arremessá-lo, apenas o fazendo oscilar ligeiramente.

- O quê houve, Tanri?! - Questiona Córpulus com sua poderosa voz. - Nem mesmo sua grandiosa telecinese é suficiente para me deter?! - Aproximando-se vagarosamente.

- Serei obrigado a usar meu poder oculto. - penso. Consciente do perigo que representa liberar meu poder oculto, uma força devastadora que mal consigo controlar. Mas a situação desfavorável me obriga a usar essa última cartada para reverter o combate.

Minha visão se volta para Pólimos, caído e ferido, e a preocupação se agita dentro de mim. - Preciso direcionar meu poder cuidadosamente, canalizá-lo de maneira a não atingi-lo - raciocino. As memórias dos treinamentos exaustivos em Salacrum aprimorando esse poder piscando em minha mente.

Cerro os dentes, os músculos do meu rosto tensionados, enquanto uma energia primordial começa a se agitar dentro de mim. Meus olhos se fecham momentaneamente, concentrando-me em controlar a vastidão de poder que ameaça explodir.

Pólimos, prostrado e ferido, observa com olhos arregalados, enquanto uma aura intensa e pulsante de telecinese começa a emanar de mim, até então se expandir em proporções descomunais, envolvendo todo o cenário ao meu redor, como se as próprias forças da natureza tivessem despertado para testemunhar o embate.

Os girassóis, viçosos e coloridos, murcham rapidamente, suas pétalas caem, enrugadas e secas, desintegrando-se em cinzas que são levadas pelo vento furioso. O céu, já sombrio, torna-se um abismo escuro, os trovões ressoam, aumentando a sensação de apocalipse conforme tudo parece perder a cor.

Córpulus diante da devastação tenta resistir, mas a energia vital parece ser sugada de seu corpo. Sua voz, antes poderosa, agora soa fraca e trêmula. - Você... não... pode... - ele murmura, lutando contra a força que o atinge.

No ápice de poder, liberto um grito primal e ensurdecedor, uma explosão sonora que reverbera por todo o campo. A energia acumulada se libera em uma onda destrutiva, um dilúvio de força telecinética que varre tudo em seu caminho. Essa onda que emano é tão colossal que se assemelha a um cataclismo. O chão treme e se parte, abrindo fendas profundas. O ar vibra com a intensidade da força liberada, e ondas de choque se propagam em todas as direções, criando um rastro de destruição sem precedentes.

A paisagem antes verdejante do jardim de girassóis é irreconhecível. As árvores arrancadas de suas raízes jazem partidas e dispersas, seus troncos e galhos quebrados em fragmentos incontáveis. O solo, revolto e remexido, está saturado de sangue e lama, formando poças vermelhas que refletem o céu tempestuoso.

Os adversários, uma vez inimigos perigosos, agora estão dispersos e derrotados. Córpulus, o titã, está caído, metade de seu corpo enterrado na terra aberta, o rosto coberto de feridas e sangue. Muntera, outrora ágil e letal, é encontrada distante, seu corpo imóvel entre as pétalas queimadas dos girassóis, a armadura rasgada e manchada. O guerreiro do bastão, o agressor implacável, jaz ainda mais longe, seu corpo torcido em uma forma grotesca, a armadura rachada, revelando feridas profundas.

O campo de batalha agora se assemelha a um cenário pós-guerra, onde o silêncio mortal é apenas quebrado pelo sussurro do vento, carregando consigo o eco distante do meu grito poderoso.

Os músculos das minhas pernas se contraem, lutando contra a exaustão que ameaça me derrubar, forço-me a permanecer ereto. A energia descomunal que acabei de liberar se dissipa aos poucos, deixando para trás um rastro de cansaço que se infiltra em cada músculo do meu corpo. Sinto um peso esmagador sobre meus ombros.

Os meus olhos, ainda brilhando com o resíduo daquela força indomável, percorrem a devastação causada pela energia. O jardim transformado em uma colossal cratera de terra e cinzas onde a vida parece ter sido apagada. A poeira e a fumaça formam uma cortina espessa que turva minha visão, deixando o mundo em um borrão indistinto.

Em meio à confusão, chamo por Pólimos, minha voz embargada pela preocupação e o esforço. O silêncio que se segue é angustiante, e o medo de tê-lo ferido com meu ataque me assola. Por um momento, a incerteza me envolve, até que a voz dele irrompe através da névoa de poeira.

- Estou aqui - a proclamação de Pólimos atravessa o ar carregado de pó, trazendo um alívio indescritível. Sua voz, embora fraca, é a doce confirmação de que consegui focalizar minha força destrutiva longe dele, poupando-o da devastação.

Pólimos emerge do topo da recém-formada cratera, uma figura imponente contra o fundo desolado. Seus movimentos são lentos e cuidadosos, como se cada passo fosse uma batalha contra o próprio corpo. Ele me lança um olhar onde o sarcasmo e a exaustão se entrelaçam. Seus lábios se curvam em um esboço de sorriso, uma tentativa de leveza em meio ao caos. - Por que não fez isso antes? - Ele zomba. Subitamente, seu corpo se imobiliza e desliga, fazendo-o cair do topo da cratera.

ATO IX (Bucu)

Em meio ao caminho do acampamento, uma forte sensação de impotência se apodera de mim. - Por que isso foi acontecer logo agora - reflito, incapaz de me libertar de Urum, ou protestar.

Quero voltar e auxiliar Zilevo em sua vingança. Mas essa dor, essa maldita sensação de impotência toma meu corpo para si. Sou apenas um hospedeiro sem razão em um corpo frágil e impuro.

- Tudo começou por minha culpa - martirizo-me. - Agora quando mais necessitam de mim, me torno um peso morto.

Se fosse capaz, me sacrificaria sem remorso no campo de batalha pelos deuses renegados. Contudo, nem isso, minha frágil essência é capaz de permitir.

- Se eu não tivesse nascido, esta guerra não estaria acontecendo - culpo-me por todo o mal. Pensamentos cruéis que mereço escutar por minha fraqueza. - Lésnar estaria viva... - Essa ideia flutua em minha mente como uma nuvem carregada de melancolia

A culpa me envolve como uma névoa espessa, meu consciente se afundando no choro das nuvens melancólicas. - Eu deveria ser mais forte, deveria ser capaz... - Minha mente murmura essas palavras como um mantra, um eco doloroso de minhas próprias falhas. Sinto o peso do remorso me pressionar, a nuvem fechando qualquer claridade em meu consciente, abraçando-me em seu frio e sombrio abraço. E é nesse abismo de desesperança e exaustão que a consciência começa a deslizar para longe, me levando para a escuridão que parece ser a única escape da dor insuportável que me consome.

ATO X (Theos)

- O que acontecerá com ela? - Indago, observando atentamente a Gêmine se fundindo à estrutura de gelo

- Não se preocupe, só preciso de um pedaço dela para criar outra - responde Lesus, sua voz calma contrastando com o olhar intenso sobre a gêmine

- Máterum com certeza não veio sozinho. Temos que ir... - começo a falar, mas sou abruptamente interrompido por um intenso tremor.

- O quê é isso? - Lesus questiona, alarmado, virando-se para a estrutura de gelo. Seus olhos assustando ao ver o gelo rachar e derreter lentamente.

Abruptamente, a estrutura de gelo explode, lançando centenas de pequenas lascas de gelo em todas as direções. Lesus reage instantaneamente, movendo-se com uma agilidade surpreendente com sua Gêmines, cortando as lascas no ar.

Finalmente, quando a última lâmina cai ao chão, Lesus, recuperando o fôlego, fixa seu olhar intensamente em algo além das lâminas caídas. Protegido atrás de Lesus, me esforço para enxergar o que captura sua atenção. A tensão em seus músculos e a gravidade em seu olhar me fazem perceber a seriedade do momento.

Diante de nós, a silhueta ameaçadora de uma criatura de fogo emerge da estrutura de gelo derretida. Seu corpo envolto em chamas pulsa uma energia abrasadora. Com um movimento lento, a criatura ergue os braços, conjurando centenas de lanças de fogo e as dispara em nossa direção.

Lesus e eu nos jogamos ao chão instintivamente, rolando para lados opostos para evitar o ataque fulminante. O calor das lanças passa raspando por nós, deixando um rastro de ar quente que faz minha pele formigar. O calor das chamas é doloroso, e o cheiro de queimado invade minhas narinas.

Observo, assombrado, enquanto o fogo envolta da criatura diminui aos poucos, revelando-se Máterum. Ele está calmo, mas há uma intensidade arrebatadora em seus olhos que revela seu poder incomensurável.

Em silêncio, Máterum toca a grama verdejante aos seus pés, e imediatamente ela começa a queimar. As chamas se alastram rapidamente, consumindo cada folha de grama, cada margarida delicada, transformando a paisagem em um inferno. As árvores e flores ao redor engolidas pelas chamas, e o ar se enchendo de uma fumaça densa e sufocante.

O calor abrasador das chamas de Máterum me envolve, gotas de suor escorrem pelo meu rosto enquanto contemplo a devastação ao redor. Lesus agarra meu braço, puxando-me para longe do inferno flamejante que se alastra com uma rapidez assustadora.

- Corre! - A voz de Lesus soa urgente em meus ouvidos, mas mal tenho tempo de reagir e Máterum, com um murmúrio soturno, materializa duas lanças de fogo em suas mãos, lançando-as com precisão. Uma lança voa em minha direção e a outra na de Lesus. Movemo-nos rapidamente, nossos corpos desviando das lanças por um triz. Porém, após passarem por nós, as lanças transformam-se em imensas barreiras de fogo, cercando-nos com uma parede infernal que ruge como uma besta viva. O calor é insuportável, cada respiração é como inalar brasas ardentes. O fogo reflete nos olhos de Lesus, um brilho vermelho que revela uma raiva e uma vontade de lutar, mesmo diante do aparente desespero da situação.

Nossos movimentos se tornam mais desesperados, procurando uma brecha, uma saída da armadilha incendiária. O fogo crepita e estala ao nosso redor, um som que ameaça incinerar nossa esperança.

Máterum observa, uma silhueta sombria contra o brilho das chamas, seu poder é sufocante, como uma força que esmaga tudo em seu caminho. Suas mãos se movem em um gesto lento manipulando as chamas como se fossem extensões de seu próprio ser.

Lesus, ao meu lado, está visivelmente abalado. Seu rosto está banhado em suor, e a tensão em seus olhos, com o fogo que nem sua Gêmines é capaz de confrontar, é frustrante. - Estamos cercados - ele diz, sua boca ligeiramente seca pelo calor opressivo. - O que faremos, Theos? - Ele me olha, esperando por uma resposta, uma solução

- Cof! Cof! Eu não sei! - penso em desespero. - Eu... Eu não sei! - Minha voz é abafada pelo toque áspero da fumaça que invade meus pulmões, cada inalação uma luta contra a asfixia. A fumaça branca, densa e venenosa, torna o ar quase irrespirável, picando meus olhos e garganta.

- Desiste agora e serei benevolente convosco - ele declama, sua voz ressoando com autoridade. As chamas parecem se afastar dele, como se submissas à sua vontade, revelando uma passagem. - Acabou, pequeno - ele declara, sua voz tão calma quanto a chuva leve que, paradoxalmente, se distancia das chamas intensas.

Assim que Máterum conclui sua declaração, Lesus, tenta intervir, sua voz se erguendo em meio ao caos. - Mas nós... - começa ele.

No entanto, antes que possa completar seu pensamento, Máterum, com um gesto imperioso, o interrompe. - Silêncio - ele ordena, com uma voz baixa, mas poderosa. Com um olhar sério, chamas envolvem a garganta de Lesus, formando uma espécie de colar de fogo que queima sem consumir. Lesus cai de joelhos no chão, ele se contorce, tentando em vão falar ou gritar, mas nenhum som sai de sua boca. Seu rosto se contorce em agonia, suas mãos agarrando o pescoço na tentativa desesperada de remover o colar ardente.

Com outro olhar de Máterum, o colar se torna fumaça. - Não nos interrompa! - Ele ordena.

A expressão de Lesus é de pura raiva. Sua boca se abre, mas uma força invisível se manifesta instantaneamente, agarrando Lesus pelo peito e o lançando para trás com uma violência incômoda, arremessado pelo ar e caindo em uma distância considerável.

A força do impacto é tão intensa que Lesus fica momentaneamente atordoado. Ele tenta se levantar, lutando contra a vertigem e o desconforto de seus ferimentos, mas a força telecinética o mantém firmemente pressionado contra o solo.

Tento juntar forças para responder, mas minha voz falha, afogada pelo medo. - Você... você não vai nos intimidar - consigo articular, mas minha voz soa fraca, tremendo na borda da incerteza.

Máterum demonstra uma melancolia inesperada com minha resposta. - Intimidar? Pequeno, achas mesmo que é isso que desejo? - Ele se aproxima, sua figura imponente destacando-se contra o fundo das chamas. - Esta guerra... não é o que desejo. Tudo que anseio é a paz. Por isso estou aqui. Estou simplesmente oferecendo a vós uma saída. Uma última chance de redenção.

Sua presença, tão próxima e real, me faz hesitar. - Por que faz tudo isso então? - Minha voz mal se eleva acima do crepitar das chamas. - Por que destruir tudo o que amamos?

Máterum para, olhando para o céu iluminado pelo fogo, e suspira profundamente. - Porque perdi o controle, Pequeno - ele admite, sua voz firme, mas marcada por um tom de arrependimento me surpreende. - Tudo que fiz, foi para retornarmos ao que éramos. Mas os erros... eles se acumularam.

Há um momento de silêncio antes que ele continue. - Mas não importa o que tu fizeste. Nunca deixei de te amar, pequeno. Tu és parte de mim - sua confissão traz uma sinceridade dolorosa.

Minha resposta é rápida, mas a hesitação ainda tinge minhas palavras. - Uma parte que desejou aprisionar - o ressentimento fervilhando em minha voz.

Máterum balança a cabeça, um gesto de pesar. - Foi uma decisão difícil. Mas desafiaste a única regra que impus: não criar. - ele explica, sua tristeza não se escondendo tão bem quanto antes. - Teu poder de criação é imenso, e eu temi o que poderia acontecer se não fosse contido. Te aprisionei em Salacrum não por crueldade, mas por medo e tu sabes bem... - ele admite, olhando diretamente nos meus olhos. - Tua paixão desenfreada causarias perigos inimagináveis aos seus irmãos. Conquanto, as preferiu a nosso amor, nossa harmonia... tudo se desfez por causa dessa tua necessidade.

A verdade em minhas palavras irrompe em meio ao calor asfixiante, atravessando o véu de fumaça e fogo. - Criar... é quem eu sou, Máterum - começo, minha voz trêmula, mas firme. - Não é um mero desejo. É a minha essência. Criar vida, criar mundos... isso me dá propósito, é o que me faz sentir vivo. E sempre pensei que, a cada criação, eu me aproximaria mais de você. Era uma forma de estar perto, de honrar você. Sempre foi por você.

Enquanto as labaredas se agitam ao meu redor, prontas para atacar, elas se retraem na presença de Máterum. - Mas por que, pequeno? - Ele indaga, uma pergunta que sai de seu âmago. - Por que essa necessidade incessante de criar? Valeu o custo de nossa paz, nosso amor?

Internamente, uma tempestade se forma. - Não - respondo silenciosamente, guardando a verdade na fortaleza de minha alma. - Por que teme tanto a criação? - continuo, a angústia agora mais pronunciada em minha voz. - Por que nega a essência do que somos?

Máterum suspira. - Tuas atitudes me fizeram temer perder o controle. E, no meu medo, cometi o erro de aprisionar a tua essência, em vez de orientá-la.

Minhas palavras seguintes surgem como um sussurro dolorido, preenchidas por uma dor profunda. - Você me tirou tudo. Minha liberdade, minha alegria em criar... Você me deixou sozinho naquela prisão de monstros - Faço uma pausa, reunindo as forças que restam em meu ser. - Eu só queria ser como você. - Minha confissão é uma lamúria, um eco de um desejo antigo, de um filho que buscava a aprovação e a compreensão de seu pai.

A confissão de minha alma a Máterum é uma calma em meio ao caos, e vejo mais claramente o lampejo de arrependimento em seus olhos. - Eu sei... - ele murmura.

De repente, como um vendaval nascido da própria fumaça, uma figura se materializa através da cortina de cinzas. Zilevo, com um rugido de fúria, atira-se contra Máterum, colidindo contra ele com tanta força que ambos caem ao chão.

Sem perder tempo, Zilevo se ergue, seu grito ressoando pelo campo em chamas: - CORRAM!

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