Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Zaranler - Parte I

ATO I (Zilevo)

- Tem algo a dizer, Zilevo? - A voz de Bucu corta o ar, fria e expectante. Ele está de pé, um vulto sombrio ao lado do caixão de madeira, com seus lábios finos e ressecados crispados numa expressão melancólica. Críngu, Urum e Gálidus o acompanham, formando uma guarda silenciosa, seus rostos marcados por sombras de dor e respeito. - Zilevo. Zilevo - repete Bucu, insistentemente.

Entretanto, não consigo atender ao seu chamado. Perdido em meu próprio mundo, estou mergulhado nas profundezas de minhas memórias, buscando um refúgio, um fragmento de paz em meio ao caos de emoções que me assola.

Os outros percebem meu distanciamento. Críngu troca um olhar preocupado com Urum, seus olhos revelando sua impotência diante do fato. Gálidus, mais contido, mantém sua postura rígida, mas seus olhos não conseguem esconder a inquietação que o invade. Eles sabem que estou ali em corpo, mas minha essência está perdida em algum lugar distante.

Bucu, notando minha ausência, suspira com pena. Ele compreende a magnitude do meu sofrimento. Há uma hesitação em seus movimentos, um breve momento em que sua postura endurecida amolece.

Neste momento, o silêncio se instala, todos presentes compartilhando um luto coletivo, mas também respeitando o meu particular.

Minha mente vagueando, revive momentos passados, tentando agarrar-se a qualquer vestígio de conforto que essas lembranças possam oferecer.

- Não podemos permanecer aqui, Hónker - minha voz sai firme, enquanto com um gesto suave, cubro Lésnar com o manto azul que criei, um símbolo de proteção e carinho. Meus olhos vagam brevemente sobre seu rosto ensanguentado, uma preocupação severa transparecendo em meu olhar. - Precisamos levar Ózis, Críngu e Lésnar conosco. É nosso dever.

Hónker, com seus olhos esmeraldas expressivos, emite um rugido baixo, mais parecido com um gemido. - Raww!

Observo Hónker com apreço. - Não, Hónker - digo, aproximando-me dele. - Você já está ferido demais para carregar todos nós sozinho. - Minha mão pousa suavemente em seu ombro, sentindo a tensão de seus músculos sob o pelo áspero. - E eu... estou tão exausto quanto você - reflito internamente, enquanto me encosto na parede fria e úmida da cela.

Lentamente, deslizo pelo muro até me sentar no chão de pedra, trazendo a mão ao meu peito, onde o ferimento de perfuração, da batalha recente, arde. Fecho os olhos por um instante, sinto o cansaço que permeia cada fibra do meu ser, a responsabilidade que pesa em meus ombros, e a preocupação que aperta meu coração. Sei que não temos muito tempo, mas meu corpo não responde a minha urgência.

Cada um de nós, gravemente ferido na batalha brutal contra o Carcereiro, enfrenta sua própria luta silenciosa contra a morte. É uma dança macabra e precária, onde cada passo errado terá por consequência a morte.

Meus olhos parecem viajar pelo tempo. As horas passam a cada piscar.

Críngu, com seu torso brutalmente marcado por cortes profundos e perfurações, palmas das mãos furadas e sangrentas, e seu rosto inchado pelos golpes, mal se parece com o guerreiro que conheço.

Ao seu lado, Hónker exibe feridas semelhantes, seu corpo grande e forte coberto de cortes e sangue.

Mas é Lésnar que me preocupa mais. Ela jaz perto de mim, seu corpo frágil dançando uma valsa lenta e inexorável com a morte. Os braços cobertos de cortes profundos e uma ferida mortal rasga sua costela até o abdômen.

Meu coração se aperta ao vê-la assim, tão perto do abismo final. - Não te deixarei morrer nesta cela imunda - penso, uma promessa silenciosa que circunda minha mente. Com um esforço cruel, forço-me a levantar, ignorando a dor que atravessa meu corpo. Cada movimento é um teste de resistência, mas a determinação de salvar Lésnar me impulsiona. Levanto-me, apoiando-me na parede fria da cela, a mão pressionada contra meu peito ferido, respirando com dificuldade. Meus olhos, embora nublados pela dor, mantêm-se focado em Lésnar. - Não posso, não vou deixá-la morrer aqui - assevero. É uma promessa que faço a mim mesmo, a ela, e ao Universo que nos desafiou.

- Mas agora ela está morta[CG1] - declara a voz fel em meu âmago, relembrando a realidade que tanto tento fugir. - Foi fraco e a deixou morrer. - Uma afirmação impregnada de acusação e amargura tentando me arrastar de volta à dura realidade do presente, onde ela não existe mais.

Contudo, nego a realidade e me agarro às lembranças, o único refúgio onde posso encontrar algum conforto, mesmo que efêmero.

Nesse meio-tempo, observo Críngu, que começa a despertar do seu torpor doloroso. Ele se ergue lentamente, cada movimento seu repleto de um sofrimento explícito que transparece em seu rosto contorcido. Ele se apoia trêmulo, tentando se manter em pé, mas o peso de suas feridas é um fardo quase insuportável.

Logo após, Ózis também acorda. Ele se arrasta até a parede mais próxima, usando-a como suporte. Ele aperta os lábios em uma linha fina, numa tentativa desesperada de controlar o gemido de dor que ameaça escapar. Seu ferimento na perna direita é grave, e a maneira como ele se apoia na parede, com as mãos tremendo, mostra que não consegue ficar de pé sem ajuda.

Críngu, vacilante e esgotado, mal consegue se manter de pé. Com a voz entrecortada por arfadas dolorosas, ele insiste urgentemente: - Temos que ir logo! Máterum já deve está ciente da rebelião... - Ele fala, antes de seu corpo fraquejar com a fadiga.

Hónker, em um movimento veloz, se aproxima de Críngu, oferecendo suporte com seu torso robusto e o acomoda em suas costas como uma criatura frágil. Mas Críngu, exausto além das palavras, desmaia novamente.

- Vão sem mim! Não deixarei Lésnar para trás - insisto. A ideia de abandoná-la é inconcebível, um pensamento que rejeito com todas as minhas forças.

Ózis, com uma franqueza que beira a insensibilidade, interrompe meu devaneio. - Zilevo, sinto muito, mas você precisa encarar a realidade. Lésnar... ela não vai sobreviver a isso. - Sua voz é dura, desprovida de empatia. Uma resposta estúpida para mim.

Minha reação é imediata. - Se eu tivesse forças, Ózis, eu te mostraria o que penso dessa sua 'realidade' - respondo, encarando-o com um olhar sério.

Ózis balança a cabeça em negação, mas antes que retruque é interrompido pelos tossidos penosos de Lésnar, que me chama com uma voz fraca e cansada. - Zi, por favor... você tem que ir.

- Não diga mais nada, Lésnar. Eu estou aqui, e vou te tirar dessa cela. Não importa o que aconteça - declaro, ignorando seu protesto e a colocando delicadamente em meus braços.

- Não, Zi. Eu serei um fardo para vocês! - sua voz fraca interrompida por tosses secas. - Me deixe aqui e vá com...

- Fique quieta! - interrompo, colocando a mão sobre seus cabelos e acariciando-a suavemente. - Não vou te abandonar aqui. Prefiro morrer a fazer isso!

Ózis, sem entender a profundidade do meu compromisso, tenta intervir novamente. - Desculpa, Zilevo, mas não permitirei que morra aqui. Ela não vai... não pode... - diz, mas antes que possa chegar perto, Hónker, com um instinto protetor, o detém. Suas enormes mãos agarram Ózis com facilidade, parando-o em seu caminho. - Me solta! - Exige Ózis, mas suas palavras são silenciadas por um tapa de Hónker, que o faz desmaiar.

- Obrigado por entender, Hónker! - agradeço, aliviado pela compreensão silenciosa do Imortal. Sua atitude mostra sua lealdade, uma conexão profunda que transcende a necessidade de diálogo. Com um aceno de cabeça, ordeno que Hónker leve Críngu e Ózis em segurança, confiante de que ele os protegerá com sua vida.

Após a partida de Hónker, encontro um lugar ao lado de Lésnar, estendendo-me cuidadosamente ao seu lado, sentindo o frio do chão de pedra da cela. Lésnar, com os olhos marejados de lágrimas, se debate fraca mas fervorosamente. - Vai embora! Vai embora! Me deixe aqui! Eu te odeio! - Ela esperneia, insultando-me pela minha teimosia, com uma intensidade que revela sua angústia e medo.

Escuto suas súplicas em silêncio.

- Por favor... por favor, vá embora! Eu te imploro! - Suas mãos me socando levemente enquanto ela chora desconsolada com o rosto enterrado em meu ombro. - Por que não me escuta? Por que insiste em ficar comigo? Eu não mereço isso, eu... eu...

Seguro sua mão trêmula com ternura, trazendo meu rosto próximo ao dela, e, então, respondo-a com as únicas palavras que poderia proferir a ela. - Nunca. Eu nunca vou te abandonar.

ATO II

Subitamente, sinto uma mão pousar em meu ombro, um toque que me arranca das profundezas do meu refúgio e me lança de volta à dura realidade.

Ergo meus olhos, encontrando Bucu me encarando com uma expressão de preocupação. - Zilevo? - Ele exclama em tom de cuidado. Sua mão permanece em meu ombro, como se quisesse me ancorar ao presente.

Levanto o olhar lentamente, minha voz sai quase inaudível, sem vontade alguma. - Diz... - Não acreditando no que está acontecendo diante de mim.

- Vai dizer alguma coisa?

- Não. Não mereço... - diz a voz em meu âmago.

Faço uma pausa, engolindo o nó em minha garganta. - Sim. Obrigado - respondo com a voz rouca.

Caminho lentamente ao caixão, com silêncio excruciante dominando o local. Cada passo, anos de tortura. A visão dela ali, imóvel, é insuportável para meus olhos. Seus cabelos ruivos cobrindo seu rosto pálido, escondendo as sardas que um dia contemplei com tanto carinho.[CG2]

Uma risada irrompe de meus lábios. Rio baixo, não consigo controlar. Rio; não de alegria, não de felicidade; rio do meu sofrimento, do vazio que se alastra por onde antes havia amor. Um dia encontrei meu tudo, agora que a perdi, não tenho nada.

- Sinto muito! Esta guerra nunca foi sua. Eu que deveria estar em seu lugar - murmuro, palavras sussurradas como uma confissão para ela e para mim mesmo. Minha mente se agarra à vã esperança de que, de alguma forma, ela possa me ouvir, que ela possa se levantar e dissipar essa cruel realidade.

- Durante toda minha vida, nunca achei que amaria alguém mais do que meus irmãos, mas isso mudou no instante em que te conheci. Tão linda, tão meiga - confesso em voz alta, um tributo a ela, à deusa que mudou tudo.

As palavras são um contraponto doloroso à voz sombria e acusadora que ruge em meu íntimo. - Não merecia seu amor! VOCÊ a matou! - Culpando-me, insistindo que eu fui o arquiteto de seu fim. A entidade em meu âmago, movida pelo ódio e pela dor, clama por justiça, por vingança, por uma culpa que não posso negar nem aceitar. Ela está ajoelhada, seu rosto pressionado contra o chão frio, um reflexo do tumulto que me consome.

- Era tudo para mim... Minha companheira, meu lar; minha euforia, meu sorriso; minha vida, meu tudo - Minha voz treme com a intensidade dos sentimentos, cada frase que pronuncio, composta por minha essência, trazendo à tona memórias vívidas de nosso amor.

Essas memórias são como clarões acesos na escuridão de minha essência; cada palavra evoca uma imagem dela, cada uma mais preciosa que a anterior. - Estava tão linda quando te conheci. Jamais esquecerei. - A recordação de seu rosto no dia em que nos conhecemos surge clara em minha mente, uma lembrança que eu guardo como um tesouro.

- Eu te amo! - Palavras que jamais sairão da minha mente. Um mantra que nunca se apagará.

- Diferente de Réslar, era acanhada, mas nunca mostrava medo perto de mim. Em vez disso, você sorria ao me ver. Aquele sorriso, praticamente impossível de descrevê-lo. Poderia chamá-lo de perfeito, dizer que exalava uma beleza incomensurável, exclamar que era a obra mais perfeita do Universo; conquanto, simplórios adjetivos nunca serão capazes de capturar a essência daquela expressão perfeitamente como imagino.

Enquanto falo, imagens de nossos primeiros momentos juntos inundam minha mente. Vejo-nos sob o luar: rindo, chorando, beijando, amando. Cada memória é um vislumbre de um tempo mais feliz, um tempo que se foi para sempre, mas que permanece vivo em mim. Essas recordações são tudo o que me resta dela agora, preciosas e, ao mesmo tempo, dolorosas.

- Sonho que amanhã, ao acordar, encontrarei você ao meu lado, como naquele amanhecer em Salacrum. Levantando-se radiante, como sempre fazia, iluminando meu dia antes do Sol. - minha voz embargada, com a melancolia do sonho que não acontecerá.

Há uma pausa, repleta de saudade, enquanto imagino a cena com uma vividez dolorosa. Um suspiro cansado escapa de meus lábios, um reflexo da exaustão que não é apenas física, mas também da essência. Sorrio para o caixão, um sorriso tristonho à amada.

- Eu lembro de nossas brigas... Eu sempre me desculpava, rápido demais, não é? Não suportava a ideia de ver você triste, mesmo por um momento. - Minha voz treme, um fio delicado de emoção que ameaça se romper a qualquer momento. A lembrança desses momentos íntimos, tão comuns, é um tormento agora que ela se foi. - Não imaginava viver sem você nem por um dia. Agora... - Uma pausa dolorosa, enquanto luto para manter a compostura - ...agora terei que viver sem você para sempre.

As lágrimas, antes contidas, agora fluem livremente, descendo pelas minhas bochechas. Elas desaparecem no vento, assim como ela desapareceu da minha vida, deixando para trás apenas a dor e a memória de um amor que foi tão real quanto efêmero.

- Sei que não responderá, mas preciso dizer: Eu te amo! Eu te amo mais que tudo neste mundo! Prometo que você não morreu em vão. Máterum, e aquele que tirou sua vida, pagarão caro. Juro que farei o assassino sofrer hediondamente - A promessa sai com um juramento sombrio, o compromisso da vingança.

Uma voz interna, carregada de dor e súplica, irrompe do meu âmago. - Para, por favor! - Ela implora, lutando freneticamente contra a escuridão da realidade, tentando me afastar da amargura que me consome.

Exausto emocionalmente, admito minha culpa com pesar. - Me perdoe pela falsa promessa. Eu disse que você estaria segura, mas você morreu em meus braços - afirmo em um sussurro cansado, cheio de remorso. Delicadamente, retiro os cabelos do rosto dela, permitindo-me admirá-la por uma última vez, um último adeus. - Estou tão cansado... de viver.

Uma ilusão tola se forma em minha mente, uma esperança irracional. - Ela voltará - penso, contra toda a lógica. - Ela voltou, mas de mãos dadas com a morte. - Essas palavras trazem uma tristeza que parece se espalhar pelo ambiente, um lamento tão profundo que até a floresta ao redor parece se entristecer com minha perda.

Meus olhos, turvos pela dor, fixam-se no caixão que guarda o corpo da amada. - Queria não me importar - confesso em um sussurro rouco, - embora impossível é disfarçar. O ódio que sinto ao olhar para este caixão, sabendo que perdi para sempre a chance de te amar.

No céu acima, uma cena celestial rara se desdobra. O sol, todas as Gáilus e os planetas alinham-se em uma reunião celestial, como se até os astros lamentassem a perda de Lésnar. Sua luz conjunta banha a cena, uma homenagem celestial à amada perdida.

Com um suspiro pesado, reafirmo meu amor eterno. - Eu te amo, e sempre amarei, Lésnar! - Minha declaração é um voto, uma promessa que transcende a vida e a morte. Baixo a cabeça, meus olhos se fixam nas pequenas gotas que caem do meu rosto, cada uma carregando uma parte do meu coração partido, colidindo com o chão em um silêncio quase reverente. São gotas de um amor que, mesmo diante da morte, se recusa a morrer.

O silêncio reina, um vazio que se expande e engole toda a alegria e cor ao redor. É como se a própria criação estivesse em luto, incapaz de seguir adiante diante da tal perda. Marum parece congelar, compartilhando do lamento do deus angustiado, suplicando, ainda que em vão, a volta da amada que partiu.

Com o desespero que me consome, confesso em um sussurro imperceptível: - Não sou suicida, mas nunca ansiei pela morte tanto como agora - Minhas palavras são um murmúrio triste, uma confissão de uma essência atormentada pela perda inimaginável.

Aproximando-me do caixão, contemplo o rosto sereno de Lésnar pela última vez. Com um gesto terno de amor e saudade, inclino-me suavemente e deposito um beijo delicado em sua testa fria. É um adeus silencioso, mas que grita em meu coração despedaçado.

Lentamente, com cada movimento ecoando a relutância e a dor, afasto-me do caixão. Meus olhos ainda estão fixos nela, presos na imagem da amada que agora jaz em um sono eterno. Sinto uma mistura de amor, perda e um desejo desesperado de reverter o irreversível. É um momento de pura agonia, onde o desejo de me unir a ela na morte batalha contra a vontade de viver, mesmo em um mundo que agora parece vazio e sem cor.

"Perdoa-me, Coração... Suplica o pai enquanto ela se desvai em suas mãos"[CG3]

Críngu, com olhos cheios de uma solidariedade profunda, aproxima-se de mim e me envolve em um abraço. Seu gesto transmite não apenas conforto, mas também uma promessa silenciosa de lealdade e vingança. - Eles pagarão por isso - ele afirma, sua voz firme, mas trêmula com emoção, reforçando o voto de justiça que compartilhamos.

Enquanto isso, Urum e Gálidus, com gestos reverentes e cheios de respeito, levantam cuidadosamente o caixão. Eles o transportam até um grande buraco previamente preparado na terra, seu ato simbolizando um último adeus. Com suavidade, eles depositam o caixão em símbolo a despedida final.

A cada punhado de terra que cai sobre o caixão, sinto uma dor atravessando meu coração, como se cada grão fosse uma facada cruel, lembrando-me da realidade inescapável de que a parte mais vital de minha essência agora jaz sob a terra.

- Nunca aceitarei, que nunca mais a verei - manifesto, uma confissão silenciosa. Escutando os grãos se colidindo contra o caixão.

Eu te amei na vida e persistirei amando-te na morte! Logo assim, amor de minha morte.

ATO III

O silêncio reina, a visão da amada enterrada se repetindo cruelmente na mente do sorumbático deus, uma tortura psíquica que o impede de encontrar qualquer alívio no choro, no sorriso ou mesmo em pensamentos fugazes. Convivendo apenas com o soturno silêncio, cada minuto mais forte. Dominando. Dominando. Até ser morto abruptamente por um alto estrondo vindo da floresta.

Bucu, com uma expressão de espanto gravada em seu rosto, direciona sua atenção para a origem do estrondo, as sobrancelhas franzidas em surpresa. - O que foi isso? - Ele questiona.

Subitamente, do coração da floresta, dois seres imponentes emergem, trajando armaduras negras que brilham com a luz refletida dos cristais arcririsianos. O primeiro, de estatura mais baixa, ostenta uma adaga presa à cintura, seu elmo adornado com chifres diagonais, sob os quais brilham olhos cintilantes, emanam uma aura de perigo latente. O segundo ser, uma figura de grande porte físico, exibe um poderoso machado de duas lâminas de um gume, forjados do mesmo cristal arcririsiano preto.

Com uma voz debochada, o ser menor rompe o silêncio tenso que havia se formado. - Estamos interrompendo algo importante? - ele ironiza. O riso que se segue é desdenhoso, enquanto ele desembainha a adaga primordial.

Meus punhos se fecham, tremendo ligeiramente com a crescente raiva. - Onde conseguiu essa adaga? - Pergunto, minha voz baixa, vibrando com uma ameaça contida.

O baixo guerreiro, com uma arrogância que distorce suas feições sob o elmo, responde: - Com teu falecido irmão! - Sua provocação atinge meu âmago, provocando minha ira.

Impulsionado por ela, avanço em direção aos dois seres. A poucos metros do alto guerreiro, me preparo para desferir um soco em seu rosto, mas sou surpreendido por um golpe rápido do pequeno guerreiro. Seu chute, veloz como um vulto, atinge meu abdômen com força, arremessando-me ao chão.

- Achei que seria mais difícil te derrubar - zomba o pequeno guerreiro. Seu riso é cruel, os olhos cintilantes no elmo reluzindo com escárnio. - Se bem que pensei o mesmo sobre seu irmão - ele continua, seu riso debochado falhando ao me perceber erguendo-me do chão sem nenhum resquício de dor.

Apesar de ter me derrubado, o impacto do golpe foi desprezível para mim. - Um ser insignificante como você... - rosno, minha voz retumbando com fúria. - Como ousam? - minha respiração se elevando. - Como ousam...

O pequeno ser, destilando desdém, zomba com a voz sibilante, imitando cada palavra minha em tom de escárnio. - "Como ousam." "Como ousam." Só sabe falar isso?

Bucu, visivelmente enfurecido, intercede. - Este é um lugar de luto, não um campo de batalha! Lésnar merece respeito! - Um apelo para a decência em meio à loucura que nos cerca.

- Luto? Que tristeza patética - o pequeno guerreiro retruca com frieza. - Respeito é para os vivos. Os mortos não precisam... - sua frase interrompida por um ato de fúria incontida.

Lanço-me contra ele com uma velocidade surpreendente, meus punhos prontos para desferir um golpe devastador. Ele tenta se defender, mas minha força é superior, e com um soco poderoso, acerto seu torso, expulsando o ar dos seus pulmões com um grito abafado, dobrando-se sob o impacto avassalador do golpe e procurando apoio no chão.

- Continue de joelhos! - Ordeno. Meu olhar se desvia do pequeno ser prostrado e se fixa no alto guerreiro, que assiste à cena.

Avanço em direção ao alto guerreiro, porém percebendo um vulto rápido se aproximando por trás, viro-me e agarro a manopla do pequeno guerreiro com uma força esmagadora, sentindo os espinhos de sua manopla perfurarem minha mão, mas ignoro a dor e torço sua manopla violentamente, apertando-a sobre seu pulso, enquanto ele grita, um som abafado de agonia, deixando a adaga escorregar de seus dedos, caindo inutilmente ao solo.

Segurando firmemente o pulso, ergo o guerreiro do chão como se ele pesasse não mais do que uma pluma e, com um movimento brusco, o arremesso contra o chão com a maior violência possível, criando uma pequena cratera no solo.

Sem piedade, avanço com um chute certeiro no peitoral do guerreiro caído. O ar é expulso de seus pulmões em um gemido doloroso, enquanto o som de suas costelas partindo sob a armadura reverbera pelo local.

Com um olhar impiedoso, encaro o pequeno guerreiro no chão. - Patético - insulto, pisando em seu corpo. - Se não fosse por essa armadura, já estaria morto - comento com desprezo, percebendo o alto guerreiro se preparar para um ataque sorrateiro pelas minhas costas, assim utilizo meu adversário ferido como escudo, arremessando-o na direção do ataque.

O alto guerreiro, pego de surpresa, tropeça para trás, seu machado desviando a trajetória no último instante para não atingir seu aliado, e sendo atingido pelo corpo do pequeno ser, fazendo ambos se enrolarem no chão.

O alto guerreiro se esforça para se levantar, claramente desorientado pelo golpe inesperado. Ele se apoia em seu machado, tentando recuperar o equilíbrio, seus movimentos são trôpegos, a respiração pesada indicando seu esforço. Seus olhos, ainda invisíveis sob o elmo, parecem me buscar com raiva.

Urum, com uma expressão tensa, intercede antes que eu possa lançar-me de novo ao combate. - Zilevo, isso é exatamente o que eles querem!- Ele brada, tentando me trazer de volta à razão. - Ignore-os! Eles só querem te provocar. Não lhes dê essa satisfação.

O pequeno guerreiro, desdenhando da própria dor, levanta-se com uma risada zombeteira. Sua postura irônica é evidente enquanto ele aplaude, cada batida de suas palmas repleta de escárnio. - Temos um gênio aqui - ele provoca.

Gálidus, cujos olhos queimam pela interrupção dos guerreiros, responde com um tom de ameaça inconfundível. - Melhor calar a boca antes que eu faça isso por você! - ele avisa.

Críngu, desenrolando a kurasi de seu corpo, que estava ao redor do corpo como um cinto, participa: - Vocês se arrependerão de terem pisado em Zaranler - sua voz séria reforçando a ameaça.

O pequeno guerreiro, sem se deixar intimidar, responde desafiadoramente, pegando a adaga primordial do chão. - Não se achem muito só por terem me ferido - assumindo uma postura de luta. - Vocês deuses acreditam que são invencíveis, não é? Vamos ver até onde vai a arrogância de vocês - ele desafia, avançando em direção a Críngu, seus movimentos são uma sombra fugaz, esquivando dos golpes da kurasi que cortam o ar com um zumbido mortal.

Com um sorriso feroz, o guerreiro estende a mão e agarra firmemente o bastão de Críngu, sua força é surpreendente, seus músculos se contraem enquanto ele tenta arrancar a arma das mãos de Críngu, mas este, com uma determinação igualmente feroz, resiste. Com um movimento brusco e preciso, Críngu pisa no cipó da kurasi, usando-o para puxar o guerreiro para si, libertando o bastão de seu controle e enterrando a lâmina da foice na manopla do guerreiro e arrancando a mesma.

- Você é mais rápido do que eu pensei! - Admite o pequeno ser, sua mão ensanguentada pingando no chão e manchando a terra sob seus pés.

Enquanto Críngu e o pequeno guerreiro se encaram, Bucu, Gálidus e Urum se preparam para entrar na luta.

Bucu, ferido pelo recente treino com Críngu, mas não quebrado, lança-se com uma rapidez feroz contra o alto guerreiro.

O alto guerreiro, com uma expressão de desprezo sob o elmo, prepara seu machado para um contra-ataque. Mas Gálidus, cuja força é um espetáculo à parte, intervém. Suas mãos, duras como rochas, agarram o cabo do machado, parando o golpe com uma força que faz o solo sob eles estremecer. Seus músculos se tensionam, veias se sobressaindo na pele enquanto ele trava uma luta de forças com o guerreiro.

Bucu, aproveitando a abertura, desfere um soco potente, direcionado ao rosto do alto guerreiro. Mas, com uma habilidade inesperada, o guerreiro vira o machado, usando a lâmina larga para bloquear o golpe. O machado vibra com a força do golpe, mas não cede, afastando o alto guerreiro alguns centímetros para trás.

O choque da mão de Bucu contra a lâmina de arcríris do machado é cruel. Gotas de sangue pingam no chão, manchando a terra. Gálidus, percebendo a lesão, lança um olhar preocupado para Bucu. - Você está bem? - Ele questiona.

Bucu, apesar da mão gravemente lesionada, mantém-se firme. Ele observa dois de seus dedos grotescamente deslocados, pendendo de forma anormal. - Acho que a quebrei - ele murmura, a voz entrecortada pela dor aguda.

Sem tempo para lamentações, ele é abruptamente confrontado pelo alto guerreiro, cujo machado reluz com uma ameaça mortal, mirando seu pescoço. A lâmina desce, cortando o ar com um assobio sinistro, mas Urum intervém num lampejo. Com uma velocidade surpreendente, ele desvia Bucu da trajetória letal do golpe e, sem hesitar, lança-se em um ataque feroz, com uma série de socos com as palmas abertas contra o guerreiro. Sua estratégia é astuta, sabendo que golpes diretos são ineficazes contra a armadura impenetrável do adversário, ele opta por empurrões desorientadores.

Gálidus, aproveitando a abertura criada por Urum, investe com um chute na parte posterior do joelho do guerreiro, um golpe calculado para incapacitar, deixando-o de joelhos para Urum aplicar outro chute no peito do inimigo, enviando-o rolando pelo chão.

Bucu, apesar da dor e dos dedos deslocados, mantém o foco. Ele prepara um chute preciso, mirando onde o alto guerreiro aterrissaria. Mas o adversário, surpreendentemente ágil mesmo com a armadura pesada, esquiva-se do golpe e agarra o pé de Bucu.

Em um movimento rápido Bucu reage puxando o guerreiro para perto com o pé ainda preso, levando-o ao chão consigo, mas com uma agilidade impressionante, Bucu usa seus pés para empurrar o torso do inimigo, lançando-o para trás com um rolamento ágil e eficiente.

Urum, avistando o alto guerreiro se erguer, adverte: - É melhor se renderem. Somos cinco, vocês apenas dois.

O pequeno guerreiro, no entanto, ri desdenhosamente da advertência. - Cinco? - Contesta, cessando a risada. - Não sei se perceberam, mas três dos seus são quase moribundos e um está descontrolado com a morte da...

Antes que ele possa terminar a frase, é interrompido abruptamente por seu companheiro, que o empurra com força para evitar meu soco furioso.

Não perdendo o ímpeto, desfiro outro soco no alto guerreiro, mas ele segura meu punho e lança um soco cruzado violento contra meu rosto, seguidamente, soltando meu punho e desferindo mais três golpes consecutivos: um soco direto, um jab rápido e outro soco direto, cada um deles fazendo o sangue jorrar e tingir a grama de vermelho. Porém, ao invés de cair, permaneço de pé, inabalável, o sangue escorrendo pelo meu rosto mas sem demonstrar nenhuma expressão de dor.

Movido pela fúria, reúno todas as minhas forças e desfiro um gancho devastador contra o alto guerreiro. O golpe é tão brutal e certeiro que arranca seu elmo à força, enviando-o ao chão.

Encarando-o caído me aproximo e com um chute em seu rosto afasto seus longos cabelos de seu rosto ensanguentado para finalmente ver quem é meu adversário.

Hónker

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro