Visitante indesejado - Parte II
ATO IV
Ao deixar o aposento, eu e Máterum caminhamos por um longo corredor e iluminado por tochas. O silêncio entre nós é incômodo, escutando-se apenas o eco dos passos e o crepitar das tochas.
À medida que avançamos, o corredor se alarga, revelando pátio aberto. O céu acima está tingido de um laranja suave, indicando o crepúsculo que se aproxima. O ar fresco traz consigo o aroma de terra molhada e grama recém-nascida.
À direita, vasta armaria se estende. Está organizada meticulosamente, com armas de todos os tipos e tamanhos exibidas em estantes e suportes. Arcos e balestras pendem de ganchos, enquanto escudos, machados, espadas e clavas repousam em prateleiras ou estão cravados no chão. Cada arma feitas de matérias simples, como madeira e folhas.
Máterum, com olhar avaliador, observa as armas, eu, por outro lado, sinto uma onda de insegurança.
— Será que sou realmente capaz de aprender a manejar uma dessas armas? — matuto em minha mente.
— Como és novo, não possuis muita habilidade corporal. Por isso, convoquei Báron para treiná-lo — informa Máterum, apontando para a armaria.
Báron, com sua postura impecável e olhar penetrante, caminha lentamente até as armas, cada passo revelando sua profunda conexão com elas.
Observo cada movimento seu, tentando absorver qualquer dica ou técnica que possa me ajudar no treinamento.
Báron faz uma breve reverência a Máterum, um gesto sutil de respeito, antes de começar.
— Cada instrumento de combate é uma amplificação do guerreiro, e entender sua essência é fundamental — ele começa, sua voz firme e autoritária.
Ele pega o tridente, seus dedos tocando as pontas afiadas. — O tridente, com suas três pontas afiadas, é uma arma branca de longo alcance.
Enquanto Báron segura o tridente, uma dúvida surge em minha mente. — Por que três pontas? Não seria mais eficaz com apenas uma, como uma lança? — Questiono com curiosidade evidente.
Báron me lança um olhar avaliador, claramente apreciando minha curiosidade. — Suas três pontas têm propósitos distintos. A ponta central, mais longa, é ideal para estocadas diretas, penetrando armaduras e escudos. As pontas laterais, ligeiramente curvadas, são perfeitas para prender armas do oponente ou até mesmo desarmá-lo. Além disso, o espaço entre as lâminas pode ser usado para capturar e controlar a arma do inimigo, tornando-o uma arma tanto ofensiva quanto defensiva.
Báron gira o tridente habilmente, demonstrando seu equilíbrio.
— O cabo longo oferece alcance, permitindo ao guerreiro manter o oponente à distância. Além disso, pode ser usado para bloquear ataques ou, em situações extremas, como uma arma contundente. O tridente é uma arma que combina força, técnica e versatilidade. No combate, é tão letal quanto elegante, e nas mãos de um guerreiro habilidoso, pode ser devastador.
— Parece uma arma complexa — exponho. — Eu realmente seria capaz de aprender a usá-la efetivamente?
— Com treinamento e dedicação, qualquer arma pode ser dominada — responde Báron, colocando o tridente de volta em seu lugar.
Com olhar de apreciação, pega a adaga e a segura contra a luz, permitindo que sua lâmina brilhe.
— A adaga, Void, é uma arma desaproveitada por muitos, mas nas mãos certas, é mortal. — Ele desliza um dedo pela borda afiada, quase como se estivesse tocando a corda de um instrumento precioso. — Sua lâmina curta e afiada é projetada para ataques rápidos e precisos. Ela não tem o alcance de uma espada ou a força bruta de um machado, mas compensa isso com sua agilidade e capacidade de surpreender o oponente.
Notando minha expressão incrédula.
— Você parece questionar a eficácia da adaga em combate.
Hesito antes de responder, buscando as palavras certas. — Parece tão... pequena. Como pode ser tão letal quanto você descreve?
— Nunca subestime algo ou alguém por seu tamanho — responde Báron, com olhar calmo. Demonstrando um movimento rápido, estocando o ar à sua frente, mostrando como a adaga pode ser usada para atacar pontos vitais. — No combate corpo a corpo, é a arma do assassino, do espião, do guerreiro que confia em sua destreza e habilidade para superar seus inimigos. A adaga é perfeita para infiltrações silenciosas, ataques furtivos e defesas rápidas.
Ele gira a adaga em sua mão, mostrando a empunhadura ergonômica.
— O cabo é tão importante quanto a lâmina. Deve ser firme, mas confortável, permitindo que o guerreiro mude rapidamente de posição e ataque de diferentes ângulos.
Colocando a adaga de volta em seu lugar, Báron conclui: — Em resumo, a adaga é uma arma de precisão, uma parte da astúcia e habilidade do guerreiro. Não é a arma que faz o guerreiro, mas como ele a usa. E a adaga, nas mãos certas, é tão letal quanto qualquer espada ou machado.
Observando sua maestria controlando a adaga e a guardando, reflito. — Será que algum dia serei capaz de alcançar esse nível de habilidade. — Imaginando os anos que Báron se dedicou inteiramente aos estudos e ao treinamento.
Em seguida, Báron segura uma espada, ao pegá-la, pausa por um momento, permitindo que o silêncio preencha o espaço. — A espada, Void, é mais do que apenas metal forjado. É o equilíbrio perfeito entre ataque e defesa, entre arte e guerra. — Ele começa, acariciando o gume com a ponta do dedo, sentindo sua frieza e nitidez.
Eu observo atentamente, fascinado pela forma como Báron fala sobre a arma, como se estivesse descrevendo um velho amigo.
— E por que ela é tão especial? — Pergunto, curioso.
— Observe esta lâmina de dois gumes. Cada lado tem sua função. Um lado é afiado para cortar, deslizando através do ar e do inimigo. O outro lado, igualmente afiado, é para estocar, penetrando as defesas mais robustas.
Ele move a espada com graça, demonstrando sua leveza e equilíbrio.
— O centro da espada, chamado de “coluna”, é onde reside sua força. É o que dá à espada sua resistência e permite que ela absorva impactos sem quebrar. O punho, por outro lado, é onde o guerreiro se conecta à arma, sentindo cada vibração, cada movimento da lâmina.
Báron então assume uma postura defensiva, mostrando como a espada pode ser usada para parar ataques.
— Mas não se engane. A espada não é apenas uma ferramenta de destruição. Ela é um reflexo de sua essência e habilidade.
Ele então coloca a espada de volta em seu lugar, olhando para mim. — A espada é a harmonia das armas. Ela exige respeito, dedicação e, acima de tudo, compreensão. Se escolher esta arma, saiba que está escolhendo um caminho de disciplina, técnica e paixão.
Observando as opções, sinto-me atraído por uma chapa de madeira robusta. — Escolho isto — digo, pegando a chapa e ajustando-o ao meu antebraço.
Báron assente, seu olhar sério e avaliativo. — Uma escolha interessante, — ele começa, sua voz carregada de respeito pelo objeto em questão. — O escudo, muitas vezes subestimado, é uma das armas mais versáteis e fundamentais no campo de batalha.
Ele se aproxima, passando os dedos pela superfície da chapa de madeira, sentindo sua textura e robustez. — Veja, este escudo não é apenas uma barreira física. Ele é uma extensão do guerreiro, uma manifestação de sua vontade de proteger e resistir. Sua forma curva é projetada para desviar golpes, reduzindo o impacto e protegendo o portador de danos. A madeira densa absorve o choque, enquanto o revestimento externo repele lâminas e flechas.
Báron vira o escudo, mostrando o interior. — Observe as alças. Elas são posicionadas de forma a distribuir o peso ao longo do antebraço, permitindo movimentos rápidos e precisos. E esta borda reforçada aqui? Não é apenas decorativa. Pode ser usada para atacar, golpeando o oponente com um movimento brusco.
Ele se afasta um pouco, assumindo uma postura defensiva e demonstrando como o escudo pode ser usado em combinação com outras armas.
— Quando empunhado corretamente, ele não apenas protege, mas também cria aberturas para contra-ataques. Pode ser usado para empurrar o oponente, desequilibrá-lo e, em seguida, atacar com sua arma.
Báron olha diretamente nos meus olhos, a seriedade em seu olhar transmitindo a importância de suas palavras. Engulo em seco, sentindo o peso de sua expectativa.
— O escudo é mais do que uma simples defesa. É uma declaração. Uma declaração de que você não será facilmente derrotado, de que está pronto para enfrentar qualquer adversidade. E com o treinamento adequado, pode se tornar sua arma mais valiosa. — Mas você ainda é um iniciante, então também precisará de algo para atacar — expõe, entregando-me um machado de lâmina única.
Báron, ao entregar o machado, faz uma pausa, segurando-o com ambas as mãos, como se estivesse prestes a apresentar uma obra de arte.
— Este — ele começa, pesando o machado em sua mão — é um machado de batalha de uma mão, uma arma compacta, mas extremamente letal. — Ele gira o machado habilmente, mostrando sua destreza. — Projetado para ser usado com uma única mão, ele permite ao guerreiro empunhar um escudo ou outra arma na outra mão, oferecendo uma combinação equilibrada de ataque e defesa.
Ele aponta para a lâmina. — Observe a lâmina curta, mas incrivelmente afiada. Ela é forjada para cortar profundamente, capaz de romper armaduras e escudos com um único golpe bem colocado. O design compacto do machado o torna ideal para combates fechados, onde o espaço é limitado e cada movimento conta.
Sentindo a textura do cabo com um toque cuidadoso, Báron continua. — O cabo, embora mais curto do que os machados de duas mãos, é feito de madeira resistente, proporcionando um equilíbrio perfeito entre peso e manobrabilidade. Isso permite ataques rápidos e precisos, bem como bloqueios eficazes.
Ele assume sua postura defensiva, e demonstra como o machado pode ser usado para parar ataques. — E, mesmo sendo primariamente uma arma ofensiva, o machado de batalha de uma mão tem suas capacidades defensivas. O lado plano pode ser usado para desviar golpes, enquanto o cabo curto permite movimentos rápidos e ágeis.
Finalmente, ele me entrega o machado, olhando-me nos olhos com uma seriedade inabalável.
Máterum, observando atentamente, pergunta: — E qual será tua arma, Báron?
Sinto um arrepio na espinha, antecipando a resposta e esperando aprender mais com o Báron.
Com um olhar de profundo respeito, Báron se dirige a Máterum: — Esta. — Pegando uma pequena faca. — Apesar de sua aparência modesta, carrega consigo uma história rica e uma letalidade surpreendente — começa Báron, sua voz baixa e cheia de respeito. — Seu tamanho compacto permite uma variedade de técnicas, desde estocadas rápidas até cortes precisos.
Ele toca suavemente a borda cortante, demonstrando sua afiação. — Em mãos treinadas, esta faca pode ser tão letal quanto qualquer uma das outras.
Báron, então, faz uma breve demonstração, movendo a faca com uma agilidade impressionante, cada movimento fluindo para o próximo. — Em combate, sua pequena estatura permite ataques surpresa, podendo ser escondida e sacada em um piscar de olhos. E, embora possa parecer simples, sua construção é o resultado de anos de aperfeiçoamento, tornando-a uma das armas mais mortais em nosso arsenal.
— E qual seria a diferença entre ela e a adaga? — pergunto instintivamente, esperando um julgamento de Báron por parte da dúvida inexperiente. Contudo, respondido com compreensão e paciência.
— A diferença entre esta pequena faca e a adaga, Void, é sutil, mas fundamental — responde com desejo genuíno de compartilhar seu conhecimento
Pegando ambas as armas e colocando-as lado a lado para comparação.
— A adaga — ele começa, segurando-a com reverência, — é uma arma de combate projetada para ser usada principalmente para estocar. Sua lâmina é mais longa e estreita, permitindo penetração profunda. É ideal para atingir pontos vitais e pode ser usada tanto ofensivamente quanto defensivamente. A empunhadura é projetada para dar ao usuário um controle firme, permitindo movimentos rápidos e precisos.
Ele então pega a pequena faca, sua expressão se tornando ainda mais séria. — Esta faca, por outro lado, é uma ferramenta de versatilidade. Sua lâmina é mais curta e mais larga do que a da adaga, tornando-a ideal para cortes rápidos e estocadas curtas. Ela é mais fácil de esconder, tornando-a perfeita para emboscadas e ataques surpresa. Além disso, sua empunhadura é mais compacta, permitindo ao usuário manipulá-la com mais agilidade.
Báron coloca as duas armas lado a lado novamente, permitindo-me ver claramente as diferenças entre elas. — Enquanto a adaga é uma arma de combate puro, a pequena faca é uma ferramenta de sobrevivência. Ambas têm seus méritos e desvantagens, e a escolha entre elas depende do estilo de combate e das preferências do guerreiro.
Ele então olha para Máterum, buscando sua aprovação. Máterum assente, um sinal sutil de que Báron havia explicado corretamente. Reconhecendo a sabedoria em suas palavras e a letalidade da pequena faca em suas mãos habilidosas.
— Muito bem. Agora, ao campo de treino! Quero ver como Void se sai sob a tutela do melhor guerreiro de Marum — comanda Máterum.
ATO V
O campo de treino estende-se diante de nós, uma vasta extensão de terra batida e grama curta, desgastada pelo tempo e pelo uso. O silêncio é sentido, interrompido apenas pelos sons distantes da natureza ao redor e pelo ocasional sussurro do vento.
Ao redor do campo, altos postes de madeira robusta estão posicionados, com tochas no topo. Embora não estejam acesas agora, é fácil imaginar como iluminariam o campo à noite.
No centro, alvos de madeira e palha, testemunhas mudas de incontáveis sessões de treino. Ao lado, troncos de árvores fincados servem para prática de golpes, mostrando marcas de uso anterior. A ausência de outros guerreiros dá ao campo uma sensação quase sagrada, como se aquele momento fosse exclusivamente reservado para mim.
Ao longo das bordas, áreas demarcadas com pedras ou estacas indicam locais específicos para diferentes tipos de treino. Uma delas, sob a sombra de um toldo, contém equipamentos de treino, como escudos de prática e armas de madeira, esperando para serem usados.
Em um canto, uma construção simples de pedra serve como armaria temporária. Ao lado, uma área de manutenção com bigornas e bancadas sugere onde as armas são cuidadas após o treino.
O campo é cercado por uma baixa muralha de pedra. Não há torres de vigia ou guardiões, apenas o vasto campo e nós três.
Báron se aproxima, sua postura rígida e imponente. Cada passo que ele dá parece ressoar com autoridade no campo de treino. Ele para a uma curta distância de mim, e sinto o peso de seu olhar me avaliando.
— Void, — sua voz é fria e direta — não sei por que Máterum te trouxe aqui, e não é meu papel questionar suas decisões. Ele vê algo em você, algo que nem eu, nem você podemos entender agora. Minha única tarefa, conforme ordenado por ele, é transformá-lo em um guerreiro. Você está preparado para o que isso implica?
Engulo em seco, sentindo o nervosismo crescer dentro de mim. — Não sei por que estou aqui, mas se Máterum acredita que devo ser treinado, então estou pronto para aprender.
Báron assente lentamente, seu olhar ainda fixo em mim.
— Máterum é sábio e vê além do que nossos olhos podem perceber. Se ele acredita em você, então há uma razão. Este treinamento não será fácil, mas se você quer ser um guerreiro, terá que provar isso a cada momento.
— Entendido — aceno, tentando esconder a insegurança que sinto.
Báron não mostra emoção. Seu rosto é uma máscara de seriedade. — Vamos estabelecer algumas regras: Primeiro, nunca baixe a guarda. Segundo, esteja sempre preparado para o inesperado. E terceiro, nunca subestime seu oponente. E lembre-se, tudo o que faço aqui é por respeito e lealdade a Máterum.
Sua última afirmação, deixando claro que o treinamento não era sua vontade, mas uma obrigação que cumpriria em nome da devoção a Máterum.
— Pegue seu escudo e machado — comanda, com passo para trás, assumindo postura de combate. — O treinamento está prestes a começar.
Sinto um nervosismo súbito percorrendo cada fibra do meu ser. Meus dedos apertam o cabo do machado e a alça do escudo de forma desajeitada, revelando minha inexperiência. Minha postura corcovada e minha respiração acelerada denunciam o medo que sinto ao encarar Báron, que permanece à minha frente. Ele manuseia sua faca com uma casualidade que só pode ser adquirida após anos de prática, girando-a entre os dedos com facilidade que me deixa ainda mais apreensivo.
— Vamos, Void, me ataque primeiro! — Báron desafia, abrindo sua postura, o peito exposto, quase como se estivesse me convidando a tentar. Seus olhos, no entanto, permanecem alertas, observando cada um dos meus movimentos. — Quero ver do que é capaz.
Em vez de avançar imediatamente, hesito. Meus olhos se fixam em Báron, tentando decifrar seus movimentos, procurando qualquer sinal de fraqueza ou abertura verdadeira. O silêncio se estende, tornando-se quase ensurdecedor. Posso ouvir minha própria respiração, o batimento acelerado do meu coração.
O campo de treinamento, antes apenas um cenário, agora se torna uma arena de batalha, e eu sou o gladiador hesitante.
Báron, percebendo minha hesitação, mantém sua postura rígida e imponente. Sua expressão é inabalável, e sua voz, quando ele finalmente fala, é fria e direta. — O que está esperando, Void?
Minha boca seca de nervosismo, sentindo o peso da situação. Seu desafio ressoa em minha mente, e uma voz interna me diz para avançar, para enfrentar o desafio. Mas o medo, a incerteza, me paralisa.
Finalmente, com um suspiro profundo, tento reunir coragem, e avanço em sua direção. No entanto, antes que eu possa sequer tentar um golpe, Báron se move com uma agilidade surpreendente. Com uma simples rotação dos pés, ele desvia do meu ataque e, aproveitando meu desequilíbrio, aplica rasteira que me faz cair de forma desajeitada e dolorosa no chão.
— Ele é muito veloz — admito, sentindo o gosto do sangue em minha boca e tentando me levantar, usando as mãos para me apoiar no chão.
— Muito lento! — Báron retruca, e antes que eu possa reagir, sinto o impacto de seu chute em meu rosto. O golpe me faz perder o machado, que cai a alguns metros de distância.
— Se você se levantar em batalha nessa velocidade, será morto antes mesmo de voltar ao combate — Báron repreende, apontando para o machado no chão. — Limpe esse sangue do nariz e vamos outra vez!
Enquanto limpo o sangue com o dorso da mão, uma ideia me ocorre. — Tenho que utilizar o escudo desta vez — penso, ajustando-o firmemente ao meu antebraço.
Com determinação renovada, corro em direção a Báron, usando o escudo como proteção. No entanto, Báron, com sua experiência em combate, antecipa meu movimento. Sinto o impacto de seu chute na parte traseira do escudo, o que me faz perder momentaneamente a guarda. Aproveitando a abertura, Báron segura minha nuca e posiciona sua faca perigosamente próxima ao meu pescoço.
— Não é para usar o escudo ou o machado. É para usar o escudo e o machado! — Báron adverte, sua voz carregada de frustração, enquanto retira a faca de perto do meu pescoço. — E segure esse escudo com mais firmeza! Vamos tentar novamente!
Respiro pesadamente, tentando recuperar o fôlego e controlar a adrenalina que corre em minhas veias. — No corpo a corpo, ele é imbatível — penso, buscando uma estratégia. — Preciso distraí-lo e encontrar uma abertura.
Com essa ideia em mente, avanço novamente, escudo à frente, esperando seu chute. Mas, desta vez, no momento em que Báron se prepara para atacar, rapidamente retiro o escudo do caminho e desfiro um golpe com o machado em direção ao seu pé. Báron, com reflexos impressionantes, intercepta o ataque com sua faca, fazendo as duas armas colidirem.
Aproveitando o breve momento de distração, Báron desfere um soco poderoso em meu rosto. Cambaleio para trás, tentando manter o equilíbrio, mas ele não dá trégua, aplicando série de socos brutais em meu rosto, cada golpe mais forte que o anterior. O golpe final, um soco direto no abdômen seguido de um golpe certeiro na orelha, me faz perder completamente o equilíbrio, e sou lançado ao chão.
— Levanta! — Báron exige, sua voz ecoando em meus ouvidos.
Tento me mover, mas meu corpo se recusa a obedecer, a dor e a exaustão me dominando.
— Levanta! — Ele repete, mais impaciente, jogando sua faca ao chão com um gesto de desdém.
Antes que eu possa reagir, sinto Báron me agarrar pelos cabelos, puxando-me para cima e desferindo outro soco violento em meu rosto. A brutalidade de seus golpes é descontrolada, quase selvagem.
— Chega! — A voz autoritária de Máterum interrompe.
Báron, obedecendo imediatamente, solta meu cabelo e se afasta, baixando a cabeça em gesto de respeito a Máterum, que se aproxima, lançando olhar repreensivo a Báron, que permanece em silêncio, claramente consciente de que ultrapassou os limites.
Eu, por outro lado, caio desamparado no chão, a dor e a humilhação queimando em meu peito
— Não... — murmuro, minha voz fraca e trêmula, refletindo a dor e a humilhação que sinto.
Máterum me observa com olhos penetrantes. Embora eu sinta que não mereço sua compaixão, ele parece ver algo em mim que eu mesmo não consigo enxergar.
Mesmo com a dor ardendo em meu rosto e a vertigem ameaçando me derrubar novamente, aperto o cabo do machado com força, determinado a não mostrar fraqueza
Com esforço, consigo me levantar, apoiando-me nas pernas trêmulas e instáveis. Cada músculo do meu corpo grita de dor, e minha visão está embaçada pelo impacto dos golpes.
— Não... — repito, tentando reunir o que resta da minha determinação. Estou determinado a mostrar a Báron que, apesar de tudo, ainda tenho espírito de luta.
Assentindo minha decisão, Máterum se afasta. Mas, antes que eu possa me preparar adequadamente, antes que possa erguer meu escudo ou brandir meu machado, Báron se move com uma velocidade assustadora e, com um soco cruzado preciso, atinge meu rosto violentamente, fazendo o mundo girar ao meu redor. E a última coisa que sinto antes de desmaiar é o chão frio e duro sob meu corpo.
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