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Desesperança

ATO I (Ózis)

O vento sussurra suavemente, fazendo a vasta extensão de grama ondular como um mar verdejante. Cada ponta de grama dança ao ritmo da brisa, criando sinfonia silenciosa que só a natureza poderia orquestrar. O céu acima, azul profundo, pontilhado por nuvens esbranquiçadas, que se movem lentamente, projeta sombras fugazes sobre a paisagem.

Inalando profundamente o aroma de terra molhada, percebo que recente chuva abençoou o solo.

As flores, em sua diversidade, são espetáculo à parte. Rosas brancas com sutis listras rosa-claro erguem-se orgulhosamente, balançando suavemente com o vento. Tulipas de vermelho vivo se destacam, enquanto violetas, mais tímidas, se escondem entre a grama alta. Cada uma delas adicionando vida e cor à vastidão verde que se estende diante de mim.

O sol, em sua trajetória descendente, lança raios dourados que banham o campo, fazendo com que cada gota de orvalho brilhe como minúsculo diamante.

O calor do dia começa a ceder, dando lugar a agradável frescura que promete noite serena.

Enquanto me perco nessa paisagem idílica, a voz exausta de Zulfiqar me traz de volta à realidade: — Chega disso! Já caminhamos por dias a fio! — exclama, deixando-se cair de joelhos no gramado.

— Levanta, Zulfiqar. Não há tempo para descansar! — respondo, observando as tulipas cederem sob o peso de seus joelhos. — Por que ele não entende a urgência da situação? — penso frustrado.

— Ózis — Zulfiqar começa, sua voz preocupada.

— O que foi?

— Seu braço... Você o perdeu na batalha contra o planeta-vivo, não foi? — Ele pergunta, enquanto suas mãos tocam suavemente a grama, como se buscasse conforto na natureza.

— Sim— admito, aproximando-me dele.

Com olhar carregado e mandíbula tensionada, Zulfiqar desfere soco poderoso no chão, criando pequeno buraco.

— Por quê fez isso? — Pergunto, surpreso com sua reação, parando ao seu lado e observando o dano.

— Precisamos treinar, Ózis — ele diz, tentando controlar a voz, enquanto o sangue escorre de sua mão direita. — Se não conseguimos enfrentar sequer os planetas-vivos, como esperamos vencer esta guerra?

Ele levanta a cabeça lentamente, e seus olhos, antes firmes, agora refletem uma profunda falta de esperança.

Ao olhar para Zulfiqar, mal reconheço o irmão que um dia conheci tão bem. Seu rosto, agora marcado por pequenas cicatrizes, conta histórias de rigorosos treinamentos em Salacrum. Seus cabelos, que em minha memória eram longos e selvagens, agora são curtos e cuidadosamente trançados.

Mas o que realmente mudou foram seus olhos; aqueles olhos castanho-escuros, que sempre foram para mim farol de esperança, agora são vazios, quase extintos. Por breve instante, a raiva que sinto por ele dá lugar a uma tristeza profunda. Raiva que, em tempos mais simples, era pura admiração. Mas essa admiração foi corroída, transformada pela sensação de traição que agora domina meu coração.

ATO II

As memórias vêm em ondas, levando-me de volta àquele dia fatídico.

A luz dourada do entardecer invade a sala ampla, criando um jogo de luz e sombra que dança no chão de mosaico. As sombras alongadas das colunas de glergási parecem se mover com vida própria. No centro da sala, Zulfiqar jaz sentado em cadeira esculpida de areia. Mesmo de longe, sinto sua postura rígida e distante, algo que nunca vi antes.

Aproximo-me com passos cautelosos até metade da sala, tentando entender o que está acontecendo. — Vamos, irmão! Urum, Gálidus e Críngu nos esperam em Salacrum —  digo, tentando injetar algum ânimo em minha voz, esperando que Zulfiqar se levante e me siga.

Mas ele apenas levanta os olhos lentamente, encontrando os meus. Seus olhos, que sempre brilhavam com determinação e paixão, agora estão turvos e distantes. — Não posso, Ózis — murmura, sua voz levada de um peso indesejável.

Naquele momento, não tinha consciência plena, mas algo dentro de mim gritava que nosso relacionamento estava à beira da transformação irreversível.

Minha mente gira tentando entender. — O que você quer dizer com "não pode"? Estamos todos juntos nisso. Nossos irmãos estão contando conosco — caminhando o resto da sala até o seu lado.

Zulfiqar suspira profundamente, evitando meu olhar. — Não irei com vocês! — Suas mãos apertando os braços da cadeira com tanta força que eles começam a se esfarelar. — Fui precipitado ao me juntar a essa rebelião. Máterum tinha razão em prender Theos.

— Por que está dizendo isso agora? — Questiono, colocando minha mão sobre seu ombro em busca de alguma resposta. — Theos é nosso irmão! Ele estava apenas tentando fazer o que era certo.

— Máterum não prendeu Theos por suas ambições de criar uma nova vida. Ele o fez porque Theos tentou matá-lo.

— Isso é uma mentira! Por que está falando isso sobre nosso irmão?

— Não estou mentindo. Ele tentou matar nosso pai. Eu vi tudo. Pergunte a Tanri. Foi ele que o impediu.

— Olhe nos meus olhos e repita isso! — Exijo, frustrado com sua cabeça abaixada.

Zulfiqar se levanta, retirando grosseiramente minha mão de seu ombro — Theos tentou matar nosso pai! E mesmo assim, vocês querem libertá-lo? — Ele exclama, olhando-me fixamente com expressão melancólica.

A raiva e a confusão se misturam dentro de mim. — Isso é impossível. Theos nunca faria uma coisa dessas.

Zulfiqar balança a cabeça lentamente. — Você precisa abrir os olhos, Ózis. Theos é perigoso. E Máterum fez o que tinha que fazer.

A traição que sinto naquele momento é avassaladora. — Então, você traiu nosso irmão? Traiu todos nós?

Zulfiqar hesita, sua expressão contorcida em conflito. — Lamento, Ózis. Eu fiz o que achei que era certo. Theos deve pagar por seus atos.

A traição de Zulfiqar me deixa sem fôlego, e raiva ardente se formar no meu peito. Minhas mãos tremem, e sinto pressão crescente atrás dos meus olhos. — Ele é nosso irmão! — A voz que emerge de mim é quase irreconhecível, tomada pela incredulidade. — Esqueceu o que somos?

Ele olha para mim, a dor evidente em seus olhos. — Eu sinto muito, Ózis. Eu realmente sinto.

— Suas desculpas, são em vão. Vamos partir sem você.

Assolando-me ao vê a expressão de lamúria brotar no rosto de Zulfiqar — Já é tarde demais para partir.

Antes que eu possa questionar o que ele quer dizer com "tarde demais", a porta se abre abruptamente. Meu coração dispara quando Ézus e Dynes entram. A surpresa me paralisa momentaneamente, percebendo que a situação acabou de se tornar muito mais complicada.

— O que estão fazendo aqui? — Pergunto, minha voz trêmula, tentando esconder o pânico crescente.

— Máterum já do plano insensato de vocês — Dynes responde com olhar.

— Plano? Do que você está falando — Respondo, sem saída.

Zulfiqar baixa a cabeça, evitando meu olhar — Eu... Eu e Ézus contamos tudo a Máterum.

Sinto como se o chão tivesse sido arrancado de sob meus pés. Uma onda de náusea me atinge, e por um momento, o mundo ao meu redor se torna um borrão. — Por quê, Zulfiqar? — Questiono, fechando os punhos.

Mas antes que possa confrontar Zulfiqar, sinto mãos firmes me agarrando. Ézus, com sua presença dominadora, me segura com força, enquanto Dynes se posiciona estrategicamente, pronto para intervir se necessário. A sala, que antes parecia tão familiar, agora se transforma em uma armadilha. A luz dourada do entardecer, que antes parecia tão reconfortante, agora lança sombras ameaçadoras.

— Não faça nada precipitado, Ózis! — Ézus me adverte me segurando, seus olhos faiscando com aviso claro.

Luto contra o aperto de Ézus, tentando me libertar, mas sua força é avassaladora. Lanço um olhar suplicante para Zulfiqar, buscando algum sinal de hesitação, alguma indicação de que ele reconsideraria. Mas seus olhos, que antes eram a fonte de tantas memórias felizes, agora são frios e distantes.

— Máterum, Córpulus e Muntera já têm os outros sob custódia. Você está sozinho agora — a voz de Ézus é como gelo, cortando através da minha confusão.

A realidade da situação se instala, e sinto sensação de desespero me envolver. Estou cercado, traído por meu próprio irmão.

Zulfiqar finalmente levanta a cabeça, seus olhos cheios de conflito — Lamento, Ózis. Máterum é nosso pai. Não posso, não vou traí-lo.

A raiva borbulha dentro de mim. — E eu? Eu Sou Seu Irmão! — Exclamo, com frustração, tentando mais uma vez me libertar das garras de Ézus, mas ele me mantém firme, arrastando-me para fora da sala, cada passo me afastando mais do irmão que pensei conhecer.

ATO III

À medida que as memórias se dissipam, como fumaça sendo levada pelo vento, encontro-me de volta ao presente. O mundo parece ter pausado por um momento, permitindo que o Sol se despeça em espetáculo de cores vibrantes que gradualmente dão lugar à escuridão da noite. Zulfiqar, ainda ajoelhado no gramado, tenta em vão ocultar sua vulnerabilidade. As lágrimas que ele tenta reprimir brilham sob o último raio de luz, cada uma carregando o peso de nossas memórias compartilhadas.

— Levanta, Zulfiqar! Nossos irmãos estão à nossa espera! — advirto, tentando infundir esperança em minha voz.

Zulfiqar levanta o olhar, e a dor em seus olhos é visível. — Irmãos? Depois de tudo, não mereço chamá-los assim — ele murmura, a mágoa evidente em cada palavra. — Me desculpa, Ózis!

— Chega de lágrimas, Zulfiqar! — Comando, impaciente. — Não é hora de se lamentar. Há uma chance de nossos irmãos estarem nos esperando em Dívum.

Ele ri amargamente. — Uma chance? Ózis, você precisa encarar a realidade. Eles se foram, assim como tudo que conhecíamos. Somos os últimos.

Sinto a raiva borbulhar dentro de mim. — Cala a boca! — Ordeno, a frustração evidente.

Zulfiqar se levanta abruptamente, com falsa determinação floresce em seus olhos.

— Precisamos treinar, Ózis.

Sem aviso, ele desfere um soco em minha direção. Instintivamente, desvio, movendo minha cabeça para o lado, evitando o golpe por pouco.

— Não temos tempo para isso, precisamos encontrar nossos irmãos!

Zulfiqar, com os olhos ardendo de melancolia, rebate: — Tolo! Eles estão mortos! E se não nos prepararmos agora, seremos os próximos! — Sem esperar minha resposta, ele avança, desferindo outro soco em minha direção.

Desvio por pouco, sentindo o calor de sua mão passar perto do meu rosto. O vento gerado pelo movimento faz com que a grama ao nosso redor se agite. — CALA BOCA! — Grito, perdendo a paciência e revidando com um soco direto. O impacto atinge o rosto de Zulfiqar, fazendo-o cambalear para trás, quase caindo, mas ele consegue se apoiar em um joelho.

Ele passa a mão pelo lábio, sentindo o sangue que escorre de um corte superficial. Levantando-se lentamente, ele me encara com olhar desafiador. — Se bater em nosso inimigo como me bateu, com essa falta de técnica, será derrotado em todas as batalhas que lutar!

Antes que eu possa reagir, sinto o punho de Zulfiqar se chocar contra meu abdômen, roubando-me o fôlego e fazendo-me dobrar de dor. Ainda tentando recuperar o ar, sou pego de surpresa por um cruzado de esquerda que atinge meu rosto, e a força do golpe me manda diretamente ao chão.

— Devemos lutar todas lutas como se fossem as últimas! — Zulfiqar exclama, estendendo seu braço direito para ajudar-me a levantar.

— Que assim seja — respondo furioso, agarrando firmemente seu braço estendido com minha mão direita.

Assim que estou quase erguido, aproveito a vulnerabilidade momentânea e desfiro soco brutal com minha mão esquerda de arcríris, atingindo-o diretamente no rosto. O impacto é tão forte que o som ecoa, e Zulfiqar é lançado para trás, claramente atordoado pelo golpe inesperado. Com um movimento rápido, puxo seu tornozelo para frente. Zulfiqar cai, mas em ação reflexa, rola para trás e, usando suas mãos, se impulsiona e volta à posição de combate.

            A Gáilus, em sua majestade prateada, surge no céu, lançando brilho etéreo sobre a cena abaixo. Ela parece pairar diretamente acima dos dois combatentes, como se fosse um espectador celestial, fascinada pela intensa batalha entre os irmãos.

Nos encaramos por breve momento, avaliando os movimentos um do outro. Então, como dois predadores, avançamos simultaneamente. Nossos punhos se chocam no ar. Cada golpe, cada movimento é uma chave abrindo um cadeado da cela da mágoa.

Zulfiqar tenta gancho de direita, mas eu bloqueio com meu braço de arcríris. Em resposta, tento chute alto, mas ele se esquiva habilmente. O ar deslocado pelo movimento rápido do meu pé faz um zumbido audível.

Em um movimento surpresa, Zulfiqar agarra meu pulso e me puxa para perto, tentando me imobilizar. Luto contra seu aperto, sentindo a pressão de seus dedos em minha pele. Mas, com movimento rápido, me liberto e desfiro um soco em seu rosto. O impacto faz com que sua cabeça vire bruscamente, e marca vermelha e inchada começa a se formar onde meu punho o atingiu.

Ele balança a cabeça, tentando se livrar da tontura. Mas ele não é alguém a ser subestimado. Rapidamente, ele se reequilibra e, avança com um chute baixo, que desvio por pouco. No entanto, Zulfiqar não dá trégua. Ele me ataca com uma série de socos implacáveis. Bloqueio a maioria, mas alguns encontram seu alvo, fazendo-me cambalear. Cada soco mais cruel que o anterior, fazendo minha cabeça girar e o sangue espirrar. E, como golpe final, ele canaliza toda sua força em um chute devastador no meu peito, me arremessando com violência contra o chão.

Levanto-me rapidamente, mas antes que possa me recompor totalmente, vejo Zulfiqar, com seus olhos ardendo de determinação, avançar rapidamente em minha direção, seu punho pronto para atacar. Ergo novamente meu braço de arcríris para bloquear seu golpe. Desta vez, sinto o impacto vibrar pelo cristal, uma sensação estranha, quase elétrica, percorrendo meu ser. Nossos olhos se encontram, e por um momento, toda Marum parece se resumir àquele confronto sob o olhar atento da Gáilus.

— Isto não vale de nada, se não souber usar. — Zulfiqar avisa.

Sem dar-me tempo para reagir, ele desfere joelhada rápida e precisa em meu rosto. Sinto o impacto imediatamente, uma dor aguda irradiando do meu nariz. Caio no chão, mas a adrenalina me impulsiona de volta aos pés quase instantaneamente. Levo a mão ao nariz, sentindo o sangue e o desalinhamento. Com um movimento rápido e decidido, ajusto o nariz quebrado, tentando ignorar a dor lancinante que me faz cerrar os olhos por um breve momento.

Zulfiqar aproveitando minha momentânea vulnerabilidade, lança um soco em minha direção. Mas, com reflexos aguçados, desvio do golpe e, aproveitando sua extensão, agarro seu antebraço, puxando-o para mim. Usando a força e a rigidez do meu braço de arcríris, desfiro um golpe poderoso em suas costas. Ele arqueia de dor, e posso ver os músculos de suas costas se contraírem sob o choque. Sem perder o ritmo, sigo com um chute forte, usando toda a força das minhas pernas, que o lança ao chão com um baque surdo.

Desfrutando de sua posição vulnerável no chão, posiciono meu pé firmemente sobre as costas de Zulfiqar. Ele tenta se libertar, mas a pressão do meu pé o mantém no lugar. No entanto, ele, com uma força surpreendente, empurra suas costas contra a pressão do meu pé, usando o movimento para se virar rapidamente. Antes que possa reagir, sinto seus braços fortes envolvendo meu abdômen em um aperto impiedoso. A pressão em meu diafragma é imediata, e sinto uma sensação de esmagamento, como se todas as minhas vísceras estivessem sendo comprimidas. Tirando meu equilíbrio e me derrubando no chão.

A queda é abrupta, e o impacto me tira o fôlego por um momento. Zulfiqar, aproveitando a vantagem, monta sobre mim e começa a desferir uma série de socos furiosos em meu abdômen. Cada golpe é como uma onda de dor que reverbera por todo o meu corpo. A força dos impactos me faz cuspir sangue, que salpica o rosto de Zulfiqar.

Ele para por um segundo, para limpar o sangue em sua face, e usufruo dessa breve pausa e desfiro um soco ascendente, atingindo-o diretamente no queixo. A força do golpe o pega de surpresa, fazendo sua cabeça jogar para trás e seu corpo cair pesadamente ao meu lado.

Velozmente me posiciono sobre ele, tentando ganhar a vantagem superior. Minhas mãos se fecham em punhos, e desço com força, mirando seu rosto. No entanto, Zulfiqar, com sua experiência e agilidade, move a cabeça rapidamente para o lado, evitando o impacto direto do meu soco.

Antes que possa reagir ao seu movimento evasivo, sinto sua mão firme agarrar meu ombro, puxando-me para mais perto. Em um movimento quase fluido, ele envolve seu pescoço com suas pernas, prendendo-me em um estrangulamento. A pressão em meu pescoço é imediata, e sinto o ar sendo cortado, cada respiração se tornando mais difícil.

O pânico se instala rapidamente, e meus olhos se arregalam com a súbita restrição. Luto contra o aperto, tentando me libertar, enquanto Zulfiqar mantém a pressão. A intensidade da situação é gritante, e cada segundo parece se estender, enquanto busco maneira de escapar de sua armadilha.

A pressão em meu pescoço aumenta, e cada tentativa de me libertar parece apenas apertar mais o estrangulamento. Meus pulmões ardem, clamando por ar, enquanto minha visão começa a ficar turva nas bordas. O rosto de Zulfiqar, antes nítido acima de mim, agora parece distante, como se estivesse se afastando através de uma névoa espessa.

Minhas mãos, antes freneticamente tentando afastar as pernas de Zulfiqar, agora enfraquecem, com meus dedos se abrindo involuntariamente.

No entanto, no momento em que a escuridão ameaça me consumir completamente, sinto a pressão em meu pescoço aliviar. O aperto de Zulfiqar se solta, e o ar fresco inunda meus pulmões em grandes golfadas desesperadas. Caio de lado, ofegante e tonto. Cada respiração é uma luta, e posso sentir o ardor nos meus pulmões, como se tivessem sido queimados pelo esforço.

A intensidade do momento nos envolve, e por alguns segundos, tudo o que posso ouvir é o som da minha respiração pesada e o batimento cardíaco acelerado em meus ouvidos.

A amargura e o rancor fervilham em meu peito, e sem conseguir contê-los, as palavras saem como golpes continuando a batalha: — Como pôde, Zulfiqar? Eu era seu irmão! Cof! Cof! E você me traiu!

Zulfiqar permanece imóvel, seus olhos evitando os meus. Posso ver a exaustão em seu rosto, e as marcas vermelhas e inchadas dos golpes que trocamos. Seu peito sobe e desce rapidamente, e posso ouvir sua respiração pesada, um testemunho do esforço físico da luta.

Mas o silêncio de Zulfiqar é o que me incomoda. Um silêncio que fala mais do que qualquer palavra poderia. Abrindo o último cadeado da cela da mágoa.

— Jamais te perdoarei, Zulfiqar! Eu confiava em você, mais do que qualquer outro de nossos irmãos! — Confesso, sentindo as veias de meu pescoço pulsarem. — Independente de que sejamos os últimos deuses renegados vivos, em tempo algum voltaremos a ser irmãos.

Ele tenta falar, mas eu o interrompo, apontando dedo trêmulo em sua direção. — Não! Não quero ouvir suas desculpas patéticas. De agora em diante, não te julgarei mais por sua provecta traição. Mas nunca mais me chame de irmão! Quando esta guerra acabar, espero nunca mais ver seu rosto.

Zulfiqar engole em seco, sua expressão carregada de pesar. — Se é o que deseja, assim será.

A resposta dele não traz o alívio que eu esperava. Em vez disso, uma sensação de perda e vazio se instala, tornando o silêncio entre nós ainda mais ensurdecedor.

— Além disso, nossos irmãos estão vivos. E se queremos encontrá-los logo, precisamos seguir caminhos diferentes — expresso. — Em onze dias, nos encontraremos exatamente aqui.

Zulfiqar hesita por um momento, a incerteza nublando seus olhos. — E se nossa busca for em vão?

— Então, iremos a Dívum. Não importa onde, vamos encontrá-los! Nem que tenhamos que derrubar os portões de Malbork com nossas próprias mãos. — Sem esperar por uma resposta, viro-me, deixando Zulfiqar para trás, cada passo ampliando a distância entre nós.

Enquanto me afasto, cada passo ressoa com o eco da nossa batalha, da nossa história. A decisão de me separar de Zulfiqar não é tomada de ânimo leve.

— Você foi mais do que um irmão para mim, Zulfiqar — reflito, com aperto no peito, sentindo raiva, tristeza e, admito, uma pitada de medo. — Você foi meu confidente, meu parceiro em batalha, o deus que eu pensava que estaria ao meu lado até o fim. Mas ai... você me traiu... e a traição é uma ferida que não cicatriza facilmente.

Enquanto caminho, sinto a brisa noturna acariciar meu rosto, como consolo suave para minha alma atormentada.

— Estamos em um mundo que mudou, um mundo onde somos caçados e exterminados. A ideia de enfrentar isso sozinho é assustadora. Mas a ideia de enfrentar ao lado de alguém em quem não posso confiar é ainda pior.

Parte de mim quer voltar e tentar reconstruir o que foi quebrado.

Lembro-me dos tempos mais simples, quando nossas maiores preocupações eram presentear Máterum com digna criação. Agora, tudo é mais complicado.

Mas outra parte, a parte ferida e desconfiada, me impulsiona para frente, para longe do passado e em direção a um futuro incerto.

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