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O som das espadas batendo uma na outra parecia viajar no ar, retinia nos ouvidos, voava pelo céu e era levado suavemente pelo vento.
Lúcifer executava seus movimentos com destreza. Ele tinha pegado o ritmo da coisa com uma rapidez tão impressionante que Miguel mal podia acreditar. Era como se tivesse sido criado para aquele propósito.
Ele começava com exercícios iniciais, mas sentia que podia aumentar o nível com Lúcifer. Lúcifer era especial, um soldado especial, se fosse de fato um soldado. Ele mantinha-se impassivel, parecia levar a sério o treinamento que para mais nada serviria a não ser para satisfazer-lhe a curiosidade.
Miguel sorriu empunhando a espada.
- Vamos lá, Lúcifer! Não tenha medo irmão! Mostre o que sabe!
Lúcifer emitiu um grito que parecia ser de fúria e partiu para cima de Miguel, que se defendeu com o escudo e desferiu um golpe. O golpe acertou a armadura que Lúcifer usava e o jogou para trás.
Lúcifer olhou aturdido para Miguel através do capacete de combate.
Ele soltou um novo grito e atacou Miguel novamente, dessa vez conseguiu dar dois golpes fortes o suficiente para serem sentidos por Miguel.
Miguel se protegeu e brandiu a espada despedaçando o broquel usado por Lúcifer, que foi atirado no chão, sua espada se espatifou para longe.
Miguel, que estava surpreso com o desempenho do irmão na luta, percebeu que outros anjos aglomeravam-se ali para ver o que estava acontecendo.
Lúcifer tirou o capacete, completamente perdido. Percebeu rostos curiosos olhando para ele, alguns riam.
- LEVANTE-SE IRMÃO! - Gritou Miguel.- NÃO SEJA COVARDE! PEGUE SUA ESPADA E SE PONHA EM GUARDA!
O rosto de Lúcifer se fechou em uma máscara de ódio. Seus olhos intensamente azuis faiscavam.
Ele colocou-se em pé e pegou sua espada.
Abriu as asas e começou a bate-las, produzindo um impetuoso vento que levantava poeira.
Houve murmúrios de exclamação, então Lúcifer alçou voo e partiu para cima de Miguel, desferindo golpes com precisão, dando o máximo de si.
Miguel, pego de surpresa, foi atirado contra a parede da arena e caiu no chão desarmado.
Lúcifer veio voando e pousou com um dos pés em seu peito, a espada de treino em seu pescoço.
Miguel ficou ali, completamente aturdido, fitando Lúcifer, e ele podia jurar que seus olhos eram vermelhos e chamejantes.
Ficaram assim durante poucos segundos, o peito de Lúcifer se contraindo e se expandindo vezes sem conta, acompanhando o ritmo acelerado de sua respiração, suas asas enormes e magníficas abertas. Depois ele sorriu e estendeu a mão, Miguel a pegou e ele o ergueu do chão.
- Foi... - começou Miguel.- foi uma ótima luta, irmão, impressionante.
Lúcifer sorriu e lhe entregou a espada.
- É. Foi ótimo.
Ele olhou para os anjos espectadores que agora permaneciam no mais absoluto silêncio, saiu andando e disse:
- Apareça no anfiteatro amanhã, se quiser aprender a arte da música. Mas eu não espero que vá.
- E por que não?!
Lúcifer parou e olhou para ele.
- Você é um guerreiro nato. - Explicou. - Guerreiros não tem aptidão para tão nobre arte. É o que eu acho.
Lúcifer sorriu e saiu dali, deixando Miguel e os outros em silêncio.
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