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Lúcifer era muito reservado. Era a opinião de Miguel. Talvez isso não fosse um problema, mas era difícil imaginar o que o irmão estava pensando, não era fácil ler suas intenções em seu rosto quando ele se mostrava pensativo.
Ele limpava alguns instrumentos no anfiteatro quando Miguel se aproximou por trás. Lúcifer logo detectou sua presença e olhou para ele.
Miguel viu a expressão incompreensível em seu rosto e aquilo o deixou preocupado, mas ele achava que era uma preocupação infundada.Ele estava diante do ser mais radiante já criado pelo pai e era natural que se sentisse meio ofuscado. Miguel sabia lidar com aquilo e não tinha problema nenhum com a coisa, estava perfeitamente satisfeito com isso.
Miguel sorriu, Lúcifer também, e aquele ar sombrio em sua expressão desapareceu, ou nunca existira, talvez fosse apenas coisa da sua cabeça, um ligeiro devaneio.
- Miguel! Meu irmão guerreiro!
- Olá Lúcifer. Como vai indo?
Lúcifer suspirou e parou de lustrar uma flauta, deixando-a de lado.
- Bem. Apenas dando brilho à esses instrumentos.
- Brilho?! Mais brilho do que eles têm?
Lúcifer sorriu de novo.
- Sempre se pode conseguir mais meu irmão. O que o trás aqui?
- Na verdade, nada. Eu estava... estava passando por aqui e resolvi dar um alô.
- Alô.
Miguel não disse nada por um instante. Mudou o passo para sair e Lúcifer quebrou o silêncio:
-Vi você no treinamento do exército.
- Ah! Você viu?
- Sim. Os outros aprendem bem e rápido.
Lúcifer voltou a lustrar os instrumentos que estavam diante dele.
- Eu me pergunto:- continuou ele - por que um exército se não temos uma guerra?
Miguel o fitou por alguns segundos, depois desviou o olhar. Olhar por muito tempo nos olhos lindos e intensamente azuis de Lúcifer parecia ser impossível, tão difícil quanto olhar para o próprio criador e aquilo chegava a lhe dar medo.
- Eu sei lá. - Ele respondeu. - São ordens de nosso pai. Ordens são ordens e não devemos questionar.
- Você está certo. Meu pai deve saber o porquê precisamos de um exército.
Houve novamente um momento de silêncio.
Miguel olhou para os instrumentos perfeitamente brilhantes e magníficos. Lúcifer continuava a lustrá-los como se não fosse suficiente que eles brilhassem tanto.
- Gostaria de aprender sua arte irmão. - Disse Miguel.
Lúcifer olhou para ele espantado, e depois sorriu.
- Por que, se sua arte é perfeita?
A afirmação em forma de pergunta surpreendeu Miguel.
- Acha o que faço perfeito?!
- Oh sim. A arte da guerra! A destemida coragem! A destreza para manejar uma espada! Algo que aos olhos se mostra lindo e imponente! Quisera eu aprender essa arte!
- Bem, irmão, eu... eu posso lhe ensinar.
Lúcifer lavantou-se com um sorriso radiante nos lábios.
- Faria isso por mim?
- É claro! Esteja na arena amanhã. Lhe ensinarei a arte da guerra.
- Serei o primeiro a chegar lá, meu irmão!
E tendo dito isso, voltou a lustrar os instrumentos.
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