Miguel, Gabriel e Lúcifer estavam na magnífica sala do trono, novamente maravilhados com o esplendor do lugar.

Havia algo de diferente agora, Lúcifer percebeu. Seu pai revelava-se à eles em toda a sua glória e magnitude.

Eles estavam em pé em uma plataforma de ouro que parecia flutuar. Seu pai estava sentado sobre o trono, mas agora seu rosto não era visível. Seu séquito saía do trono e enchia o lugar com um vermelho vivo e fulgurante.

Lúcifer tentava olhar para cima, o lugar acima do trono de seu pai, mas agora tudo o que conseguia ver eram seres chamejantes alados com seis asas cada. Eles voavam e entoavam uma constante canção.

(Santo Santo Santo).

Era uma visão linda, enchia os olhos com a luz intensa do prazer.

Seu pai falou, e Lúcifer percebeu que sua voz também tinha mudado. Agora era a voz de muitas águas, parecia produzir uma brisa quente como o sopro do fogo:

- Chamei-os aqui porque são meus filhos, e quero lhes anunciar as obras que tenho feito.

Miguel fez uma reverência, mas foi Lúcifer quem se dirigiu ao pai:

- O que fizeste, meu pai?

- Criei um mundo além de onde nada havia, cumulei-o de belezas e fiz crescer nele criaturas com as quais quero me relacionar.

- Criaturas como nós, meu pai? - Perguntou Gabriel.

- Não. São inferiores, porém um dia evoluirão.

- E por que anuncias a nós que somos teus filhos, o que fazes?- Quis saber Lúcifer.

- Quero que fiquem preparados, meus filhos, em breve irão até lá.

- Iremos? - Miguel Franziu o cenho.

- Sim. Vocês descerão lá e falarão em meu nome. Gabriel levará as boas novas de paz, Miguel os protegerá com sua espada, e Lúcifer... óh Lúcifer, meu filho! Você os alegrará e os alentará com suas canções.

Lúcifer inclinou-se fazendo uma mesura.

- Estou aqui para serví-lo, meu pai.

Gabriel e Miguel também se inclinaram.

- Agora vão meus filhos, cumpram suas tarefas.

Eles retiraram-se. Lúcifer foi o último a sair.

Ele olhou novamente para o trono. Os serafins continuavam a voar entoando sua eterna canção, mas lá em cima, acima do trono de Deus, lá não havia nada.