Separação
Lyan
Me sentia extremamente cansado, minha cabeça estava prestes a explodir.
"Eu vou mandar cortar a cabeça daquela mulher em público!" Arti estava xingando Ely desde que chegamos até os aposentos do Duque, e isto já fazia quase uma alvorada completa, e graças a isso, a única cabeça que eu queria cortar era a dele.
Depois que eu virei o jogo o Duque ficou apreensivo e se desculpou, não nos culpou por mais nada e disse que, Kazin, o homem que estava com Ely não era alguém sob suas ordens e logo ordenou que saísse e levou Ely com ele, até onde eu saiba partiram logo em seguida. Mas também descobrimos que Ely tinha sugerido que Sely estava em Tenma para uma possível aliança, o que tive que desmentir, dizendo que isso era loucura. Arti inventou uma desculpa qualquer de que queria viajar com Sely pelos reinos, e a partir deste ponto não prestei mais atenção. O Duque claramente não acreditou mas, devido ao pequeno probleminha que ele causou a Arti, não teve a coragem de interrogar o Principe Herdeiro, então nos ofereceu um lugar para dormir em sua humilde casa de 50 mil quartos, mas infelizmente não tinham quartos suficientes para sumir com Arti.
Kven estava do lado de fora do quarto, enquanto Kaydes estava deitado desleixadamente no sofá, e Arti, não parava de falar na minha orelha.
"Eu LHE AVISEI que seria uma péssima ideia! Poderia me escutar da próxima vez?"
"Espero que não tenha próxima." Ouvi Kaydes Resmungar.
"O que disses?" Arti vira nervoso.
"Nada!" Kaydes se vira de costas e o ignora, minha vontade era fazer o mesmo.
"Lyan.." Começa Arti de novo.. Eu ia matá-lo, mas antes que tivesse a oportunidade, vejo Sely entrando pela porta do quarto.
"Lyan, podemos dialogar?" Sely estava estranha desde os acontecimentos.
"Não!" Arti ordenada. "Tú também tens culpa Selyna, vá para seus aposentos e reflita sobre suas atitudes!" Estava prestes a mandar Arti calar a boca, quando ouço uma janela se quebrando, pulo de susto e já busco minha espada, não seria burro de ficar sem ela duas vezes seguidas dentro do mesmo ciclo de vida.
"Calma ai Hiv. Convencido! Não precisa me atacar!"
"O que está fazendo aqui??" Digo boquiaberto ao ver o menino na minha frente.
"O que VOCÊ está fazendo aqui? A Tiha já saiu tem quase uma alvorada, por que merdas você ainda não foi atrás dela?"
Era só o que me faltava, me jogo no sofa empurrando Kaydes para o lado.
"Já te disse para parar de descontar suas frustações em mim!" Kaydes me chuta de volta, mas não saio do lugar.
"Levanta essa bunda gorda dai, precisamos ir atrás da Tiha!" Minha bunda não era gorda, mas resolvi ficar calado. Tray chega na minha frente e aponta o dedo na minha cara. "Você vai simplesmente me ignorar?"
"Perdestes a cabeça criança? Por que motivo haveríamos de ir atrás aquela mulher?"
"Ele não muda? Como aguentam alguém tão insuportável?" Tray o ignora e continua se dirigindo a mim.
" O que disseste?" Arti o questiona, mas Tray apenas mostra a mão para Arti e faz um gesto engraçado, como se sua mão falasse, talvez em outro momento, eu teria rido disso.
"Então?" Ele continua me encarando.
A verdade era: Eu não queria pensar em Elyssa, e todos eles não paravam de falar sobre ela e isso estava realmente me irritando.
"Ela já é adulta, sabe se cuidar!" Digo encerrando a conversa, ou pelo menos pensei que sim.
"Você é um grande babaca covarde, sabia disso?" Tray me acusava raivoso. "Ela salvou a vida de vocês e ai está você com o rabo encolhido entre as pernas."
"Garoto, tú não estavas aqui, não faz ideia do estrago que ela nos fez." Diz Arti
Pela primeira vez Tray se vira para Arti. "Cara, você é só um babaca estúpido, ou finge para viver?"
"Devias calar a boca garoto, tú não sabes com quem fala!" Ordena Arti, que estava estranhamente paciente com o menino.
"Não? Só por que é um príncipe, não te dá o direito de ser imbecil!" Tray pega todos de surpresa por saber daquela informação, até mesmo eu. "Todos vocês são na verdade!" Tray se volta para mim. "Ela salvou vocês daquele cara, o irmão dela!" Tray diz quase cuspindo ao dizer irmão.
Tray com certeza sabia de algo que nós não fazíamos ideia. Eu também sabia que tinha algo errado, várias na verdade, mas estava tentando ignorar todas elas. Ela não era nada para mim, mas ainda sim não conseguia tirá-la da cabeça, não conseguia tirar da minha cabeça a cara de desespero que ela teve ao ver aquele homem pela primeira vez em frente a hospedaria.
"É o irmão dela?! A situação está a piorar cada vez mais, ela nos vendeu ao irmão?" Arti estava indignado e Tray já tinha perdido a paciência.
"Silêncio!" Selyna fala e todos voltam sua atenção para ela. Sely se aproxima de mim. "Lyan, acredito que Tray está correto." Respiro fundo, não quero pensar sobre isso, repetia isso em minha mente várias vezes.
"Selyna, recobre a consciência, não percebe a loucura que está dizendo?"Arti pega Sely pelos ombros.
"CALA-TE ARTHIMUS!" Sely grita e começa a chorar, e até o vento se cala com seu choro, me sento alerta. Até mesmo Kaydes se vira. "Quando ela se machucou para me salvar.." Sely dizia entre choros e soluços "fui eu que cuidei de seus ferimentos... e devo lhes dizer, que comparado as cicatrizes nas costas dela o corte daquela alvorada.. parecia brincadeira de criança.." Sinto meu estômago embrulhar. "Já vi marcas de chicote antes .. Lyan... as costas dela.. eram dolorosas apenas de ver...não consigo imaginar o quanto ... devem ter doído." Sinto náuseas só de imaginar. "O olhar que ela direcionou para Kazin, não era.. o olhar que se dá para um irmão."
Todos se calam, o silêncio toma conta do ambiente por vários raios ate que Tray o interrompe.
"Olha, não estou aqui para convencer ninguém. Eu irei atrás dela de qualquer forma. Só tenho uma coisa a dizer, cheguei a Tenma junto aquela CARA e vi vocês sendo arrastados para cá. Quando ele levou ela lá para cima, ela foi espancada a ponto de cuspir sangue, e não disse porra nenhuma sobre vocês, nem mesmo sobre você!" Tray olha com desprezo para Arti. "O puto do irmão dela disse que levariam vocês com ele, e o Duque já tinha deixado, e essa foi a primeira vez que ela falou sobre vocês. Obviamente ela tem mais medo do irmão do que do Duque, então acordem! Ela salvou vocês e condenou a si mesma! Ela é estúpida demais por salvar covardes como vocês!"
Tray sai pelo mesmo lugar que entrou, revoltado demais para continuar a conversa.
"Então, você estava certo." Ouço Kaydes dizer.
"Não queria estar desta vez."
"O que queres dizer com isto?" Questiona Sely.
"Lyan já tinha me dito algo parecido. Dentro da prisão, quando ela foi levada, Lyan me disse que se ela estava fugindo de Griver, provavelmente aquele cara que nos encontrou a estava levando até ele." Kaydes diz pensativo "Mas, cara confesso, não esperava que fosse o próprio irmão que a levaria ao próprio caixão. Bom, juntando tudo que Sely e Tray contaram, o caixão ainda seria lucro para ela."
Engoli em seco.
"Pelos Reinos...!" Sely falava com a voz tremula.
Me levanto e estalo meu pescoço, olhando fixamente para a janela.
"Kaydes"
"Sim" Responde ele monotonamente, ele já sabia o que eu faria.
"Preciso do meu Guan Dao"
"Já está no canto atrás da porta" Diz ele entediado
"Quando soube que eu iria atrás dela?"
Kaydes passou por mim e bateu em meu ombro "Na escuridão em que você não se importou dela descobrir que Sely era uma condessa." O que ele realmente queria dizer, era, na escuridão em que percebi que você confiava nela.
Ouço Arti saindo do quarto e batendo a porta.
"Acho melhor vocês voltarem para Edyn" Digo a Sely.
"Mas e o acordo?"
Olho para Kven "Vá até a casa do Lorde e explique que fomos descobertos. Faremos isso de outra forma, diga também que o Duque de Wylis está ciente da nossa presença e que isto poderia ser uma desvantagem para ele, eu o conheço bem, ele irá concordar. Diga que Arti irá enviar uma carta daqui algumas alvoradas refazendo o acordo." Kven parecia relutante, mas acata minhas ordens. "Sely, assim que Kven voltar, vocês voltam para Edyn, deixem a carroça e vão a cavalo, me esperem na vila onde encontramos Ely." me viro para Kaydes. "Vá até a casa de Irithiel, e arrume um arqueiro ou um soldado, precisam de mais alguém."
"Irás sozinho?" Sely pergunta chorosa.
"Não! Irei com Tray."
"Tray é uma criança!" Sely protesta.
"Vá por mim, ele parece ser uma criança bem útil"
"Lyan.."
"Sely.." Afago sua cabeça "Só me prometa que vai ficar bem. Fique com Kaydes o tempo inteiro... ele é mais ligeiro do que a maioria das pessoas, promete ?"
Sely enxuga os olhos "Só se prometeres que ficará bem também."
"Esqueceu com quem está falando?" Sorrio para ela. "Agora vá dormir, a alvorada será longa." Sely acena para mim e sai porta a fora. Me viro para Kaydes. "Contrate um ilusionista da casa de Irithiel, diga que irei mandar as pins daqui 30 alvoradas."
"Precisamos apagar os rastros?"
"Não confio no Duque, e não sei se ele irá tentar algo se ver que formos embora. Saia da maneira mais silenciosa possível, não deixe ele notar que foram embora. Quando notar o ilusionista já terá apagado os rastros, e também não esqueça do arqueiro, de preferência que tenha habilidades com espada."
"Quer que eu encontre outra Ely?"
"Pelo amor aos reinos, por favor, não!" Digo sorrindo de leve. "Haveremos de nos encontrar.."
"Nem que se for para te cobrar.."
".. a morte que você deixou a desejar." Bato rapidamente nas mãos de Kaydes.
"Te vejo daqui algumas alvoradas!" Kaydes se despede antes de fechar as portas.
Vou até onde estava minha Guan Dao, fico feliz por tê-la escondido debaixo da carroça. Perto dela vejo uma mochila. Kaydes já tinha preparado tudo para viagem, ele podia ter me dito que eu tomaria essa decisão, me economizaria bastante neurónios, e dor de cabeça, afinal ela tinha parado no momento em que decidi ir atrás de Ely.
Pego minhas coisas e saio pela mesma porta de entrada de Tray, ou melhor, janela de entrada. Ando alguns instantes e vejo Tray parado na estrada de Nouri.
"Como sabia que eu viria?" Pergunto a Tray lhe jogando um jarro de água que tinha extra.
"Por que o Hiv. Convencido é o menos covarde do grupo."
"E se eu não viesse?"
"EU disse, eu iria sozinho." Tray diz determinado.
"O que ela fez para cativar tanto?"
"Essa não é a pergunta certa." Diz Tray. "Ladrões não aceitam dever ninguém nem receber favores. Então a pergunta seria, qual sua dívida ?" Ele faz uma pausa.
"Certo.. então qual seria sua dívida?"
"A mesma que a sua, a vida. Ela já me salvou de várias formas, é minha vez de fazer o mesmo e então posso me livrar desta maldita dívida que tenho com ela."
Rio do garoto, ele seria um grande nobre se não tivesse nascido ladrão.
"Precisamos de cavalos" digo vasculhando o lugar "Temos que alcança-la antes que cheguem a Nouri, se chegarem a vila dos mercenários, ninguém conseguirá resgata-la"
"Posso arrumar dois." Diz ele confiante.
"Então vamos." Coloco a mochila nas costas e Guan Dao também.
" O que é isto?" Diz ele apontando para Guan Dao
"Essa é minha arma."
"Pensei que usasse espada."
"Só quando estou brincando."
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