Pesadelos
Lyan
Voltamos para a trilha assim que o sol nasceu. Ely estava na frente agora e eu tentava sempre procurar sinal de água para caso qualquer coisa acontecesse com um de nós dois de novo, para nossa sorte estávamos no território de Tenma, já que das Arahs essa era a que tinha mais água a disposição. A partir dali iríamos procurar locais com água e nascentes, a água estava acabando já que aparentemente precisou de um chafariz improvisado em cima de mim.
Ely dizia que ainda faltavam cerca de 3 alvoradas para chegarmos ao rio que dividia Tenma e Edyn, para mim isso duraria mais que uma eternidade. A dor no meu corpo era intensa e irradiava por todo meu maldito corpo. Eu podia ver que Ely lutava com essa mesma merda toda alvorada, eu só não conseguia entender o motivo, já que o moribundo foi eu, não ela. Então por que raios ela também estava sofrendo consequências disso? Isso não fazia o mínimo sentido e isso me incomodava pra caramba. Vejo Ely olhando para trás como se checando se estava tudo bem comigo, seu olhar se encontra com o meu e sustento por alguns raios e relembro o meu outro grande problema, eu estava muito ferrado com aquela maldita tensão instalada entre nós dois.
Ótimo Lyan, momento maravilhoso pra se interessar por alguém. Podia ser mais masoquista? Podia se interessar por uma pessoa normal, uma camponesa humilde, mas naaaooo.. . escolheu uma mercenária, ninguém menos que a filha de Greendever. Parabéns, você se superou cara.
Suspiro depois do meu monólogo em terceira pessoa.
"Tá tudo bem?" Tray se aproxima.
"Se até você percebeu meu desespero, devo estar muito ferrado mesmo."
"Tá com muita dor?"
"Esse é o menor dos meus problemas garoto" Olho para frente encarando Ely de costas.
"Ela parece estar bem."
"Sim." Respondo sem querer render o assunto, obviamente isso não funcionava com ele.
"Dá pra acreditar em tudo isso?"
"Não"
"Acha mesmo que a Lua te salvou?"
"Pessoa errada para dialogar sobre isso." Sinto a irritação vindo.
"Sei que você não acredita, só que mesmo assim .. é muita coincidência. Quais são as chances?" Eu tentava abafar a conversa do menino em minha mente para não descontar a raiva que estava sentindo, odiava aquela conversa e queria falar o mínimo possível sobre isso.
"Não importa, também não quero saber as chances" novamente tento cortar o assunto.
"Como não? Não quer entender o que aconteceu?"
"Não" respondo secamente.
"Você tem ideia da sort.." Não deixo que ele conclua a frase.
"Tray, cala-te!"
Vejo ele recuando assustado e não sinto pena, queria fazer muito mais do que manda-lo se calar. Raiva, ódio, indignação, eu precisava me controlar. Aperto as rédeas do cavalo e concentro minha força ali.
"Tray" ouço a voz calma de Ely "sua vez de procurar água. Leve o cantil com você, precisamos de água para beber."
O garoto sai apressadamente sem dizer mais nada.
Ely diminui o ritmo de seu cavalo para o mesmo do meu e fica em silêncio ao meu lado. A irritação ainda estava lá, o ódio, a angústia e acima de tudo a dor.
Existiam pouquíssimas coisas que me tiravam do sério e a possibilidade dessa maldita lenda ser verdade, parecia estar no topo rindo da minha cara.
"Nouri é estranhamente árida perto de Tenma e Edyn mas tem as melhores plantas medicinais e os maiores sábios da medicina." Sua voz era fluída "sempre me interessei por essa área, era bem interessante conhecer sobre as propriedades de cada uma. O quão magnífico é saber que existem diferentes plantas com diferentes efeitos no nosso corpo? Algumas podem lhe dar sono, outras energia, coceira, dormência, anestesia. Como pode? É o mesmo solo, a mesma irrigação e mesmo assim conseguem ser completamente distintas." A voz de Ely era como calmante aos meus ouvidos...me pergunto desde quando se tornou assim.. "Mas também somos seres diferente, certo? Algumas pessoas nascem do mesmo berço e são criadas pelos mesmos pais e ainda sim se distinguem. As plantas são iguais, podem ferir, podem curar ou podem simplesmente passar despercebidas em um canteiro qualquer. Só que, Lyan." Ela olha pra mim. "As plantas são realmente fascinantes e até mesmo em Nouri, um reino pobre e sem recursos conseguiu cultivar plantas tão úteis a essa Arah."
"Quais você conhece?" Dizer que me sentia surpreso ao perceber que não tinha mais raiva em meu tom de voz seria mentira. O sentimento de raiva se foi tão rápido quanto chegou.
"Hum... Muitas?" Ela sorri e se existia algum resquício de ódio, ele se foi ali.
"Você se daria bem com os Casters."
"Quem?" Ela questiona.
"Vai fingir de boba até quando?"
"Eu? Nunca fiz tal coisa" vejo ela contendo o riso e sinto que poderia beija-la ali mesmo.
Ignoro essa parte da minha mente, ou pelo menos tento.
"Sei! Onde ouviu falar sobre eles? Nyla?"
"Se sua carreira de indigente não der certo, podes investir em investigador."
"Você acabou de me chamar de pobre sem ocupação?"
"Não é isso que és?" Ela ri de novo me olhando pelo canto do olho, eu estava perdendo minha sanidade aos poucos.
"É claro que não, sou um príncipe destronado."
"Não sei se sabes, mas isso se categoriza muito bem na palavra indigente."
Sorrio com seu argumento "Você tem toda razão"
"Há uma coisa que precisa saber sobre mim, eu sempre tenho razão" ela faz sua melhor versão de mim mesmo e começo a rir de sua péssima atuação.
"Bom, se sua ocupação de andarilha der errado .." digo entre risos " faça um favor a essa Arah, nunca entre pra uma trupe de imitação, você é horrível nisso." Acho realmente graça na sua versão de mim, minha barriga doía de tanto que eu ria. Ergo o olhar para ver seu rosto e .. bom, eu avisei certo? Eu disse que minha sanidade estava se perdendo aos poucos e ao ver como ela olhava para mim naquele raio me fez a perder por completo.
Puxo as rédeas de seu cavalo que estavam facilmente ao meu alcance e inclino meu corpo em sua direção, puxo sua nuca até que sua boca encontre a minha e para minha surpresa, não encontro o mínimo de resistência. Toda a tensão explode ali e me sinto totalmente sem fôlego com o ritmo em que a beijo, separo minha boca da dela por poucos raios e quando abro os olho vejo sua pupila dilatada e sua respiração ofegante, conseguia ver o reflexo do meu desejo nela. Coloco uma mão em seu quadril e a outra na perna esquerda e ela parece entender muito bem o que eu estava prestes a fazer, porque sem muito esforço a trago para o me cavalo e ela se senta virada para mim. Suas pernas se ajeitam acima das minhas e perco o resto do controle que ainda existia. A beijo como se nada mais existe a nossa volta, coloco meus dedos entre seu cabelo semi-preso e com a outra mão puxo seu quadril para mais perto, sinto seu gemido entre os beijos. Minha mão sai de sua cintura e passeia por sua costas até chegar na costela e meu polegar pressiona a lateral de seu peito e de novo o gemido. Sinto suas unhas cravando em minhas costas e sua outra mão puxa meu cabelo e faço o mesmo só que desprendendo minha boca da dela, desço beijando seu pescoço, chegando em sua clavícula faço o caminho até seu peito, afrouxo facilmente sua blusa e coloco minha boca em seu mamilo e aquilo que devia leva-la a loucura acaba causando o efeito contrário quando a ouço gemer bem próxima do meu ouvido. Firmo ainda mais minha mão em seu quadril e a puxo para ainda mais perto fazendo minha boca chupar uma parte de seu peito. Ely inclina sua cabeça para trás de prazer e depois puxa bruscamente minha boca para ir de encontro a dela e porra.. sua língua enfia em minha boca de uma forma tão provocativa que eu tinha certeza que não conseguiria me segurar, eu teria de arranjar um jeito de fazer sexo em cima da porra do cavalo, e quando estava prestes a dar um jeito de fazer isso ouço o som de cascos vindo da floresta. Tray estava voltando.
---**---
"Ely" grito seu nome, minha voz estava carregada de desespero "Elyssa!! Saia DAI"
Ely estava parada ao lado de um vulto preto, suas mãos estavam cobertas de sangue e seus olhos sem vida. Ela olha pra mim e dá um leve sorriso e sucumbe ficando de joelhos. Tento correr em sua direção mas não a alcanço, seu corpo estava visivelmente fraco e desnutrido. O vulto enfia a mão em seu coração e ao retirar invés de sair o coração vejo uma pequena chama azul pairando sobre a mão daquele ser abstrato.
Ely despenca no chão desacordada e finalmente a alcanço, sua pele era gelada e sua respiração irregular. Não estava morta mas também não parecia viva.
Então o cenário muda, vejo um bebê de olhos verdes penetrantes chorando desesperadamente. Ao seu lado havia uma mulher de cabelos claros e olhos verdes e um homem coberto por uma túnica. Eu sabia que era um sonho, mas era a primeira vez que o tinha.
"Ayla! É proibido!"
"O que você sugere Derion?" Sua voz era de súplica.
"Eu.. eu não sei!" Não podia ver o semblante do homem, mas sua voz beirava ao desespero.
"Não temos outra saída meu amor, precisamos salvar este bebê. Você sabe que se encontrá-lo vão matá-lo.. e só há uma maneira de impedir isso."
"Ayla.. por favor."
"Derion, saiba que nunca amei alguém tanto quanto te amo, não temos chance de sobreviver mas essa criança não teve a chance de viver, preciso dar essa chance a ela. Além de que ela é a prova de que nosso amor existiu."
"Vamos sobreviver juntos!" O homem estava desesperado.
"Eles vão nos encontrar, seja no meu reino ou no seu."
"Vamos procurar outro! Outro reino, outra Arah, outro mundo.. vamos encontrar algo.. " antes que ele concluísse sua fala um grupo de pessoas aparecem os atacando.
"Derion!!! CUIDADO!" A mulher grita o avisando.
O homem chamado Derion tira sua espada da bainha e defende sua família dos agressores. Derion era obviamente um soldado treinando, ele usava sua espada com agilidade e domínio. Enquanto ele se defendia de mais de 3 pessoas podia se ouvir o casco de mais cavalos chegando.
A mulher chamada Ayla chorava copiosamente e sussurrava "me perdoe criança, me perdoe Derion, me perdoe pai, mãe." Seus olhos se fixam na criança, e conseguia ver a dor presente neles.
"Sinto muito, nem lhe dei um nome. Se cuide criança, espero que os antigos e a lua a proteja." Ela deixa a última lágrima escapar, e por fim estende a mão sobre a criança e profere as palavras em um voz leve e melancólica
"Que a troca comece, a frase proibida.
O erro da humanidade é realizado.
Sua vida pela minha, a minha vida pela sua.
Que a troca desigual venha, e a dor continue sua.
Que sua vida seja eterna e nunca tomada.
Dou a minha em troca, selada e consagrada.
Quem ousar tomar a vida por mim dada, as consequências virão, sem dó nem discriminação.
Um destino cruel, uma maldição sem perdão."
Ao terminar um sorriso se instala em seu rosto, ela olha uma última vez para seu amado "Eu te amo Derion, por favor nunca se esqueça disso" ele não a ouve e Ayla despenca sem vida no chão.
"AYLA" Derion se desconcentra e deixa dois homens passarem por ele.
"Por ordens do Rei Mirion! Matem a criança e a mulher!" Grita um dos soldados e corre em direção ao bebê.
Derion consegue parar um deles mas não chega a tempo de impedir o outro.
"NAOO" Derion grita indo em direção ao soldado que já estava chegando até o bebê. O soldado pega sua espada e aponta para criança pronto para fincar em seu peito, então algo extremamente estranho acontece, o soldado muda a trajetória da espada no último instante levando a lâmina para trás e está finca no peito de Derion.
"Mas... O que?"
"O que está fazendo seu energúmeno?" Grita outro soldado que tinha chegado a poucos raios atrás.
"Eu não.. eu não.." ele olha para Derion e depois para criança " eu .. queria matar o bebê" ele solta a espada sem entender e olha para suas mãos.
Derion leva a mão no seu peito sem entender o que estava acontecendo, mas sabia que estava presentes a morrer, ele cai ajoelhado no chão enquanto outro soldado tenta atacar o bebê e de novo algo estranho acontece, invés de atacar a criança a lâmina vai em direção do seu companheiro e o mata.
"O que MERDA ESTÁ ACONTECENDO?" Um dos soldados grita.
Derion rasteja até o bebê e o olha.
"Ayla, querida.. o quê você fez?" Derion beija a testa da criança e dá seu último suspiro de vida.
Todos que tentam matar a criança, acabam direcionando a morte para outra pessoa. Aterrorizados com aquilo os soldados fogem dizendo que a criança era amaldiçoada.
"Vamos apenas dizer que todos morreram." Disse um dos soldados e ordenou a retirada. "Leve o corpo do Lorde Derion e o resto deixe os animais comerem"
"E a criança?"
"Vamos fingir que morreu, eu não vou encostar neste monstro" sua voz era de nojo.
Todos bateram em retirada, a criança não chorava mais. A morte estava à espreita, sinto dó de seu destino. Visualizo a cena de novo, o caos que cercava a criança, então .. algo me chama atenção naquela cena... A espada, a espada jogada ao lado do bebê, era de metal branco. A reconheço no mesmo instante e meu coração se aperta. Como o bebê era careca não pude perceber antes, mas quando reparo em seus olhos novamente, percebo que eles eram verde e dourado.
E de novo o cenário muda, desta vez eu estava em meu corpo. Me vejo lutando com as pessoas que nos atacaram, e sinto a flecha perfurando meu peito de novo. Caio ao chão e sinto que a morte estava perto, e como nos outros sonhos a garota de cabelos prateados aparece para mim, mas diferente das outras vezes ela falava diretamente comigo.
"Protegido de Lunox."
"Quem é você?" Consigo dizer sem dificuldade e então percebo que não estava mais machucado.
"Já sabes quem eu sou Príncipe Lyander, afinal já nos vimos antes"
"Não, não sei!"
"Sim, sabes." A garotinha chega mais perto de mim. "Mas desta vez irei me apresentar apropriadamente. Sou Luara, vocês, humanos me conhecem como Lua."
É apenas um sonho Lyan, apenas um sonho criado em sua mente depois da história de Ely.
"Sim é um sonho." Diz a garota lendo minha mente "mas isso não me torna irreal, não sou fruto da sua imaginação."
"Sim, tú és!" Podia ouvir a raiva em minha voz. Ela apenas suspira.
"Não vou discutir com você Lyander."
Permaneço imóvel encarando a garota, ela faz o mesmo.
"Só vim lhe avisar para sair de perto daquela mulher."
"Quem achas que tú és para me ordenar algo?" Meu sangue fervia ao ver aquele ser insignificante falando comigo.
"Lyander, apenas me escute.. estou tentando te ajudar"
"Me ajudar ??" Minha risada era seca e meu tom era ácido. "Não preciso de tal coisa, agora suma da minha frente!" Praticamente cuspo as palavras.
Ela respira calmamente "Esta é a primeira e última vez que vou lhe dizer, aquela mulher é um perigo para todos a sua volta, se não fosse por mim você estaria morto agora. Sinta-se afortunado por ser um descendente de Lunox."
Afortunado ... Aquela palavra acaba com toda minha sanidade mental.
"Cala-te ser insignificante!! Estou eu lhe questionando algo? Não dou a mínima para palavras que saem de sua boca. AGORA SUMA!" Ordeno.
"Não diga que não te avisei! Não só avisei como também mostrei."
A vejo pegando a flecha e finca a mesma em meu peito novamente.
"A dor que está sentindo não chega nem perto de pagar o preço de sua vida! Você quase morreu por causa da troca maldita daquela mulher. Se não fosse por Lunox, você nem mesmo estaria vivo seu príncipe egocêntrico!"
Acordo com uma dor dilacerando meu peito. Sinto o suor escorrendo na minha testa, minha respiração estava inconstante e sentia que não conseguia mover meu corpo, eu estava paralisado. Estava tendo calafrios por toda parte.
Tento me mover novamente e consigo rastejar onde imagino que fosse a direção da água caindo já que não via nada. O enjôo vinha cada vez mais forte ao tentar me movimentar, então vomito o que estava no meu estômago.
Sinto uma mão nas minhas costas.
"Consegue se mover?"
"Um pouco" respondo.
"Preciso que tente, não consigo te erguer sozinha." Ela passa meu braço em volta do seu pescoço e com alavanca de seu corpo e com muito esforço consigo me levantar. Vamos quase arrastando para a queda d'água, não conseguia ver um palmo a minha frente. Ely me guia até a queda d'água e sinto o gelo percorrer meu corpo quando meus pés encostam na água, começo a tremer de frio.
"Aguente. Precisamos abaixar sua temperatura" Ely sustenta grande parte do peso do corpo e me coloca aos poucos na água "vou te deitar" ela acaba de me deitar "agora beba isso". Já era a segunda vez que ela me dava aquele líquido viscoso, da outra eu estava desacordado.
"O que fará com minha versão drogada? Sou um homem de família, não me macule." Ela não ri. Pena, queria muito ouvir sua risada. Bebo o líquido com dificuldade.
"Lyan" sua voz era quase um sussurro.
"Sim"
Ela faz uma longa pausa "não é nada."
Sinto que devia perguntar o que estava acontecendo com ela, era minha chance de entendê-la um pouco mais. Eu tinha esse direito? O que vi nos meus sonhos dessa vez era verdade? Não sabia e não podia contar. Se eu perguntasse teria de dizer quantas vezes me vi morrer, quantas vezes sonhei com ela me matando, matando Sely, quantas vezes a vi sem vida estirada em um canto qualquer sendo torturada. Não, eu não tinha o direito de perguntar.
"Estou bem, não precisa se preocupar tanto. Você disse que era temporário, vai passar." Era o máximo que eu podia fazer por ela.
Ely nada diz. Eu estava deitado em seu colo com o corpo submerso na água tremendo mais que uma cabra recém nascida. Ouço o barulho da água e depois sinto as mãos geladas de Ely passando por minha testa. Seu toque era gelado, mas era delicado e estranhamente afetuoso. Ela molha as mãos de novo e passa nos meus cabelos massageando meu couro cabeludo.
"Feche os olhos." Ela diz.
"Mas já não vejo nada"
"Só feche."
A obedeço. Ela continua massageando e pressionando pontos estratégicos, me sinto relaxado. Então para minha surpresa ela começa a cantarolar uma música calma era quase um murmúrio, me deixou levar pelo som da voz dela e sinto a tranquilidade vir aos poucos e ficamos assim por uma grande quantidade de raios.
"Você disse que gostava das estrelas certo?" Ela interrompe o silêncio.
"Sim"
"Abra os olhos e olhe para o céu"
Quando abro os olhos e o ergo encontro o céu mais estrelado que já havia visto em meus ciclos, era realmente deslumbrante.
"É bem mais bonito sem ela presente"
"Quem?" Ainda estava embriagado com o remédio e não consigo entender.
"A Lua. O céu fica melhor sem ela."
Não sei se ela disse de propósito, mas me sinto estranhamente aliviado com aquela frase. Penso em tudo que aquela mulher causava em mim e chego a conclusão que estava pouco me lixando pra todo o resto, eu ficaria do lado de Ely e a protegeria.
"Concordo plenamente" Digo e o silêncio se instala de novo, ficamos ali até minha febre abaixar.
---***---
Faltava uma alvorada para chegar ao rio, segundo Ely.
"Então, qual o plano?" Pergunta Tray.
"Usarmos você de isca e depois saímos correndo a cavalo."
"Ou podemos usar VOCÊ de isca" Tray mostra a língua pra mim.
"Nhaaa.. eu não sirvo pra isca, sou muito forte pra isso. Eu sempre sou o trunfo do plano"
"Convencido" o garoto revira os olhos.
"Faz parte do meu charme."
Tray se aproxima de Ely e a pergunta "Ele pode voltar a ficar doente? Gostava mais dele calado."
"Não é como se ele estivesse completamente curado"
Eu tinha tido uma melhora significativa nas últimas alvoradas. Ainda tinha febre e dores, mas nada como as primeiras escuridões, estava suportável.
"Não? Puts, ele é sempre insuportável assim?" Tray pergunta.
Ely parecia pensar pra responder "Insuportável? Não o acho insuportável, mas ele claramente tem o dom de irritar pessoas como você."
"Como eu?" Tray pergunta confuso.
"Sim. Impacientes, sem muitos argumentos e explosivas também, todos essas pessoas parecem se encaixar muito bem na sua coleção."
"Você acabou de me chamar de burro?" O garoto parecia ofendido e começo a gargalhar. "FICA QUIETO HIV.CONVENCIDO"
"Viu? Tú se encaixa facilmente no explosivo. É o mesmo de Kaydes." Ely diz e rio ainda mais.
"Pelo menos é o explosivo." Tray parecia aliviado.
"E Arti?" A pergunto ainda rindo.
"Sem argumentos, com certeza." Ely responde.
"Concordo que ele seja o burro!" Tray diz com orgulho vendo que tinha alguém pior que ele.
"E você?"
Ela olha para trás e sorri "Não estou em sua coleção. Me irritar está além da suas capacidades."
Sorrio de volta "Desafio aceito"
"Posso apostar pins nisso? Aposto na Tiha."
"Garoto, você é um ladrão ou um apostador?"
"Sou o que me der mais pins" No final, eu até gostava do garoto. "CHEGAMOS!" Tray grita e olho para frente. O rio era gigantesco, não conseguia ver o seu fim.
"Finalmente" até eu me sinto aliviado. Eu estava logo atrás de Ely e Tray. Ely estava com os cabelos presos, mas estavam amostra. Desde que saímos do acampamento de seu irmão ela não o escondera, e eu gostei muito que ela não o fez. Finalmente iríamos enfrentar quem procurava por ela. Eu estava pronto para matar qualquer um que entrasse em meu caminho. Tiro minha gundao do suporte do cavalo. Mande quem quiser Kazin, a sepultura deles será aqui.
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