A proposta
Caminhei em direção ao estabelecimento de Frevvy, tinha que pagá-lo por concertar Arthas.
Não me demorei muito para chegar até meu objetivo. O local estava intacto, tirando pela porta de madeira que estava a metros de distância do estabelecimento. Entrei pela espaço vago onde deveria estar a porta, foi quando vi as prateleiras jogadas pelo chão as estantes estavam vazias e as paredes que antes haviam mostruários de armas estavam nuas. Eles saquearam tudo. Frevvy estava em um dos cantos levantando o que estava caído, estava tão absorvido por toda situação que nem me ouviu chegar.
"Saudações caro Frevvy." Digo com a intenção de anunciar minha chegada e vejo seu ombro enrijecer ao ouvir minha voz. Tiro o saco das minhas costas. "Devo dizer que sinto muito pelo ocorrido." Ele se volta para mim pálido. Eu continuo "..tive uma pequena sorte em me deparar com alguns dos ladrões enquanto eles fugiam" Abri o saco e mostrei a ele poucas armas que estavam com o mesmo homem que tivera a má sorte de roubar justamente Arthas. "Infelizmente, não consegui recuperar mais do que isto." Entrego a ele o saco. Ele ergue a mão e tenta olhar para mim, eu desvio o olhar, perto demais. Então ele direciona seu olhar para minha cintura onde agora pendia Arthas e para minha surpresa ele quase desaba no chão em um suspiro de alívio tão profundo que me desconcerta no mesmo instante. Vou em sua direção para tentar dar-lhe algum apoio para que ele não desmaie e bata a cabeça no chão e quando o faço vejo um sorriso tomar conta de seu rosto.
"Graças aos reinos! Desde que tudo isto veio a acontecer estava passando e repassando em minha mente as mais variadas desculpas para te dar. Não tinha chegado a nenhuma boa." Me seguro para não o encarar, com toda esta confusão e tudo que perdeu ele estava preocupado em se desculpar? Mais uma vez seguro para não lhe olhar nos olhos, envés disto me concentro em colocá-lo perto de um banco para que ele pudesse se sentar "Obrigado, o velho aqui está bem." Ele diz e eu solto seu braço me afastando. Agora em uma distância segura o olho por alguns raios e vejo que um pouco da cor que pertencia a sua pele volta e um sorriso toma conta de seus lábios, ele abre a boca para falar novamente "Mas mesmo assim tenho que pedir seu perdão, quase perdi sua valiosa espada e eu não saberia o que fazer caso o tivesse feito."
"Não foi sua culpa, não há com o que se desculpar." Digo a ele sem a intenção de confortá-lo, afinal eu não estava lhe mostrando nada além de fatos.
"Claro que foi! Eu requisitei ficar com ela por mais alguns ciclos para poder estudá-la, era minha responsabilidade e não consegui mantê-la segura. Por isto peço perdão e agradeço também por todas estas armas que recuperou. Então tudo que tenho que fazer é agradecê-la." Ele abaixou a cabeça até onde conseguia.
"Não há com o que se preocupar, muito menos agradecer. Pode se levantar." Ele se levantou e abriu um largo sorriso.
"Sua maneira de receber agradecimentos é engraçada."
"Então, qual tamanho do prejuízo?" Questiono com a intenção de tirar o foco da conversa de mim.
"Nada que não posso resolver, ainda mais que agora você trouxe algumas de minhas armas de volta, posso começar a trabalhar com isto." Ele pega o saco e leva até um dos cantos do estabelecimento. "Agora que você tirou uma das minhas maiores preocupações das costas, posso começar a elaborar meu plano para reconstruir todo meu negócio ou desistir dele e montar uma casa de pães, afinal tenho uma esposa maravilhosa que também cozinha muito bem, não que eu precise falar, temos a prova bem aqui na nossa frente." Ele bate na barriga em seu jeito brincalhão de sempre, mas percebo a insegurança em seu olhar e a pontada de tristeza em suas palavras, principalmente quando falou de sua esposa. "De qualquer forma temos dois planos, já é mais do que muitos poderiam ter. Bom vou arrumar mais algumas coisas por aqui, precisa de mais alguma coisa?" Ele desvia o olhar do meu. Entendo que precisava de espaço, então deixaria para acertar com ele em outra oportunidade.
"Acredito que neste momento é apenas isto. Lhe vejo em uma próxima alvorada." Digo e saio sem esperar uma resposta.
Ainda estava um pouco surpresa por tamanha preocupação que ele demonstrara por pensar ter perdido Arthas, sua expressão havia mudado completamente depois que ele a vira em minha cintura, o que realmente comprovava o fato dele ter dito que esta era uma de suas grandes preocupações. Penso no quanto ele tentou parecer forte mostrando que ainda tinha duas opções para se reerguer no meio de tamanha confusão, apesar que ele não parecia muito contente com a segunda opção já que uma tristeza lhe assombrou os olhos logo depois de falar sobre a possibilidade de trabalhar em uma casa de pães com sua esposa. Esposa... sem precedentes uma memória de Frevvy passando a mão na barriga de Lila me veio a mente. Então eu já sabia qual era uma das outras grandes preocupações que estavam em suas costas.
____***____
A alvorada passou rapidamente, a vila se mostrou bastante unida e preocupada com seus moradores. Alguns olhavam feio para mim e para os outros viajantes, talvez nos associando ao que tinha ocorrido a vila.
A taberna estava razoavelmente cheia, Nyla havia aberto mais cedo prometendo o primeiro copo gratuito aos que desejassem esquecer um pouco sobre aquele ocorrido.
Eu havia me sentado na mesa de sempre e estava a tomar um copo de leite, não estava confiante de que poderia beber depois de toda aquela turbulência. Percorro o olhar pela taberna e reconheço as pessoas da vila ao qual Nyla estava servindo. Amber não estava trabalhando naquela escuridão então era Nyla quem servia as mesas e as vezes Clint aparecia para lhe dar auxilio.
Minhas pálpebras estavam pesando, não havia dormindo nada na escuridão passada, mas já estava acostumada já que meus momentos de sono não eram os mais calmos. Meu plano era esperar minha refeição e me retiraria para descansar depois que a comece, mas algo me dizia que estes planos não seguiriam seu percusso natural, algo não, alguém.
"Olá arqueira." Lyan se senta em uma das cadeiras disponíveis a mesa e Kaydes se senta na outra. "Então curiosidade, você normalmente gosta de errar suas flechas de propósito ou faz isto só como um hobby para irritar os outros?"
"Sério Lyan, você devia rever seus modos de tentar se aproximar dos outros." Kaydes revira os olhos e depois se volta para mim. "Olá Ely. Está tudo bem?"
"Nossa! Seus modos são tão inovadores e eficientes que vou ter que pedir que me ensine depois." Debocha Lyan.
"Cale a boca Lyan!!" Repreende Kaydes quase gritando e chamando atenção de alguns a nossa volta. Que dupla. "Então, como eu ia dizendo, como está?" Ele se volta para mim tentando ignorar completamente a existência de seu amigo, como se isso fosse possível.
"Estou bem." Respondo e tomo mais um gole do leite.
"Viemos agradecer pela ajuda."
Aceno com a cabeça na esperança que se levantassem e fossem embora. Olho para a porta da cozinha da esperança de ver Clint sair com minha refeição. Percebo Lyan observar todos meus movimentos.
"Acho que temos alguém bastante tímida entre nós." Lyan diz sem nenhuma intenção aparente "Então agora que Kaydes já tentou te conhecer com sua conversa super criativa, que tal responder minha pergunta ?"
"Depende, é hobby seu deixar que os outros lhe decapitem?" Decido por fim o responder, já que ignorar não estava levando a lugar nenhum.
"Não acredito, alguém aqui realmente sabe fazer outra coisa além de dar de ombros." Lyan se vira para Kaydes que revira os olhos para ele. Depois com um sorriso no rosto volta a olhar para mim procurando me encarar, sem sucesso "Apesar de que seria um hobby bastante interessante, não é de meu feitio deixar que me decapitem. Agora é sua vez."
"O meu é um hobby mesmo, minha esperança era que o cretino morresse no processo. Infelizmente não tive êxito." Respondo a ele sem expressão nenhuma, apenas como se estivesse relatando um fato. Ele alarga o sorriso com minha resposta e Kaydes começa a gargalhar.
"Acho que ela é imune a você Lyan." Kaydes fala entre risos.
"De qualquer forma.." Continua Lyan ignorando o comentário de seu amigo ".. se essa fosse a sua intenção deveria ter mirado em mim envés de simplesmente errar o outro homem."
"Acredito que entendeste errado, o alvo que errei foi sua cabeça." Lyan jogou o braço para trás de sua cadeira e reclinou a cabeça para trás rindo, seu deboche era tão natural que se manisfestava até mesmo em sua risada e eu sabia que não conseguiria retribuí-lo ao mesmo nível nem mesmo se eu tentasse.
"Eu poderia apostar o restante das minhas pins e até mesmo outras coisas para provar que isto é mentira, o que acha?"
"Eu não aposto." Respondo.
"Certo. Então que tal um acordo? Bem diferente de uma aposta certo? Eu respondo a pergunta que está te perturbando e você ouve uma proposta que tenho para te fazer." Dou de ombros e ele continua "Aprendi com um garoto por ai que isto é seu sim. Bom, eu estava te testando e sei que percebeu, vi quando mudou a direção da flecha de propósito. Acaba que minha justificativa a isto está diretamente ligado a minha proposta. Como você pode ver estamos aqui de passagem e estamos em uma pequena aventura. O problema é que perdemos dois brutamontes muito importantes e um deles era um arqueiro, o outro não era assim tão importante mas ele ainda sim faz falta. Então ficamos .. como posso dizer.. defasados e então milagrosamente você apareceu e por outro milagre tive a oportunidade de testar suas habilidades. Nossa realmente devia vir mais a essa vila, ela me deu mais sorte do que todos meus ciclos juntos."
"Foco Lyan!" Interrompe Kaydes.
"Desculpa, continuando.. Então essa é a reposta do porque eu ter te testado, acho que é isto que estava te perturbando. Agora minha proposta é: Você poderia nos acompanhar em nossa pequena e nada arriscada aventura? Em troca te dou uma ótima recompensa em pins." Consigo ver pela minha visão periférica que os dois me encaravam.
"Acredito que algumas pins não seriam o bastante para me convencer a partir com pessoas que desconheço."
"Que isso, não somos desconhecidos, já comemos biscoitos e leite juntos e sem falar da brincadeira na primeira escuridão que nos conhecemos, somos praticamente amigos de longos ciclos." Não respondo e Lyan suspira e se levanta. "Pense bem, não seremos mesquinhos quanto as moedas." Kaydes se levanta logo depois e se despede, quando Lyan já ia saindo ele se virou para mim e quase que nossos olhos se encontraram, ele já estava a uma distância segura, mas por algum motivo o desviei mesmo assim.
"Tem mais uma coisa me incomodando. Qual é a dessa espada?" Ele ergue o queixo em direção a Arthas.
"Um conforto." Digo sem mentir.
"Sabe usá-la?"
"Não." Agora resolvo mentir.
"Então você a tem apenas para decorar o visual sou perigosa?"
"Algo assim." Respondo e ele sorri, direciono meu olhar para ele a tempo de vê-lo se virar e caminhar em direção a outra mesa.
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