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| Capítulo 2

Quando Ametista encontrou Aruanda no final do dia, o sol já havia se escondido atrás dos morros que cercavam o povoado de São Bartolomeu, e o dourado deixado por ele começava a ser tingido de negro.

Elas se sentaram na cerca de madeira da casa da garota de olhos violetas, que se dedicou a contar a amiga os últimos acontecimentos do dia.

--- Ah, Tista, tu não pode ficar brava por besteira assim não, mana. --- A de tranças comentou, quando a outra terminou o monólogo.

--- Não posso? Eles me perturbam o tempo todo. --- Ametista revirou os olhos --- É um saco!

--- Eles só estavam curiosos. E eu também. --- Os olhos dourados dela fixaram a amiga, sugestivos --- Você quase nunca me mostra seus desenhos. --- Apesar da iniciativa, não houve nenhuma resposta. Aruanda suspirou, derrotada --- Você sabe como eles são, não precisa ficar chateada... que acha de um joguinho?

Num instante, ela pulou para o chão. Usava um top esportivo preto e a calça branca do abadá de seu grupo de capoeira, em sua cintura estava o cordão verde e amarelo de sua graduação.

Aruanda começou a gingar ao som da música que tocava em sua cabeça, cantarolando.

--- Você sabe que não sou boa. --- Argumentou Ametista.

--- Você é sim, apenas precisa de treino. E de confiança. --- A outra sorriu, estendendo a mão --- Vamos?

Tista sorriu, aceitando o convite.

--- Só um pouco.

Aruanda gritou de empolgação e pegou o celular para colocar uma música. O som do berimbau ocupou o ar, e as duas iniciaram o jogo.

"Me diga preto velho sou do tempo da senzala
Eu vou ficar sentado só pra poder te escutar
Tira a corda do pescoço
E bota no abadá
Chicotada nas costas
Histórias que eu vou contar"

Ametista não era experiente como a amiga, mas conhecia os movimentos básicos da capoeira e tinha uma ginga fluida e bonita. Aruanda, por sua vez, era brilhante. Jogava e cantava, girava em torno da amiga como se seus pés não tocassem o chão abaixo deles.

Seus golpes eram precisos, bem executados. Ela fazia uma armada como ninguém, tinha uma meia lua reta e aberta, o corpo mole para realizar um au. Era simplesmente formidável. Ainda assim, ela não machucava a outra, era um jogo amistoso, e não havia necessidade de maldade ou malandragem.

"Mandinga minha, mandinga rara
Vou à igreja, vou orar pra Maria
Mandinga minha, mandinga rara
Pulando a noite esperando o sol raiar
Mandinga minha, mandinga rara
Só o guerreiro que viveu pode contar
Mandinga minha, mandinga rara
Solta a mandinga menino para jogar
Mandinga minha, mandinga rara"

Perto do final da música, Aruanda gentilmente aplicou uma tesoura na amiga e as duas caíram no chão, encerrando o jogo às gargalhadas.

Ametista foi a primeira a se erguer, continuando sentada e encarando a outra.

--- Como consegue ser tão boa? --- Ela deu um tapa na coxa da amiga --- Caralho velho.

‐-- Tenho axé nas veias. --- Aruanda sorriu, fechando os olhos e respirando fundo --- Minha avó diz que minha ancestralidade é forte. As vezes eles falam comigo... mostram coisas.

--- Que coisas?

--- Aquilo que meus olhos não veem e meus ouvidos não escutam. Aquilo que eu preciso saber. O quê não preciso, não me mostram e tudo bem. --- Ela abriu os olhos, encarando o céu --- Eu gosto assim.

Ametista a observou um momento, então olhou para o céu. Para as estrelas que começavam a surgir, pontilhando o negro acima de suas cabeças.

--- Recebi um convite. --- Contou, quebrando o silêncio que se instalou lentamente --- Para ir ao circo.

--- Hummmmmmm... --- Aruanda se ergueu num pulo --- Diga lá, quem te convidou?

--- Um pivete. Tem nem altura de gente, acredita?

--- Aí sim, hein. --- Ela gargalhou, amarrando as tranças num coque --- Senti firmeza. E tu vai?

--- Nós vamos. --- Corrigiu, ainda olhando as estrelas --- Gostei da ideia de ir ao circo.

Aruanda riu.

--- Meu nome é pronto.

Na sexta feira, Ametista e Jasper completaram dezoito anos e, apesar da data importante, não houve festa.

Dona Maria fizera dois bolos, um de abacaxi (para Ametista) e um de chocolate (para Jasper) e eles cantaram os parabéns no café da manhã. Aruanda, que havia dormido lá, também estava presente. E era mais que suficiente.

--- Vai me dar o quê de presente? --- Ametista indagou ao irmão, quando já estavam tão cheios de bolo que não conseguiram se levantar do sofá.

--- Eu? --- Ele ergueu a sobrancelha --- Uma box of good good. E é pra achar bom.

--- Mão de vaca.

--- Interesseira.

Eles se olharam um momento, rindo de forma contida. A cozinha estava barulhenta ao fundo. Aruanda e Dona Maria faziam o almoço, enquanto Wanderley limpava a casa, ao som de Tim Maia.

Jasper soltou um suspiro e encarou o quadro na parede. Ali, eles eram bebês de colo, sua mãe estava sentada entre Wanderley e Aparecida, ele segurava Ametista e ela a Jasper. Estavam sorrindo largo, os olhos brilhantes. Felizes.

Ametista olhou também. Tudo que envolvia sua mãe parecia afetar suas emoções. Ela mexeu nos anéis que trazia nos dedos e depois nos colares. Então, olhou para o gêmeo.

--- Feliz aniversário pra gente. --- Murmurou, por fim.

Jasper tirou o olhos do quadro e a encarou, sorrindo de canto.

--- Feliz... É. Pode ser isso aí.

--- POIS BEM CHEGUEEEEII, QUERO FICAR BEM À VONTADE, NA VERDADE EU SOU ASSIM, DESCOBRIDOR DOS SETE MARES, NAVEGAR EU QUERO! --- Wanderley passou pela sala cantando aos berros, com os fones enfiados nos ouvidos, um balde numa mão e a vassoura na outra.

Os gêmeos riram alto, se abraçando antes de voltar a cozinha para ajudar no almoço.

No sábado, após Dona Maria voltar para sua casa no interior, todos eles foram ao circo. Até Jasper e Wanderley concordam em ir, e José parecia radiante com as companhias. O menino era como um sol ambulante e sua madrinha o acompanhava de longe com o marido.

--- Então, onde vamos primeiro? --- Aruanda perguntou, animada.

--- Comer. --- Jasper respondeu de imediato, enfiando as mãos nos bolsos da bermuda jeans.

--- Saco vazio não para em pé. --- Concordou Ametista --- Tô com a barriga colando nas costas já.

--- Vou procurar uma barraca de cachorro-quente. --- Avisou o garoto de olhos violetas --- Vi uma perto da bilheteria.

--- Vou com você. --- Sua irmã lhe agarrou o braço direito.

--- Eu não vou te pagar nada, não. --- Avisou ele. Ela fez uma careta.

--- Credo, Julius.

Ametista, Jasper e José foram em busca da barraca, Wanderley saiu a procura de algo para beber e Aruanda se encarregou de comprar os ingressos para o show que começaria em quarenta minutos.

Quando se reuniram novamente na barraca de lanches decidiram ficar ali para comer e esperar o show. O circo estava cheio, a praça repleta de luzes coloridas e bandeiras. Haviam barracas de comida e de jogos pelos cantos e uma grande tenda montada em frente a igreja.

--- Ah! Tista, olha lá. --- Aruanda apontou para uma tenda de cor azul, com uma placa chamativa pendurada --- É uma cartomante! Vamos?

Ametista fez uma careta, dando uma última mordida na coxinha de frango.

--- Fala sério, se eu quisesse algo do tipo, pedia pra Mãe Raimunda jogar os búzios pra mim.

--- Para de ser chata, nunca fomos em uma cartomante antes. --- A garota de olhoa dourados se levantou, sem tirar os olhos da tenda --- Por favoooorrrr...

--- Tá, tá bom. Mas, você vai pagar minha entrada. --- Ela se ergueu, espiando por cima do ombro os três que ainda comiam --- O quê acha Zé?

--- Parece legal. --- O garoto terminou o lanche numa mordida, se levantando ---Tomara que ela saiba os números da lotofácil.

--- Vocês vem? --- Aruanda indagou, olhando para Wanderley e Jasper, que negaram.

--- De charlatão basta eu. --- Argumentou o mais velho.

A garota revirou os olhos e marchou até a tenda com Ametista e José em seu encalço.

O cheiro lá era muito diferente do resto das tendas. O cheiro suave de alguma flor que Aruanda não conhecia invadiu seu nariz assim que chegou perto e ela franziu as sobrancelhas. O lugar era intrigante e tinha chamado sua atenção.

Os olhos dourados da garota analisaram o tecido da tenda... a cor, a placa...

--- Aru? Que foi? --- Ametista pois a mão em seu ombro, confusa.

--- Hã? Nada! --- Ela balançou a cabeça --- Eu vou primeiro!

Uma mulher saiu da abertura na tenda, parando ao ver os jovens. Ela fixou Ametista com seus grandes olhos vermelhos e então, apontou para a garota com um dedo longo, magro e enrugado.

Ametista sentiu um arrepio na espinha.

--- Você. --- Murmurou a cartomante, com uma voz que não parecia pertencer ao mundo dos vivos.

--- Hm? --- Piscou a garota, atordoada --- É comigo?

--- Venha.

Ametista olhou da velha para Aruanda, buscando ajuda, porém, sua amiga parecia tão confusa quanto si. Os olhos dourados continuavam fixos na mulher idosa, com receio e desconfiança. Zé olhava para elas em silêncio, encolhido em seus pensamentos.

--- Venha. --- Chamou a velha de novo, sumindo pelo buraco novamente.

Tista olhou para a amiga outra vez. Aruanda fez um aceno com a cabeça, indicando a tenda.

--- Vá.

Ametista ajeitou os ombros e respirou fundo. Ela deu alguns passos e parou na entrada da tenda. Seu cabelo longo estava solto e descia como uma cascata de águas agitadas por suas costas. Ela apertou as mãos em punhos e olhou para trás uma última vez antes de entrar.

Foi atingida pelo forte cheiro de flores e fumaça assim que atravessou pelos tecidos e entrou na tenda. Incenso, pensou ela.

As luzes espalhadas pelo local faziam a tenda parecer um local a parte do mundo lá fora. Não havia barulho, luz cegante, falação e nem nada assim. Apenas uma estranha paz e quietude, quase fantasmagórica.

Ametista avançou alguns passos até uma cortina de contas colorida como um arco-Íris. Ela passou os dedos pelas pedrinhas.

Haviam símbolos ali, desconhecidos para si. Pareciam desenhos de animais que não existiam fora dos livros, mas antes que pudesse se atentar aos detalhes, a figura da idosa lhe roubou a atenção.

A roupa que ela usava era do mesmo tom que a tenda. Um manto azul-cinzentado, com um capuz sobre a cabeça. O cabelo era branco como as velas sobre a mesa e mechas soltas estavam jogadas por seus ombros. A pele estava enrugada em volta dos olhos e da boca e seus olhos pareciam mais vermelhos e mais intensos.

--- Sente-se. --- Pediu a cartomante, já sentada atrás da mesa redonda, onde um gato cinza dormia.

Ametista se sentou, receosa e desconfiada.

A mulher pegou um baralho empilhado no canto, e embaralhou as cartas em silêncio. Os olhos violetas fixaram as mãos magras da idosa e ela percebeu, com surpresa, que em alguns cantos haviam suaves manchas verde. Ametista piscou e as manchas sumiram.

--- Escolha. --- Mandou a idosa, após espalhar as cartas em frente a menina --- Três delas.

Ametista olhou da velha para as cartas. Então, tocou a ponta do dedo em três e a mulher recolheu as demais, depois, virou a primeira das três escolhidas, observando-a com atenção.

--- A Sacerdotisa... --- Murmurou --- Sabe o quê significa?

Ametista negou e ela continuou:

--- Veja-a como uma lembrete de que não pode saber tudo a respeito de algo. Quem conta algo a você pode escolher contar ou não todos os fatos. Você nunca saberá se não te contarem. Terá que ouvir da boca de outra pessoa. Lembre-se disso. Sempre haverá alguém escondendo algo de você. Precisa saber ouvir e ver para descobrir o quê não te contam.

Ela virou a segunda carta.

--- A Roda da Fortuna. --- Houve uma pausa, e então a velha cruzou as mãos --- Simboliza a colheita daquilo que plantamos. Tudo isso está relacionado às ações que você tomou até o momento. Mas, você pagará pelos erros que não são seus, menina. Há uma sina em suas veias, pecados com os quais você nasceu e deve pagar por eles.

A mulher olhou para a carta restante por alguns segundos, então a virou, crispandos os lábios.

--- A Morte.

Ametista sentiu um calafrio na espinha. Os olhos vermelhos cravaram garras em seu rosto. Em seus olhos violetas.

Havia algo no olhar da idosa, algo se agitando por trás de seus cílios pálidos, com uma ferocidade que não combinava com sua aparência. Ela empinou o queixo e bateu com a unha longa sobre a carta três vezes.

--- Ao contrário do que você e muitos outros acham, a morte não significa apenas o fim, mas também novos começos. Claro que, quando interpretamos de forma positiva. Você mata um ciclo para começar outro, é o quê quero dizer. --- Ela passou a unha pela carta --- Mas... em outros casos, é mesmo o fim que ela prevê.

Ametista engoliu em seco e a idosa continuou:

--- A morte ronda você desde o dia em que nasceu e agora ela está mais próxima. O tempo está acabando, menina.

Num pulo, a garota de olhos violetas se levantou da cadeira, na defensiva.

--- O quê... --- Ela pegou fôlego --- O quê quer dizer?

A cartomante se levantou e segurou as mãos da menina com as suas.

--- Quando os pássaros cantarem, saberá que terá acabado. Mas... lembre-se de que todo fim é um começo novo. --- Disse ela, olhando no fundo dos olhos de Ametista --- Coroas podem ser feitas do mesmo ouro que mortalhas e virse versa.

--- Que quê isso significa? --- Tista ergueu as sobrancelhas --- Ei, quem tem a bola de cristal é você, mana. Diga aí, mas diga de um jeito que eu possa entender, vá.

--- Não tenho mais nada a lhe dizer. --- Ela soltou suas mãos --- O próximo da fila está esperando.

--- Você... --- Ametista estreitou os olhos, caminhando para fora da tenda --- Não passa de uma charlatã!

Ela saiu pisando duro, atravessou a cortina de contas com tal rapidez que algumas delas quebraram e caíram no chão. Ametista passou pela abertura e foi engolida pelos sons do circo. Aruanda se virou assim que ela saiu e avançou para dentro da tenda.

--- Minha vez! --- A garota de olhos dourados passou pela abertura e sumiu ali dentro.

Ametista ficou parada um momento, sentindo o coração bater forte contra as costelas e as mãos formigarem. Zé estava olhando para ela quando se deu conta.

--- Como foi? --- Indagou o menino. Ela sorriu.

--- Ela disse que vou me casar com o príncipe da Inglaterra.

O garoto riu. Talvez por ter percebido a mentira. Ainda assim, entrou na brincadeira.

--- Bom, e sua Alteza Real aceita um cachorro-quente?

Tista sorriu, de verdade dessa vez. Ela olhou pra a tenda mais uma vez e depois para o menino, assentindo.

--- Aceito.

--- Já volto.

Quando Aruanda saiu da tenda, parecia menos animada do quando entrou. Ela encontrou-os comendo e conversando, Jasper e Wanderley haviam se juntado a eles.

--- Ah, eu quero ir nas barracas de jogos. --- Ruanda comentou, enfiando as mãos nos bolsos do short jeans --- Vamos?

--- Preciso me sentar em algum lugar. Meus pés estão me matando. --- Ametista negou com um aceno.

Jasper olhou para a irmã de canto de olho. Ela olhou-o de volta. A menina ajeitou os ombros e apontou para os bancos atrás da tenda colorida onde ocorreria o show.

--- Espero vocês lá.

--- Até daqui a pouco então. --- Aruanda acenou, enquanto saíam.

Wanderley pareceu hesitar em sair. Ele olhou em volta com rapidez, o quê quase passou despercebido pela menina, mas então, pegou um cigarro no bolso da camisa florida, acenou para ela e saiu afirmando que iria verificar a kombi.

Ametista caminhou até os bancos, ficando quase oculta pelas sombras da tenda. Seu coração ainda batia forte e suas mãos pareciam mais frias. A voz da cartomante continuava ecoando em seus ouvidos.

O tempo está acabando.

O quê isso significava? O quê estavam escondendo dela? Quem estava escondendo algo dela?

A menina respirou fundo algumas vezes, tentando se acalmar. Foi então que ela sentiu a presença de alguém. Não sabia explicar se tinha ouvido passos ou talvez visto sombras, mas simplesmente soube que haviam pessoas se aproximando.

Ela se ergueu num pulo, virando-se a tempo de ver quatro figuras encapuzadas avançando em sua direção.

--- Aí, meu cu. --- Murmurou Ametista, antes de ser envolvida em escuridão e perder os sentidos.

Ilustrações do capítulo

(Praça da igreja onde o circo foi montado)

(Ametista e a Cartomante)

(Tio Wanderley e a kombi)

O quê acharam? Se gostou não esqueça de deixar seu voto!

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