Naquela manhã, ele foi recebido na escola com uma festa de boas-vindas, organizada por Hinata, Shikamaru e seu professor, Iruka. Apesar de os amigos de sala estarem bastante surpresos com seu retorno, depois de semanas sem que Naruto comparecesse às aulas. Logo trataram de receber o colega e perguntarem se ele estava bem. Naruto sabia que a maioria daqueles que julgava serem seus amigos, na real não se importavam muito com seu estado. Contudo, Hinata, Shikamaru e seu professor preferido não faziam parte desta estatística. Portanto, foi gentil com todos, mesmo ciente de quais daqueles estavam apenas seguindo a correnteza.

Naruto cortou o cabelo no dia anterior, fez a barba e estava bem mais disposto, após constatar que Hinata gostava dele. Tanto que ambos não se desgrudaram nas aulas e muito menos no intervalo. Dando chances zero para Shion se aproximar do objeto de seu desejo. Inclusive, a escola toda já cochichava que Naruto e Hinata estavam namorando. Já que ambos faziam questão de não esconder o visível afeto entre eles, andando de mãos dadas, ou abraçados. O casalzinho estava feliz por se descobrirem apaixonados e correspondidos.

Claro que Naruto ainda tentava se enturmar novamente, vez ou outra estranhava todos rindo ao seu redor; alheios a tudo. Alheios a sua grande perda. No entanto; entendia, ninguém tinha a obrigação de sofrer consigo. Aliás, ele próprio não queria mais sofrer daquele jeito. Estava disposto a continuar com sua vida, tanto que marcou outra consulta com Inoichi, dessa vez à tarde — para não prejudicar seus estudos —, e assim seria até que conseguisse lidar melhor com a perda dos pais. Naruto sabia, no âmago do seu ser, que era isso o que os pais desejariam, que ele seguisse em frente e lhes desse orgulho. Então era isso o que ele faria dali em diante.

Aliás, ele que não era bobo nem nada. Não queria deixar Hinata dando sopa; após constatar que ela o correspondia amorosamente, não deixaria nenhum engraçadinho meter à besta com a sua garota. Não que Naruto fosse um louco, ciumento. Porém, tinha ciência que se desgrudasse de Hinata, uns dez machos no mínimo, cairiam até das árvores como frutas estragadas, em cima dela. Além disso; Hinata também fazia questão de marcar território. Pois, as garotas, agora que ele estava de volta, o rondavam como abelhas. Hinata não deixaria que nenhuma outra abelhinha desavisada roubasse seu pote de mel. Afinal, ela era a abelha rainha.

— Finalmente perdeu o BV, Naruto! — Kiba vinha se achegando aos dois, sorrindo.

Mas... ele sabia que Kiba era um dos que dariam tudo para ter Hinata.

— Pois é, né. Voltei em grande estilo. — ele brincou, enlaçando a cintura de Hinata.

— Fico feliz por vocês dois; aliás, que bom que está de volta, Naruto. — Shino transparecia sinceridade em suas palavras, ele era um dos poucos que parecia genuinamente feliz por vê-lo bem.

Apesar de não serem tão próximos assim.

— Obrigado, Shino.

— O intervalo está acabando, precisamos voltar. — Hinata ponderou, vendo que Shion não tirava os olhos de Naruto.

Todos assentiram e foram caminhando de volta para a sala, quando o olhar de Naruto recaiu em Shikamaru conversando com uma garota loira que tinha cara de brava.

— Shikamaru também vai desencalhar. — Naruto disse, apontando com a cabeça para o amigo que parecia todo derretido ao lado dela.

— Essa é a Temari, a crush oculta do Shikamaru. Ele arrasta um caminhão por ela. — Hinata explicou, feliz pelo amigo finalmente tomar coragem para abordar Temari.

— Poxa, preciso realmente dar mais atenção ao Shikamaru. — Naruto refletiu, sentindo-se culpado por não contar a ele que gostava de Hinata há anos. Talvez fosse por isso que o amigo guardou esse segredo. — Mas daqui pra frente as coisas vão mudar. — completou mais para si mesmo do que para Hinata.

Também riu baixinho e ficou bem feliz por presenciar seu amigo envolvido com alguém. Dessa forma, poderiam sair de casal e Shikamaru não ficaria mais segurando vela. O restante da aula passou tranquilamente e ele se via cada vez mais confortável em retornar à rotina. Até porque, Hinata iria com ele até sua casa na saída da escola, para que pudesse terminar sua pintura. Inclusive, ele estava cogitando dar a ela um presente, só temia assustar Hinata, já que tinham acabado de ficar juntos. Ainda assim, Naruto não levaria tanto esse detalhe em questão. Se queria presenteá-la, por que esperar mais tempo? Tinha quase certeza de que sua hime ficaria feliz, levando em conta o presente que Naruto planejou secretamente. Pensando nisso, ele riu consigo mesmo.

Um de seus maiores sonhos estava sendo realizado; afinal, depois de tanto tempo nutrindo um amor platônico e unilateral por àquela garota, finalmente ela era dele. E nada nem ninguém poderia mudar isso.

Naquela tarde, uma outra coisa aconteceu, ambos souberam de um concurso para pintores iniciantes, que valeria uma bolsa de estudos em uma das mais renomadas faculdades de arte do país. E ali começaria o dilema de Naruto, convencer Hinata a participar, indo contra a vontade de seu pai de que a filha seguisse a carreira de direito.

Ele entendia que essa era a vocação de Hinata e não sossegaria até convencê-la a se inscrever no tal concurso. Naruto sentia uma vontade visceral de fazê-la feliz e ele sabia, ela precisava de sua arte para isso.