Ainda não
Depois de um tempo, enfim, ele começou a se acalmar e o choro aos poucos foi cessando. Hinata permanecia afagando seus cabelos, que estavam até um poucos úmidos. Pois Naruto colocou o boné, sem esperar que secassem por completo.
— Me desculpe por isso. — ele foi se levantando.
Ainda enxugando o rosto molhado com as mãos.
— Não precisa se desculpar. — Hinata acariciou a bochecha de Naruto.
— Ninguém aguenta um garoto chorão como eu.
— Não se diminua, você passou por uma perda inigualável. — Hinata pegou sua mão. — Seja mais compressivo consigo mesmo.
— Você é um anjo, sabia?
— Estou longe disso. — Hinata enrubesceu. — Só vim visitá-lo hoje.
A verdade é que ela também estava um pouco deprimida, por seu pai jogar fora todo seu material de pintura. Por isso postergou a visita, temia mais entristecer Naruto do que alegrar. Todavia, comparando suas perdas, ela até se envergonhou, não havia nem o que comparar.
— Pra mim você é. — Ele deu um beijo estalado na bochecha da garota.
Por puro impulso do momento, apenas por vê-la tão próxima de si.
Hinata arregalou os olhos e levou a mão até o local em que Naruto a beijara. Sentindo-se surpresa e ao mesmo tempo feliz, por um gesto de carinho tão singelo e espontâneo.
— Você parece bem mais um anjinho, com esses seus cabelos loiros. Só te falta a auréola na cabeça. — ela tentou disfarçar. — Aliás, Naruto; você ficará resfriado se não secar direito o cabelo. Tem secador?
— Tenho. — Naruto uniu às sobrancelhas.
— Posso secar pra você?
Ele só fez que sim com a cabeça e disparou pela sala atrás do secador. Ao retornar, Hinata estava toda encolhida no sofá, pois esfriara consideravelmente de uma hora para outra.
— Ainda está com frio? — Naruto questionou, parado à sua frente.
— Não, mas aqui está tão gostoso. — ela respondeu, inocentemente. — Senta. — pediu batendo ao seu lado no sofá.
Naruto não se fez de rogado e imediatamente se aconchegou ali. O perfume de Hinata estava começando a impregnar a manta e ele já cogitava dormir sentindo seu cheiro. Assim quem sabe teria uma noite de sono tranquila.
Logo após, no entanto, Hinata ligou o secador e o barulho interrompeu sua linha de pensamento.
— Vira pra cá. — ela ordenou, para que ele ficasse de lado no sofá.
Naruto apenas obedeceu e, no outro segundo, sentiu a quentura do secador próximo a raiz de seu cabelo. Porém, não tanto a ponto de queimá-lo.
Ele só fechou os olhos, apreciando o toque de Hinata e notando todo o seu corpo arrepiar em resposta.
— Preciso cortar o cabelo. — Naruto sussurrou, quase sem forças para falar, devido a moleza boa que o toque dela causava em si.
— Eu gosto dele assim, mais comprido. Curtinho te dá um ar de menino malvado. — ela segredou.
— Você acha? — Naruto riu. — Assim ele fica muito rebelde.
— Eu gosto. — ela reafirmou. — Lembro quando estávamos no sexto ano e seu cabelo apontava para todas as direções. Era bem fofo.
— Você se lembra? — Naruto questionou, precisavam falar um pouco mais alto, devido ao barulho do secador.
— Arrã, mas curtinho também fica bonito. — Hinata deslizou a mão pelos cabelos secos de Naruto e puxou de leve sua orelha. — Pronto, terminei. Seu cabelo é tão macio e gostoso de pegar.
Naruto se virou e ficou de frente para ela.
— É gostoso quando você fica mexendo nele, dá uma sensação de paz. — ele confessou sem querer.
— Então deita aqui de novo. — Hinata sorriu, batendo outra vez no colo.
Naruto prontamente obedeceu.
Ela continuou com as carícias, intercalando entre seu rosto e seus cabelos, fazendo-o suspirar baixinho. Se aquilo fosse um sonho, ele só não queria acordar. Graças ao calor do momento, ele quase confessou seus sentimentos, faltou pouco, as palavras subiram até a garganta e voltaram. Ele não podia confundir gentileza com afeto, não podia se iludir, então se conteve e se conformou em apenas apreciar ainda mais o momento. Mentalizando que Hinata era só uma amiga, uma amiga linda, cheirosa e... Só uma amiga, reforçou em pensamento, sem concluir o raciocínio.
— Queria que você voltasse para a escola, Naruto. Mas se ainda não puder, eu venho aqui te passar a matéria.
Naruto girou no sofá, ficando de barriga para cima, ainda no colo de Hinata. Contudo, agora ele tinha um vislumbre total de seu rosto e de suas expressões.
— Faria isso por mim? — questionou em um tom baixo e incrivelmente rouco.
— Claro, somos amigos. Por que eu não faria? — Hinata sorriu de um jeito doce.
— Amigos. — ele repetiu, mais para si do que para ela.
Era impossível se concentrar em qualquer coisa que fosse, com a garota que roubara seu coração desde que se entendia por gente, ali, acariciando seu rosto de um jeito tão carinhoso.
Nesse momento Tsunade descia às escadas, no entanto, imediatamente fez o caminho de volta ao constatar que Naruto estava deitado no colo de Hinata. Ambos tão absortos um no outro, que sequer perceberam a movimentação bem ali atrás.
Hinata, por sua vez, pousou a mão esquerda no peito de Naruto, enquanto os dedos da direita faziam pequenos círculos em sua bochecha. E, sem ao menos perceber, ele fechou os olhos.
— Você é linda, Hina. — sussurrou em um acesso de coragem.
— Você nem está me vendo! — ela brincou, só para amenizar o nervosismo.
Pois sentia o coração bater de um jeito diferente, desde que ficaram a sós naquela sala. Hinata sempre achou Naruto muito bonito, mas não eram tão próximos na escola e isso dificultava que ela tivesse uma opinião concreta sobre ele. Até porque, sempre que estavam próximos, o garoto gaguejava e fugia, como se não fosse muito com sua cara. Por este motivo; Hinata não o levava tão a sério, só o considerava divertido, animado e dono do par de olhos mais charmosos do colégio. Só isso.
— Não preciso te ver agora para saber que você é linda, Hinata. — respondeu firme. — Você está gravada na minha memória... E no meu coração. — Naruto quase completou a frase; contudo, decidiu concluí-la somente em pensamento.
Logo após segurou a mão de Hinata, pousada em seu peito.
Todavia, essa resposta a pegou absurdamente desprevenida, ela não esperava ouvir algo assim. Isso porque nem sabia o que viria a seguir, caso Naruto tivesse tido coragem suficiente. A surpresa foi tanta, que Hinata abriu a boca para falar e tornou a fechá-la. Até que, por fim, conseguiu formalizar a pergunta:
— O que isso significa, Naruto?
— Isso o que? — ele devolveu, fazendo cara de anjo.
— O que disse agora sobre mim. — Hinata insistiu.
Naruto respirou fundo, ainda não era o momento de se declarar. Ele precisava de mais tempo para conquistá-la, se é que conseguiria realizar tal façanha. Onze de cada dez garotos arrastavam um caminhão por Hinata, como faria para que logo ele fosse o escolhido? Ele sabia que ela ainda não gostava dele e só queria dizer o que sentia, quando tivesse certeza sobre ser correspondido. Considerando que de fato esse dia chegaria; portanto, tentou achar uma desculpa, mas nada significativo veio à mente.
— Eu te conheço desde criança, por causa da escola. Não preciso te ver mais para me lembrar de você. — Mordeu o lábio inferior ao ver a expressão no rosto de Hinata.
— Ah. — ela parecia bastante decepcionada, ou seria aliviada?
Ele gostaria de saber, queria conhecê-la melhor, desvendá-la.
No entanto, será que teria chance?
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