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Capítulo 7

Quando Nia voltou para acompanhar Malaika, que já estava de volta aos seus aposentos suspirando e pensando em Taeyang, a comandante dispensou a amiga guerreira, dizendo que esta merecia um descanso. Sem ter muito o que fazer em seu primeiro período de folga na nação estrangeira, Hadiya começou a andar devagar pelos pátios do palácio com a intenção de supervisionar as guerreiras que já tinham assumido suas posições como guardas da princesa.

Apesar de saber que o descanso era sempre uma boa opção em momentos de folga, Hadiya Obasanjo estava intrigada demais pela nova nação para simplesmente dormir naquele momento.

A arquitetura à sua volta mesclava tons de cinza, vermelho e dourado e as pontas dos telhados dos edifícios apontavam para cima. O chão do pátio por onde ela andava era feito de pedras cinza polidas e perfeitamente encaixadas. Diferente do sol escaldante que parecia nunca deixar Omlai, o clima em Hanbyeol era fresco naquele momento e a guerreira podia ver criadas, eunucos e guardas byeol usando roupas de mangas longas enquanto passavam por ela, divergindo dos uniformes de couro e tecido resistente, mas fino, e sem mangas que as guerreiras omlai – e a própria Hadiya – vestiam.

Hadiya passou algum tempo se perguntando se o sol e o calor tinham relação com a diferença nas roupas e se ela conseguiria – mais importante ainda, se precisaria – se acostumar a usar os vestidos longos com várias camadas e fitas que via à sua volta.

A guerreira balançou a cabeça para afastar a própria imagem vestida como uma mulher de Hanbyeol e tentou esconder uma careta quando viu um aprendiz de guarda real escorar o corpo em uma pilastra vermelha em um canto do edifício mais próximo dela e deixar o corpo escorregar para o chão com um gemido baixo.

Ela sabia que era um aprendiz pelos tons de roxo, branco e azul da roupa que ele usava, que o diferenciava dos guardas que ela via usarem sempre vermelho, que parecia ser a cor que representava o rei. Mas Hadiya só percebeu que conhecia o aprendiz quando chegou mais perto e o rosto redondo de olhos amendoados, nariz asiático e lábios bem desenhados entrou em foco. Era o aprendiz que tinha acompanhado ela, Nia e Malaika até os aposentos da princesa no dia anterior.

Ha Jae In. Ela fez um esforço para se lembrar do nome dele. O aprendiz parecia cansado, com a respiração forte e mantendo os olhos fechados, como se assim pudesse recuperar as forças.

Hadiya se aproximou do jovem que parecia ter a idade dela, querendo ajudar de alguma forma, mas sem saber como, já que não falava a língua dele.

Jae In abriu apenas um dos olhos quando o corpo bem torneado dela bloqueou parcialmente o sol, tentando descobrir o que tinha acontecido, e, quando viu a linda guerreira omlai andando em sua direção, já a apenas alguns passos, endireitou o corpo o máximo que pôde e abriu um sorriso quadrado convidativo.

Hadiya abriu um pequeno sorriso envergonhado em resposta ao dele e parou a dois passos de distância, juntando as mãos nervosamente à frente do corpo e tentando pensar em algo para dizer.

— Eu... — Ela arriscou olhar para o aprendiz, mas ele a fitava em expectativa e com aquele lindo sorriso convidativo, o que a fez olhar para o chão, levemente envergonhada. — Você parece exausto. Precisa de ajuda?

Logo depois, ela fechou os olhos e suspirou, sentindo-se uma mjinga. O homem provavelmente não tinha entendido nem uma palavra do que ela disse na língua de Omlai.

Então, ela arregalou os olhos de surpresa quando Jae In respondeu no mesmo idioma, seu sorriso aumentando ainda mais, apesar de Hadiya não achar que isso fosse possível.

— Eu tive um dia cansativo, mas vou ficar bem com algum descanso — Jae In falava devagar, com medo de errar as palavras do idioma estrangeiro que ele não usava muito.

— Você fala minha língua?! — Hadiya meio exclamou, meio perguntou enquanto seu corpo ficava tenso pela surpresa, seus pés instintivamente assumindo uma posição diferente.

Jae In piscou, aturdido. Não esperava surpreendê-la tanto assim só por saber o idioma omlai.

— Bem, sim. Alguém precisava aprender para ajudar o rei anterior a se comunicar com seu rei e foi divertido aprender com os mensageiros.

— Você aprendeu nosso idioma por... diversão? — perguntou Hadiya, incrédula, mas conseguindo relaxar um pouco e sentar em um dos degraus perto dele.

A pergunta o fez sorrir de novo. O sorriso parecia ser algo tão natural para o aprendiz quanto piscar e sua imagem encaixava tão perfeitamente no rosto de pele clara e sedosa quando os expressivos olhos castanho-escuros.

— Sim, eu gosto de aprender e saber o que acontece à minha volta — Jae In explicou como se isso fosse algo comum, sem deixar de fitá-la. — E foi um aprendizado muito útil, eu diria. Do contrário, nós não estaríamos aqui conversando agora.

Algo na forma como ele disse as últimas palavras, como se aquele momento e aquela conversa fossem muito importantes para ele, com a vos grave e ligeiramente rouca, fez todos os pelos do corpo de Hadiya se arrepiarem. Desde quando o rosto dele estava tão perto do dela?

Sentindo-se hipnotizada pelos olhos escuros dele, Hadiya levantou rapidamente, em um pulo, para evitá-los e fez Jae In acompanhar o movimento com uma sobrancelha levantada.

— Você... disse que teve um dia cansativo. Deve estar com fome. Vou buscar alguma coisa para você comer — Hadiya disse e se afastou a passos apressados, deixando o aprendiz ainda sentado e observando-a.

Quando ela virou uma esquina e sumiu de vista, Jae In recostou a cabeça contra a pilastra outra vez e fechou os olhos. Talvez conseguisse tirar um cochilo até a guerreira voltar.

Por outro lado, Hadiya discutia consigo mesma enquanto andava na direção da cozinha real, sem nenhum cuidado para não parecer uma louca que falava sozinha. O que é que estava acontecendo com ela? Ela não precisava cuidar dele, mesmo que o rosto cansado do aprendiz despertasse nela essa necessidade. Então por que ela pareceu ser atingida por um raio quando ele falou seu idioma com aquela voz rouca? Sem contar que Nia a comeria viva se soubesse que sua amiga e segunda no comando estava se permitindo distrair por um par de olhos castanhos muito escuros. A comandante diria que não era só porque a cor dos olhos contrastava lindamente com o rosto pálido que a guerreira podia se deixar perder o foco.

Hadiya deixou escapar um gemido desesperado quando entrou na cozinha do palácio e embrulhou alguns bolinhos para levar. Não adiantaria pedir, nenhum funcionário ou funcionária da cozinha entenderia sua língua, então só pegou os bolinhos e saiu.

Jae In ainda estava exatamente onde ela o deixara e, como se a presença dela fosse o suficiente para deixá-lo alerta, ele abriu os olhos no momento exato em que ela chegou a dois passos dele, mas esperou até que ela sentasse e estendesse a trouxa de bolinhos de arroz para ele, que agradeceu e começou a comer.

— Hoje não foi um dia normal, então — comentou Hadiya, olhando para frente, sem querer correr o risco de se perder nos olhos dele de novo. Quando Jae In apenas piscou e continuou mastigando, ela continuou: — Se foi tão cansativo, não deve ter sido um dia comum, de trabalho rotineiro.

— Ah, eu não posso dizer que tenho uma rotina, mas hoje foi mesmo um dia diferente. — A voz do aprendiz soava um pouco estranha por ele ter acabado de engolir um pedaço particularmente grande do bolinho. — Eu recebi uma nova tarefa e tive que seguir uma pessoa. Uma pessoa incrivelmente rápida e que parece gostar muito de andar e fazer curvas confusas.

Hadiya pensou em Nia e em como era difícil acompanhá-la se ela não quisesse ser acompanhada. Então franziu o cenho, lembrando-se de como a comandante tinha comentado que parecia ter um seguidor enquanto fazia sua uchambuzi.

— Você passou o dia seguindo Nia. — Era para ter soado como uma pergunta, mas não foi o que aconteceu.

Jae In arregalou os olhos, mas tentou manter a boca cheia fechada, quando foi descoberto. Piscou algumas vezes, sem saber como agir ou se defender da ira da mulher ao seu lado. Mas a raiva dela não veio e ela apenas riu de como as bochechas dele pareciam rechonchudas porque a boca estava cheia.

— Como eu descobri? — Hadiya perguntou em tom de brincadeira. — Ela é a pessoa mais difícil de seguir que eu conheço, acho difícil que algum byeol possa superá-la. — Quando percebeu que o homem ao seu lado continuava sem fazer nada além de piscar, voltou a falar: — E não é como se nós confiássemos em vocês mais do que vocês confiam em nós. Nós só preferimos esperar que vocês façam alguma coisa primeiro.

Jae In finalmente conseguiu engolir o que estava mastigando para pedir perdão. Por seguir a comandante dela, por isso ser uma tarefa difícil, por admitir que recebeu essa ordem, pela óbvia desconfiança dos guardas byeol com relação às guerreiras omlai, por tudo.

Mas Hadiya sorriu, como se tudo aquilo fosse normal. Pelo menos para ela, era. Ela sempre soube que a viagem para Hanbyeol e a vida na nação estrangeira não seria simples e fácil e tanto ela quanto todas as outras guerreiras estavam preparadas para as desavenças, por mais irritantes e frustrantes que pudessem ser.

Entretanto, era estranhamente reconfortante saber que Jae In se incomodava com isso e que não teria julgado ou suspeitado de Nia ou dela própria se não tivesse recebido uma ordem direta para isso.

Quando Malaika invadiu a cozinha do palácio com a determinação alegre de um cachorrinho animado e a sutileza de um javali selvagem, as criadas se afastaram, sem saber o que fazer. A cozinheira chefe tentou entender do que a princesa precisava para que pudesse, então, preparar para ela, mais preocupada em afastar a princesa estrangeira de sua preciosa cozinha do que em fazer as vontades da jovem, mas, primeiro, congelou os próprios movimentos em um misto de medo e indignação ao receber um olhar fulminante de Nia por ter se aproximado demais de Malaika e, depois, não teve qualquer argumento para combater a resposta que recebeu da princesa:

— Eu estou em uma missão para agradar a família do meu noivo, o rei — explicou Malaika, enfatizando que era noiva do rei não porque quisesse impor alguma obediência por parte das funionárias assustadas, mas porque gostava de como essa afirmação soava aos seus próprios ouvidos, lembrando-a de que era com aquele homem gentil e atencioso que se casaria. — Eu deveria preparar tudo sozinha.

Porque era assim que era feito em Omlai. Como uma boa noiva, Malaika prepararia com as próprias mãos cada prato da refeição completa que ofereceria a Wang Hee Jin, a tia do rei, e faria isso de bom grado, principalmente porque a mãe do rei não estava mais entre os vivos para receber aquele tipo de gesto.

Pak Seo Yun, sua nova criada pessoal e a única que parecia ser verdadeira o suficiente para ser considerada alguém de confiança, não parava de repetir que Malaika nem sequer precisava tocar em nada, que as funcionárias da cozinha preparariam tudo a seu comando, mas Malaika rejeitava a ideia com delicada firmeza toda as vezes. Seo Yun ainda tentou pedir ajuda a Nia e Hadiya para tentar convencer a princesa, mas recebeu o mesmo tipo de resposta das duas. Não havia jeito de fazer Malaika deixar os costumes de Omlai para trás, mesmo estando em território – na corte, inclusive – byeol, e mesmo as guerreiras – ou principalmente elas – não tentariam persuadi-la do contrário.

Seo Yun estava ali, porém, a pedido de Malaika e sem conseguir evitar a diversão que trazida pelas ações genuinamente animadas da princesa que a tratava quase como uma igual.

Em pouco tempo, Malaika conseguiu a cooperação de algumas funcionárias da cozinha – que imaginaram que se ajudassem, ela sairia dali mais rápido – e que, junto com a própria Seo Yun, começaram a explicar e demonstrar como fazer alguns pratos byeol para que Malaika acrescentasse aos pratos omlai da refeição.

Nia e Hadiya observaram a aproximação sutil de Lee Mi Suk quase sem tirar os olhos da princesa.

Assim como outras criadas, eunucos e até alguns guardas, a nobre filha do ministro de pessoal tinha ouvido o boato de que a princesa oegugin tinha dominado a cozinha e tinha decidido verificar com os próprios olhos. Percebendo a presença das guerreiras e ciente de que elas certamente já a teriam notado ali, pegou um pêssego de uma bandeja estrategicamente afastada de onde Malaika cortava outras frutas e fingiu apenas observar a cena enquanto sua mente trabalhava freneticamente.

Lembrou-se nitidamente da conversa que tivera com a princesa Wang Hee Jin pouco tempo antes, sobre como a corte byeol não era o lugar de Malaika Kalejaiye e como, talvez sem perceber, o rei tinha dado a ela, Lee Mi Suk, a oportunidade de consertar isso.

Mi Suk observou Malaika com atenção, fazendo um esforço para manter as feições neutras para que as guerreiras não desconfiassem do rumo de seus pensamentos. Ela nunca faria algo assim se fosse rainha ou até mesmo noiva do rei, nunca se daria o trabalho ou a humilhação de entrar na cozinha real e preparar uma refeição com as próprias mãos. Era para isso que as criadas existiam, afinal. Mas Malaika parecia estar radiante ao cortar alimentos e misturá-los, um sorriso largo marcando o rosto de pele entre o marrom e o dourado.

Era quase patético o quanto toda aquela alegria só demonstrava que Hee Jin estava certa. É claro que, para Mi Suk, a situação mudaria um pouco se Hee Jin conseguisse o que queria. Ela teria que se casar com o filho de Hee Jin, Wang Joon Ho, e seria sua rainha no futuro, em vez de se casar com o atual rei Taeyang, mas isso só aconteceria se Hee Jin conseguisse colocar o filho no trono. Mi Suk não se casaria antes disso, a despeito de estar pesando uma pequena mudança em suas ações com relação a Malaika.

Se o primeiro passo para o plano da tia do rei era se livrar de Malaika, porém, Mi Suk uniria o útil ao agradável e ajudaria. Ela já tinha mesmo uma inclinação pessoal para isso.

Apesar de seus esforços, porém, a mudança na forma como Mi Suk observava Malaika não passou despercebida para as duas guerreiras que contemplavam a cena em silêncio. O rosto da nobre não apresentava nenhuma expressão específica que denunciasse seus pensamentos, mas havia um brilho malicioso em seus olhos que despertou as suspeitas de Nia e Hadiya.

Nia semicerrou os olhos, examinando Mi Suk com atenção e dando a deixa para que Hadiya demonstrasse que também tinha percebido.

— Há algo errado — comentou Hadiya em um sussurro e, de alguma forma, a comandante sabia exatamente do que ela estava falando.

— Sempre houve. — Um sorriso ferino se abriu em seus lábios grossos quando ela lembrou que a presença daquela nobre perto da princesa nunca tinha parecido natural. — Mas algo certamente mudou desde a última visita.

As duas guerreiras e amigas da princesa de Omlai podiam não saber exatamente o que tinha mudado com relação a Lee Mi Suk, mas a necessidade estava clara e as duas a aceitaram como uma ordem que precisava ser cumprida. A atenção redobrada sobre aquela nobre passaria a se tornar tão natural para elas quando caminhar ou respirar.

Wang Hee Jin entrou no pavilhão que agora pertencia a Malaika e seguiu para a antessala em que a princesa tinha disposto a refeição que preparara com carinho e cuidado. A tia do rei não deixou de perceber que, a pedido de Malaika, as duas guerreiras que faziam a guarda naquele momento ficaram do lado de fora, consideravelmente distantes da antessala, o suficiente para manter a guarda e dar privacidade às duas nobres.

Malaika estava confortavelmente sentada em uma grande almofada amarela com a mesa arrumada à sua frente, pratos byeol e omlai perfeitamente apresentados em uma disposição que dava a entender que poderiam ser mesclados harmonicamente.

Para Hee Jin, porém, harmonia era um elemento que não estava nem perto daquele cômodo no momento. As comidas omlai pareciam pesadas e gordurosas, cheias de raízes e carnes, enquanto os pratos byeol eram leves e coloridos, convidativos. Ao mesmo tempo em que alguns poderiam enxergar a combinação perfeita entre os alimentos à sua frente, um complementando o outro, a tia do rei só conseguis ver a diferença entre eles.

Mas, principalmente, a jovem mulher atrás da mesa não combinada com o ambiente. Seu vestido marrom escuro não era de um tecido leve, mas parecia fresco por deixar os braços da princesa de Omlai à mostra, e combinava com a pele de chocolate que o vestia. Hee Jin evitou suspirar pela sensação de peso e calor de suas próprias roupas com muitas camadas e mangas longas ao olhar para a jovem, mas não conseguiu reprimir um franzir de cenho ao deter-se nos cabelos crespos da outra, que formavam um arco em volta do rosto oval de olhos grandes e lábios cheios, enfeitados apenas por uma faixa de metal dourado que os puxavam alguns centímetros para trás.

Com os cabelos daquele jeito, Malaika parecia relaxada e graciosa, enquanto a rigidez de Hee Jin era tão absoluta que podia ser vista nos cabelos lisos puxados inteiramente para trás e presos em uma trança elaborada que desenhava um coque tradicional, enfeitados com um grampo longo com flores ornamentadas na ponta.

A tia do rei tentou não ranger os dentes ao contraste da jovialidade da futura rainha com sua própria imagem. Ela já tinha sido obrigada a comparecer a reuniões particulares como aquela organizadas pela antiga rainha e esposa de seu irmão, Alda Shin, e tinha se sentido tão desgostosa quanto naquele momento, mas não pretendia ser tão abertamente contrária à posição da mulher que a recebia como tinha sido no passado.

Mas isso não significava que ela não tinha um plano para afugentar a jovem de seu território, de forma mais eficaz e rápida do que tinha feito com a mãe do atual rei.

Malaika sentiu seu sorriso enfraquecer ao ver a mulher mais velha caminhar lentamente até ela e sentar à sua frente sem dizer uma única palavra ou retribuir o sorriso. Talvez a tia do rei fosse mais rígida, tradicional e difícil de agradar do que ela tinha imaginado, mas isso não mudava sua determinação. Pelo contrário, só reforçava sua convicção de que aquele gesto era necessário.

— Obrigada por vir, Vossa Alteza — Malaika tentou começar uma conversa, chamando a mulher pelo título que ela tinha como membro da família real. — É uma honra finalmente conhecê-la.

— Foi... uma surpresa receber o seu convite. — As palavras de Hee Jin eram parcamente controladas. Ela tinha dificuldades para controlar o próprio temperamento, ainda mais com os pensamentos em polvorosa em sua cabeça, misturados a imagens e acontecimentos do passado.

Ela não julgaria os atos de Malaika ou de qualquer outra mulher ao tentar controlar seu território por meio de jogos sociais, mas ainda achava um absurdo que as duas estivesse ali, em uma silenciosa missão de reconhecimento e intimidação, enquanto os homens discutiam o futuro da nação sem a presença delas.

— Espero que a refeição esteja a seu gosto — continuou Malaika, sem saber como julgar as palavras da byeol. — Eu mesma a preparei com esmero.

Tais palavras fizeram Hee Jin desviar os olhos dos pratos à sua frente para a princesa oegugin por um momento, com as sobrancelhas erguidas em indagação.

— Você mesma preparou tudo isto? Com suas próprias mãos?

— Sim, e preciso admitir que foi muito divertido. — A animação começava a ser visível nos movimentos de Malaika, como se ela não pudesse controlá-la.

— E o que... é isto? — O tom de Hee Jin era ligeiramente enojado enquanto usava uma colher para mexer um líquido grosso encorpado com pedaços de alimentos indefiníveis.

Mas, se Malaika percebeu o tom, não demonstrou.

— É um prato omlai tradicional. Eu incluí alguns na refeição de hoje para representar a união das duas nações, assim como minha mudança para cá.

Hee Jin não disse nada, mas também não tocou mais no prato estrangeiro. Em vez disso, aventurou-se com um petisco byeol de que normalmente gostava, um pouco receosa por ter sido preparado pela oegugin. O sabor não estava ruim, mas também não era o usual.

— Então Vossa Alteza está feliz por ter vindo. — Era mais uma constatação que uma pergunta e a língua da mulher mais velha pareceu se demorar nas palavras Vossa Alteza, como se fosse difícil pronunciá-las.

Mas Malaika tomou a constatação como o princípio de uma conversa promissora e respondeu:

— Sim, eu estava ansiosa para conhecer meu noivo, e bibi disse que já estava na hora. É uma pena que tenha acontecido em um momento tão difícil e conturbado, mas sinto que talvez seja um sinal, já que desta forma talvez eu possa ser útil em alguma coisa.

— Útil? Você quer ser útil para o rei? — Para o garoto metade oegugin que nem deveria estar no trono, para começar?, Hee Jin completou a pergunta mentalmente enquanto pensava se Malaika poderia ser uma ameaça a seus planos maior do que mais uma peça a ser eliminada antes de gerar um herdeiro.

— É claro que sim! — Malaika parecia tentar se equilibrar entre a empolgação por ser uma verdadeira noiva e futura rainha, tanto amorosa quanto politicamente, e a seriedade da questão. — Acredito que o rei Taeyang precisa de apoio dentro e fora do gabinete e do salão real e de alguém que cuide dele enquanto ele cuida da nação. Eu estou mais do que disposta a isso, e também a cuidar de qualquer assunto que ele permita ou peça.

Hee Jin semicerrou os olhos, o interesse dela pela política impedindo-a de ignorar os diversos significados das palavras de Malaika Kalejaiye.

Como Vossa Alteza pretende ajudar o rei exatamente?

Malaika piscou, momentaneamente muda. Alguma coisa naquela pergunta não soava bem, como se as intenções da mulher à sua frente não fossem nem um pouco inocentes. Porém, como a princesa omlai não sabia identificar o que exatamente tinha provocado aquela reação da mais velha, presumiu se tratar apenas da preocupação admissível de um membro da família real com o futuro da nação.

— Bem, eu acabei de chegar e ainda tenho muito o que aprender sobre sua nação, mas...

— Tem razão — Hee Jin cortou as palavras de Malaika com rispidez. ­— Há um mar interminável de aprendizado à sua frente, algo fatigante inclusive para rainhas byeol. Imagino como seria impraticável para alguém como Vossa Alteza.

Malaika fechou a boca que deixou aberta mesmo depois de ter sido interrompida. Como foi que a conversa tinha tomado aquele rumo?

— Entenda, Vossa Alteza, eu não quero me intrometer em assuntos particulares do povo byeol, mas...

— O próprio rei ainda está se adaptando à política e aos valiosos costumes do povo byeol — Hee Jin interrompeu Malaika novamente, fazendo esta franzir o cenho por um único segundo. — Como Vossa Alteza pode imaginar que seria capaz de ajudá-lo com tais questões?

Desta vez, Malaika teve certeza de que a mudança na voz da nobre ao pronunciar Vossa Alteza tinha relação estrita com o desprezo. Por um instante, imaginou Nia entrando pela porta da antessala e respondendo à tia do rei com sua franqueza enérgica ou ameaçando-a com seu arco sempre pronto. Até desejou isso. Mas a guerreira não entraria a menos que recebesse uma ordem para isso ou que ouvisse algo estranho. E, apesar das palavras desagradáveis, a tia do rei falava baixo e mantinha a etiqueta – possivelmente com o exato intuito de não chamar a atenção da guerreira.

Infelizmente, Malaika precisava se defender sozinha naquele momento, como em raríssimas ocasiões.

— Eu estou disposta a aprender com o rei, o meu noivo... — as últimas palavras talvez fossem capazes de lembrar a mulher de quem Malaika era e por que ela ou qualquer outra pessoa deveria pensar duas vezes antes de enfrentá-la daquela maneira — e acredito que, juntos, podemos encontrar o caminho certo a seguir. Afinal, ele escolheu manter o casamento arranjado por seu pai, assim como eu escolhi vir até ele.

— Talvez Vossa Alteza devesse repensar suas táticas. Afinal, será preciso mais que disposição e fé para comandar Hanbyeol. Principalmente para uma estrangeira que não sabe nada sobre nós. — Hee Jin imprimiu um tom fulminante à própria voz e, em seguida, levantou-se, deixando a comida praticamente intocada e seguindo para a porta sem olhar para trás para ver os olhos arregalados de Malaika.

Ao passar por Mi Suk, já no pátio, murmurou em tom confidencial, apesar de não diminuir a velocidade de seus passos:

— Parece que a princesa Malaika precisa de consolo.

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