Capítulo 20
Malaika ajustou pelo que poderia ser a milésima vez um dos pratos com comidas especialmente preparadas antes de acender cuidadosamente o incenso. Tinha observado cada detalhe enquanto a serva da cozinha preparava os alimentos que a estrangeira não conhecia com tanto cuidado e carinho quanto se fossem elementos mágicos.
De certa forma, eram, ao menos para Malaika.
Em sua terra natal e para o seu povo, cada oferenda para os antepassados era especial e devia ser preparada com respeito e cuidado. Os espíritos homenageados faziam parte de uma linhagem e tinham ascendido à posição de ancestrais após a morte, por isso deviam ser reverenciados.
Malaika estava feliz porque o povo de Hanbyeol mantinha a mesma tradição sobre o respeito aos ancestrais. Os rituais e formas de homenagem eram diferentes, é claro, dois reinos tão diferentes não teriam mantidos processos iguais para honrar seus falecidos, mas a ideia era a mesma e isso acalmava o coração da rainha.
Ela tinha Pak Seo Yun para ensiná-la os detalhes dos rituais, não estava tão preocupada. Estava, sim, atenta a cada um dos movimentos ou das explicações da criada, aprendendo tudo o que podia.
O edifício que os byeol chamavam de santuário era um lugar tranquilo que passava uma sensação de paz e plenitude. Geralmente vazio já que a maioria dos moradores da corte passava mais tempo preocupada com trabalho e política do que homenageando seus antepassados, o lugar surpreendeu Malaika pela calmaria.
A rainha colocou o incenso aceso no suporte com cautela e se afastou alguns passos do altar que tinha ajudado Seo Yun a preparar para abrigar seu tributo aos pais de Taeyang.
Malaika tivera a chance de conhecer seu falecido sogro uma vez, em uma viagem rápida dele até Omlai para negociar o casamento, e teve a impressão de que o homem era sensato, bondoso e insistente. Infelizmente, não tivera oportunidade de conhecer a falecida rainha, apesar de ter ouvido diversas coisas agradáveis sobre ela. A única rainha estrangeira que Hanbyeol já tivera antes de Malaika e a pessoa que possibilitou que o casamento de Malaika com Taeyang acontecesse.
Segundo Malaika ouvira, tinha sido a rainha Alda que sugerira um casamento de seu filho com uma estrangeira ao rei Ha Jun e foi só por causa da presença dela que a união foi possível, já que ela também era estrangeira, uma nobre do distinto reino de Greath.
Satisfeita por ter escolhido fazer aquele tributo aos falecidos sogros que admirava mesmo não tendo convivido com eles e honrada por conseguir fazê-lo pessoalmente, Malaika reproduziu com maestria a reverência tradicional byeol que Seo Yun lhe ensinara momentos antes. Em seguida, aproveitou o momento e baixou o corpo até levar sua própria cabeça ao chão, acrescentando uma reverência formal de Omlai ao tributo. Em seu íntimo, sabia que os falecidos monarcas aceitariam sua forma de mostrar respeito, ajá que insistiram em torná-la parte da família real byeol pelo casamento com Taeyang, que defenderam até com a própria vida.
Malaika sentaria ali mesmo no chão do santuário e conversaria com os pais do marido, mas não pretendia assustar a criada com seus costumes estrangeiros, então apenas agradeceu por terem trazido Taeyang ao mundo e por se esforçarem tanto para uni-lo a Malaika, voltando-se para a porta em seguida.
Parou abruptamente ao ver um funcionário do gabinete real parado do outro lado, observando-a com olhos arregalados e a boca um tanto aberta em choque.
Malaika suspirou, mas começou a andar para a saída do santuário, como pretendia antes. Mesmo se ela quisesse manter segredo sobre seu estranho tributo aos pais de Taeyang misturando costumes byeol e omlai, agora sabia que não seria capaz. O assunto atravessaria os corredores do palácio mais rapidamente do que ela seria capaz de chegar aos próprios aposentos.
Chul entrou no pavilhão de treinamento como um vento forte que não espera para passar.
O pavilhão de etreinamento tinha sido escolhido para suas reuniões com Nia porque os dois já passavam boa parte do tempo lá quando não estavam acompanhando o rei e a rainha. Além disso, encontrando-se ali, evitariam falatórios sobre seus encontros e suas discussões frequentes e intermináveis, já que apenas os guardas e as guerreiras teriam chance de presenciá-las, levando em conta que ninguém mais visitava aquele pavilhão.
Não estava atrasado, mas sabia que Nia já estava esperando e não queria lhe dar mais motivos para julgá-lo com razão. O capitão preferia ele mesmo ter motivos para julgá-la sem ser criticado por estar falando inverdades. Não estada disposto a permitir que ela fosse conhecida por ser melhor que ele em qualquer coisa.
Nia estava quase distraída. A comandante não admitiria que tinha deixado os pensamentos divagarem a ponto de perder a atenção no ambiente ao seu redor, principalmente quando seus pensamentos envolviam o capitão byeol e como deveria agir perto dele, mas o fato era que não estava esperando pela entrada repentina dele.
Seus olhos o encontraram e a comandante negra fez seu melhor para não demonstrar qualquer reação. Tinha decidido não brigar com ele enquanto preparavam as defesas do palácio para o ataque do exército inimigo.
— Tenho más notícias. Parece que o exército aumenta conforme avança reino adentro — declarou Chul ao se aproximar, os passos ficando quase que imperceptivelmente mais cautelosos à medida que sua proximidade de Nia aumentava.
Estavam em uma saleta anexa aos dormitórios que continha uma mesa com um mapa de toda Hanbyeol estendido sobre ela. Normalmente, Chul ignorava o mapa, já que conhecia o reino como a palma de sua mão, mas não podia discordar que o papel desenhado era útil em planejamentos e demarcações dos avanços dos inimigos.
Nia estava debruçada sobre a mesa e seus olhos percorreram o mapa, tentando entender as possibilidades que o exército inimigo tinha para atacá-los sem que pudessem se defender. A capital era um caidade grande onde vários oficiais viviam, fossem políticos ou militares, e o palácio era rodeado por muros fortes. Não parecia um local fácil de atacar, desde que eles estivessem prontos.
— O que eles pretendem? Um cerco ao palácio? — perguntou Nia, esforçando-se para colaborar.
Malaika falara sobre suas supostar habilidades de compartilhar informações e planos, mas a verdade era que a guerreira não se considerava tão boa nesse quesito. Tinha entendido, porém, a ordem sutil da rainha para ela e estava sinceramente – ainda que a contragosto – se empenhando para cumpri-la.
— É possível. — Chul não se aproximou mais dela. Sentia que a distância de três passos era o seu limite. — Seria o primeiro pensamento lógico.
Nia endireitou o corpo, ficando ereta e voltando-se para Chul. Usava o cabelo preso no alto da cabeça, caindo sobre o ombro esquerdo em uma trança intricada e tão apertada que tornava os cachos naturais imperceptíveis e a pele de seu rosto negro parecia brilhar à luz que entrava pela janela, como chocolate quando começa a derreter.
O corpo bem torneado e sem qualquer excesso de carne onde não devia parecia apertado pelo uniforme justo que tinha sido feito para facilitar os movimentos da guerreira ágil, mas tinha o efeito de deixar evidente cada curva do corpo exuberante.
Chul engoliu em seco quando imagens começaram a surgiu em sua mente. Seus dedos soltando o cabelo dela para que os cachos caíssem livres pelos ombros fortes... A mulher era livre e independente, então seus cachos deveriam expressar isso, pensou Chul, os olhos vidrados, presos no cabelo negro e longo dela.
As curvas exuberantes de Nia, com cintura delgada, coxas grossas e um bumbum avantajado, que normalmente traziam caretas de desprezo ao rosto do capitão, de repente pareciam chamar suas mãos, como se ele precisasse tocá-las para ter certeza de que eram demais, já que uma mulher não deveria ter tanto corpo... ou para entender como subitamente aquele parecia ser o corpo exato que uma mulher deveria ter.
E a altura dela, tão próxima à dele, que levava os olhos dos dois ao mesmo patamar toda vez que se encaravam e que costumava irritá-lo além da razão, de repente demonstrava sua capacidade e força, indicando que ela era uma líder habilidosa e levando-o a querer domá-la... de formas que iam além da batalha.
Nia percebeu uma mudança na forma com que Chul a observava e sentiu um nó na garganta e uma queimação de nervosismo no peito que era estranha para ela. Decidiu ignorar o que via e focar no trabalho.
— Então a resposta lógica seria estocar alimentos e mandar que o povo da capital faça o mesmo. Talvez devamos abrigar as pessoas no palácio quando o exército se aproximar mais.
— Sim... — A voz de Chul estava rouca e o homem não se atreveu a se mover um milímetro sequer. Seus pensamentos estavam concentrados demais em outras coisas para que fosse seguro se mover.
Para evitar engolir em seco, Nia se voltou para a mesa, forçadamente deixando o pensamento sobre as possibilidades ruins correr livremente.
— A menos que o cerco não seja a única forma de dominar o palácio — comentou ela.
— O que quer dizer? — Inconscientemente, Chul deu um largo passo na direção de Nia, com os olhos ainda focados no brilho da pele dela e ignorando o perigo que tinha notado a princípio, sem pensar se parecia incoerente ou desconcentrado ao não saber o que ela tentava dizer.
Nia desviou os olhos da mesa para onde ele estava e encontrou os lábios do guerreiro perigosamente próximos, na linha de seus olhos. Os lábios rosados não eram grossos ou particularmente cheios, mas algo neles chamava sua atenção como um ímã atraía metais.
— Quero dizer que o cerco pode ser ainda mais perigoso se houver alguém dentro do palácio disposto a ajudar o exército invasor.
Chul deu mais um passo para perto dela. Intimidação. Disse a si mesmo que estava tentando intimidar a guerreira omlai que insistia em não confiar nele e em seus homens. Afinal, eles ainda eram um homem e uma mulher e, apesar da diferença de altura de apenas dois centímetros, ele ainda era mais forte que ela e era capaz de intimidá-la. Por isso, de repente, ele estava a milímetros dela, deixando-a sentir no rosto sua respiração profunda enquanto se obrigava a evitar olhar para os lábios dela, concentrando-se nos olhos.
— Está tentando insinuar que algum de meus homens pode estar ajudando os invasores? — perguntou o capitão, a voz mais baixa, quase um sussurro, como se a proximidade dos dois eliminasse a necessidade de falar em voz alta.
Os olhos de Nia estavam nos do capitão, mas, por um instante, a hipnose dos bonitos olhos escuros em contraste com a pele clara em tom de bege amarelado não funcionou.
A guerreira tinha plena consciência de que cada guarda real byeol e cada guerreira omlai no palácio era absolutamente confiável. Não estava questionando a lealdade deles nem insinuando qualquer coisa diferente disso. O fato de achar que ela e suas guerreiras eram mais habilidosas para defender a família real que os guardas de Chul não significava que desconfiava deles.
— É claro que não! — exclamou, estranhamente sentindo a necessidade de se defender das palavras dele enquanto sua mão direita se erquia quase que automaticamente, dando um soco no braço do capitão. — Estou dizendo que pode haver outra pessoa com essa intenção — contou, pensando na tia do rei e as informações que a kisaeng tinha lhe passado sobre ela e o mensageiro morto.
Mas, ao sentir os músculos rijos do braço do homem à sua frente, Nia retirou a mão imediatamente, evitando a vontade de abrir a mão e esticar os dedos ao redor do braço quente e sentir a pele estranhamente macia para um lutador.
Ela viu quando os olhos de Chul escureceram ainda mais e sentiu no rosto a respiração do capitão ainda mais pesada. Em uma tentativa de manter a própria concentração no trabalho, soltou:
— Concentre-se!
A comandante esperava que aquela ordem pudesse ser interpretada como um pedido para que ele parasse de encontrar críticas onde não existiam quando na verdade era um pedido bastante incisivo para que a deixasse respirar normalmente e não desviasse seus pensamentos para o quanto ele parecia desejar o seu toque.
— Estou concentrado — respondeu Chul calmamente, apesar da voz profunda fazer um calor subir por todo o corpo de Nia.
E ele realmente estava concentrado. Em um segundo plano de sua mente, fez a conexão imediata das palavras da comandante com a tia temperamental do rei que sempre discordara da linha de sucessão e concordava que talvez tivessem que lidar com mais que o exército invasor, mas, naquele momento, estava muito concentrado nos próprios pensamentos e ações. De que outra força seria capaz de evitar que as mãos colocassem em prática as fantasias quentes e carnais que não paravam de se desenrolar em sua cabeça?
Taeyang se apressou para a sala do trono, onde aconteciam as grandes reuniões com os ministros. Tinha sido chamado com urgência para vê-los e o mensageiro informou que todos pareciam agitados quando o enviaram. O que poderia ter acontecido?
Além do exército estranho que se aproximava da capital a cada dia, Taeyang desconhecia qualquer outra ameaça, apesar de estar atento e pronto para qualquer notícia. Mas por que os ministros queriam encontrá-lo? Se fosse a notícia de uma nova ameaça ou ainda uma que explicasse a presença do exército invasor, por que os ministros a tinham recebido antes dele?
Apesar de suas dúvidas, porém, o rei estava inclinado a convencer a si mesmo de que não importava quem recebesse as notícias primeiro, desde que pudessem eliminar as ameaças.
Taeyang entrou na sala do trono e se surpreendeu com o grau de inquietação dos nobres de seu reino. Nunca tinha visto aqueles homens tão alterados, nem mesmo com a possibilidade de uma guerra ou com a morte de seu pai.
Familiarizado com as próprias obrigações, o rei adotou uma postura rigidamente controlada e seguiu para o trono, assumindo o assento antes de dar permissão para que os ministros expusessem o problema. Mas Taeyang não esperava pelo que estava prestes a ouvir.
— Vossa Majestade não vai acreditar no que ficamos sabendo — começou um deles, fazendo Taeyang encará-lo com sobrancelhas arqueadas. O jovem rei não estava disposto a demonstrar qualquer reação antes de saber exatamente do que tudo aquilo se tratava.
— Ele provavelmente já sabe. Os dois vivem juntos, passam cada segundo juntos — opinou outro, fazendo Taeyang franzir o cenho. Afinal, do que eles estão falando?, pensou.
— Ele pode ser jovem e estar encantado pela esposa, mas não deixa de ser um byeol e eu nçao acredito que qualquer byeol seria capaz de permitir uma coisa dessas se soubesse de antemão — foi Lee Sang Hun quem falou, o ministro de pessoal.
Com isso, Taeyang observou o homem cuja filha tinha sido afugentada do palácio poucos dias antes pelas guerreiras omlai. Apesar de o ministro de pessoal parecer defender Taeyang das acusações estranhas dos outros, ele ainda não parecia apoiar o rei, criticando-o à sua própria forma.
— Ainda assim, não tem como ele não saber ou não ter percebido as intenções da esposa passando tanto tempo com ela! — exclamou outro ministro. Taeyang já não se preocupava mais em saber quem falava o quê. Estava completamente confuso.
— Do que estão falando? — perguntou o rei, mas os homens continuaram discutindo, como se tivessem se esquecido de sua presença.
Antes que fosse capaz de repetir a pergunta, porém, Lee Sang Hun fez todos se calarem e se dirigiu ao rei:
— Está dizendo que não sabia?
— Talvez se eu souber do que estão falando, eu possa dizer se sabia de antemão que iria acontecer ou não — respondeu Taeyang, endurecendo a voz para confrontar o homem que obviamente tentava colocar palavras em sua boca.
— Sua rainha... — começou Sang Hun, mas logo foi interrompido pelo rei.
— Ela é sua rainha também. É rainha de todos os byeol. Refira-se a ela corretamente. — Apesar das palavras e da ordem direta, Taeyang mal se moveu no trono, exceto pelo corpo tremendo. Quando eles aprenderiam a respeitá-la?
O ministro de pessoal enrijeceu o corpo, irritado por ser corrigido pelo jovem que mal deixara de ser uma criança.
— Sua Alteza, a Rainha Malaika Kalejaiye, foi vista no santuário, oferecendo comida e bebida aos falecidos rei e rainha Shin Ha Jun e Alda Shin. — A voz do ministro estava seca, indicando que não gostava de ser contrariado.
Malaika também é uma Shin agora, por casamento, pensou Taeyang, mas ao perceber o que o homem queria dizer, o que saiu de sua boca foi:
— Ela fez um tributo aos meus pais?
A pergunta, porém, fez alguns ministros acreditarem que ele também estava indignado com os atos da esposa, além de não ter ideia do que ela tinha feito.
— Ele não sabia! — comentou um deles.
— Eu disse que ele também não aceitaria isso — exclamou outro.
— Nenhum byeol aceitaria isso — comentou um terceiro.
— Ah, ela com certeza fez parecer que era um tributo — disse o ministro de pessoal, respondendo à pergunta do rei que os outros tinham ignorado. — Mas ela aproveitou para acrescentar outras coisas ao ritual, profanando-o com costumes omlai e desrespeitando a honra do rei e da rainha falecidos.
— Profanando... O quê? — disse Taeyang, sem conseguir acompanhar todas as acusações de Sang Hun.
Na cabeça do rei, tudo o que se passava era que sua esposa doce e atenciosa tinha decidido por conta própria homenagear os pais dele, algo que ele mesmo ainda não tivera tempo para fazer, e ainda tinha conseguido aprender como fazê-lo, além de realizar o ritual pessoalmente, acrescentando a ele seus próprios costumes sagrados e virtuosos de Omlai.
Mas, aparentemente, aquilo que lhe inspirava graditão e deferência, enchendo-o de ainda mais ternura do que já sentia pela mulher estrangeira enquanto seus olhos marejavam, também despertava repulsa e ira nos ministros, como se a mulher tivesse insultado os ancestrais reais byeol em vez de homenageá-los.
— Vossa Majestade não está ouvindo? — perguntou um dos ministros, confuso.
— Eu ouvi que a rainha prestou homenagem aos meus pais, mas não entendi como isso pode ser uma coisa ruim — respondeu Taeyang, controlando um sorriso que teimava em aparecer em seu rosto só de pensar nas ações de Malaika.
Será possível me apaixonar ainda mais por ela só por causa de um gesto de respeito para minha família?, perguntou-se o rei, mas não precisava que ninguém respondesse. O sentimento em seu peito era resposta suficiente.
— Como não vê que é uma coisa ruim? Ela é estrangeira! Como ela se atreve a violar o santuário e se dirigir aos falecidos da realeza?! E como ela se atreve a tratá-los com costumes omlai?!! — vociferou o ministro de pessoal, esquecendo-se de que Taeyang ainda era o rei, por mais jovem que fosse, e devia ser respeitado.
— Quem pode nos garantir que ela não estava desgraçando os espíritos, em vez de honrá-los? — perguntou outro ministro.
Os olhos finos de Taeyang se arregalaram, tanto pela insolência de Sang Hun ao criticar abertamente a rainha e suas origens quanto pelo que o outro ministro implicava, que Malaika poderia usar a tradição de culto aos finados para prejudicá-los deliberadamente.
— Vocês estão errados. Malaika não seria capaz de usar a tradição para uma maldade dessas — disse Taeyang, mas não foi ouvido.
— Exigimos que isso seja reparado e que a rainha seja devidamente repreendida! — todos os ministros levantaram a voz em conjunto, como se tivessem ensaiado essa parte.
Taeyang encarou todos os homens à sua frente. Sabia que nenhum deles apoiava seu casamento com Malaika e que eles prefeririam que a união não tivesse acontecido, mas não imaginou que um dia enfrentaria uma situação como aquela. Talvez tivesse até esperado por mais complicações antes do casamento, mas não depois. Como a situação tinha chegado àquele estágio?
3260 palavras
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