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Capítulo 14

Nia estava esperando por Jae In em um pátio recluso e quase inutilizado do palácio. A escolha do lugar tinha sido proposital, a comandante não gostava de plateia. Mesmo em Omlai, ela não tinha costume de treinar guerreiras – nem guerreiros – para fazer o que ela fazia e ela não queria ninguém bisbilhotando o treinamento do aprendiz.

Seu trabalho era mais do que apenas sua arma, é claro, mas o arco lhe dava algumas oportunidades e exigia certas habilidades que eram úteis em um âmbito mais geral. Seu costume de analisar o vento e os sons ao seu redor, por exemplo, indicou quando Jae In se aproximou, por mais que os passos do aprendiz fossem naturalmente silenciosos.

Nia sorriu antes de se virar para o jovem. Ele realmente tinha talento. Em uma comparação rápida cosigo mesma anos antes, lembrou-se do dia em que Imani a olhou com um brilho orgulhoso diferente nos olhos e disse que ela poderia se tornar comandante em pouco tempo, se quisesse, e assumir uma guarda pessoal da realeza um dia. Não por sua habilidade exemplar com o arco, que ninguém mais parecia conseguir desenvolver, mas por seu potencial para ser espiã.

Não que Omlai tivesse espiãs ou espiões, mas Nia entendeu algum tempo depois o que a mais velha quis dizer. Mais especificamente, quando começou a perceber a utilidade de sua facilidade em chegar sem ser percebida e observar o ambiente com esmero.

— Peço perdão pelo atraso. Achei que fôssemos treinar no pátio do pavilhão de treinamento — disse Jae In quando chegou a poucos passos dela.

De bom humor, Nia assentiu enquanto se virava para ele ainda com um sorriso no rosto, mostrando que ele estava perdoado, mas o aprendiz não deixou de notar o aviso declarado com uma única sobrancelha levantada. Apenas dessa vez, aquela sobrancelha lhe dizia.

Um olhar rápido foi o suficiente para Nia analisar Jae In outra vez, mais de perto e abertamente que das outras vezes em que se encontraram. O jovem aprendiz devia ter a mesma altura de seu capitão, apenas dois centímetros mais alto que ela, que tinha 1,76m. Mas, se ela conseguia ser ágil e furtiva com suas coxas grossas, seu traseiro avantajado e sem qualquer delicadeza, o aprendiz byeol também conseguiria, principalmente por seu corpo de pele clara ser mais esguio que o dela, ainda que tão firme quanto.

Enquanto Jae In ficava parado no centro do pátio sem saber o que fazer, Nia entregou a ele uma espécie de luva com apenas três desos e um tipo de atadura com vários fechos de fivela, ambas de um couro forte, e o ajudou a prendê-las nos braços depois de se certificar de que o aprendiz era destro como ela.

Quando Nia entregou um arco de madeira simples quase tão grande quanto ela própria na mão dele, Jae In apenas a encarou, piscando repetidas vezes, aturdido. Quando a comandante lhe entregou uma flecha, o jovem se esforçou para perguntar:

— Vamos começar pelo arco? — Jae In agora acompanhava sua nova mestra com os olhos, girando a cabeça para não perdê-la de vista enquanto ela se movimentava ao redor dele para pegar o que precisava e posicionar um alvo a alguns metros de onde ele estava. A única resposta que recebeu foi um aceno de cabeça. — Por quê?

— Porque você já sabe correr e subir nos lugares — respondeu Nia naturalmente.

Quando Jae In apenas a encarou outra vez, a comandante terminou o que estava fazendo e se reaproximou dele. Talvez Hadiya tivesse razão sobre às vezes ser difícil entender as piadas dela.

— Algumas das habilidades mais importantes do meu trabalho são adquiridas com o tempo e muita observação — começou Nia, mais perto dele para ter certeza de sua atenção completamente voltada para ela. Não que o aprendiz pudesse fazer qualquer coisa além de admirá-la em seu trabalho toda vez que a via, mas, mesmo assim, era bom ter certeza.

— É que... um treinamento... não costuma começar pela arma... — comentou Jae In, incerto, sem querer ofendê-la por chamar seus métodos e não ortodoxos.

— Você sabe o suficiente sobre hierarquia e respeito e, pelo que eu pude ver, sabe como não ser morto. Nada te impede de passar para a etapa da arma agora. Na verdade, já está na hora de fazer isso, a julgar pelo tempo do seu treinamento. — Nia deu um tapinha amigável no ombro dele e se afastou apenas um passo para observar sua postura com o arco. — E o arco não é uma arma simples ou fácil de usar. Se puder ter a paciência e a destreza para usá-lo direito, estará vários passos mais perto de aprender tudo o que precisa para essa função.

Os olhos muito escuros de Jae In brilhavam com empolgação. Ele finalmente estava sendo levado a sério e sua nova mestra acreditava que ele era confiável o suficiente para entregar uma arma em suas mãos. Certo, ele poderia acertar o próprio pé com uma flecha, se não tomasse cuidado, ou atingir um amigo em vez do alvo, mas ainda assim ela confiava nele.

Esforçando-se para não deixar a empolgação nublar seu juízo, o aprendiz prestou atenção em cada detalhe do que ela falava e como movia milimetricamente partes do corpo dele até coloca-lo em uma posição aceitável.

Ela mandou-lhe baixar o arco e posicionar a flecha na corda firme usando apenas três dedos e, quando ordenou que ele levantasse o arco e puxasse a corda, corrigiu sua postura. Ombro direito um pouco levantado enquanto puxava a corda, braço esquerdo esticado, mas relaxado, usando os músculos das costas para os movimentos, em vez dos músculos dos braços.

— Escolha um ponto de apoio no rosto para guia-lo. Vai usá-lo em todos os tiros daqui para a frente — Nia instruiu, observando-o a alguns passos. — Mantenha a postura confortável, mas alerta e firme. — Quando o aprendiz manteve a posição indicada por ela perfeitamente, a comandante prosseguiu. — Você tem belas costas, Jae In. Use-as e poupe seus braços. Quando puder enxergar uma linha reta ligando a flecha ao alvo, deixe a corda deslizar por seus dedos rapidamente e...

Jae In fez o que ela mandava e a flecha voou vários metros adiante, parando no chão atrás do alvo que ela tinha posicionado.

— Muito bom! — Nia exclamou, contente, e pegou outra flecha para entregar a ele.

— Eu errei — declarou Jae In, desanimado, olhando para a flecha e o alvo alternadamente.

— Eu não queria que você acertasse o alvo.

— Não?

Jae In observou a guerreira fazer pequenos ajustes outra vez em sua postura enquanto aguardava pela explicação dela.

— O que um arqueiro precisa, no início, é de uma postura perfeita, que lhe permitirá se conectar com o arco. Com o tempo, a rigidez não vai mais existir e o tiro será natural. Acertar o alvo é consequência.

Jae In ficou chocado por perceber que era, sim, possível admirá-la ainda mais, mas tentou desconversar com um comentário aleatório enquanto se concentrava nos ensinamentos dela para atirar a segunda flecha:

— Isso parece bem diferente de todos os treinamentos com espadas que eu já vi.

— Bem, não existe exatamente um segredo para cortar alguém com uma lâmina afiada — comentou Nia, quase com desdém. Não desgostava de espadas e até admirava suas companheiras que as usavam, apenas não se familiarizava com elas. A guerreira preferia a sutileza da agilidade de uma adaga ou a precisão da distância de um arco à força bruta exigida por uma espada, apesar de sua aparência poder sugerir o contrário na maioria das vezes.

Mas Jae In sorriu pelo comentário dela logo antes de atirar a flecha, que parou mais perto do alvo dessa vez.

— Imagino o que o capitão teria a dizer sobre isso — comentou ele.

Nia bufou.

— Seu capitão sempre tem alguma coisa a dizer — retrucou ela. — Ele gosta de falar.

Mas sua respiração falhou por um segundo quando se lembrou de um momento em que ele tinha decidido agir, em vez de continuar falando. A última vez em que o tinha visto, na verdade, quando ele a tinha beijado...

— Ele é um bom capitão. E um ótimo guerreiro — comentou Jae In, tirando Nia dos próprios pensamentos com um susto. — Acho que ele só... ainda não se recuperou por termos perdido o falecido rei. Nenhum de nós, na verdade, mas ele tomou a responsabilidade para si.

Tentando afastar a lembrança do beijo em uma tentativa de fingir que este não a havia afetado, a comandante voltou a se ocupar com as flechas e a postura do aprendiz, cujos olhos demonstravam que talvez ele mesmo se sentisse ainda mais culpado que o capitão pela morte do rei anterior.

— Nenhum guarda ou guerreiro é invencível, Jae In. Seu capitão deve saber isso. Você deve saber isso — decretou Nia, usando o momento como mais um aprendizado para ele e tentando afastar o peso que de repente parecia ter caído sobre os ombros de seu novo aprendiz. — Precisa saber que, por mais que se esforce, ainda pode falhar. Os ances... o destino não nos pertence — completou ela, corrigindo-se a tempo para não falar ancestrais. Não tinha certeza do que os byeol poderiam achar de suas crenças nos antepassados e como eles poderiam controlar os acontecimentos.

Jae In encarou-a com seus olhos castanhos escuros estranhamente sérios por um instante, pensando no as palavras dela significavam antes de recuperar sua personalidade alegre para comentar, tirando o foco de si mesmo:

— Certo. Você precisa dizer isso ao capitão.

Na verdade, Nia pensava que precisava dizer muitas coisas ao capitão Young Chul. E iria. Mas não agora. Não enquanto qualquer menção a ele ainda tinha o poder de trazer de volta o beijo e o efeito que ele teve sobre ela...

Malaika acompanhava Taeyang até a sala do trono mais tarde naquele dia. Aparentemente, a nova rainha tinha decidido fazer disso sua nova tradição, uma que estava agradando enormemente o rei.

Taeyang tentava manter uma expressão séria e não sorrir, mas estava falhando miseravelmente, com seus olhos amorosos voltando-se na direção da esposa até mesmo quando ele não pensava em fazer isso.

Vários oficiais e funcionários do palácio passaram por eles e começaram a cochichar baixinho entre si, mas ou o rei não percebeu ou não se importou. Sua atenção estava totalmente voltada para a mulher ao seu lado, já que não precisava se preocupar com o caminho, que conhecia como a palma de sua mão.

— Mas minha avó está certa — ponderava Malaika, dividindo sua mais recente preocupação com o marido. Talvez ele pudesse ajuda-la a encontrar uma solução. — Quero dizer, antes de virmos para cá, Nia era a única que tínhamos certeza de que viria, mas agora eu estou aqui com uma guarda inteira. Esse é nosso novo lar, elas deveriam poder se comunicar com todos.

— Será difícil dispensar todas as guerreiras por tempo suficiente para aprender nosso idioma —— Taeyang comentou. — Apesar de meus guardas poderem defendê-la, não acredito que você se sentiria confortável só com eles.

Malaika sorriu, porque o rei estava absolutamente certo.

— Sim, mas foi por isso que bibi sugeriu começar por Hadiya. E, com o tempo, todas as guerreiras poderão aprender. Nia pode estar comigo enquanto Hadiya estiver estudando.

Taeyang gostaria de ele próprio poder estar com ela, não só enquanto uma de suas guerreiras não pudesse, mas em todos os momentos. Mas, como rei, precisava dar sua atenção a outras questões e pessoas também.

— Posso conseguir ajuda de alguém de Hanbyeol. Alguém com paciência e boa vontade — sugeriu Taeyang. — Com certeza será mais rápido do que se Hadiya tiver que aprender sozinha ou com outra omlai.

Malaika pensou por um instante antes de concordar:

— Se não encontrar alguém rapidamente, eu mesma posso tentar ensiná-la.

Quando entraram na sala do trono, Taeyang pediu a uma das criadas que chamasse Nia e Hadiya, então virou-se para a esposa, que o fitava com um olhar interrogativo.

— Quanto antes resolvermos isso, mais cedo você deixará de se preocupar — explicou o rei. — Não quero vê-la preocupada.

Quando Nia e Hadiya chegaram, a primeira acompanhada por Jae In, já que veio direto de seu treinamento com ele, o rei e a rainha ainda estavam de pé no centro do salão, mesmo tendo o largo trono e uma cadeira estofada ao lado dele para sentarem.

— Jae In! — exclamou Malaika ao vê-lo. — Eu tinha esquecido que começaria seu treinamento hoje. Como foi?

— Interessante, Vossa Alteza. — Em Hanbyeol, o título honorífico de Malaika não mudaria por ela passar de princesa a rainha, mas Jae In conseguiu passar ainda mais respeito ao cumprimentá-la desta vez do que nas anteriores. — Eu estou adorando.

Malaika voltou seus olhos para Nia com as sobrancelhas erguidas em uma pergunta, positivamente surpresa.

— Jae In tem talento — confirmou Nia.

— Fico feliz em saber — Taeyang comentou.

— Finalmente posso usar uma arma, Majestade — o aprendiz declarou, animado.

Quando os olhos dourados de Taeyang se arregalaram e se voltaram na direção de Nia, ela balançou a cabeça.

— Logo vai poder — corrigiu a comandante. — Não se apresse.

— Pelo menos, estou treinando com uma. Um arco, como o que Nia usa. — O sorriso alegre do aprendiz era quase ofuscante e o rei não tentou controlar uma risada. Sabia o quanto aquele jovem vinha esperando por uma oportunidade de mostrar seu valor e também sabia o quanto ele já tinha lutado para isso.

O animado há Jae In tinha carregado o peso de não poder sequer tentar defender o antigo rei, porque seu treinamento não tinha chegado tão longe a ponto de aprender a usar uma espada adequadamente. Em vez disso, carregou o peso da notícia sem reclamar e aceitou todas as ordens dirigidas a ele, mesmo que seu valor como guarda e sua lealdade não fossem devidamente reconhecidos. Agora, ao receber a oportunidade de se tornar um guerreiro tão fabuloso quanto Nia Okonjo, a mulher que ele admirava ardentemente desde que ouvira falar dela pela primeira vez, Taeyang podia ver o novo brilho radiante nos olhos do aprendiz. O rei estava mais feliz pelo jovem amigo do que seria sensato demonstrar em público.

A conversa sobre o treinamento de Jae In morreu aos poucos, à medida que Nia se recusava a dar informações detalhadas sobre o que o jovem aprendia, e logo o assunto do idioma byeol foi trazido à tona.

Hadiya, que já tinha ouvido os argumentos da própria rainha-mãe Gimbya em primeira mão, baixou a cabeça, envergonhada.

— Sinto muito, Majestade, Alteza. Foi um erro meu não buscar aprender — a guerreira desculpou-se, desejando ser punida pelo erro. E se alguma coisa ruim acontecesse a Malaika porque ela não conseguia entender o idioma da nação em que moravam?

— Não se culpe, Hadiya. Nós também não havíamos percebido tal necessidade até agora — declarou Taeyang.

— Eu poderia ter aprendido quando Nia aprendeu, em Omlai — continuou a guerreira.

— E se tivesse ficado em Omlai como membro da guarda do meu pai, o que faria com o idioma aprendido? — perguntou Malaika em uma tentativa de acalmar a amiga. Odiava ver Hadiya ou Nia se culpando por pequenas coisas, principalmente quando eram tão facilmente remediáveis.

As palavras da nova rainha calaram os argumentos de Hadiya contra si mesma e a guerreira fitou a amiga da realeza sem palavras.

— As suas habilidades que foram necessárias até agora foram impecavelmente utilizadas. Aprender o idioma byeol é para o futuro — declarou Nia, como se nem mesmo tivesse cogitado a ideia de a amiga guerreira ter cometido qualquer falta.

Hadiya alternou olhares entre Nia e Malaika, atrevendo-se até a olhar para o rei em expectativa, ainda sem saber o que dizer. Então quem ela menos esperava falou:

— Se me permitem, eu gostaria de ajudar — a voz grave de Jae In surgiu em meio à sala do trono, cautelosa, mas ainda gentil.

— Como, Jae In? — perguntou Taeyang, de repente muito interessado.

— Eu poderia ensinar o idioma a Hadiya.

Taeyang e Malaika se entreolharam. O rei nem mesmo tinha mencionado para o aprendiz a sua ideia de que alguém de Hanbyeol ajudasse com a questão, mas o aprendiz tinha se oferecido assim mesmo, por livre e espontânea vontade.

— Tem certeza? Mesmo com seus afazeres e seu treinamento? — perguntou Malaika, não preocupada que a corte pudesse sofrer sem o trabalho de Jae In, mas que o aprendiz pudesse se sobrecarregar.

— Se Nia puder me permitir algumas horas todos os dias — sugeriu Jae In, olhando de lado para sua mestra — posso ensiná-la e treinar e ainda realizar tarefas como guarda, se for necessário.

— Por que está fazendo isso? — Hadiya finalmente encontrou a própria voz para perguntar em tom baixo.

Então Jae In a encarou, de repente mais sério que de costume.

— Bem, você e a rainha Malaika... na verdade, todas as mulheres de Omlai têm sido boas comigo desde que chegaram. Por que não retribuir a gentileza? — disse Jae In com um movimento lateral da cabeça que o fez parecer uma criança travessa, ainda mais porque foi acompanhado de um belo sorriso quadrado que fez os olhos escuros e intensos fecharem.

Hadiya ainda queria perguntar por que ele retribuiria a gentileza especificamente com ela, mas não conseguiu fazer as palavras saírem. Seus pensamentos estavam mais confusos do que gostaria de admitir e tudo o que ela conseguiu pronunciar foi um fraco obrigada.

Nia juntou as duas mãos às costas, satisfeita. Aparentemente, seu novo aprendiz era ainda mais satisfatório do que ela tinha pensado.

Um olhar para Hadiya fez a comandante baixar a cabeça em uma tentativa de esconder um sorriso. Ela gostava de ver a amiga feliz e positivamente surpresa, ainda que um pouco confusa. Mas um olhar logo em seguida para Jae In fez Nia levantar ambas as sobrancelhas. Agora era ela quem estava surpresa. O jeito como o aprendiz observava Hadiya...

Talvez a vontade de Jae In não fosse exatamente apenas retribuir a gentileza das mulheres omlai em relação a ele, afinal...

— Por que eu não fiquei sabendo sobre essa situação no campo? — Taeyang perguntou a seus ministros, a voz melódica controlada para não demonstrar sua confusão.

Apesar de o assunto ser importante e o bem-estar de seu povo estar em jogo, nenhum dos ministros considerou envolver o rei na questão ou sequer saber a opinião dele.

— Porque o assunto já está resolvido, Majestade — disse o ministro da agricultura com um tom orgulhoso.

— Mas eu não concordo com a decisão tomada, ministro Cho — declarou Taeyang, controlando-se para não fazer um biquinho como uma criança matreira que tenta convencer a mãe a lhe dar mais doces antes do jantar. Em vez disso, os lábios cheios do rei estavam espremidos em descontentamento. — Não acredito que meu povo deva pagar mais pelo alimento que os mantém de pé enquanto trabalham nas obras públicas. Se estão sendo mal alimentados ou mal pagos, a culpa é do governo, não deles. Não são eles quem deve pagar mais por isso.

— Mas, Vossa Majestade, se dermos mais comida sem recebermos nada em troca...

O ministro da agricultura começou a falar com voz trêmula, mas logo foi cortado pelo tom altivo do ministro de pessoal, que sugeria que não deveria ser contrariado.

— De acordo com a lei, Vossa Majestade, não precisamos incomodá-lo com questões corriqueiras e desgastantes como essa. Nós decidimos depois de muita deliberação e discussão e os aldeões não passarão mais fome.

Taeyang semicerrou os olhos e os punhos na direção do ministro de pessoal, que se atrevia a lembrá-lo da liberdade que a lei de Hanbyeol dava aos ministros e como eles faziam questão de usá-la para tirar vantagem dos pobres. O rei reconheceu a vontade do ministro Lee de censurá-lo e até de enfrenta-lo, mas respirou fundo e olhou para o ministro como se nada tivesse acontecido.

Assim como seu pai, Taeyang travava uma luta interna cada vez que precisava se controlar para não esganar os ministros ambiciosos com as próprias mãos. Se isso não fosse causar uma guerra política e talvez um golpe de estado, o jovem rei poderia inclusive se satisfazer mandando Chul cortar uma das mãos do homem à sua frente, qualquer coisa que o fizesse entender o quanto Taeyang repudiava as tentativas deles de ganhar mais dinheiro a qualquer custo. Em vez disso, porém, Taeyang se segurava e mantinha a paz, ainda que custasse muito esforço.

— Quando é que vocês vão entender que cuidar do meu povo não é um fardo ou um incômodo, Sr. Lee? — perguntou Taeyang, ainda tentando fazer os punhos se abrirem e os dedos relaxarem.

— Vossa Majestade já tem tanto em que pensar. É apenas justo que o poupemos de questões pequenas e enfadonhas como essa — enfatizou Lee Sang Hun, o ministro de pessoal.

— Isso nunca aconteceria em Omlai. — Com o silêncio que se seguiu às palavras de Lee Sang Hun, o sussurro baixo de Kayin Kalejaiye foi ouvido em alto e bom som.

O ministro de pessoal entendeu as palavras como uma crítica aberta a si mesmo e aprumou o corpo, ficando ainda mais ereto, mas o príncipe omlai era alto e forte, o corpo de músculos bem trabalhados não precisando de qualquer movimento para intimidar o velho político de pele branca, que ficou ainda mais pálida quando encarou Kayin e todo o seu porte de guerreiro.

Taeyang, por outro lado, nem mesmo tentou esconder seu interesse no que seu cunhado tinha a dizer.

— O que quer dizer, Alteza? — perguntou o rei, usando o tratamento formal para se referir ao cunhado para mostrar aos ministros que deveriam fazer o mesmo, apesar de Kayin ter deixado claro que Taeyang podia chama-lo pelo nome agora que eram parentes e sua irmã parecia tão feliz com o marido.

Kayin olhou para os ministros, em especial para Lee Sang Hun, que o encarava com farpas nos olhos, antes de voltar a fitar o rei. Tinha sido chamado para a reunião por cortesia de Taeyang, que fazia questão de não ignorar a presença do príncipe herdeiro omlai nem sua posição como futuro rei, incluindo-o na política de Hanbyeol enquanto este não voltava para casa.

Mas Kayin sabia seu lugar e o que herdaria quando o pai deixasse o mundo dos vivos. O orgulho por sua posição, seu poder e sua linhagem eram parte do príncipe tanto quanto seu próprio corpo. Ele aproveitaria qualquer oportunidade para demonstrar isso, mesmo em terras estrangeiras. Principalmente se o próprio rei daquelas terras o incentivava a fazê-lo.

Além do mais, tinha percebido que Taeyang precisava da sua ajuda, já que precisava lidar com aqueles lobos que só queriam tomar tudo o que pudessem do rei e do povo e, aparentemente, as leis de Hanbyeol ainda eram fracas para defendê-lo. E Kayin tinha decidido, no momento em que botara os pés no palácio byeol e vira Taeyang ao lado de sua irmã, que o jovem merecia sua ajuda e seu apoio.

Dando um passo à frente com altivez, como se nem mesmo um segundo tivesse se passado desde a pergunta de Taeyang, o príncipe herdeiro de Omlai finalmente explicou:

— Em Omlai, nenhuma decisão pode ser tomada sem passar pelo rei. Sim, os ministros discutem as questões e expões suas opiniões, até diminuem as possibilidades para evitar que o rei fique confuso ou tenha trabalho demais, mas nenhuma lei ou ordem é válida até que o rei permita ou ordene que seja. O soberano tem o poder de dar uma ordem que os ministros não aconselharam e até mesmo de vetar uma decisão dos ministros, se assim julgar necessário.

Taeyang se mexeu no trono, os olhos castanho-claros brilhando como se as palavras do cunhado fossem seu maior presente do dia.

— Como o que eu gostaria de fazer na situação em que estamos aqui hoje comentou o rei.

— Mas a nossa lei é diferente — o ministro de pessoal se intrometeu.

— Não é nada que um decreto não possa resolver... — Kayin comentou, como se pensasse em voz alta, apesar do pequeno sorriso travesso em seus lábios grossos e escuros.

Taeyang não foi tão discreto e sorriu abertamente. Há semanas vinha tentando encontrar um jeito de siminuir o poder dos ministros e aumentar o seu próprio para que seu povo tivesse chance de uma vida melhor. Kayin Kalejaiye acabara de lhe dar exatamente isso.

— Parece uma ideia fantástica, Kayin. Obrigado — disse o rei, finalmente demonstrando a proximidade que crescia entre os dois.

— Vossa Majestade não acha que está se precipitando? Mudar a nossa lei implementando uma lei omlai em nossas terras? Isso significaria trazer mais um costume omlai e desistir de mais uma tradição byeol — reclamou o ministro da agricultura, que tinha se calado desde que o ministro de pessoal assumiu a discussão com o rei.

— É uma boa lei, uma lei justa. Uma lei que vai beneficiar o meu povo — retrucou Taeyang, sem desfazer o sorriso e sentando-se mais confortavelmente no trono. — Aliás, é só um decreto. Um decreto que vai permitir que eu saiba de todos os assuntos relacionados ao meu povo e tome a melhor decisão possível em prol do povo. — Taeyang enfatizou sua vontade, assim como o ministro enfatizara sua tentativa de amarrá-lo às tradições. Estava na hora de as tradições certas serem mantidas enquanto as erradas eram trocadas.

— O senhor está tentando nos igualar a Omlai? — perguntou o ministro das finanças, falando pela primeira vez.

Um burburinho surgiu enquanto Taeyang se negava a responder, apenas encarando o ministro das finanças com uma sobrancelha levantada.

— Parece que sim. — Pôde-se ouvir em meio às vozes baixas, o que fez Taeyang soltar uma risada leve.

— O que estão querendo insinuar? — perguntou o rei.

— Está bem claro que Vossa Majestade, junto com o príncipe herdeiro de Omlai, quer transformar nossa nação em uma extensão da deles em terras distantes, trazendo pessoas omlai para cá, casando-se com uma princesa omlai e agora trazendo as leis deles e impondo-as sobre nós — outro ministro tomou coragem para falar.

Sang Hun baixou a cabeça para impedir que o rei visse seu sorriso. Ele tinha começado a discussão e tentado manter o jovem rei calado, mas este tinha cavado a própria sepultura, como a princesa Hee Jin disse que faria. Em sua conversa com ela dois dias antes, o ministro tinha demorado a acreditar que seria tão fácil encontrar uma desculpa para tirar Taeyang do trono, mas precisava admitir que a princesa viúva estava certa. Mais do que isso, nem mesmo era necessário incitar os outros ministros a agirem contra o fervoroso e justo rei. Tudo que era necessário era começar uma discussão e deixar os ânimos se agitarem.

— Talvez esteja na hora de revermos a posição e o poder do rei e o que um erro nesse sentido poderia representar para a nação e nossa liberdade — sugeriu o ministro das finanças após ver o semblante orgulhoso do ministro de pessoal. O plano deles estava dando certo.

Mas, antes que Taeyang pudesse demonstrar sua indignação ou mesmo responder à sugestão de ser destronado, outra voz surgiu no salão, uma voz que raramente era ouvida em reuniões ou qualquer conversa política, que pertencia a alguém que normalmente preferia nem estar presente.

— Eu espero, realmente, que os senhores não estejam insinuando me colocar no trono no lugar do meu primo. — Havia reprovação na voz forte e suave de Wang Joon Ho, mas, acima disso, havia nojo e desprezo. — Eu, sinceramente, não sei como deixar mais claro que não desejo me sentar no trono, nem mesmo como uma brincadeira, e não vou compactuar com qualquer tentativa de traição, usando uma interpretação distorcida da política ou não.

Os olhos de Taeyang encheram de lágrimas, pois sabia o quanto aquelas palavras exigiam de Joon Ho. Palavras que ele repetia vezes sem conta, apenas para ser ignorado por aqueles que desejavam ver a discórdia crescer na família real.

O rei moveu os lábios para agradecer ao primo em silêncio, mas Joon Ho continuou falando de seu lugar próximo à porta, ainda sem se aproximar de Taeyang ou do trono que tanto desprezava, com os ministros finalmente calados ouvindo.

— Sendo assim e diante do que minha presença, minha mera existência, é capaz de causar ao rei, a quem eu apoio incondicionalmente, peço sua permissão para partir da capital em um exílio autoimposto no qual apenas o rei saberá meu verdadeiro paradeiro, para me convocar ou ordenar conforme achar devido. Apenas o rei e ninguém mais.

O queixo de Taeyang caiu à medida que seus olhos se arregalavam. Não esperava que Joon Ho fosse pedir para ser exilado, muito menos que ele fizesse isso na frente de todos os ministros e tão abertamente. Taeyang sabia, porém, quais eram as intenções do primo. Porque não era difícil saber que o rei negaria qualquer pedido desse tipo se tivesse escolha.

Taeyang fechou os olhos por um segundo, assimilando o fato de que teria que conviver sem a presença do primo, que já via pouco. Quando tornou a abri-los, deu a única resposta que podia com um aceno positivo de cabeça enquanto via Joon Ho se desculpar silenciosamente do outro lado do salão.

O rei tinha conseguido assegurar seu trono e uma nova política que lhe daria chance de ajudar seu povo, mas o custo disso seria alto para ele.

Joon Ho deixou o palácio rapidamente após se despedir do rei depois daquela reunião, mas não sem antes se despedir da própria mãe. Por isso, a princesa viúva estava agora com o rosto ligeiramente avermelhado, a mandíbula trincada e os dentes cerrados enquanto andava apressadamente, porém sem rumo, por um dos pátios do palácio.

Hee Jin gostaria de arrancar a cabeça do jovem rei de seus ombros largos com as próprias mãos naquele momento por ter exilado o único filho dela – não importava que a decisão do exílio tivesse sido do próprio Joon Ho, nem mesmo que o primo do rei tivesse deixado Taeyang sem saída a não ser conceder o pedido dele. Para Hee Jin, a culpa era e sempre seria de Taeyang.

Mesmo que ela não tivesse qualquer motivo para culpar o jovem e esforçado rei além de ele estar sentado no trono que ela pensava pertencer por direito a ela própria.

Como não havia qualquer lei em Hanbyeol que permitisse uma mulher reinando sozinha, sem ser comandada por um homem como pai ou marido, ela faria o sacrifício de ceder o trono ao próprio filho, que ela considerava uma extensão de si própria e, de qualquer forma, seria seu herdeiro. Mas Shin Taeyang tinha se certificado de impedir isso no momento em que permitiu que Joon Ho deixasse a capital sem previsão de volta, aliás sem que qualquer pessoa soubesse de seu paradeiro para trazê-lo de volta, nem mesmo a própria mãe.

Hee Jin poderia matar o rei com as próprias mãos apenas por isso.

Mas, como nem mesmo os membros da família real poderiam sair impunes de alta traição e tentativas de assassinato contra o rei, ela tinha decidido seguir os conselhos de suas criadas devotadas – e medrosas – e estava caminhando para espairecer. Suas criadas temiam que Hee Jin matasse uma delas estrangulada no lugar do rei, já que não poderia acabar com a vida de seu sobrinho sem morrer como consequência.

Entretanto a caminhada não estava fazendo o menor efeito sobre seu humor azedo ou suas explosões de raiva. As criadas poderiam jurar que, se o rei aparecesse no pátio naquele exato momento, a princesa viúva nem mesmo precisaria tocar nele para tirar-lhe a vida. Apenas um olhar seria suficiente. Por isso, todas as criadas andavam a pelo menos cinco passos da tia do rei, com medo de serem atacadas pelo olhar fatal ou pelas mãos inquietas e maldosas.

A raiva, porém, deixou os olhos de Wang Hee Jin aos poucos quando outra pessoa cruzou seu campo de visão, dando lugar à malícia.

Não era Shin Taeyang que ela via, é claro, principalmente porque o rei loiro não usava os cabelos escuros para trás, presos por uma fita delicada e adornados por uma trança imaculada ao redor da cabeça, como ela estava vendo. Era Lee Mi Suk. E a presença da nobre ambiciosa transformou os planos maldosos de Hee Jin, ainda que não diminuísse a malícia deles.

A princesa viúva se aproximou da jovem filha do ministro de pessoal. O pai dela havia falhado em usar a política para tirar taeyang do trono, mas talvez a filha tivesse êxito em fazê-lo abandonar o assento real por conta própria, usando o coração dele para tanto.

— Doce senhorita Lee... — chamou Hee Jin ao se aproximar da garota como uma leoa se aproxima da presa, os olhos mais perversos que o veneno é uma víbora.

Lee Mi Suk estremeceu. A voz da princesa viúva demonstrava que algo estava errado – mais errado que o normal. A tia do rei sempre foi maliciosa e gananciosa, mas nunca tinha soado como se fosse a própria personificação da crueldade.

Ciente de que poderia se tornar o alvo do que ouvia na voz da mulher, Mi Suk se virou para ela, pela primeira vez desejando não ter se envolvido com os planos da princesa viúva e percebendo que estava presa aos caprichos dela.

— Vossa Alteza — respondeu a jovem, relutantemente mostrando um sorriso.

— Acho que está na hora de nossas ações se tornarem um pouco mais... incisivas — declarou Hee Jin e ficou claro para as duas que, por nossas, a tia do rei queria dizer as de Mi Suk.

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