Capítulo 48
Nunca pensei que teríamos que seguir separados.
Você está acima de qualquer pessoa.
Eu não te amei? Nós não voamos?
Sei que ainda me importo com você".
( Dind´nt I - One Republic)
Minha rotina continuou seguindo como devia ser, e fiquei aliviada de ter conseguido agradar a orientadora do meu trabalho com o que fizemos no manuscrito do TCC, ela gostou do projeto que montamos para auxiliar a proprietária de uma loja de roupas de um bairro. O nosso foco seria estratégias eficazes para melhorar o marketing da empresa, assim ela ficaria mais conhecida e aumentaria a sua clientela.
Depois da bronca que tomei da minha mãe por ter aprontado e usado a grana dela pra comprar bebida sem sua permissão, eu tive que ser mais cautelosa e acabei convencendo meu namorado a me levar em festas de novo, já que ele não confiava que eu fosse sozinha e eu não tirava sua razão porque sabia que ele queria o melhor pra mim. Ele temia que algo me acontecesse e por isso acabava sendo muito protetor.
Dessa vez a festa seria na casa de um aluno de redes que era conhecido da Mônica, e ele convidou poucas pessoas, não mais que trinta porque sua casa não cabia mais gente que isso em seu quintal. Os pais dele estavam viajando a trabalho, e ele aproveitou pra festejar com a galera, típico de adolescente, né?
Como a gente já tinha passado pelas provas trimestrais todo mundo queria relaxar, afinal, fazer três a cinco provas por dia por uma semana não é fácil, a gente ficava muito estressado, pois essas provas seriam somadas e multiplicadas para obter a média global e muita gente dependia dela para se classificar para conseguir o estágio na cidade, então imagina a pressão nos ombros do pessoal.
Eu não quis fazer estágio apesar de ter conseguido uma boa classificação porque não estava com cabeça pra isso, já tava ansiosa com os trabalhos e outras coisas, achei iria me sobrecarregar, e apesar de ter recebido a oferta pra trabalhar numa das secretarias da cidade, optei pela recusa porque não queria causar problemas a ninguém, e disse que por questões de saúde preferia não estagiar naquele momento, já que o estágio não era obrigatório, era apenas uma forma de ganhar experiência, mas o ritmo puxado da escola deixava muita gente doida, e a maioria parecia zumbi.
A minha andava bem sumida e não me falava onde estava indo, nas sextas feiras ela dizia que tinha um compromisso e que iria chegar tarde, e que se eu precisasse de alguma coisa era pra ligar para ela.
Estranhei no começo porque minha mãe nunca foi de sair e não avisar nada, mas imaginei que ela estivesse tentando espairecer com as amigas e não quis me intrometer, ela também merecia se divertir, não devia ficar como um cão de guarda pra ver se eu estava bem. Só porque uma vez eu deslizei, não significa que sempre pensei naquilo.
Então já que ela iria sair, eu também tinha direito. Já tinha adiantado todas as minhas atividades e trabalhos naquela tarde para poder aproveitar o fim de semana mais tranquila.
Para a festa de Bernardo Almeida escolhi usar uma saia jeans com abertura lateral e uma blusa preta frente única feita com material leve, conhecido como viscose, com amarração e decote v com uma sandália de salto baixo preta com detalhes prateados.
Exatamente no horário combinado, Natan veio me buscar no Uber. Ele estava lindo com uma camisa branca, jaqueta de couro preta, calça preta e um coturno marrom que dava a ele estilo moderno. Seus cabelos ondulados e medianos estavam um pouco molhados, e ele os sacudiu perto de mim só pra me assustar.
— Ai que susto
— Estava tão entretida aí fazendo esse traço de gatinho nos olhos que resolvi te assustar, amor. — ele me deu um beijo no pescoço que me arrepiou.
— Você tá um gato, hein?
— Olha quem fala, quer me matar desse jeito? Ainda bem que não vai sozinha, ou vários iriam te cercar.
Passei um brilho labial rosa bebê, e peguei minha bolsa. Tranquei a casa, depois o portão e saímos. Não queria atrasar o motorista. Durante o trajeto Nathan e eu permanecemos abraçados e minha cabeça descansava no ombro dele.
A casa de Bernardo era no alto de uma rua que ficava no jardim Líbano e eu nem conhecia aquele bairro, então foi bom ter essa nova experiência. A casa dele era um sobrado. As paredes do exterior da casa tinham uma textura de tijolos laranja daqueles modernos e sofisticados. Os quartos ficavam no andar de cima e a sala e cozinha com copa no primeiro andar.
Ainda no primeiro andar havia a varanda com quintal e churrasqueira, era uma bela casa com área gourmet. Nathan pagou o valor da corrida para o motorista do carro e depois entramos na casa do Bernardo após tocar o interfone para avisar quem chegamos.
Encontramos a Mônica tomando uma cerveja ao lado de algumas pessoas, ela estava usando um vestido vinho justo trançado na lateral com detalhes dourados. Seus cabelos que antes eram longos, agora estavam na altura dos ombros. Ela estava muito bonita com aquela roupa que combinava com o salto grosso da sandália preta.
Assim que ela nos viu correu para nos cumprimentar. E nos apresentou aos seus colegas. A música eletrônica animava a festa e alguns garotos comandavam a churrasqueira do Bernardo.
Eu me senti bem tranquila e aproveitei o churrasco e as bebidas oferecidas, já que os pais do anfitrião tinham uma adega e de vez em quando faziam festas também, então não faltava bebida ali.
Aos poucos fiquei mais solta, mas à vontade, dancei bastante com Nathan e com outras pessoas porque queria aproveitar bem a noite. Bernardo foi um dos que se aproximou de mim, ele tinha metade da cabeça raspada e um elegante topete de cabelos castanhos, e quando quis se engraçar comigo, meu namorado fez questão de marcar território e ele ficou sem graça.
— Não te falei que iam dar em cima de você, Estela?
— E o que tem demais nisso? Não é porque vão mexer comigo que eu vou dar trela a eles.
— Como assim? Você gosta desse tipo de coisa?
— Eu nunca tive atenção antes, então talvez eu goste de me sentir um pouco atraente, qual o problema?
— Não vou levar o que disse a sério porque tá bebendo. É diferente agora porque você tem namorado.
— Tá com ciúmes? — provoquei.
— Não se importa se eu dançar com outra menina então? — ele arqueou as sobrancelhas e ergueu meu queixo para que olhasse pra ele.
— Não esquenta, Nathan. Não estrague o momento. — ele bufou e me apertou contra si. — Não sei o que acontece comigo, mas não sei se aguento dividir você com outro cara, entende? — e antes que eu pudesse discutir ele me beijou.
Ficamos ali dançando e curtindo a festa até que o celular dele tocou. Ele se afastou pra atender e eu fiquei ali sozinha. A música Dind´t I de One Republic começou a tocar e me trouxe boas lembranças.
Quando dei por mim tinha olhos azuis me observando e eles já foram minha ruína um dia, me perguntei o motivo de ainda sentir meu coração acelerar com a aproximação de Caio.
— Oi, Estela!
— Não esperava te ver aqui, Caio.
— Por que não? Eu também posso ir às festinhas como você. Qualquer um pode né?
— Muita coincidência que esteja aqui e justamente quando estou sozinha. — ele sorriu e meu coração acelerou mais um pouco.
— Tá linda, não é a toa que muitos caras aqui te desejam e comentam a sorte que tem o cara com quem você tá ficando.
— Ele é muito incrível, eu que acho que não o mereço.
— Eu não te esqueci e vou continuar lutando pra te reconquistar, só pra deixar claro. Eu te amo, sua boba.
— Para de mentir. Não me ilude assim.
— É verdade e dizem que os bêbados falam a verdade, se eu tô um pouco alterado, então não vou mentir.
— Eu também já tô ficando de fogo.
— Deixa eu apagar seu fogo então, tô morrendo de saudades de você. — ele falou no meu ouvido e eu arrepiei.
— Não é certo isso. — desviei o olhar do dele, mas o garoto segurou meu rosto e me deixou instável com isso.
— O que é errado? Amar é errado? Tá na sua cara que ainda me ama, não tenta disfarçar que eu sei.
Meus olhos marejaram, estava em uma grande batalha comigo mesma porque não queria ferir os sentimentos de Nathan, ao mesmo tempo não podia negar que ainda gostava do Caio mesmo que eu não quisesse admitir aquilo.
Naquela altura do campeonato já tinha bebido tanto que tava até tropeçando e percebi que era hora de parar ou o pior podia acontecer ali naquela festa.
— Preciso... ir.. embora.
— Eu te levo, também já to de pileque, mais que isso não aguento.
— Mas e o que vão dizer?
— Diga pra Mônica que vai embora de Uber porque não se sente bem. Eu vou chamar um carro pra você.
Com muita dificuldade me aproximei do sofá bege na varanda e a chamei. Ela estava no colo de um garoto.
— Mônica, não tô muito legal e o Nathan parece que já foi. Então vou pra casa, daqui a pouco vai amanhecer o dia e preciso voltar antes que minha mãe encha meu saco.
— Tá, eu aviso ele se me perguntar. Vai sozinha?
— Chamaram um carro pra mim, então vou esperar o motorista lá fora. Tchau! —
ela acenou em despedida e eu saí da casa.
Caio veio me encontrar pouco tempo depois e me indicou o carro que me aguardava na rua, era um Fox branco. Entrei no veículo e ele veio junto comigo.
— Por que vai comigo?
— Achou que ia te deixar ir embora sozinha a essas horas? Até parece! Tem muito maluco por aí, não posso deixar que corra esse risco, linda.
— Se virem a gente indo embora juntos tô ferrada, até explicar vai ser um inferno.
— Esquece os fofoqueiros. Vamos embora! — ordenou ele para o motorista e ele deu a partida.
Achei que iria me deixar em minha casa, mas quando o motorista finalizou a corrida, eu reconheci que aquele endereço não era o meu, e sim do de Caio, isso me deixou temerosa.
— O que estamos fazendo na sua casa?
— Vai dormir aqui, entendeu? Não tem condições de voltar para sua cas desse jeito.
— Quem é você pra mandar em mim?
— Alguém que quer seu bem e se importa com você, garota.
A corrida seria paga no cartão dele, então logo descemos do carro e caminhamos em direção ao portão da casa dele. Com rapidez ele pegou as chaves do bolso e abriu o portão.
— Tem alguém na sua casa?
— Meus pais foram visitar parentes e meu irmão foi morar com colegas depois que brigou com meu pai, então fica tranquila que estamos sozinhos.
Esse era o meu medo, não poderia ficar sozinha do lado da tentação, pois do que adianta brigar com a razão se o coração não quer saber de obedecer o que é certo, só que sentir e se apaixonar ainda que ele se machuque no processo.
— Por que tá fazendo isso comigo? — comecei a chorar.
— O que eu to fazendo contigo? Declarando o que sinto? Tentando te fazer entender de todas as formas do mundo que você é a única garota que eu amo?
— Não fala isso que dói.
— Se seu coração dói é porque me ama, deixa de fazer doce e aceita de uma vez que a nossa história não acabou.
— Droga! Não devia estar aqui.
— Deixe pra lá as preocupações, vamos só deixar nossos corações se reencontrarem, e nossos corpos também. Sabe quanto me sinto machucado em te ver com ele? Parece que uma estaca cravada no meu peito toda vez que os vejo juntos, por isso não me dou por vencido tão fácil, não quando eu sinto que o que a gente tem é único. — e então ele puxou minha nuca com desejo e tomou meus lábios em um beijo possessivo, no começo não quis retribuir, mas meu corpo reconheceu o dele e mandei tudo à merda, o beijei de volta com todo meu ser.
Caio arfou contra meus lábios e me sentou no seu colo, senti a sua ereção pulsando e com suas mãos ele acariciava as minhas costas e me provocava cada vez mais.
Era como se ele tivesse começado um incêndio no meu corpo, não sabia como explicar. Nos beijamos como dois náufragos em busca do ar, como se estivéssemos loucos de saudade.
Ele me levou em seus braços até seu quarto e me deitou em sua cama.
— Quer mesmo isso? Preciso saber porque eu te quero, mas só se me quiser. Eu te amo, princesa.
— Eu não consigo mais distinguir o certo ou errado, estou agindo por impulso e vou me arrepender, mas que se dane, eu quero.
Arranquei a blusa dele e beijei seu peitoral, ele tirou a minha blusa e meu sutiã. Abocanhou meu seio com desejo e me levou ao delírio, e quanto mais eu gemia, mais ele enlouquecia. Me livrei da saia e da calcinha e ele tirou a cueca box preta.
— Vamos tomar um banho? Assim a gente tira esse cheiro de cerveja da festa e podemos curtir mais juntos. — aceitei sem pestanejar.
No banho entre beijos, carícias, gememos ansiosos para terminar o que a gente tinha começado. Era como se estivéssemos sedentos um pelo outro, como se um fosse o ar do outro, uma sensação de completude me tomava, e mandava a minha razão pro espaço, apenas meu instinto comandava e nesse momento o culpado do meu desatino era aquele loiro de olhos azuis que continuava virando meu mundo de cabeça pra baixo.
Quando terminamos o banho ele me colocou de quatro e me chupou com gosto, e aquilo me enlouqueceu de tesão, fiquei alucinada, estremecia, gemia sem parar, e quanto mais alto gemia, mais louco ele ficava.
Quando achei que já tinha sentido muito desejo, ele continuou me provocando e me penetrou de bruços após usar o preservativo. Cada estocada rápida e profunda me deixava ansiosa por mais. Transar com ele era diferente, ao menos dessa vez eu não tinha mais receios, só me deixei levar e ele fez o mesmo, e foi incrível.
Transamos mais duas vezes naquela noite e eu fiz questão de devolver na mesma moeda cada provocação que ele me fez, o torturei até que não aguentasse mais e quisesse entrar em mim.
Ficamos exaustos e dormimos nus em sua cama. Minha mente me condenava pelo que fiz, mas meu coração estava saltitante de felicidade como se tivesse recebido uma injeção de esperança.
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