"Quando ela era apenas uma garota.

Ela tinha expectativas com o mundo.

A vida continua.

Fica tão pesada.

A roda corrompe a borboleta.

Ela sonhou com o paraíso".

(Paradise-Coldplay)

No dia seguinte acordamos cedo para aproveitar bem o dia, depois da higiene matinal,eu vesti meu maiô preto com a canga rosa por cima, passei protetor solar e minha mãe usou o maiô vermelho dela com uma canga preta.

Fomos tomar café da manhã no refeitório da pousada e eu comi tanto que achei que ia explodir, tinha tanta coisa gostosa como pães doces, rosquinhas,pães de queijo, bolos de chocolate e de cenoura, eram muitas opções para serem escolhidas.

— Calma, Estela! Come devagar, menina. — minha mãe pediu.

— É o medo de acabar tudo. — brinquei. — Pobre quando tem comida de graça é assim mesmo, é o desespero de acabar logo que fala mais alto do que as boas maneiras. — minha mãe caiu na gargalhada.

— Só você mesma pra fazer essas zoeiras. Mas vai com calma, ou pode passar mal, ok?

— Achei muito legal que a pousada Marina fica de frente pra praia, facinho da gente ir pra lá e aproveitar, e o bacana também é que não é tão cheia, fico mais tranquila assim.

Comi de tudo um pouco porque a pousada custaria cem conto por dia, então a gente não podia gastar demais em outros lugares ou coisas, minha mãe tinha a grana contada para cinco dias de hospedagem e algumas programações,além da viagem de retorno, então não podia extrapolar.

Depois de estar devidamente abastecida fomos para a praia, e eu tirei muitas fotos minhas e da minha mãe. A água do mar era linda, tinha um azul turquesa belíssimo parecendo aqueles do Caribe. A areia realmente era bem branquinha, era um paraíso.

Tomamos banho de mar, tomamos água de coco e comemos umas porções de camarões fritos e batatas em quiosques perto da praia.

Depois pegamos um barco para conhecer o Arraial do Cabo e foi um passeio maravilhoso,nos divertimos bastante. No final da tarde voltamos para Cabo Frio e fomos para a pousada descansar, por sorte o dia estava apenas nublado, então deu para aproveitar, pois julho é um mês bastante chuvoso.

Na pousada jogamos pebolim e tomamos café da tarde antes de irmos para nosso quarto.

***

— Eu tô morta! Agente andou pra caramba, hein? Eu nem queria comprar nada, mas passar naquela feirinha e não levar uma lembrancinha foi impossível. —disse minha mãe.

— São lindos mesmo os artesanatos que eles fazem, não deu pra resistir. Tomara que o tempo continue assim sem chover pra gente poder aproveitar bem os passeios.

— Também espero isso filha. A mãe vai dormir um pouco agora, ok? — ela deitou navccama dela e tirou um cochilo.

Enquanto ela dormia eu dei uma olhada nas minhas redes sociais e postei algumas fotos do dia de hoje. Nathan foi um dos primeiros a curtir e comentar. Só não esperava que o Caio também curtisse e isso mexeu um pouco comigo, ele queria era me iludir? Ia querer ser meu amiguinho agora depois de tudo que aconteceu?

Mandei mensagem para Mônica no whats'app para saber como ela estava e o que tinha feito nas férias depois que saímos da casa de praia de Nathan, e ela que estava online naquela hora, respondeu dizendo que não tinha feito nada demais e que estava indo em algumas festas de colegas para sair do tédio.

Decidi não comentar com ela sobre Caio, pois achei que ela não ia gostar de saber da aproximação dele, e por algum motivo eu fiquei curiosa para ver onde ele iria, estaria arrependido? Seria ele inocente mesmo e quanto ao culpado? Eu tinha escolhido não pensar mais naquilo para não termais crises, preferia esquecer, mas ver a foto dele me trazia lembranças, o que eu podia fazer se de algum jeito ainda não tinha arrancado ele do meu coração totalmente?

***

Nos dias seguinte seu e minha mãe nos revezamos na piscina da pousada, passeios nas praias e eu me arrisquei a fazer o mergulho com o instrutor, e foiu ma experiência inesquecível poder ver tanta beleza no mar daquela forma tão intensa e mais nítida, fomos com instrutores e minha mãe também ficou encantada com as espécies de animais que encontramos e a diversidade deles na região.

Um dos passeios que mais gostei foi quando estivemos na ilha do japonês. Para chegar até lá foi preciso usar um barco e o preço custa cinco reais por pessoa, é o trajeto mais seguro porque se alguém tentar chegar lá a pé mesmo que seja na maré baixa, ainda assim a água pode bater na cintura ou no peito dependendo do horário, por isso pessoas deidade e crianças terão dificuldade na travessia, já que a água acaba puxando as pessoas em alguns momentos.

A ilha é bastante tranquila e é uma excelente pedida para fazer um piquenique, eu e minha mãe levamos sanduíches e salgados para comermos, já que não há comércios ali para que os visitantes utilizem para alimentação.

As águas são transparentes e calmas, nós fizemos um passeio maravilhoso de caiaque durante uma hora, e não nos aproximamos do local de entrada da água do mar, pois ali há pessoas que pilotam jet skis, então era mais perigoso.

A semana passou bastante depressa, mas aproveitamos bem a nossa viagem. Nós sempre voltávamos ao nosso quarto bastante exaustas, mas contentes pelos programas que fizemos. Saíamos cedo e retornávamos bem tarde.Algumas vezes fomos a barzinhos e aproveitamos as atrações da cidade.

Tirei muitas fotos com a minha mãe, e ela fez questão de me lembrar de tomar os remédios todos os dias para que não deixasse meu tratamento de lado, ainda que me sentisse bem naqueles dias, pois eu não podia me descuidar, eu fui diagnosticada com borderline e todo cuidado era pouco, vivia na corda bamba para não me descontrolar porque era muito intensa em minhas emoções.

Falei com a minha psicóloga por video chamada para contar como me sentia e ela se alegrou por me ver bem. Contei a ela sobre meu rolo com Nathan e os novos amigos que fiz, ela quis saber se me dei bem com as medicações e a tranquilizei ao dizer que me acostumei com elas.

Estava conseguindo dormir melhor e as crises de ansiedade deram um tempo, talvez porque segui o conselho dela e tentei mudar meu estilo de vida e também praticar atividade física sempre que pudesse, escolhi a dança e a caminhada e fazer essas coisas semanalmente me fazia muito bem, me ajudava a controlar a minha instabilidade de humor, e a me sentir melhor comigo mesma.

Logo chegou o sábado e nossas coisas já estavam lavadas, secas e organizadas em nossas malas para que a gente voltasse para São Paulo na tarde daquele dia.Estava feliz pelos bons momentos que tive com a minha mãe, foi bastante divertido e senti que fez muito bem a ela também descansar um pouco da rotina intensa de trabalho como diarista, nos reconectamos um pouco mais.