Capitulo 4
"Estou pensando em como as pessoas
Se apaixonam de maneiras misteriosas.
Talvez apenas o toque de uma mão.
E eu me apaixono por você a cada dia."
Thinking out Loud – Ed Sheeran.
O final do trimestre estava chegando e com ele todo mundo se borrando de medo de não atingir a média global que a nossa escola exigia, como nossas notas eram calculadas por meio da média ponderada, então a média global era retirada do resultado desse cálculo e ai de quem ficasse na corda bamba! Era horrível saber que você só foi aprovado pelo conselho de classe.
Isso nunca aconteceu comigo, graças a Deus! Mas com a Cat não podia dizer o mesmo ou com a Mayara que vivia chorando depois das provas com medo de repetir de ano, o que seria um pesadelo para ela.
Cat até me pediu um help por que não estava a fim de bombar na FQM, a sigla para as matérias de exatas que ela mais odeia no mundo. E eu tive que dar um reforço para ela após as aulas a fim de ajudá-la.
Ficávamos até um pouco mais tarde na biblioteca estudando, e vez ou outra o gatinho dos meus sonhos aparecia por ali para pegar algum livro ou devolver o que já tinha acabado, e minha vontade era deixar a Cat um pouquinho de lado e puxar papo com ele, mas Cat me fuzilava com o olhar e eu tinha medo disso, seus olhos negros me olhavam com aquele olhar 43 como quem diz " ou você me ensina direito ou eu vou te infernizar até aprender essa coisa".
Eu desviava o olhar dela para o Caio para que entendesse o porquê eu tinha me distraído e ela sorria quando compreendia isso.
— Eu sei que você está se coçando para ir falar com ele, mas deixa ele vir falar com você, ok? E se rolar alguma coisa eu não vou ficar de vela, juro! — Cat até fez figuinhas com os dedos na sua promessa.
— Você me enche de esperanças, mas por enquanto a gente só se fala de vez em quando. Nem tenho o contato dele nas redes sociais ainda, e claro que ele não vai me dar a não ser que confie em mim. — respondi com um muxoxo.
Voltamos para o exercício de física que era para calcular algumas coisas na fórmula dos jaules, o que para a Cat parecia grego, e ela tinha quase certeza que o professor daria um autógrafo de caneta vermelha na sua prova e isso não seria nada bom.
— Eu nem te falei que eu também estou gostando de um carinha aí. — comentou ela enquanto prendia seus cabelos negros e cacheados em um coque no alto da cabeça e segurava os fios com um lápis para evitar que o penteado se desfizesse. Estava bastante calor naquele horário da tarde e nós duas não víamos a hora de ir embora e tomar uma boa ducha para nos refrescar.
— Como assim? Que babado é esse? De que curso aqui da escola ele é?
— Ele é de Redes, conheci ele em uma das palestras que deram para o nosso curso e para o dele recentemente.
— Como ele é? Me conta que eu tô doida para saber. Você quase nunca fala de quem está a fim.
— Noah é alto, tem a pele bronzeada como eu, os cabelos descolados com dreds, mas ele sempre os deixa presos, e uma barba feita que acho maravilhosa, ah ele é lindo, e a gente tá ficando há alguns dias, é isso.
— Nem ia me contar, sua vaca? Que injusto comigo que sou sua amiga, você é obrigada a me suportar e eu a você, nos amamos e nos detestamos algumas vezes, normal entre amigas.--brinquei e ela caiu na gargalhada.
— Bom, não era para ser um lance sério, a gente só estava deixando rolar e se curtindo, mas ele gostou de mim e acabamos pegando um cineminha semana passada. Quem sabe se continuar assim a coisa decole de vez, e eu tenha achado o meu boy.
— Tomara que sim! Assim você deixa de me infernizar no zap com os seus áudios que nunca acabam, agora vai encher os ouvidos do seu boy.
De repente, uma mão pousou no meu ombro e olhei para ver quem era, e um par de olhos azuis esverdeados prendeu toda a minha atenção naquele instante.
Caio sorria e eu fiquei sem graça por que diante do meu papo despojado com a Cat depois que finalizamos o exercício, eu nem tinha percebido a aproximação dele.
— Tudo bem, meninas? O que estão fazendo?
— Tudo bem. — respondeu Cat.
— Eu estava ajudando a Cat a estudar para a prova de física se não a mãe dela vai esfolar se tirar vermelho de novo, e ela estava morrendo de medo de isso acontecer, sabe?
— Ah, entendo. Mas Estela é bem inteligente, acho que deve ter te ensinado direitinho. — comentou ele enquanto puxava uma cadeira para se sentar ao nosso lado.
Cat pigarreou, em seguida arrumou suas coisas e piscou para mim.
— Essa é a minha deixa, gente. Vou indo, podem ficar mais à vontade. — E ela saiu da biblioteca e me deixou numa enrascada por que estar perto do Caio era perder completamente as palavras.
— Legal isso da tua parte de ajudar tua amiga nos estudos, muito nobre.
— Epa! Ele me elogiou? Socorro!
— Não custa ajudar nossos amigos, não é? E aí que livro estava lendo dessa vez?
— Eu peguei o Zorro da Isabel Allende, um livro super incrível de aventura desse justiceiro, gostei bastante e foi indicação da Bel, a bibliotecária aqui. — disse ele enquanto parecia analisar a minha alma através dos meus olhos.
— Parece interessante, eu li uma fantasia há poucos dias sobre anjos e nephilins pelo meu kindle, é simplesmente fantástica, se chama Epinício de Sangue da escritora Sinéia Rangel.
— Kindle? Você gosta de livros digitais então?
— Eu gosto tanto dos físicos quanto dos digitais, o bacana do segundo é que você pode encontrar livros impressos que são muito caros nas livrarias, e ali estão por um preço mais acessível, e na era que a gente vive nem todo mundo quer carregar livro para todo canto, então prefere ler no tablet ou no celular. Eu leio os físicos em casa ou levo para algum trajeto demorado para a capital, mas eu amo Kindle, ele é maravilhoso, revolucionou o que se conhecia por ebooks.
— Eu adoro conversar com você por isso, sabia? Não é uma garota fútil, mas tem muito conteúdo, quero ler todas as suas páginas para descobrir mais do enigma da sua história. — respondeu ele, e eu fiquei ainda mais tensa perto dele.
— Você vai falar a verdade se eu te pedir?
— Não tenho motivos para mentir, Estela.
— Ok, então o que você quer comigo, afinal?
— Não entendi aonde quer chegar, linda.
— É que faz algum tempo que nos falamos, e você tem um jeito fofo, mas ao mesmo tempo me deixa confusa com o que diz.
— Seja mais específica. — ele tirou uma mecha do meu cabelo que caiu no meu rosto, e a colocou atrás da minha orelha, aquilo fez meu corpo inteiro se arrepiar com seu toque.
— O que você sente por mim?
— Eu também quero descobrir a resposta. — Caiou passou a mão nos cabelos loiros e sorriu, ah isso meu coração não aguenta! É beleza demais para ele, tadinho.
— Não tem certeza do que sente, é isso?
— Sentimentos são um novelo de lã e eu não quero desenrolar o meu agora. Vamos deixar as coisas acontecerem e ver como tudo termina.
— E o que tiver que ser será. — completei.
— Você é uma caixa de surpresas, Estela. Quanto mais tento te entender, mais confuso também fico em busca das respostas. Com você posso ser eu mesmo, sem pressão, sem medo, posso ficar à vontade e isso me deixa feliz.
— Com seus amigos então é diferente, suponho.
— É complicado. Algumas vezes já fiz coisas que eu não queria apenas para não perder a amizade deles, mas ultimamente ando tão cansado que não estou me importando mais com nada. Danem-se aqueles otários! Pelo menos estou podendo te conhecer mais e confirmar o que eu já sabia.
— O que já sabia?
— Que você é uma garota incrível e só alguns podem enxergar isso. Bom, não vou mais te atrasar, até por que já são duas da tarde, e eu preciso me mandar antes que minha mãe comece a me ligar desesperadamente. Até mais, princesa! — Caio me deu um beijo na testa que me pegou de surpresa e eu apenas acenei e sorri em resposta depois que ele atravessou a porta para ir embora.
Oh coração bobo! Bate descompassado a cada sorriso, a cada olhar profundo, a cada aproximação física e palavras de afeto.
Eu estava cada vez mais apaixonada por Caio e isso era perigoso, quanto mais o tempo passava, mais as coisas evoluíam de uma simples paquera para algo mais sério, e era disso que eu tinha medo por que se tudo ficasse exatamente como sempre foi eu iria gostar dele apenas de longe e não me machucaria, mas como diz o poeta Camões: " amor fogo que arde sem se ver, é dor que dói e não se sente, é um contentar descontente, é um não querer bem mais que querer, é querer estar preso por vontade.
Eu estava presa, condenada, apaixonada e a queda desse sonho poderia me estilhaçar, deixar minha alma como vidro fissurado.
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