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Capítulo 26

"É assim para as garotas.

As pessoas julgam você pela aparência e pelas coisas

que escutam sobre você. Elas colocam um rótulo em você. "

(13 Reasons Why)

Voltar para a escola depois de semanas após o ocorrido foi estranho, ainda sentia alguns olhares direcionados a mim e comentários e expressões sendo feitas de maneira um pouco insensível. Por mim eu teria trancado a minha matrícula mesmo estando perto do final do segundo ano, eu nem tinha mais o mesmo foco nas aulas que antes, mas pela minha melhor amiga eu fiz um grande sacrifício para retornar ao colégio. Eu estava de corpo presente nas aulas, mas me sentia tão vazia, tinha uma sensação de desconexão, como se tudo estivesse caminhando em frente e eu em câmera lenta.

Fui chamada na orientação no intervalo e eu já sabia do que se tratava a conversa. Bati na porta e a orientadora Martha assentiu quando pedi para entrar.

— Oi, a senhora pediu para me chamarem? — ela fez sinal para que me sentasse e ajeitou seus óculos.

— Sim, seja bem-vinda novamente, como está?

— Eu estou bem.

— Está mesmo ou é só para terminar a conversa logo?

— Não se preocupe comigo, o que deseja saber?

— Você ficou afastada para a sua recuperação e agora já está apta a retornar as aulas, vou precisar que faça alguns trabalhos para recompensar o tempo que ficou longe, tudo bem? Os professores vão te enviar por e-mail. Também quero saber se desconfia quem possa ser o responsável pela postagem.

— Vocês realmente se importam com isso? A escola nunca falou de bullying pelo que eu saiba, foi preciso acontecer isso para vocês perceberem que é sério?

— Sinto muito pelo que aconteceu com você. Lamento de verdade que tenha sofrido bastante com isso, e assumo a minha responsabilidade nisso em não ter feito campanhas de conscientização, me perdoe. Jamais achei que isso aconteceria numa escola de prestígio como a nossa, você bem sabe como o instituto que a mantém é conhecido nas redondezas, por isso já sei as próximas atividades do grêmio estudantil sobre esse assunto, eles vão falar disso de diversas formas seja pelo nosso jornal ou por outras iniciativas.

— Felizmente minha amiga Cat faz parte do grêmio e está mesmo empenhada no ativismo que vai fazer contra o bullying, e eu dou todo apoio a ela. Desconfio de uma pessoa, mas não tenho certeza e por isso não vou dar seu nome até conseguir um jeito de ele confessar. Não posso acusar ninguém sem provas.

— Está certa, é melhor que tenha provas da acusação mesmo por que isso é muito grave e eu vou precisar das provas para falar com os pais do aluno e com a polícia se você for dar queixa, afinal, foi ataque cibernético, entra como crime digital.

— Eu quero que ele receba justiça pelo que fez comigo, que todos saibam quem foi e que ele aprenda com isso a nunca mais fazer o mesmo com ninguém.

— E como foi seu dia até agora?

— Acho que estou bem na medida do possível, talvez um pouco anestesiada, mas vou ficar bem. Mais alguma coisa, dona Martha?

— Era só isso mesmo, Estela. Farei o que estiver ao meu alcance para ajudá-la, esse é o meu trabalho como pedagoga e orientadora aqui da escola.

— Obrigada, preciso ir agora por que o sinal já bateu e acabou o intervalo.

— Pode ir, e se precisar conversar com alguém, eu estou à disposição, ok? — assenti e acenei em despedida.

***

Sabe quando você sente que te tratam com luvas de pelica? Era assim que via as pessoas em relação a mim agora, como se eu fosse tão frágil que teriam que pisar em ovos para lidar comigo, e eu não gostei disso. Decidi ir embora caminhando ainda que demorasse um bom tempo para chegar em casa, eu só queria que aquela sensação de ardência no meu peito como se tivesse sido atingido por uma bola de fogo enfim passasse, aquele bolo na garganta fosse embora e a vida fosse mais leve outra vez.

De repente,  avistei uma cena que me deixou muito empertigada, era a Mônica tentando se defender de um cara que queria ficar com ela a força, ela o empurrava e fazia expressões de repulsa e o rapaz continuava cheirando e a tocando. Não pensei duas vezes em ajuda-la mesmo que a gente nunca tenha sido boas amigas.

— Larga ela, seu idiota! — ele se virou para ver quem era e me olhou dos pés a cabeça admirado. Era alto, moreno e de porte atlético, provavelmente era mais velho que ela, algum universitário talvez.

— Quem é você? Quem pensa que é pra se meter no nosso rolo?

— Ela não quer ficar com você, não percebe? Pare de fazer isso!

— Ela já ficou comigo antes e agora quis terminar, e sabe que não gosto de ser deixado de lado por besteira, então vim fazer uma visita pra ela no colégio, normal né?

— É melhor sair daqui Estela, ele é perigoso, não quero que você se machuque. — Eu me afastei o suficiente para encontrar uma pedra perto da parede do beco em que estávamos e joguei na cabeça dele, ela tinha tamanho mediano, mas a dor que causou fez ele se contorcer e cair no chão, foi a deixa que eu vi para puxá-la pelo braço e corrermos para longe.

Corremos tanto que estranhamente fomos parar na estação de trem e cansadas e sem fôlego nós duas nos sentamos no degrau da escadaria da estação.

— Você é muito corajosa pelo que fez, eu te agradeço por ter me ajudado, nós nunca fomos próximas, mas não vou esquecer isso. — ela sorriu e eu a achei ainda mais bonita do que antes por que sua pele estava bronzeada e seus cabelos estavam longos e com mexas californianas na cor cobre.

— Eu fiz o que teria feito por qualquer menina na mesma situação. Quem era ele?

— Eu acredito que o faria sim, parece que é da sua índole ajudar os outros mesmo que as pessoas sejam más contigo. Eu queria muito ter ido te ver no hospital, vários dos nossos colegas quiseram por que apesar das nossas diferenças, nós somos colegas e não queremos o mal de ninguém. Fiquei muito mal pelo que fizeram com você, espero que não tenha sido o Caio só por despeito por que você terminou com ele pela canalhice de não te assumir.

— Valeu pela sinceridade, isso é muito legal da sua parte. Agradece a galera por mim. Eu não sei se foi ele, no começo achei mesmo que seria por vingança, mas a Catarina me contou que ele ficou muito triste quando soube, o Noah viu ele chorar escondido na escola depois de ter enfrentado ele para tirar satisfações, então já não sei mais se ele é o responsável por aquela merda. Não respondeu a minha pergunta, quem era esse cara que queria te pegar a força?

— É o Júnior, e nos conhecemos em uma festa que eu fui, ele já faz faculdade, e eu fiquei toda encantada com ele no começo por ser mais velho, parecer mais maduro do que alguns moleques que a gente conhece e tal, mas depois de uns dias que a gente começou a se relacionar, percebi que ele era muito obsessivo, não me deixava nem sair mais com meus amigos, e ele ficou um pouco controlador demais e agressivo, ele gritava muito comigo quando era contrariado por alguma coisa como quando queria ir para um lugar diferente do que ele queria, e teve uma vez que...— ela começou a chorar e eu me compadeci da sua dor.

— O que houve?

— Eu tinha bebido demais e não queria fazer nada com ele, mas mesmo assim ele tirou a minha roupa e se aproveitou da minha embriaguez para se satisfazer. Foi horrível! Eu me sinto suja toda vez que ele me toca ou quando tomo banho, e essa merda só me faz querer ficar mais chapada às vezes. Se eu pudesse voltar no passado queria não ter conhecido ele. — arregalei os olhos surpresa por ela ter me contado que tristemente tinha sido estuprada pelo ficante dela, chorei junto com ela e sem pensar eu a abracei para confortá-la.

— Não deu queixa do que esse desgraçado fez?

— Seria a minha palavra contra a dele, diriam que a culpa foi minha por ter ido de penetra numa festa de alunos de faculdade e por ter bebido, afinal, a culpa sempre recai na mulher, é a roupa curta demais que provoca, é um sorriso visto com malícia, e tudo mais. Ele já apertou minha garganta uma vez, o que acha que ele faria se eu o denunciasse? Não quero nem pensar.

— Mas você não está segura com esse cara te cercando o tempo todo, Mônica.

— Eu sei, mas o que posso fazer?

— Se você quiser podemos voltar juntas com o Noah, ele é meu amigo e sabe lutar, pode nos defender.

— Não quero importunar seu amigo, é sério.

— Vai sair da escola então?

— Ainda não sei, talvez eu faça mesmo isso.

— Contou para seus pais?

— Não consegui falar nada ainda.

— Deveria falar, isso é muito sério e pode te deixar traumas, falo por experiência nisso, coisas assim marcam a gente, é preciso tratar disso jogando para fora o que sentimos ou a gente explode por dentro.

— Nunca pensei que eu ia dizer isso, mas eu te admiro Estela. Espero poder retribuir o que está fazendo por mim. Gostaria de deixar para trás nossas tretas e recomeçar, pode ser? Vamos passar uma borracha em todas as ofensas que já trocamos por culpa de você sabe quem, e tentarmos nos aproximar mais agora, acho que isso é a tal sororidade que as mulheres dizem que deve ser praticada, é o apoio umas às outras, o acolhimento para superar situações difíceis.

— Tem uma coisa que pode fazer por mim.

— Se estiver em meu alcance eu o farei.

— Quero que me ajude a mudar meu estilo e visual, quero me parecer mais descolada como você, quero ir a festas também, preciso de algo pra anestesiar o que tô sentido e você como uma garota quebrada por dentro deve entender o que estou falando.

— Acho que entendo sim e por que justamente o meu estilo?

— Acho você muito bonita com essas roupas de couro e tudo mais que usa, então me ajude a dar um upgrade no visual por que quero conhecer novas pessoas e tentar seguir em frente, a antiga Estela está morta, não quero mais essa casca sabe? Eu não sou mais a nerd inocente e pura, agora que vi a maldade das pessoas e como isso pode ser destrutivo, carrego cicatrizes de momentos ruins.

— Eu também sinto falta daquela inocência que a gente tinha antes quando achava que todo mundo gostava da gente e o que o mundo era perfeito, mas aí a gente cai na real e percebe que as coisas não são bem assim, e que brincam com nosso coração, o que nos torna meninas malvadas às vezes.

— Chegou no ponto que eu queria, eu só vou exteriorizar a maneira como me sinto agora. Quero me vingar de uma pessoa que temos rancor em comum, quero que ele sofra pelo que fez comigo e que maneira melhor do que fazer ele me ver com outros garotos? Por isso quero aprender a ser mais atirada e ousada como você, a fazer o que me der na telha, ficar com quem eu quiser.

— Tem certeza disso?

— Você é popular na escola, e já que eu atraí a atenção mesmo sem querer, então que conheçam a minha nova versão.

— Você pode se arrepender de querer mudar tanto.

— Não importa, a gente só tem uma vida e se não correr riscos ficaremos eternamente vivendo na possibilidade de ter feito alguma coisa, se der merda que seja, eu preciso de alguma coisa pra me sentir viva, caramba.

— Tudo bem, conte comigo. Vou te ajudar na sua transformação. E agora é melhor irmos por que já passamos tempo demais aqui, não é?

Meneei a cabeça em concordância e caminhamos juntas por mais algum tempo até chegarmos no bairro dela, eu a deixei no portão com segurança e depois segui para a minha casa. Estava exausta por ter caminhado por uma hora, mas valeu a pena por que pude ajudar uma garota que claramente estava sofrendo um abuso e ainda tive oportunidade de conhecer melhor alguém que eu julguei tão mal no passado. Minha decisão já estava tomada e dificilmente eu voltaria atrás no que decidi. Eu me tornaria uma nova adolescente, ainda mais agora que meu aniversário estava perto, eu não estava com ânimo para comemorações, mas sabia que ao menos um bolinho com minha mãe e meus amigos seria feito em casa. E por eles eu tentaria ficar bem mesmo que ainda estivesse fragmentada por dentro.

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