Um mês depois, aeroporto de Guarulhos, 00:42h.
Hermes caminhava alegremente em direção à detetive, esboçava um terno sorriso, trajava uma bermuda amarela e uma camisa vermelha com desenhos de vulcões, um chapéu coco e óculos escuros, os chinelos de palha davam o toque final ao figurino.
— Pel, que saudades! Como passou? — perguntou ele abraçando-a forte.
— Foi tudo bem, Hermes. Foi tudo bem.
— Deve ter sido mesmo, não me ligou, nem me invocou — brincou ele gargalhando.
— E que roupas são essas? — indagou o assistente reparando no belo vestido preto com um detalhe de renda sobre o seio e um contorno de pedras brilhantes nos ombros e nas bordas do tecido rendado. — Tá bonita, pintou o cabelo, usando make e até brincos, meus deuses! Quem é?
— Deixa de ser curioso...
— Não posso. É da minha natureza.
Pel Amana sorriu e gesticulou para que seguissem caminho, enquanto se direcionavam para a saída Hermes olhava nos televisores, os quais exibia uma entrevista da detetive e um rapaz, o volume era baixo, mas ele conseguiu entender grande parte do que foi dito através de leitura labial. Olhou para a parceira e questionou:
— Perdi alguma coisa? Não me diga que esse incêndio foi obra de um espírito infernal...
— Não. Foi exatamente como dissemos na matéria, foi um incêndio espontâneo e por sorte estávamos lá. Tive de mobilizar muita gente para auxiliar a população local.
Hermes concordou com a cabeça e rumou para o carro de luxo, a detetive ocupou o lugar do motorista, arrancando de Hermes um assombroso assobio.
— Você vai dirigir? Eu devo estar sonhando.
— Cala a boca e coloca o cinto.
A capital estava iluminada e movimentada como sempre, Hermes sentia uma estranha vibração no ar, os pêlos de sua nuca eriçavam constantemente e à medida que se aproximavam do centro a sensação se intensificava. Pel Amana parou na frente de um luxuoso restaurante e destravou o cinto.
— Eu estou mesmo num sonho, você me trazendo para jantar depois de me receber das minhas férias? É um sonho.
A detetive ficou quieta, viu Hermes descer e contornar o veículo, ao mesmo tempo em que Hassan passou pela porta e parou diante dela. O homem alto e bem vestido pegou a mão da detetive e a beijou delicadamente, depois ofereceu-lhe o braço, o qual ela enlaçou com ternura.
— Era bom demais pra ser verdade — resmungou o assistente e assumiu o volante quando Pel Amana e Hassan entraram.
Depois de tomar um relaxante banho, comer um gigantesco sanduíche e tomar três cervejas, Hermes adentrou o escritório e sentou-se em sua cadeira, era fantástico estar de volta, embora tivesse acumulado memórias inesquecíveis em sua visita ao Havaí, nada substituía o conforto do lar.
Respirou fundo sentindo o cheiro de lustra móveis e de livros velhos, sorriu e tocou o teclado do computador. Para a sua surpresa a detetive o havia deixado ligado e com um documento aberto, ele passou os olhos pelo texto rapidamente e então reclinou-se na cadeira com os braços cruzados sobre o peito.
Eu sabia que conhecia esse sobrenome. Hakim Mubarak, pediu para ela fazer com que a mulher de seus sonhos se apaixonasse por ele, tempos depois eles se casaram, tiveram filhos, ela teve câncer, perdeu as pernas e faleceu. Nunca mais tinha ouvido esse sobrenome.
Hermes pegou a papelada sobre a mesa e começou organizá-las até encontrar um envelope rasgado, abriu-o e observou o conteúdo, empalideceu ao ver as três sementes secas depositadas no fundo do envelope.
— Uma ameaça de morte? Espera... tem algo errado aqui.
Hermes voltou ao documento e leu o trecho que falava das fake news espalhadas através de páginas de fãs conspiracionistas, imediatamente acessou todas as fontes descritas no relatório e deparou-se com páginas vazias, os sites haviam sido desativados.
— Mas que porra aconteceu aqui?
O telefone vibrou em seu bolso e assim que ele pegou, viu o nome 'Vanessa Angra dos Reis' piscando na tela. Atendeu prontamente enquanto levantava-se da cadeira.
— Calma, fala mais devagar. Certo. Três sementes, aham. Tem idéia de quem te mandou? Uhum. Claro. Tá, estou indo aí, passa um café que chego já.
Encerrou a ligação e deslizou o dedo pela tela, visualizou o nome da detetive, mas conteve seu ímpeto. Colocou o aparelho no bolso e sorriu confiante.
Se ela resolve as coisas sem mim, também posso resolver sem ela.
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Olá pessoas, tudo bem?
Chegamos ao final. O que acharam da história?
Não se esqueçam de votar e comentar para nos ajudar.
Beijos.
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