único; dez mais um
Estava na lista das 10 regras da vida de Hosung, escrito em letras garrafais, em negrito, e em sua fonte favorita Baskerville - o jovem jornalista começou a amar esta fonte logo após ler The Name Of The Rose, e eleger Umberto Eco como seu muso inspirador- : Não se importe com nada além de si mesmo.
Quando já se teve o coração partido, você vive na sombra do medo, e com Hosung - também conhecido na faculdade com seu pseudônimo, Lou- não era diferente. Teve seu coração partido de forma horrível, por meio da traição de seu namorado e seu melhor amigo. Ele não queria amar mais, não queria se machucar mais. A única coisa que se permitia ter algum resquício de sentimentos eram por suas séries e sua xícara de café com os dizeres "I ♥ Dogs" - não que ele amasse cães, na verdade era alérgico à eles, mas havia sido um presente que recebeu em seu primeiro dia como funcionário efetivo no jornal em que trabalhara arduamente em seu período de estágio-.
E, sua segunda regra era: Toda a Sexta-feira, vá à Boate Vênus e se divirta.
E junto com esta vinha a terceira, completando-a: Não durma com ninguém por mais de uma noite.
Oras, Hosung não desejava criar laços afetivos com quaisquer que sejam as pessoas, mas isto não lhe impede de manter sua vida sexual ativa. Lou é bem dotado, um rosto digno de capas de revista, um corpo razoávelmente atlético - já que Hosung é um exemplo de puro sedentarismo-, e um ótimo beijo - é o que dizem-.
Era sua tão esperada sexta-feira, e neste dia o jornalista largava sua caneta, seu bloco de notas e seus óculos de armação redonda, com o qual seus colegas de trabalho brincavam de vez em quando dizendo:
— Desenhe um raio na testa, e ficará parecendo o Harry Potter.
Já arrumado, observou-se no espelho.
Não pegou seu carro, foi de táxi. Sabia que iria beber, e algo que nunca faria em sua vida seria beber e dirigir.
A boate estava cheia, as pessoas dançavam no ritmo da música - alta o bastante para ser ouvida do lado de fora do prédio- e em alguns sofás, localizados estrategicamente em locais um pouco mais escuros - presumia Hosung-, estavam alguns casais.
Lou nunca quis tanto não ir à boate naquela sexta-feira.
Eles estavam lá, se beijando apaixonadamente, enquanto seu ex-amigo dançava desengonçadamente sobre o colo de seu ex-namorado.
Rumou para o bar, pediu uma garrafa de soju e se colocou a olhar ao redor - evitando aquele sofá com o casal infelizmente conhecido- procurando alguém interessante.
Sua quarta regra era: Não chore.
E ele iria segui-la, mesmo que seu âmago ardesse pelo sentimento da traição, mesmo que quisesse gritar e lhes perguntar o porquê.
Praguejou baixinho, por causa de seu tremendo azar. Tantas boates na badalada Seoul e eles tinham justamente que ir para a mesma que ele frequentava.
Permaneceu imerso em pensamentos, ingerindo a bebida alcoólica contida no copo sob o balcão. A batida conhecida de uma de suas músicas favoritas preencheu seus ouvidos e, um pouco mais felizinho - talvez por conta da bebida-, caminhou lentamente para a pista de dança.
Cercado por pessoas desconhecidas, algumas que aproveitavam para passar as mãos pelo seu corpo, Hosung dançava desengonçadamente enquanto gritava trechos da música que tocava.
– Wow, fantastic baby dance!
[...]
Sua cabeça latejava e a claridade fazia seus olhos doerem, mas mesmo que relutante ele se obrigou a levantar, observando o quarto desconhecido onde encontrava-se. Hosung estava com um moletom um pouco largo, uma boxer e um par de meias com girafas estampadas - o que arrancou algumas risadas do repórter-. Ele não se lembrava muito bem do que ocorreu na noite passada, tudo era um grande borrão.
— Vejo que acordou. Eu fiz café, coma alguma coisa e tome um remédio para dor de cabeça. — uma voz desconhecida soou um pouco afastada. Seu dono era um rapaz jovem, de boa aparência que estava parado no batente da porta.
Lou se levantou, andando atrás do rapaz desconhecido. Em silêncio sentou-se numa cadeira e pegou a xícara de café que o rapaz lhe estendia.
— Sobre ontem... pode me dizer o quê aconteceu? Eu não me lembro muito bem. — pediu encarando o líquido quente e soprando-o antes de bebericá-lo.
— Você bebeu demais, fez uma confusão com um casal que estava na boate, e eu o trouxe para casa pois você não queria me dizer seu endereço. Você disse que eu era um sequestrador que planejava vender seu fígado, foi engraçado. — o rapaz sorriu — Você vomitou assim que passou pela porta, então eu tive que lhe dar um banho e trocar suas roupas. Só.
Wow, aquele cara realmente era real? Quem em sã consciência leva um bêbado barraqueiro para casa? Lou estava boquiaberto.
— A propósito, meu nome é Heejun. — o rapaz - que agora sabia chamar-se Heejun- sorriu mais uma vez, colocando um prato com um pedaço de bolo na frente de Hosung.
— Err, obrigado.
Depois de um café-da-manhã extremamente silencioso - exceto pelo fato de Heejun tentar puxar assunto, e perguntar-lhe diversas vezes se ele estava bem e insistir para ele tomar um remédio - , Hosung pegou suas roupas - já lavadas e secas- e as vestiu, agradeceu à Heejun, e teve que negar diversas vezes o rapaz falando que o levaria para casa.
Somente quando jogou-se em sua cama que percebeu um pequeno detalhe.
Havia deixado seu telefone na casa de Heejun.
Esta era sua quinta regra, quebrada: Nunca deixe nada para trás quando dormir fora de casa.
[...]
Arrastando-se para o trabalho, mesmo que estivesse atrasado -pois estava sem o despertador de seu celular para lhe acordar-, Hosung esfregava os olhos que insistiam em se manter fechados. Ele havia passado seu fim de semana inteiro pensando e relembrando suas memórias dolorosas.
Esta era sua sexta regra sendo ignorada: Não pense sobre o passado.
— Céus Hosung, o chefe vai ficar louco se o ver chegando agora! — Yoonho - um ilustrador excêntrico ao extremo- falou assim que viu o Kim entrar na redação.
— Você fala como se ele não fosse louco. — Lou falou com escárnio — Onde já se viu colocar um adolescente inconsequente na direção de um jornal? Chunghyeob não sabe nem o significado de epopéia, quanto mais ser diretor de redação. — riu, vendo Choi Chunghyeob passar pelo corredor com sua típica roupa de jogador de basquete de colegial americano mascando um chiclete, nem mesmo parecia possuir vinte e sete anos. — Como ele pode ser mais velho que você?
— Não sei, eu sou mais velho do que você. — Yoonho brincou, dando um tapinha nas costas do Kim. — Ah, e se prepare, soube que vão chegar novos estagiários hoje. Tomara que não tenha nenhum desastrado que derrube água em um dos computadores.
— Yah, àquilo foi só uma vez hyung!— Hosung fingiu estar ofendido.
— Falando nisso, olhe eles ali. — o Noh apontou para a entrada da redação.
Ah, o destino só podia estar de brincadeira com a face de Hosung.
Será que o destino queria tanto assim que ele visse Heejun?
[...]
— Então, nunca pensou em ser modelo? — Yoonho perguntou ao fotógrafo estagiário, que estava sentado na mesma mesa do restaurante que ele e Lou - que tentava não olhar muito para Heejun-.
— Eu prefiro ficar por trás das câmeras mesmo. — Heejun riu, encarando Hosung. — Ah, você esqueceu o seu telefone no meu apartamento. Se quiser posso trazer para você amanhã, ou você pode ir buscar hoje...
Yoonho olhou para os dois desentendido, Lou forçou um sorriso.
— Eu realmente preciso do meu telefone, então se não for incômodo eu irei buscá-lo hoje.
— Ótimo, podemos ir juntos hoje então. — Heejun sorriu e Hosung teve uma sensação estranha em seu estômago ao ver que Yoonho estava certo sobre ele ter um sorriso bonito.
Um barulho de notificação foi ouvido e imediatamente Yoonho pegou seu celular, bufando após olhar a tela.
— O demônio está me chamando na sala dele. — mostrou a tela do aparelho, onde estava aberta a conversa dele com Choi Chunghyeob. — O que ele quer comigo?
— Não sei, e você não vai saber até ir lá. Boa sorte hyung.
[...]
Ao findar o expediente, Heejun e Hosung andavam lado a lado em direção à garagem. O mais novo pegou sua moto entregando um capacete à Lou.
— Por que trouxe dois capacetes? Por acaso sabia que eu estava aqui, e que iria buscar meu telefone no seu apartamento?
— Não, eu iria levar uma pessoa à um lugar, mas ela me ligou desmarcando. E como eu já estava com dois capacetes, e encontrei você...
Lou sorriu, colocando o capacete e subindo na moto.
— Pode se segurar em mim, eu não mordo. — Heejun pegou as mãos do mais velho, colocando-as uma de cada lado de sua cintura.
De novo aquela sensação estranha, mas desta vez Lou gostou de senti-la, assim como gostou de sentir o perfume amadeirado que Heejun usava.
O apartamento estava da mesma forma que no dia em que Hosung esteve nele.
Seu celular estava em perfeito estado, e completamente carregado.
— Obrigado, eu já vou indo então. Até amanhã.
— Eu te levo em casa. — ofereceu Heejun, já recolocando seu casaco.
— Não precisa, eu posso pegar um táxi.
— Eu insisto, vamos. — puxou Lou pela mão.— Afinal, somos amigos agora, não é mesmo?
Sua sétima regra, completamente esquecida: Não crie laços afetivos com ninguém. Não deixe ninguém se aproximar demais.
[...]
Sua oitava regra resumia-se em : Não mostre-se completamente para ninguém. E esta era seguida por sua nona regra: Não tenha amigos, apenas conhecidos.
Hosung sempre teve seus sentimentos e emoções expostos demais por sua personalidade divertida e sensível, mas, pessoas boas são sempre alvos fáceis para se ferir. Então ele escondeu-se em sua concha de traição, transformado-se no mau humorado jornalista Lou.
Mas, ele nem sequer lembrava-se de sua oitava regra quando estava acompanhado de Heejun. O rapaz era tão engraçado e trazia uma sensação de leveza, conforto e acima de tudo, confiança. Hosung então, não importavasse de mostrar-lhe sua verdadeira personalidade.
Era inevitável não virar amigo de Heejun.
Naquela sexta-feira à noite Heejun chamou-o para ir com ele a outro lugar que não fosse a boate que Lou frequentava.
Era mais uma regra quebrada, mas quem se importava? Hosung gostava da companhia do mais novo.
Foram fazer a coisa mais clichê de todas, comer em uma lanchonete e depois andaram pelas ruas procurando estrelas em meio à claridade gerada pelos postes de iluminação. Contaram quantos casais passaram por eles e tomaram sorvete sentados num banquinho de praça enquanto contavam piadas, e toda vez que um deles ria tinha o rosto sujo pelo doce gelado.
Heejun ficou encantado pelo sorriso verdadeiro que Lou o demonstrou, pedindo-lhe para não se segurar mais quando sentir vontade de sorrir.
— Isso é melhor do que passar a noite em uma boate e acordar ao lado de um desconhecido, não é? — Heejun perguntou, e Lou não soube identificar se era uma brincadeira ou uma pergunta séria.
— Acho que sim. — suspirou dando um sorriso e encarando o mais novo.
Minutos do mais puro silêncio se seguiram, até Hosung sentir a mão quentinha de Heejun envolver a sua e então, o mais novo puxá-lo para um beijo.
Sua décima regra veio em sua mente: Não se entregue. Não ame.
O coração de Lou batia como louco. Não era a primeira vez que beijava alguém, porque estava tão nervoso?
— Sei que ainda possui feridas, sei que tem medo, mas deixe-me te ajudar a fazer seus curativos e lhe proteger. — Heejun disse ao findar o ósculo.
Todas as regras de Hosung foram esquecidas assim que seus braços envolveram o pescoço do Park, trazendo-o para um abraço apertado.
Aquele mundo cinza criado por suas dez regras já não existia, Heejun havia pego seus gizes de cera em forma de amor e de pouquinho à pouquinho colorindo toda aquela monocromia.
Décima primeira regra: esqueça todas as anteriores.
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Madu a +heesung stan sim senhor.
Perdoem os erros e não desistam de mim.
Dêem muito amor ao VAV!!!!
~xoxo~
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