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Capítulo 8

═─── (Colônia de Roanoke, América - 1587)

Ele pulou de pedra em pedra, atravessando o riacho com os pés descalços. Não escorrega, nem tropeça. Todo pedaço daquela mata é onde foi criado.

Saltou da terra para o tronco e escalou num segundo para os galhos altos, cobertos de folhas da mangueira. De lá dá para se esconder muito bem.

"Onawa, eu sei que está aqui." Awinita, sua amiga mais fiel da tribo chamou ainda do outro lado do rio e rindo, Onawa tapou a própria boca com as mãos porque ela jamais o encontraria. Ela tem medo de água e não se atreveria a atravessar o rio, pois o que Awinita tem de fiel não tem de corajosa. "Vamos lá, não somos mais crianças, você sabe que precisamos voltar juntos antes que o sol vá embora!"

Minucioso ele estica a mão e trás uma manga madura para o colo. Harry gosta de mangas e toda vez que se encontram, Onawa leva de presente e em troca ganha uma flor. Não demora Awinita desistir e se afastar resmungando que dessa vez não vai acobertar suas travessuras, mas ela vai sim. Awinita é incrivelmente leal.

Onawa continua a esperar lá de cima e assiste o sol dobrar o céu pouco a pouco. No momento certo em que atinge a cor do fogo, Harry aparece na beira do rio. Ele senta na pedra e utiliza da coisa esquisita e quadrada para armazenar água. Onawa pendura as pernas nos galhos e fica de ponta cabeça com a fruta em mãos, observando curioso seu homem branco e o jeito engraçado dele agir com a terra.

É o único homem branco que entende a sua língua. Onawa acha que é um poder místico para os unir, mas Harry diz que, entender todos os idiomas, é uma habilidade própria de onde veio.

Há pouco tempo os dois se encontraram pela primeira vez ali, cada um assustado de um lado do rio.

Não se afastaram, nem atacaram como deveriam e muito menos avisaram aos outros de seus povos sobre ter encontrado o caminho do rival. Onawa achou a coisa mais linda os olhos do homem branco combinarem com as folhas de sua casa e pensou que se ele carregava em si a cor do lar, então merece viver em paz, ser um segredo seu para proteger.

Eles se encontraram sem se aproximarem todos os dias nesse mesmo lugar, quando o sol transforma o céu a cor do fogo e a luz gelada da lua beija o rio devagar até o momento em que são obrigados a se despedirem. Harry volta para o acampamento onde homens brancos do mal tomam posse da terra, e Onawa volta para a tribo onde seu pai planeja uma guerra para protegê-los.

"Chegou o silencioso" disse sorrindo e ainda suspenso de ponta cabeça pegando Harry de surpresa.

O homem branco solavanca quase tombando assustado, mas se equilibrou a tempo para depois rir de si mesmo por ser um tremendo desastrado.

"Você precisa parar de me assustar ou eu morrerei antes de voltar ao continente, Louis!"

Louis é como Harry costuma chamar Onawa.

Quando se conheceram, o nativo explicou que seu nome significa O Grande Amanhecer na tribo e Harry disse que o chamaria de Louis, que significa Amor para o povo dele.

Onawa sente felicidade quando Harry o chama de Amor. Alimenta a esperança nele, de que essa união talvez restabeleça a paz entre os homens. Poderia ser o fim de uma suposta guerra que colocaria em risco a vida de todo aquele chão e a gente daquela terra.

O nativo desce da mangueira e estende o fruto, esperando sua flor. Ele hoje vai dizer a Harry que entendeu o que significa esse tal de Louis o Amor.

Vai dizer que amor é quando Onawa quer fugir com Harry pela mata e construir outro lar seguro de guerras ou ambições. Que ele tem fé que o amor os protegerão, e estar juntos seria uma permanência, não somente encontros arriscados no início da noite através da escuridão.

Que talvez eles possam se casar com a bênção dos espíritos da floresta e voltar após um tempo, para provar ao cacique e ao chefe dos brancos como uma união entre gente diferente funciona melhor que a destruição.

Mas se eles não fugirem dali ou não houver solução, Onawa prefere morrer nessa guerra do que matar Harry nela. Ele é filho do cacique e é claro que será obrigado a pegar em armas para defender a tribo. Mas ele se nega.

"Aqui está, e com a raíz para se plantar."

Harry em troca da fruta preferida lhe deu uma flor de pétalas pequenas, delicadas e amarelas. Tão delicadas quanto seus dedos brancos de unhas sujas, possivelmente da terra que cavou. Onawa o toca na mão com leveza como pegou a flor, com medo de desmanchar esse ser tão encantador.

"Se para Harry, Louis é amor, então Harry para Onawa é o tempo."

"Por que?"

"Porque o amor quer viver para sempre no infinito."

Os olhos verdes se abrem como duas esferas enormes e brilhosas, cheias de água.

"Nós não podemos."

"Harry não ama Louis?"

Onawa afasta a mão.

"É claro que amo, mas até o tempo tem limitações. Eu não posso te dar o infinito."

"O infinito pode ser só até quando o sol nascer de novo, eu não ligo."

Harry pisca e as lágrimas escorrem. Ele ainda segura a manga em uma de suas grandes mãos quando abraça Louis e beija sua bochecha. Harry segura o rosto de Onawa entre as palmas, apoia a testa na sua e suspira.

"Não vai dar tempo de ver o sol nascer, meu amor, mas eu prometo esperar por nós dois seja o tempo que for."

O coração de Louis arde, o peito dói contra o coração acelerado de Harry, mas antes que a voz seja engolida pela escuridão ele diz:

"Eu acho que esperança é o mesmo que esperar."

"Você sempre está certo, paixão. Por isso no infinito eu vou te amar."

Os lábios finos de Harry encostam carinhosamente aos seus. O verde dos olhos dele de novo combina com o lar, até as pálpebras se fechar. O fogo do céu agora se torna fogo no ventre de Onawa, as línguas se tocam, e o beijo é a melhor sensação da sua vida, até a dor.

O ar faltou, Harry gritou e de repente não havia mais nada, nenhuma cor.

═───(atualmente)

Seu grito rompeu o quarto.

Louis acordou assustado com o suor frio escorrendo a nuca e sentou-se na cama antes mesmo de abrir os olhos. O corpo treme febril e então ele chora. Chora encolhido em si mesmo e repassando o sonho na cabeça de forma desesperada, não querendo se esquecer de detalhe algum.

Será capaz de regressar do ponto onde acordou se voltar a dormir?

Dessa vez foi mais realista do que todos os outros que já teve. Ele tinha um nome diferente, sentia que amava uma amiga tanto quanto aquela vida, conhecia onde estava. Teve medo real e entendia sobre a guerra que viria entre a tribo e os exploradores.

Harry também era real em seus sonhos, assim como a paixão por ele.

Louis leva mais um tempo tentando se convencer de que fora outro sonho sem sentido e no instante em que resolve levantar da cama para beber água, escuta o estalar alto de palmas. Ele veste uma camisa e caminha pelo corredor estreito, esfregando as mãos na cabeça dolorida em confusão.

Lá estão os dois malucos de frente para a longa janela da sala, aplaudindo o nascer do sol.

- O que está acontecendo aqui?

Aruna nem olha para Tomlinson, só continua aplaudindo e sorrindo para o horizonte. A luz da aurora reflete nos olhos âmbar da garota e na pele marfim brilhando como se ela mesmo fosse o próprio sol.

- Oras, estamos agradecendo o nascer de outro dia, veja!

- Vocês são loucos, isso sim.

- Somos agradecidos! - Niall corrigiu e acionou o botão da caneta, quando volta a sentar no tapete da sala com a namorada.

Eles estão cercados de papéis. As luzes do apartamento estão acesas e só então Louis percebe que provavelmente o casal passou a noite toda ali, entre aquele monte de papelada.

- Você está bem? - a garota perguntou quando Louis voltou da cozinha - Pensamos ter ouvido um grito.

- Acho que sim, foi só um sonho louco - limitou a resposta e ficou curioso com a bagunça aquela hora da manhã. Havia louça na pia, travesseiros e almofadas no chão da sala, a janela aberta deixando entrar o ar frio e essas paredes sem graças que, Louis jura por tudo o que há de sagrado, quando houver tempo ele irá pintar - o que estão fazendo?

- Aruna cismou- ai! - Ela bateu com força a almofada em Niall e Louis riu alto - tá, tá, Aruna está absolutamente certa de que devemos falar com alguns grandes nomes para tornarem-se apoiadores de uma ação social aos refugiados.

- Se você falar de novo que é só uma cisma minha eu vou desaparecer por anos da sua vida, você prometeu nos ajudar sem zombar!

- Você não seria capaz - ele faz bico.

- Seria sim - ela deu um selinho nele, que se aproveita para puxá-la num beijo animado.

Louis limpa a garganta tentando chamar a atenção, antes que se torne uma pegação constrangedora. Niall afasta a mão da coxa dela e grunhe.

- Nós estamos estudando possibilidades e escrevendo pedidos para distribuir. Essa instituição é de arte e dá oportunidade para crianças e adolescentes que vieram de países como o Egito ou a Síria.

- Parece legal, como conheceram a instituição?

- Aruna fez amizade com Zaki e agora eles vivem trabalhando voluntariamente por lá durante a semana toda.

- O Zaki teve muito apoio daquele lugar quando chegou aqui com a família.

Zaki é o bolsista, norte africano, que também cursa Artes Plásticas. Louis o conhece das aulas e apesar do garoto baixinho ser um gênio e um exemplo de força e superação, eles nunca se aproximaram porque Zaki é bem reservado e dedicado, do tipo nariz no livro que os olhos não possam se erguer. Louis está surpreso que Aruna conseguiu se aproximar tanto dele assim.

- É uma linda atitude e vocês parecem bem envolvidos.

- Obrigada - o modo como agradeceu faz lembrar da timidez de Harry, quando recebe elogios e acaba mostrando as covinhas - quer nos ajudar?

- Mais tarde? Ainda tenho algum tempo antes de ir para a aula, vou tentar dormir para estar disposto mais tarde.

Ele se despede com um bom dia e se apressa para o quarto. Não tem computador como no dormitório de Bleta, mas tem notebook. Enquanto inicia o sistema, Louis se ajeita para debaixo das cobertas com Olivia - a gata que adotou indo contra as regras do prédio de dormitórios - enrolada em si mesma aos pés da cama.

Durante a semana inteira desde a noite em que contou para a melhor amiga sobre suas suspeitas em relação a Harry, eles pesquisaram muito sobre o professor na internet.

Não encontraram nada demais, além de registros vagos de um H. Styles, contribuinte de um movimento comunista na América do Sul em 1932. Fora a data absurdamente remota - o que não teria nada a ver com quem Louis procura saber atualmente - quantos nomes podem formar a letra H e quantos Styles já devem ter existido ao longo da história?

O mais estranho é Harry não ter nenhum registro na rede. Nenhuma rede social, nenhuma menção em notícias, não há nada sobre seu histórico acadêmico ou cidadania ali na Holanda, na Europa ou da Jamaica, o país que ele disse ter vindo com Gregori Willhen.

Bleta quase desistiu no dia anterior. Tentou convencê-lo ser loucura e perseguição, mas Louis não vai parar.

Ainda mais depois desse último sonho.

Ele abre a caixa de pesquisas no Google e tenta escrever Onawa ou Awinita mas não consegue soletrar. Tenta escrever como lembra soar, de diversas formas para garantir, mas nenhum resultado de busca tem qualquer ligação com Harry Styles.

Pesquisa também sobre exploradores, guerras entre nativos e colonizadores ou qualquer coisa do tipo, abrindo uma aba sobre a outra. Não adianta. Que tipo de informação ele deveria buscar?

Louis fecha o notebook, joga a cabeça para trás na cabeceira e bufa. Talvez Bleta esteja certa, ele está enlouquecendo. Talvez precise ir ao médico, ainda há tempo de buscar ajuda profissional.

Mesmo martirizado, ele fica um tempo ali, repassando o momento em que ganhou a flor, a promessa de Harry em seus sonhos, a dor no peito similar aquela que sentiu quando o conheceu e a conexão deles.

O celular desperta, ele se arruma e não encontra Niall ou Aruna na sala. Há camisas e um sutiã jogados lá e Louis prefere não imaginar o que aconteceu. Sam também não aparece, mas é comum o jogador sair mais cedo para a academia antes da aula.

Louis está sem fome, mas antes de sair deixa a vasilha de Olivia cheia, água limpa, um carinho atrás das orelhas pontudas dela e depois vai direto para aula com Fight On no modo repetitivo, tocando em seus fones de ouvido. Cumprimenta num gesto de cabeça alguns rostos conhecidos pelo caminho, quase tropeça na escadaria com o tanto de sono que está e se joga na carteira no fundo da sala quando chega lá.

É aula de história e ele quer fingir que o professor não é o cara dos seus sonhos. Louis deita a cabeça na mesa e fecha os olhos. Um lado do fone de ouvido é retirado de si e uma mão acaricia suas costas sobre a camisa de algodão. Zayn está ao seu lado com o fone de ouvido roubado e parecendo preocupado.

- Eu amo The Lathums, muito bom gosto.

- Bom dia, Z.

- Bom dia - a mão sobe da base da coluna pela nuca até o cabelo de Louis e ele se arrepia - você está me evitando?

- Não? - hesitou.

Um grupo maior entra na sala para ocupar o restante das poucas carteiras ainda disponíveis, conversando, gargalhando, sendo sociais e barulhentos demais para aquela hora da manhã, mas Zayn mantém o tom de voz relaxado quase num cochicho.

- Você não me espera para eu te levar ao dormitório e não responde as minhas mensagens, estive tentando lembrar se fiz algo que te chateou.

Ele devolve o fone e senta sem postura alguma antes que perca o lugar ao lado. Nos cílios há rímel e a jaqueta jeans cheira cigarro de cravo com perfume amadeirado. Apesar de ser forte, é inebriante.

Louis está confuso. Antes ele não conseguia parar de pensar em Zayn e até achava ser atração, mas agora esses pensamentos parecem convertidos para um interesse em desvendar o mistério que o garoto é. Há sempre uma sombra no lugar do brilho dos olhos e um sorriso sagaz que ao invés de repulsar Louis, o prende.

- Eu só estou estressado, não é nada pessoal.

- Tudo bem - Zayn suspira e estende um copo lacrado - eu trouxe café.

- Obrigado, preciso mesmo, não dormi o suficiente essa noite.

- Você parece péssimo, quer ir embora? Eu passo as anotações para você mais tarde, é só história mesmo.

O problema é esse.

Não é só história, é a aula de Harry. Louis espera a semana inteira por esse momento, mas ao mesmo tempo não duvida da capacidade de vomitar o estômago vazio para fora de nervosismo, quando o ver de novo e agora numa realidade. Além disso Louis duvida conseguir manter-se acordado. É preciso também conversar com Mark sobre pedir por um exame psicológico. Ele não vai contar o verdadeiro motivo, dirá que é preventivo se for questionado.

- Você faria isso por mim?

- É claro que sim - Zayn beija sua testa e Louis não perde tempo. Joga a bolsa sobre os ombros, leva o copo de café, agradece o moreno antes de desaparecer da sala e parte em direção a reitoria.

A secretária avisa que Mark está ocupada, mas Louis entra mesmo assim e em silêncio para não atrapalhar. Ela finge não vê-lo por detestar que entrem na sala sem autorização e Louis se joga no sofá próximo a extensa mesa de mogno. Termina de beber o café, mexe no celular procurando na internet por brinquedos acrobáticos para gatos e está quase cochilando ali, quando Mark desiste ignorar sua presença.

- Você deveria estar em aula, Sr. Tomlinson.

- Eu sei, futura Sra. Willhen.

- Se você sabe, por que eu estou te vendo aqui ainda?

- Eu não dormi direito, estou exausto.

- Quer falar sobre isso?

- Acho que é ânsia de tanta novidade a ponto de me deixar psicologicamente bagunçado, eu pensei em ir a um especialista, a senhora acha exagero?

- Claro que não, filho - Mark disca o ramal da secretária - Luce, você pode trazer chá por favor? Sim, o da sala acabou. Obrigada.

Ela desliga e cruza as mãos sobre a mesa.

- Você vai assistir o segundo período pelo menos?

- Prometo não faltar.

- Vamos beber esse chá e ligar para um consultório, o que acha?

Eles fazem isso e depois ela volta ao computador. A fadiga amarra Louis que se mantém em silêncio o tempo todo. O estranho é Mark também estar assim. Depois de lhe dar atenção, ela continua quieta e ele resolve se certificar estar tudo bem.

- O que há?

Ela aperta a ponte entre os olhos e respira fundo.

- Convidei Greg para assistir Dom Quixote na sexta, reservei os ingressos e ele não pode ir porque vai palestrar em outra universidade.

- Você está chateada com ele?

- Não com ele, porque eu deveria ter perguntado antes se havia compromisso, mas estou desanimada por querer sair com meu noivo e o nosso trabalho não deixar. Quando Gregori não está ocupado, eu estou.

- Sinto muito - Louis brincou com os dedos e sentiu a palpitação da cafeína o lembrar que não se alimentou ainda.

- Quer os ingressos?

- Com quem eu iria? Bleta odeia longas peças de teatro e Zayn não parece ser do tipo que curte esse tipo de encontro.

- Quem é Zayn?

- Um cara - as bochechas de Louis o denunciam e ele se estica para pegar os ingressos com ela - estávamos nos conhecendo.

- Você ia me contar quando?

- Não é nada demais, eu pretendo não continuar nessa - Ele grunhe e nesse instante o telefone da reitoria toca para o salvar dos questionamentos. Mark resmunga em concordância, pede dois minutos para estar na outra sala e se levanta.

- Você pode ficar aqui desde que não mexa em nada, mocinho - diz para Louis juntando uma pasta e indo para a porta - tenho uma reunião, mas mais tarde você vai me ligar para contar sobre o novo namorado e para me garantir que almoçou.

- Não é meu namorado!

Ela não o ouve, bate a porta atrás de si e Louis adormece derrotado no sofá desconfortável. Acorda sabe-se lá quanto tempo depois com o barulho do trinco da porta.

Harry está com a cabeça para dentro e fica surpreso em encontrar Louis, meio acordado e meio dormindo. Aliás, ele esfrega os olhos e tenta se acostumar com a luz para ter certeza do que vê.

Os cachos não estão mais lá e primeiro Louis precisa confortar o fã dos fios longos de Harry por essa perda, para depois surtar internamente para não dizer em voz alta que o professor conseguiu superar ainda mais no quesito gostoso pra caralho.

- Oi - o pecado entra de uma vez.

- Você cortou o cabelo.

- Gostou? - Harry alisa a mão nos fios curtos e Louis quer dizer absolutamente sim, ao invés disso ele balança a cabeça lentamente em concordância e talvez esteja babando, só talvez. O professor percebe, porque ajeita a bolsa carteiro no ombro um tanto sem jeito e desvia o olhar para a mesa principal - Mark saiu? A secretária pessoal dela também saiu?

- Estão em reunião.

- Oh, sim, claro.

É tão diferente do Harry de Onawa, ao mesmo tempo tão parecido. Como se a lembrança fosse só a sombra dessa realidade. Será que se Louis o tocar Harry se desfaz como no sonho? Ele se recompõe no estofado e afasta os fragmentos da noite passada para debaixo do tapete do seu coração.

- Acho que ela logo volta, você precisa de alguma coisa?

- Não preciso, eu só estava preocupado com sua falta na aula de hoje e vim perguntar se está tudo bem.

- Estou bem, sentiu minha falta? - Louis brincou, embora seu estômago tenha afundado em ansiedade por um sim, que obviamente não vem. Harry está apenas o encarando sério, com os olhos fixos e até parecendo seguro se as bochechas coradas não os denunciassem.

- Eu tenho dois ingressos para Dom Quixote, quer vir comigo?

- Não.

- Não?

- Não sei se é apropriado.

- Ok, acho que eu deveria ir agora - Louis estava tão envergonhado que quase correu para fora da sala deixando a dignidade para trás e pegando só a mochila - foi estúpido da minha parte convidar o senhor, desculpa, eu-

- Espera! - Harry o segurou pelo pulso e expirou fortemente.

Louis quer tanto que a mão solte para escorregar até sua palma. Quer tanto, que encara as mãos do professor mesmo que ele já tenha soltado.

Como ela ficaria encaixada na sua?

- Que tipo de convite é esse?

- Não entendi a pergunta - Louis entendeu sim.

- O seu convite é uma intenção de encontro? - O nariz de Harry abaixa para os próprios pés.

É claro que é, Louis elabora consigo mesmo outra boa desculpa enquanto o coração dispara. Pelo jeito apavorado e constrangido com essa possibilidade, que Harry demonstra, é melhor não confirmar.

- É um convite para um amigo que gosta da sua companhia.

- Amigo? - Harry ergue a cabeça expressando o receio com outra hipótese e seu pomo-de-adão se move.

Se para sair com ele e ter um tempo desse gato arisco Louis precisará ir aos poucos e começar como amigo, tudo bem. Qualquer outra intenção deixará para depois. Ele precisa e quer estar com Harry sem mais inventar desculpas absurdas para ter sua atenção.

- Amigos.

- Promete que é só isso? Eu posso ser seu amigo, mas não podemos passar disso, Louis.

- Você quer uma promessa por medo de mim ou de você? - Harry continua escolhendo o silêncio irritante e Louis o estuda com atencão. - Mark me deu esse par de ingressos porque Greg e ela não poderão ir, eu não vejo outra pessoa que gostaria de um passeio desses além de você.

- Quando é a peça?

- Sexta-feira - Louis pegou um lápis num copo cheio deles na mesa, anotou seu número rapidamente atrás do ingresso e entregou para Harry - pense até lá e se não quiser ir me avisa de todo o caso, que eu doarei os dois para alguém.

- Ok - Harry encarava o pedaço de papel como se corresse o risco de levar uma mordida e Louis saiu da sala antes que o jogue na parede e teste aquele biquinho formado.

Só para ter certeza que são doces como em seus sonhos.

Saindo dali ele envia uma mensagem de texto para Zayn, o convidando para almoçarem juntos. Afinal, Louis lhe deve essa.

Eles se encontram no restaurante e vão até a mesa onde os outros amigos estão. Dessa vez Niall, Aruna e Zaki também estão com Bleta, Samuel e Gemma.

Aruna está agindo dramaticamente, com a cabeça deitada contra a mesa, exatamente como Louis fez mais cedo antes de fugir da aula de história.

- O que tá rolando?

- Nenhum dos nomes cogitados aceitaram contribuir para a campanha de ajuda aos refugiados - Bleta explicou - Oi, Zayn!

- Oi, todo mundo!

Niall socou os punhos em cumprimento, Sam e Zaki também, Gemma sorriu amarelo e Aruna não respondeu porque começou a chorar de verdade.

- Eles eram a esperança para aqueles jovens, eu sei que pode haver outro jeito de os ajudar de forma educativa, mas não consigo elaborar um agora!

- Não chore, querida, não chore - Louis tirou a cabeça dela da mesa e puxou para seu ombro - vamos pensar em algo juntos, ok?

- Não sei se adianta - Sam comenta entristecido, baseado no que Zaki contou à respeito.

- Essa gente adora estar estampada em capas de revistas como apoiadores do bem e se expondo na internet como benfeitores, mas são uns hipócritas xenófobos e racistas! - Niall soca a mesa chacoalhando as bandejas.

Sam, o oposto do colega, sendo sensível e silencioso, faz careta pelo barulho e Louis pensa no quão arriscado é a união de um arruaceiro e um principezinho, dividindo o mesmo apartamento. As chances de funcionar deveriam ser mínimas, mas Niall nunca para em casa e Sam vive trancado no quarto, então tudo bem. Os três funcionam lá.

Aruna para de chorar quando devolve o abraço de Louis, embora continue triste pelo resto do almoço.

Por terem chegado depois, Zayn e ele são os últimos a terminar. Eles ficam na mesa quando os outros saem rindo das piadas de Gemma e Niall, com um pouco mais de animação de Aruna e Zaki, apesar de eles estarem claramente se esforçando para não estragarem o clima.

- Eu só queria ajudar de alguma forma, você viu como eles estavam tristes? - Louis diz para Zayn quando ficam sozinhos.

- Uhum, arrasados.

- Não gosto de vê-la daquele jeito.

- E se - ele puxa seu queixo e tira o cabelo dos olhos de Louis, que tem um bico chateado e as sobrancelhas franzidas. Zayn está sorrindo daquele jeito sagaz de sempre e pela primeira vez nem com tanta aproximação Louis sente atração - fizermos justiça?

- Que tipo de justiça?

As mãos de Zayn continuam acariciando o rosto de Louis, só sendo delicado e o distraindo.

- Uma que chame atenção para o quão hipócrita esses riquinhos são, que seja escandalosa e os deixem encurralados pela mídia até doarem o que a campanha precisa.

- Você acha mesmo que funciona? Até o Sam que soube de pouco acha que nada adianta.

- Ele disse porque embora Aruna tente, Samuel é um cara que já não tem mais esperanças. Nós vamos fazer do meu jeito e vai funcionar. Duvido que os benfeitores querem a imagem de xenófobos pela mídia e nada melhor do que a própria arte, que eles negaram dar recursos, para gritar quem esses egoístas são.

- Parece errado.

- Eu chamo de justo, por isso justiça.

Louis se perde em pensamentos com Zayn passeando a mão devagar em suas bochechas, depois a barba, o nariz, a ponta dos dedos em seus labios. Ele fecha os olhos, suspira e tenta pensar na proposta com clareza. Louis pode ser ignorante para muitos assuntos, ele não é uma pessoa absolutamente inteligente e informado, mas também não é cego.

O mundo todo já ouviu falar sobre o quê esses povos passam, muito antes da Primavera Árabe. Do Oriente Médio, da África Subsaariana, vem tanto adultos, idosos, crianças e jovens em busca de uma oportunidade para viver, assim como Zaki que conseguiu e ainda enfrenta outros problemas como o preconceito, racismo, aceitação social e adaptação.

Tem gente arriscando tudo de si ainda que imersos em traumas, navegando no desconhecido, se agarrando por um fio de esperança.

Nadando contra a corrente, morrendo na praia.

Como o ser humano pode ser tão egoísta a ponto de ignorar a existência de um igual? Ainda que seja diferente, como conseguem dormir em paz, sabendo que podem ajudar e não querem por medo, síndrome de superioridade, desinformação e desumanidade?

As linhas imaginárias e barreiras que dividem territórios significam o quê, se a Terra é a casa de todo mundo?

Subitamente, entre essa linha de raciocínio, uma pontada de orgulho o atinge e ele sorriu, reconhecendo a origem. Admiração e orgulho de Aruna. Ela não desacredita, ela luta. Afeta-se e usa das armas que tem para ajudar não por conveniência, mas por humanidade. Porque lutar com amor pelo próximo é uma luta dela também.

E ajudar é algo que hoje em dia é tão raro e precioso, quando todos se preocupam apenas em separar cada força num bloquinho diferente.

Colocar amor no lugar da ignorância faz mais sentido.

- E então?

Louis tirou a mão de Zayn do seu rosto de forma sutil e sorriu complacente.

- Que horas você passa me buscar?

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Mudei o formato de toda a fanfic para travessões nos diálogos atuais e aspas para as lembranças do passado, por isso muitos comentários sumiram dos anexos aos parágrafos, então me desculpem!

Obrigada pelos 2k de leituras e todo o retorno que me incentiva

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