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Capítulo 36

Obrigada pelos +30k e pelos votos, principalmente os comentários que me fazem rir um monte

Eu tava morrendo de saudade de vocês, meus doces encantos.

Novamente, parte desse capítulo foi escrito por witchfearless que também tem fanfic incríveis no perfil dela.

Espero que gostem, boa leitura!

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Louis tremia, mas não sabia se devido ao frio ou pela raiva da discussão com Harry.

Já era tarde e a chuva na ilha soava cada vez mais forte ali dos prédios dos fundadores. Agora a proposta de dormir com Harry parecia tentadora mesmo que ainda estivesse chateado sobre a omissão de Yanne.

Louis achava que mentiras machucavam, mas meias-verdades faziam um estrago tão grande quanto. Ele ironicamente precisava de um tempo longe de Harry, a única pessoa que mais quis ao seu lado naquelas três semanas.

Tempo do próprio Tempo, riu para si mesmo, rancoroso.

Parado diante de uma porta que por dias se recusou a ir, Louis estava cansado demais para ir ao seu dormitório e ainda elétrico por causa da recente discussão. Bateu levemente torcendo ser o suficiente para acordar Liam. Torcia para que ele tivesse um sono leve e o atendesse.

Quando a porta abriu, antes mesmo de ambos falarem algo, uma terceira voz surgiu reclamando:

- E é por isso que eu odeio essa merda de lugar, não se pode dormir em paz! - Zayn ralhou lá de dentro, longe de seu campo de visão.

Liam revirou os olhos sutilmente, mas sorrindo, enquanto Louis se encolhia com vergonha. Devia ter imaginado que Malik estaria ali, é óbvio que sim. Se ele estivesse bem com Harry também estaria com seu namorado.

- Pode entrar, ele só está estressado e cansado, não é nada pessoal.

- Você também estaria estressado e cansado se estivesse caçando párias pelo mundo e tendo que lidar com todo o mau-humor dos Designados ao mesmo tempo. Que ideia idiota levar a Lindsay!

- Eu não queria atrapalhar, eu só...

- Está completamente molhado e precisa trocar de roupa com urgência para não adoecer - Liam o interrompeu e abriu ainda mais a porta para que Louis entrasse - O clima talvez não melhore nos próximos dias. Pode ir ao banheiro, eu levo roupas secas para você.

Sem muita energia para contestar, ele apenas seguiu para onde Liam indicou e se permitiu respirar fundo quando ficou sozinho. Ele se sentia exausto e queria chorar. Conseguia ouvir as vozes baixas de Zayn e Liam conversando, mas seu coração ainda estava apertado com a possibilidade de Aruna ter sido ferida gravemente. Ele mal entendeu o que aconteceu com ela e já teve que lidar com os adultérios de Harry.

Céus, ele queria gritar.

- Lou, eu trouxe roupas secas para você - Liam chamou do outro lado da porta, ele pegou as peças quentes e vestiu.

Só o fato de poder se aquecer novamente já o deixava consideravelmente mais confortável. Abriu a porta do banheiro com cuidado para não ranger e incomodar. Se deparou com uma cena meiga a qual não esperava: Zayn estava agarrado no colo de Liam, enquanto recebia carinho em seus cabelos.

- Você não precisa se preocupar, ele já está dormindo de novo - a Paz cochichou - eu só não posso me mexer agora senão ele irá acordar. Vem, senta aqui comigo.

- Ele tem o sono leve? - perguntou curioso, aceitando o convite e falando baixinho assim como Liam.

- Eu tenho o sono leve. Ele geralmente não. Mas quando dorme aqui, Zayn costuma ficar em constante estado de alerta, principalmente depois do roubo da seta estelar.

- Ele se culpa por isso?

- Zayn se sente irritado por ter sido enganado.

- Eu entendo perfeitamente.

Liam prensa os lábios numa linha fina, sendo compreensivo. Ele leva um tempo em silêncio, pensando, antes de realmente decidir ser boa ideia entrar no assunto íntimo de Louis e Harry.

É assim que Louis percebe que talvez tenha sido tão esquivo que se esqueceu - literalmente - que esse também foi um dos seus melhores amigos desde sempre, mesmo que em diferentes vidas e que não foi só Harry e Aruna ou o direito de ser quem é que ele tenha perdido nessa maldita condenação.

E que também não foi só ele a perder.

Liam perdeu alguém que amava e se importava desde que Louis passou a se lembrar de muita coisa, menos dele. Toda vez que Louis age como uma criança birrenta e o trata apenas como o diretor da Shoreline, ele está perdendo sua relação de amigo.

Então ele percebe que não é justo com os outros e que não é só ele ali o prejudicado.

O Amor pode ser tudo e ter mil defeitos, mas o egoísmo não é um deles.

Por aquele comportamento anterior que Liam hesita um tanto antes de comentar:

- Você se sente enganado.

- Tudo bem, eu sei que posso falar disso com você - Louis encorajou, tentando consertar sua postura - você foi o meu psicólogo, se lembra?

Eles sorriram um para o outro, quase um sorriso triste, substituído em seguida pela seriedade de Liam para manter a conversa num nível de importância e confidencialidade que sentiu falta:

- Conversou com Harry sobre a Yanne?

- Acho que sim, mas talvez eu tenha sido muito emocional e... intenso. Nós gritamos um pouco.

- Os séculos mudam, mas algumas coisas não. - Liam riu baixinho.

- Do que você está falando, especificamente?

- Você é o bem e ele o mal, não é para ser fácil. E também todas as vezes que já se irritou com o Harry no passado, acabava vindo para mim por consolo, de alguma forma.

- Então eu já te incomodei bastante? - brincou.

Liam deu de ombros, mas depois de brincar gesticulou que não, não era incômodo. Mesmo assim Louis se desculpou.

- Você nunca me incomodou, Louis. Sempre fomos melhores amigos, desde o início. Eu nunca te negaria ajuda.

- Sempre fomos - repete, tentando se lembrar.

Talvez esteja na margem de sua memória como os sonhos e os déjà vus aparecem borrados. Talvez se ele se esforçar, a lembrança venha logo. Ele se sente frustrado, mas quando Liam tirou a mão do cabelo de Zayn para colocá-las em seus ombros, ele relaxou instantaneamente.

- Isso é o que você faz, é por ser a Paz ou por eu me sentir confortável na sua presença?

- Acho que a segunda opção, honestamente - Liam riu - Nossos poderes não são como os filmes da Marvel, se é isso o que está perguntando. Nós só somos o que somos.

- Uma existência que influencia.

- Sim.

Eles ficam em silêncio, Louis se distrai pensando e observando a sua volta. O quarto de Liam é bem diferente do quarto de Harry. O cheiro é de erva cidreira, mas bem fraco e chega a ser bom, mesmo que Louis nem goste tanto de cidreira. Tem um vasinho de begônias próximo a janela, algumas brancas, outras amarelas e poucas delas num rosa claro. As paredes são brancas, mas elas estão enfeitadas com vários quadros e isso aperta o coração de Louis. Ele tem saudade de pintar. Ele também tem saudade de sua mãe e Bebe.

- Você pensa demais.

- Você acha? - Louis riu de volta, tentando relaxar.

- Sabe o que eu faço quando Zayn chega aqui desse jeito todo estressado?

- Eu não sei se devo dizer o que acho que vocês fazem - Louis responde tentando ser mais bem humorado com Liam, que está lhe tratando muito bem plena às duas da manhã.

- Isso também, admito - ele ganhou um empurrão no ombro e os dois gargalham juntos, quase se esquecendo de respeitar o sono de Zayn - mas não é só assim.

- Hum... tô achando que será algo bem revelador, o que é?

- Não posso sair daqui porque eu prefiro que esse reclamão continue dormindo - Liam aponta para um cômodo claro - pega ali por favor, está na primeira gaveta

Louis vai até lá e abre, com dificuldade, está meio emperrada. Tem duas caixinhas, mas por Liam não dizer qual delas seria, ele pega a maior, das pontas arredondadas e o material de lata.

- Esse?

- Pode ser, traz aqui, eu faço.

Louis colocou a caixa entre eles. Sentou como Liam, de pernas cruzadas sobre a cama. Ele coçou a ponta do nariz por uma irritação da poeira na tampa.

Obviamente, ele fica surpreso pelo conteúdo da caixa.

Liam é o diretor da Shoreline. Os Nefilins com os quais Louis convive olham para ele com respeito e em sua presença se comportam como seu título de diretor provoca.

E tudo bem, honestamente, se Louis não soubesse que Liam é um imortal, daria à ele uns vinte e dois anos caso perguntassem. Ele tem a aparência jovem e a mente madura, uma maturidade incomparável. Mas é fisicamente muito belo e bem cuidado.

E Tomlinson não é uma pessoa conservadora que segue os parâmetros sociais, não mesmo. Mas ainda assim é estranho pensar que esse diretor maduro está sentado de pernas cruzadas numa cama bolando um cigarro de maconha para os dois.

- Você não precisa fumar se quiser, eu tenho docinhos de chocolate feitos com cannabis e garanto serem orgânicos. Eu cultivo com a ajuda dos Nefilins da terra.

Louis desfez a expressão pasma de surpresa só para concordar com um gesto de cabeça.

- Eu gostaria dos doces, sim.

- Está na outra caixa, aquela que parece de bombom.

Liam se parece muito com Absolem, a lagarta de Alice No País das Maravilhas, agora: pacífico, sábio e tragando fumaça como se isso o fizesse funcionar melhor. Louis come o chocolate com gosto, ele sente um pouco da maconha ali e em minutos sabe que estará risonho e relaxado porque é fraco para coisas assim.

O silêncio não é tão desconfortável para Louis, mas ele também quer conversar com Liam enquanto a chuva não passa e ele se vê obrigado a esperar ali. Talvez ele devesse sair e esperar no corredor para voltar ao dormitório e não incomodar a noite do diretor, mas é que o clima ali parece tranquilo. Ele nem está mais pensando demais, como Liam mesmo disse.

- Éramos todos amigos? - perguntou curioso e mordeu a metade do seu terceiro chocolate - Zayn, você, Harry, Niall e eu?

- Era uma amizade esquisita, todos diferentes um do outro, mas acho que era o que dava certo. Tínhamos que estar constantemente de olho em Niall, ele aprontava muito quando mais jovem.

- Não é como se agora fosse diferente - Louis zombou.

- Ele é bom em bagunça, conseguia até me convencer que a Paz poderia ser divertida.

Liam contava sobre algumas das melhores peripécias de Niall em Firdous, o lugar onde os Designados nasceram e viveram nos primeiros anos do início de tudo, da Criação. Somado à maconha, serve para fazê-los rir tanto a ponto de doer a barriga de Louis. É a primeira vez que se sente completamente relaxado em dias.

O sono de Zayn se prova realmente pesado, porque ele não dá a mínima e continua agarrado em Liam, dormindo, parecendo inocente. Quando olha para ele, Louis não sabe o que pensar. Ele gosta de Zayn? Zayn é para ser um amigo ou alguém para se manter distante? Se for a segunda coisa, então porque essa afeição desde que o conheceu nessa vida?

- Pode me contar mais sobre como costumávamos ser, num outro dia. Eu vou sair e deixá-lo descansar - Louis diz - preciso aproveitar que a chuva diminuiu um pouco.

- Um pouco, mas não tudo.

- Estou com sono, preciso ir.

Louis se levantou e olhou para Liam, atendendo o sibilo.

- Ei, quer um conselho?

- De amigo ou psicólogo?

- Amigo, com certeza.

- Tudo bem.

- Acho que você tem uma cama bem grande nesse corredor. Não tem problema voltar lá e apenas dormir. Vocês vão continuar agindo sobre o espaço de separação temporária, mas não precisa ser radical e sair numa tempestade para provar isso.

- Hum...

- Além disso, o Amor é amor próprio também. Você não vai querer ficar doente.

- E se eu chegar lá e ele estiver acordado?

Ele não estava pronto para enfrentar a tempestade, nem o seu passado, nem Harry e na verdade, nem nada. Se dependesse de Louis, ele se encolhia ali naquele cômodo pra ficar em paz até os problemas todos se dissolverem com as nuvens da chuva lá fora.

- Não culpe ele por ainda estar acordado lá, esperando você voltar - Liam deu de ombros - Harry se acostumou com essa coisa de te esperar.

═─── ❦ ───═


Sabe aquele momento raro quando acordamos antes de abrir os olhos?

Era isso o que Louis havia tido.

Ele acordou, ele despertou de um sono muito profundo, de um repouso quase permanente. Mas esteve de olhos fechados para muitas coisas. Por muito tempo.

Estava acordado, mas ainda não via.

Ainda de olhos fechados, ele não sabia onde estava. Era uma mistura de, por uma fração de segundo, achar ser o garoto virgem e calouro de uma Universidade na capital da arte e na outra fração de tempo se assustar ao lembrar que está na cama do seu namorado imortal, o outro pai de sua filha, quase como um casal de família numa ilha protegida de uma guerra sobrenatural da qual o envolvia.

Ele acordou, mas não vê muita coisa da vida, ou não entende, ou não se situa.

É difícil dizer assim, quando se acaba de despertar.

Louis tateou a mesa ao lado da enorme cama de Harry e ligou o abajur. Estava escuro porque as cortinas são grossas e poderiam lhe enganar. Poderia ser meio-dia, mas ele ainda acreditaria ser três da madrugada - aquela hora quando Louis voltou para o quarto e Harry voltou do banho. Os cachos úmidos repousaram a cerca de sete palmos à direita, ele deitou de costas e ignorou Louis para fazê-lo ficar, porque sabia o quão teimoso o Amor seria. O Tempo deu espaço para a raiva e a decepção do outro não os sufocar naquele quarto.

Agora, com a vista embaçada, Louis olha para o relógio de pêndulo iluminado pelo abajur. São seis e vinte e oito da manhã e à julgar pelo som baixinho do ressoar de Harry, no mesmo tom da chuva batendo na janela, ele ainda estava dormindo.

Encolhido em si mesmo no outro extremo da cama, respeitando o espaço imposto.

Louis virou-se de lado com as mãos em concha apoiando a bochecha, para observar os traços assimétricos na pele de marfim. Ele pensa no quanto Aruna é tão linda quanto seu pai. Os dois são perfeitos. Louis suspira. Ele está bravo com Harry, ele está tão, tão bravo com Harry. Mas é justamente por amá-lo demais que ele se decepcionou nesse nível.

Deslizou para fora da cama devagar, em direção ao banheiro. Fez sua higiene matinal, vestiu roupas limpas e confortáveis que encontrou no caminho - e obviamente são de seu namorado, porque atualmente o quarto é só dele e apenas com as coisas de Harry bem arrumadas, nada da bagunça marcante de Louis. - Ele encontra o que precisa para não criar caso, para não dar paranóias e ser bem claro com o outro, sem joguinhos. É um pedaço de papel no qual escreve um longo bilhete e deixa ao lado do abajur antes de sair em silêncio. Estava escrito:

"Vou tomar café aqui na casa dos fundadores, porque quero ver nossa filha antes de ir para a aula à tarde. Ainda preciso de espaço, ainda estou chateado, mas também, eu ainda amo você - L."

E ele passou os próximos minutos balbuciando "nossa filha" quase inaudível e para si mesmo, enquanto caminhava para fora.

No corredor, Louis esbarra em Niall correndo com um rodo de limpeza na mão, indo para a varanda dos fundadores, onde estiveram juntos com os outros designados da última vez.

- Bom dia, sogrinho!

- Por favor, ainda é cedo.

Niall não deu a mínima. Ele enlaça os ombros de Louis e o puxa para mais perto, lhe fazendo arfar e caminharem lado a lado com a pressa de Niall os levando para fora.

- Sabe o que eu estava fazendo? Correndo para terminar de arrumar a mesa para um café da manhã em família, uma surpresa para Aruna! Mas sabe o que eu me lembrei?

- O quê?

- Eu não sei arrumar NADA e aquilo ficou um caos - a piscadela até faz Louis sorrir - se é que me entende.

Sim, ele pode entender melhor quando chegou lá.

O café estava derramado no chão e no lugar da jarra de vitaminas estava o próprio liquidificador lambuzado. A pilha de panquecas estava torta e despencando por completo no pote de frutas.

Louis faz uma careta para o grupo de abelhas na tigela de mel aberta, mas depois ele acaba rindo ainda mais, se lembrando de que esse tipo de bagunça comum vinda do seu amigo lhe fez mais falta do que havia percebido. Ele só se deu conta quando encarou aquela zona com muito mais humor do que deveria.

- Vou te ajudar, pestinha.

Louis limpou a bagunça pelos próximos quinze minutos, enquanto Niall voltava para o prédio pedir para a cozinheira fazer mais daquilo tudo, por gentileza. Os dois se sentam na enorme mesa e decidem ainda não comer, apenas tomar o café e esperar por Aruna que, segundo Niall, já estava acordada desde que o Sol nasceu.

- Ela sempre acorda para aplaudir o Sol, mesmo depois de desmaiar num campo de guerra. Aruna leva muito a sério essa coisa de ser a Aurora.

- E por que ela ainda não veio para o café?

- Porque eu disse que seria uma surpresa, então ela está achando que vou levar o café da manhã na cama.

- Ela vai ficar lá te esperando?

Niall sorriu, maléfico. Mal, muito mal, Louis pensa se segurando para não rir alto do imbecil ainda assim ser um dos caras mais legais que conhece.

- Ela vai acordar muito brava. Vai chegar aqui batendo o pé e desabafando, então vai mandar eu ficar longe porque está brava e cerca de dois minutos depois estarei ganhando torradas na boca porque a surpresa era você, não o café na cama.

Louis sorriu, achou fofo, depois desfez o sorriso. São detalhes que ele queria saber mais, mas são detalhes muito parecidos com os seus, se fosse admitir.

- Você a conhece melhor do que eu - disse baixinho, servindo café para os dois, sem olhar diretamente para Niall, evitando demonstrar o ciúme.

- Na verdade, ela é quase uma cópia da sua personalidade. Talvez seja uns 80% de Louis desde as birras até a coragem, você vai ver.

Niall está sorrindo e Louis mostrando o dedo, apesar de ligeiramente... feliz? Saber disso o deixa com um tipo de palpitação boa no peito.

Pouco depois, Liam atravessou a varanda desejando bom dia, mas disse que já havia tomado café na cama e estava saindo para a meditação guiada com os alunos. Zayn também passou por ali de óculos escuros, fumando, na mesma direção que Liam. Niall ofereceu o café e se corrigiu, para debochar dizendo: "bobagem a minha! Se Liam já teve a refeição matinal dele, é óbvio que você também está satisfeito..." e a resposta de Zayn foi erguer o polegar em afirmação, sem dizer nada, apenas tragando e se afastando para Shoreline com mais pressa.

Niall tomou outra xícara de café e Louis permaneceu ali, em silêncio, esperando.

A chuva cessou, mas as nuvens pesadas indicam que haverá mais dela para mais tarde.

O cheiro de café acaricia seu olfato e por iniciativa própria ele alcança o açúcar para Niall, sem prestar muita atenção no que faz.

Ele não está mais pensando tanto nos problemas atuais, ele está ansioso porque a partir dali, assim que Aruna se juntar àquela mesa, ele será o pai dela e não o colega de apartamento de seu namorado, ou o namorado mais jovem de seu pai, ou um amigo maluco que aceita fazer protestos e manifestos sociais na praça da Universidade.

Ele será o pai dela e isso não é só assustador, é também uma sensação incrível. Ele precisa explicar isso para si mesmo, sobre ser assustador e ao mesmo tempo perfeito.

- Não, eu tomo café sem açúcar e bem forte - Niall dispensa os cubos e lhe tira de seus devaneios - mas obrigado mesmo assim.

Louis decide puxar assunto, constrangido por estar distraído enquanto Niall é cheio de energia e requer o triplo de atenção alheia.

- Como aconteceu, quando ela se machucou?

- O pária estava focado em perseguir Aruna, era um batalhão deles. Encontramos esse grupo em um tipo de seita na Malásia. Estávamos tentando dar conta de pegar todos eles, porque qualquer um desses grupos dispersos podem estar guardando uma Seta Estelar que representa perigo na mão dos idiotas. Essa é a guerra que travamos: uma caça. Eles nos caçam e nós os caçamos.

- Sei...

- Acontece que Harry e Lindsay tentaram ajudar Aruna ao mesmo tempo com a réplica da Seta Estelar que usamos e Harry realmente acertou o pária, mas Lindsay errou a pontaria e passou de raspão nela. Foi acidental.

- Não me conforta saber se foi acidente, eu achava antes que ela pudesse ir, mas agora não quero que volte com vocês.

- Eu também não - Niall serve mais café, a quinta xícara dele e Louis não se impressiona, considerando que ele vive agitado por muitos motivos - achei que você já sabia do que houve, achei que você e Harry estavam discutindo sobre isso além da sua crise paternal, ontem quando saímos. Os gritos estavam - ele se interrompe para fazer cara de prazer, irônico - preocupantes, os outros diriam.

- Não, não exatamente.

Niall manteve uma expressão de divertimento, tentando adivinhar qual a confusão da vez e Louis estava quase se irritando, ainda mais quando o genro riu ao entender, com aquela expressão figurativa de lâmpada se acendendo na têmpora.

- A bastarda!

- Não fale assim dela.

- Você parece com raiva, achei que-

- A culpa não é da garota, é dele.

- Vou te dizer o que penso - Niall o prepara - gosto da história lendária de vocês dois, aliás, foi o que trouxe a minha garota e se você não sabe, quando vivíamos em Firdous costumávamos ser um quinteto, uma panelinha, melhores amigos, sabe? É óbvio que eu iria apoiá-los - Louis sabe disso, Liam já contou - Mas cara, você é tão inocente assim a ponto de achar que o Harry ficou esperando você nascer e amadurecer para, com sorte, transar uma vez por volta de a cada vinte anos?

- Niall!

Os dois giram os quadris nas cadeiras lisas para encarar Aruna na entrada da varanda, com os cachos soltos despontando para todos os lados.

Louis tem o coração batendo diferente. Está mais acelerado e bombeando amor por todos aqueles quilômetros de veias e artérias humanas. Está expandindo tudo de si, como um tipo de crescimento absoluto que vai da raiz da alma até os poros na pele da bochecha ardendo pelo sorriso que não se desmancha nem quando ela começa a brigar com Niall.

Ela é tudo para ele agora, sinceramente, ele nunca pensou que pudesse amar tanto algo ou alguém como a ama, em toda sua vida. Louis sabe que esse sentimento cresceu desde que viu Aruna naquele estacionamento fazendo um show para a Universidade, acompanhada da estátua de Guilherme Orange e ele se encantou, estava fascinado, mas agora é muito mais do que isso porque entende o que realmente significa.

Ou talvez tenha sido bem antes.

Talvez esse amor exista desde um tempo que ele nem se lembra, quando, segundo a lenda, ele deu a própria vida para que ela vivesse e continuasse a encantar o mundo como lhe encanta.

- Eu já disse que não é pra você criar caos entre Louis e meu pai!

- A graça de brincar com eles é que os dois ficam malucos, mas não se separam, você sabe.

Louis sai de seu transe para ficar sem jeito com o comentário. Porque não é totalmente verdade, Niall está errado. E ele já disse que ama Harry, é óbvio, mas dessa vez eles meio que se separaram, não foi?

Um espaço por tempo indeterminado.

- Por que eu estou te esperando há mais de uma hora com o meu café na cama e você está sentado aqui? - ela faz bico e esquece a briga sobre Harry e Louis para sentar próximo de Niall e se encolher contra ele, com frio - Você é tão cruel.

Ele beija o topo da cabeça dela, rindo, e Louis limpa a garganta, tentando dizer alguma coisa sem ser "eu amo você."

- Se sente melhor? - perguntou, ao invés disso.

- Absolutamente, sim, não foi necessário voltarmos todos para Shoreline. Os párias estão à solta por aí com uma maldita Seta e nós estamos relaxados aqui, dormindo em camas e lençóis de linho fino!

- Ou eles estão por aí com uma maldita Seta, mas dormindo em camas e lençóis de linho fino - Louis comentou meio ansioso e passando as frutas picadas para ela - Então, de qualquer forma, se alimente, ok?

- Ok - ela respondeu estranhando a postura estabanada dele, mas sorriu e aceitou o cuidado.

Louis nem sabe como dizer o que sabe ainda.

Ele queria que fosse algo mais íntimo do que no café da manhã entre outras pessoas. Ele não para de pensar nisso.

Serviram-se conversando sobre como fora a batalha da qual ela se feriu. Falaram sobre os primeiros dias de Louis ali, sem mencionar paternidade, Yanne e fofocas. Ele preferiu contar sobre como Samuel e ele conseguiram um quarto comum com um pequeno protesto ao se isolar no quarto do prisioneiro.

- Meu pai deve ter feito um drama por você trocar de quarto - ela comenta sem erguer os olhos da torrada onde passa geléia para dar na boca de Niall - ele queria que aquele fosse o cantinho de vocês, eu acho.

- O que você quer dizer com cantinho?

Agora ela o olha e gesticula para falar, com uma torrada na mão e a colher na outra.

- Pense que o cara viveu centenas de anos fugindo, se escondendo em cada canto e buraco do mundo pra te proteger e deixar você viver mais ou sei lá o quê - Louis murchou, quase compreendendo onde ela queria chegar - e ele tem uma filha que é bem esperançosa e passou muito tempo colocando na cabeça dele que um dia poderia sim ter de volta o seu amor, eu por acaso errei?

- Não - respondeu baixinho.

- E agora ele pode parar de ir de lá pra cá porque acabou, vocês não precisam de fuga um do outro. A casa dele poderá ser fixa.

Louis ainda estava absorvendo o que ela disse quando o som vindo da entrada lhe chamou atenção. As três cabeças deram atenção à Harry que chegou ali de braços cruzados, rosto amassado como quem acabou de acordar e o cabelo igual ao de sua filha, embora seja bem mais curto.

Ele diz, ainda vindo devagar e sonolento:

- Acho que o que ela quer dizer é que a minha casa é onde você está e você está bem aqui agora.

A voz rouca afunda o âmago de Louis.

Ele sentiu suas bochechas esquentando, mas não expressa o quanto a presença de Harry o desestabiliza.

- Você ainda está aqui, certo? - perguntou baixinho e com os olhos verdes pregados nos seus.

- Certo - Louis engoliu seco e torceu os dedos na palma da mão, ansioso, mas manteve a postura séria, ele ao menos acha. Se lembrou do espaço necessário e isso deveria incluir não flertar. Foi por isso que a alfinetada escapou: - Não é como se eu pudesse sair daqui, de qualquer forma.

Harry baixou o olhar para os próprios pés, bufou uma risada para si mesmo e Niall quase derrubou o café de novo, rindo abertamente.

- Que tensão poderosa, nem parece terem brigado a noite toda.

- Niall! - os três repreendem ao mesmo tempo.

Harry sentou longe de Louis, como se fosse para o trato entre eles, mas não adianta. A sua presença já é suficiente para deixar Louis todo energizado.

Taylor e Gemma chegaram na mesa puxando assunto com Niall, depois veio Raykeea - sempre mais séria - resolvendo o próximo destino de batalha e quando entraram na discussão com Aruna sobre ela não ir mais, Louis se levantou de fininho e foi para o dormitório. Ele queria ver as aulas. Queria sair de perto de Harry também e queria não escutar aquela gente toda dando ordens das quais ele concorda no caso, sendo que ao mesmo tempo ele absolutamente entende o espírito teimoso que não cumpre ordens, de Aruna.

Se ele ficasse por ali seria para estar em cima do muro e... bem, Louis não quer que ela se chateie quando souber que dessa vez ele prefere que ela fique ali para lhe fazer companhia e em segurança.

Samuel não estava mais no quarto quando Louis passou por lá, provavelmente já havia ido para a aula dele. Ele encontrou Charlotte no caminho da sua primeira aula de meditação, mas ela não se aproximou., apenas o cumprimentou de longe porque estava indo para o outro lado.

Louis procura o caminho sozinho, se lembrando do tour com Liam para as aulas que precisa.

- Perdido? - ele se assusta com Yanne aparecendo ao seu lado, de repente.

- Oi.. hum, não, eu acho.

- Bem, mas você está indo para a direção errada, a sala de meditação do Liam é no fim do corredor à esquerda, vem comigo!

Ele a seguiu em silêncio, nervoso, mordendo o interior das bochechas e sem saber o quê dizer. É muito constrangedor e piora quando esbarram-se acidentalmente ao entrar pela porta. Louis é obrigado a olhar para Yanne e pedir desculpas. E grunhir internamente por tudo.

Mas fora isso, o restante da manhã não é tão ruim. Yanne se senta distante, na fileira de trás e Louis nas da frente, próximo de Liam. A meditação é guiada e antes dela, Liam conversou sobre os benefícios e as técnicas para iniciantes. Ali na sala, os dois eram professor e aluno, e sinceramente, Louis gosta disso. Ele gosta de ser tratado sem privilégios para evitar burburinho.

A outra aula foi livre. Louis ficou meio perdido quando percebeu que era literalmente livre. Os Nefilins sentavam em grupos de amigos no gramado para socializar, animados com o tempo que lhe sobraram, outros iam para a biblioteca, cada um fazendo o que queria e ainda nem era o horário de almoço, então não sabia o que fazer. Se ali não há conexão de telefone e internet, não seria muito fácil procurar por Sam e ter alguém para passar seu tempo livre - se é que Sam também estaria livre.

Ele foi ao campo de futebol conferir se o melhor amigo estaria lá, mas como não o encontrou, resolveu que um cochilo até a próxima aula seria o melhor. Ele dormiu quase nada na noite anterior e acordou muito cedo, estava cansado. Abriu a porta de seu quarto distraído. Olhava para o molho de chaves que continha as da chalé, da porta do quarto, da gaveta de seu armário, do armário da academia de Shoreline, do quarto de Harry onde não tem intenção de voltar tão cedo e grunhiu irritado por não saber qual delas era qual. Quando entrou, fechou a porta com o pé, tirou a franja dos olhos erguendo a cabeça e então, ele a viu.

Sentada na calma alta de Louis, com as mãos entrelaçadas no colo e a julgar pela feição empalidecida, absolutamente nervosa com a presença dele. Ele nem precisa a conhecer mais do que já conhece para saber que Aruna teve a notícia de que ele já sabe sobre ela.

- Oi - ela cumprimenta embargada, a voz num fio choroso, a íris amarela brilhante feito ouro, dourada.

É diferente agora do que mais cedo, porque agora os dois sabem, e não apenas ela tendo que se conter para não assustá-lo. Agora Louis sabe e ele entende que tudo o que sentiu por ela desde que a viu pela primeira vez faz sentido.

E que esse sentido lhe deu um sentido.

É como se finalmente ele estivesse inteiro, ele se sente um homem completo. Aquele sentimento de saudade de algo que ele nem sabia o que era está sendo substituído pela presença de Harry e Aruna na vida dele.

Agora sim, amar faz muito sentido, ele pensou e sorriu.

- Oi, meu raio de Sol.

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