Capítulo 18
Por favor meus maiores amores, votem e comentem bastante ♡
Boa leitura!
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Não houveram outros beijos depois daquele pelos próximos dias.
Não foi exatamente culpa de um deles ou algum recuo decepcionante, mas é porque Louis e Harry estavam realmente ocupados.
O professor ajudou outras turmas da Universidade de Amsterdã com um roteiro para o musical de Los Miserables previsto para o final de semestre, além disso ele esteve organizando sozinho a maior parte da despedida de solteiro de Greg, já que por sua vez, Louis planejava com os amigos o manifesto artístico marcado para depois do casamento de Mark, que era outra coisa da qual ocupava uma grande parte do tempo de ambos.
Em contrapartida, as mensagens de texto aumentaram bastante.
Eles falavam de tudo, desde o cotidiano corrido e os detalhes prontos para a despedida de solteiro, até sobre a série Sense8 que Louis obrigou Harry assistir e agora estão viciados. A cada episódio ele volta para o celular compartilhar suas opiniões e euforias com Louis. Apesar de não estarem agindo estranho depois do beijo, eles também não falaram mais sobre o que aquilo significou.
- Eu estou te dizendo, Fender, você pode fazer um estúdio com uma boa acústica dentro do próprio quarto só usando equipamentos caseiros!
É na quarta-feira quando Louis finalmente tem tempo suficiente para respirar.
Não há aulas para sua turma no período da tarde, mas Bebe e Sam tem ensaio livre no auditório para os testes do musical. Eles e outros três colegas do curso de Música, que Louis acabou de conhecer, usam o palco com hora marcada para trabalharem juntos.
Ele decidiu assistir suas crianças enquanto relaxava nos bancos estofados. Um pé está sobreposto na cadeira vazia da frente e o sketchbook apoiado nas coxas. Tomlinson analisava o palco para traçar rapidamente uma Bleta entediada e a folha semi rabiscada.
Sam estava dedilhando Waiting For Love na guitarra, só por mania e distração, enquanto ouve o colega de turma dele explicar algo sobre acústica e coisas que fazem Bleta bocejar de novo. Samuel parou de tocar e olhou sorrindo para um ponto atrás de Louis e antes que o mesmo virasse para saber o que era, seus olhos foram cobertos por mãos grandes e o olfato acariciado pelo cheiro maravilhosamente doce.
Alguém está atrás dele esperando ser adivinhado e Louis riu, porque nem em um milhão de anos seria capaz de não reconhecer Harry Styles.
- Será que é o homem dos meus sonhos? - responde rindo e cobrindo as mãos dele com as suas menores.
Harry tirou elas de lá e circundou a cadeira para entrar no seu campo de visão com o habitual e irresistível sorriso tímido de covinhas e os olhos verdes brilhantes.
- Homem dos seus sonhos? - questiona sem jeito, mas espiando o sketchbook.
Ao invés de responder, Louis estende o desenho para que o outro mate a curiosidade. Ele elogiou o desenho e abaixou-se de croquis para continuar a passar para as próximas páginas, como se soubesse que Louis tem essa mania de desenhar de trás para frente na sequência de folhas do seu caderno. Isso faz aquela coisa dentro dele - das borboletas acrobáticas que geram calor pela agitação toda e os mini-louis gritando uns com os outros.
O próximo desenho é do campo no Vondelpark, depois é outro mais simples de Olivia dormindo no peito de um Sam descabelado pelo sono e Harry parou a seguir, no desenho perfeito de Aruna. Foi feito no sábado anterior quando estavam reunidos no lobby do bloco dois dos dormitórios, para acertar alguns detalhes do manifesto.
No desenho Aruna está numa calça de moletom larga e meias nos pés que se apoiam no encosto do sofá, exatamente a postura em que Louis se encontra naquele momento. A garota estava anotando o material arrecadado na agenda de Zaki e extremamente concentrada. Todos os traços da aparência dela lembram muito Harry, mesmo num desenho em preto e branco.
- Ela é a sua cara - Louis elogia sorrindo - aposto que a personalidade é da mãe.
Sim, o comentário foi proposital.
Ele quer saber sobre isso.
Os dois estão num nível da amizade em que sabem muito um do outro, como gosto para filmes e músicas, a aversão de Harry por frituras, camisa que mais usam, a rotina está nas conversas, eles sabem como fazer o outro rir e todas essas pequenas coisas além daquela grande coisa que foi o beijo há alguns dias - do qual inegavelmente significou muito, ao menos para Louis - e ele não pensava em outra coisa mesmo que ocupado e não parou de sorrir sozinho quando se lembrava das mãos de Harry em seu corpo, do gosto da boca dele, das leves mordidas e os puxões entre dentes em seus lábios, dos suspiros e a promessa de ficar.
Ele se sentia agitado só de lembrar no quão apaixonado está, então sim, Tomlinson acha que pode avançar para a parte de assuntos mais sensíveis e que está claro que Aruna também não vai responder, porque ela já sacou que ele pergunta minuciosamente na tentativa de saber mais sobre a mãe dela e ela recua habilidosa, assim como Niall fugiu do assunto dezenas de vezes com piadas e barulhos.
Harry está ali, segurando firme o caderno, abaixado na mesma posição e demora para se mover e apoiar os cotovelos na cadeira ao lado. Ele olha para Louis de um jeito meio perdido, pensando demais, hesitante demais.
- Você está ocupado? - desviou o assunto e Louis disfarçou a frustração da tentativa de conhecer o passado dele falhar.
- Finalmente, não.
- Quer tomar um café?
Os olhos de Harry vacilam para outra direção e o garoto guarda o caderno na bolsa com um mal pressentimento. O jeito que foi convidado é suspeito, como pisar em ovos.
- Por que esse convite parece mais com você querendo me dar uma notícia fora daqui?
- Porque eu preciso mesmo conversar com você, Louis.
- Entendi - ele engole seco e estuda o rosto de Harry com a sensação ruim, com medo do que pode ouvir.
O assunto do beijo ficou no ar desde que o Sol nasceu e Louis ainda estava lá. Foi uma coisa, Louis sentiu que foi sim uma coisa importante para os dois, mas não o impede de sentir-se inseguro.
E se Harry repensou e acha um erro, mesmo sendo um erro tão gostoso?
E se Harry não corresponde os seus sentimentos?
Louis assobiou para chamar por Sam e Bleta e num gesto de cabeça avisa estar saindo com o professor.
Para a sua surpresa, assim que pisa os pés para fora do auditório, sua mão é entrelaçada pela mão de Harry. A sensação ainda é a mesma da primeira vez e eles caminham assim por cerca de dez minutos falando sobre as atividades de Sam e Bebe para o musical, até a cafeteria mais próxima. Os dois soltam as mãos quando fazem os pedidos de cafés para viagem e saem cada um com o seu copo em direção ao canal que atravessa o Flevo e passa pelo campus.
Harry escolhe um banco público de frente para a água escura como o céu daquele fim de dia. Louis senta ao lado dele e bem perto, mas não parece impertinente a proximidade excessiva. Styles até passa o braço em volta dos seus ombros para que o garoto se encoste em seu peito e eles ficam em silêncio, bebericando o café, vendo uma embarcação passar com turistas e a bota de Harry raspa carinhosamente no All Star sujo de Louis. Eles nem percebem o movimento singelo, porque ambos estão imersos em seus próprios pensamentos conflituosos.
- Terminei a primeira temporada de Sense8.
- Está pronto para chorar durante a segunda temporada?
- Eu não vou chorar - Harry se defende convicto e Louis estreita os olhos.
- Vai sim, Aruna me contou que você chorou no episódio em que a Nomi contou para o Lito sobre o vestiário da turma de natação, então imagina só quando ver as-
Harry se apressou em fazer Louis calar a boca para não dar spoiler.
A questão é que, ele faz isso roubando um beijo.
É um beijo casto e simples, ele só encosta os lábios nos seus, mas é suficiente para fazer Louis suspirar e se perder. Ele se esqueceu do que estava dizendo e manteve os olhos abertos quando Harry se afastou de olhos fechados.
- Oi.
- Oi - Harry responde sussurrando.
Louis quase o beija de volta e com mais força, mas se lembra que estão em público e há um motivo. Harry quer conversar e parece ser muito sério. É precipitado ele achar que não conhece Harry o suficiente, mas pode sentir os sentimentos dele refletindo em si mesmo?
- Você tem algo a me dizer.
- Sim, eu tenho.
Louis se afasta minimamente e cruza as pernas se preparando para o que há de vir. Não pode ser bom se agora Harry olha com receio para o canal, ao invés de mirar nele.
- Eu vou embora depois da cerimônia de casamento.
- Você vai embora - Louis repete pasmo.
Harry continua se explicando, mas agora ele faz o favor de olhar para Louis que se encolheu contra si mesmo, tentando descobrir se não é outro daqueles sonhos em que ele acorda lhe perdendo.
- Darei aulas em Cambridge, para uma escola de arte.
- Assim, do nada? Quero dizer, é Cambridge e eu fico feliz por você ter uma oportunidade, mas eu não sabia que você queria ir embora daqui. Eu achei que você estivesse bem empregado e Aruna está feliz com as aulas, então por que você está indo embora?
Louis está tagarelando por nervoso, não apenas nervoso, ele está apavorado e a ideia de Harry ir para longe, de não ter Harry presente, inicialmente é assustadora. Ele não precisa de Harry para viver, mas ele quer ter Harry vivendo com ele ali.
Ele não pode ir embora, não pode ir embora, ele tem que ficar. Louis não para de pensar mil coisas e na garganta tem um nó.
Harry apoia os cotovelos nos joelhos depois de deixar o copo de café vazio, ele pensa um pouco antes de se explicar do mesmo modo que sempre faz: sem se aprofundar e somente pelas margens.
- Eu preciso ir para não perder algo importante.
- Não há outra saída?
- Infelizmente não.
- O que você perderia se ficasse aqui?
Se ficasse aqui comigo, Louis queria coragem para dizer. Mas talvez seja cedo demais.
Porque ele precisa colocar os pés no chão, antes que caia.
Talvez seja cedo demais para Louis contar à Harry que o ama, que o seu coração é dele e que Louis não tem mais outra certeza além dessa.
Harry sempre recuou tanto e talvez o motivo seja esse, porque o professor já imaginava que teria que ir embora.
O que Louis sente, o que Harry significa para ele é muito forte para ser absorvido assim, diante outra situação já traçada. Harry tem que saber disso sem se sentir culpado por deixar um coração partido para trás.
Talvez ele não o ame como Louis ama Harry, talvez exista algo maior que o amor ou talvez nem exista amor o suficiente para fazê-lo ficar.
Dizem que o amor é cego.
Dizem que o primeiro amor é confuso.
Talvez seja, mas ele acredita também que para tudo há um tempo certo.
Esse não é mais o momento em que ele acha certo dizer.
Porque Harry está indo embora e Louis não vai dizer algo na intenção de encurralar, na intenção de pressioná-lo a escolher ainda que ele não seja correspondido, porque assim como disse um dia à ele, o amor é chave e não cadeado.
Pés no chão, ele mentaliza de novo como um mantra.
- O quê você perderia se ficasse aqui?
Perguntou novamente, no entanto, porque ele pode até não falar que o ama, mas ele quer saber o motivo de deixá-lo ir.
Harry torce os dedos nervosamente antes de responder com cautela:
- Eu perderia o homem que eu amo.
A primeira reação é ficar sem reação.
Louis ainda não absorveu e desconcertado ele pergunta:
- Quem é o homem que você ama?
Isso vai doer, ele já sabe pelo modo como Harry respira fundo e arruma a postura. Ele sabe que vai doer porque se Harry está indo embora para não perder o homem que ama, então obviamente esse homem não é ele.
E é difícil mentalizar agora para manter os pés no chão e não cair, ainda mais se dando conta de que talvez desde o início estivera caindo por Harry.
É difícil manter os pés no chão, mas ele precisa tentar.
Ele repete o mantra com medo de não dar mais tempo, porque o frio na barriga já está lá, é um indício de estar despencando no vácuo sem paraquedas.
- Harry, quem é o homem que você ama? - é melhor acabar logo com isso.
Flutuar não parece tão mágico agora, ao invés disso a altura lhe causa medo.
- O outro pai da minha filha.
Louis vai continuar caindo mesmo quando sabe que dói, descendo mais rápido que um milhão de milhas por hora.
Tentando recuperar o fôlego de alguma maneira, de alguma forma. É como se estivesse congelado, mas o mundo ainda gira. Preso em movimento, mas as rodas continuam girando. Movendo ao contrário, sem saída.
E agora Louis está um passo mais perto de estar dois passos mais longe de Harry.
- Aruna tem outro pai.
Repete para si mesmo, tentando encaixar as peças para entender e ficar em paz quando desistir de Harry, mas porque esse turbilhão de sentimentos confusos? Ele nem consegue colocar os pés no chão e entender que desde o início estivera nutrindo os sentimentos sozinho, mas ao mesmo tempo algo maior dentro dele ainda alimenta a esperança de que Louis não estivera nas nuvens sozinho.
Não tinha como estar no alto sozinho se ele sentiu o beijo de Harry lhe tocando.
- Aruna tem outro pai e você está indo embora para não perder ele, se você ficar aqui comig- se você ficar aqui vai perder o cara que ama, então você vai embora.
Os olhos de Harry estão marejados, afogados, mas quem deveria chorar não é Louis?
Não importa, porque mesmo chorando Harry confirma o que foi concluído com um gesto curto de cabeça.
Louis não consegue jogar na cara dele sobre ter dado o seu maldito coração desde que o conheceu, o coração que Harry brincou até em seus sonhos. Ele também deveria sair dessa contando sonhar com ele, só para depois dizer que a promessa de Onawa, a promessa de Dealer, a promessa de todas as vezes em que teve Harry foram fruto da sua imaginação, mas ele não consegue.
Porque no fundo, Louis ainda acredita que aquilo tudo foi real, que não foi fruto da sua imaginação.
Ele não é e nem está louco.
Embora não saiba o que diabos tudo significa, mas verdadeiro foi.
Não consegue desacreditar, porque Harry está o olhando com o mesmo medo em que o olhava antes de Louis acordar com a sensação de morte. Ele não sabe como é estar morto, mas ele sabe como é chegar quase lá depois de entregar seu coração para o mesmo homem tantas vezes.
- Então por que você deixou eu te beijar? - se levantou do banco, pronto para ir.
- Eu não estava pensando direito, me desculpa.
Louis bufou uma risada com as mãos na cintura, Harry passou a língua nos lábios secos e eles ficam de frente um para o outro sem dizer mais nada.
Ele ia dizer para Harry que sempre esteve ali por ele, que esteve até depois do Sol nascer como Harry queria, que essa foi a primeira vez que ele se apaixonou e tudo o que Louis queria era a verdade. Por que Harry não disse isso desde o início, antes de Louis subir tão alto? A queda nem foi calculada, ele nem imagina o quanto isso dói.
É por isso que as coisas devem ser ditas antes que seja tarde, para evitar mais sofrimento.
Mas Louis também tem as verdades dele não ditas.
Se ele pensou em algum momento anterior que prefere morrer do que não falar de amor, agora quando acena para Harry, vira as costas e se afasta chorando silencioso, Louis acha melhor enterrar os sentimentos juntos consigo.
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