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ꕥ O passado de Raquel ꕥ

Autora Narrando

O balanço...

Era tão divertido para Raquel se sentar no balanço e ficar ali enquanto o tempo passava e ela se balançava. Os cabelos longos da garota iam para frente quando o balanço a levava para frente, e quando o balanço ia para trás, os cabelos longos e castanhos dela iam para trás também.

Ela sorria se divertindo e lembrando de quando o pai a empurrava no balanço.

— Raquelzinha! Meu Deus menina, quer me matar de susto? Pensei que tivesse fugido. — Uma das empregadas, Aveline, apareceu indo até a garota de apenas sete anos que parou de se balançar quando escutou a voz da mulher.

O balanço havia sido feito em um tronco de uma árvore. O pai de Raquel que havia feito para ela quando a garota completou três anos de idade.
Ficava em um pequeno espaço por trás de sua casa e quando a garota queria se distrair, corria para o balanço.

— A mamãe chegou? — Raquel perguntou parando de se balançar e Aveline se aproximou da garota, um pouco ofegante, ficando evidente que havia corrido e procurado Raquel por toda a parte da casa mas havia se esquecido de verificar aquele pequeno espaço que a garota gostava de ficar.

— Chegou... mas não chegou sozinha.

Raquel desceu do balanço e olhou confusa para a empregada.
Mas, para Raquel a Aveline era mais do que uma empregada para ela, ela considerava Aveline como uma grande amiga.

— Não? AH! JÁ SEI, JÁ SEI! É o papai? Ele voltou? — A garota perguntou animada e Aveline sorriu com pesar.

— Oh minha Raquelzinha, seu papai está no céu.

— Ah... eu tinha esquecido. — Raquel soltou um suspiro e olhou para o céu que estava azulado e com poucas nuvens.

— Mas ele também está aqui — Aveline apoiou sua mão no peito da garota. — Ele nunca vai deixar você minha Raquelzinha, acredite em mim. Agora vamos que... a sua mãe quer apresentar você a alguém.

Aveline pegou na mão da garota e a guiou para dentro da casa, a levando para a cozinha que era onde se encontrava a mãe da Raquel e um homem desconhecido para a empregada e também para a pequena Raquel.

A garota abraçou a mãe e fechou os olhos, estava com saudades e só tinha visto a mãe de manhã. Ela havia chegado da escola mas a mãe não estava em casa, só havia chegado agora e com um homem desconhecido.

A garota abriu os olhos por sentir que já estava sendo observada e olhou para o homem que estava no canto da cozinha, olhando para ela.

— Quem é esse mamãe?

— Ah esse é o Hugo. Lembra quando eu te disse que você poderia ter um novo papai? — A mãe de Raquel perguntou se afastando do abraço da filha e Raquel a olhou.

— Lembro...

— Então, o Hugo será o seu novo pai.

— Não quero ele, eu quero o meu pai de verdade. — Raquel disse e direcionou o olhar para o homem que havia ficado cabisbaixo.

— Meu amor não é assim que s

— Tudo bem Lila, é normal que ela tenha essa reação. — Hugo disse erguendo um pouco a cabeça para olhar para Lila que ainda olhava preocupada para a filha.

— Não quero que trate Hugo mal Raquel, não foi essa a educação que eu te dei. — Lila avisou e Raquel continuava encarando o homem.

Raquel sentia que aquele homem não era bom para a sua mãe e nem mesmo para ela, não aceitaria aquele homem como pai. Seu único pai havia sido Richard e mesmo que não estivesse mais ao seu lado, continuaria no seu coração, assim como a empregada Aveline disse.

Naquele mesmo dia, Lila colocou Raquel para dormi e a garota se aconchegou em sua cama, enquanto Lila a cobria com um cobertor na cor rosa claro.

— Mamãe... vai ler uma história hoje?

— Hoje não meu bem, hoje a mamãe está cansada. Mas amanhã prometo que lerei uma história para você. — Lila beijou a testa da filha e desejou um boa noite.

Algumas horas mais tarde, Raquel acordou sentindo algo em suas pernas. Ela se mexeu sem abri os olhos e escutou passos dentro do seu quarto, ela abriu um pouco os olhos e avistou uma silhueta abrindo a porta do seu quarto e em seguida saindo o mais rápido que conseguiu, deixando Raquel sem ter a chance de enxergar quem havia entrado em seu quarto.

Como a cama dela ficava um pouco perto da porta, ela soube que alguém havia entrado em seu quarto. Mas ficou quieta... desconfiada, no dia seguinte quis perguntar se Aveline havia ido ao seu quarto e foi o que ela fez. Mas Aveline disse que não, que só havia se levantado e tinha ido olhá-la pela manhã, pela madrugada não.

A mulher estranhou a pergunta da garota e decidiu ficar atenta, não confiava no homem que a mãe da garota havia colocado na casa.

E naquela noite quando Lila se despediu da filha e fechou a porta, Raquel ligou o abajur e voltou a se deitar. Dessa vez não iria dormir, ficaria atenta caso alguém entrasse no seu quarto de novo.
No fundo... a garota sabia que não era a sua mãe, já que a mãe não costumava ir no seu quarto de madrugada.
Só quando ela estava doente.

Raquel não conseguiu se manter acordada e acabou dormindo, mas depois acordou sentindo seu cobertor sendo levantado e em seguida, algo tocando suas coxas. A garota não quis abri os olhos mas sentiu medo, se mexeu quando sentiu que sua blusa iria ser levantada e rapidamente, como na noite anterior a pessoa se afastou e Raquel abriu um pouco os olhos, vendo agora o homem com quem a mãe dela havia se casado, saindo rapidamente do seu quarto e fechando a porta com cautela.

Assim que a porta do quarto foi fechada, Raquel abriu os olhos por completo e cobriu seu corpo com o cobertor. Ela se perguntava o porque aquele homem estava fazendo isso, e seja lá o que ele pretendia com isso, ela não gostava nenhum pouco.

No dia seguinte, não quis contar para a mãe o que estava acontecendo desde o dia em que Hugo começou a dormi em sua casa. Mas contou para Aveline que Hugo abria a porta do seu quarto e ficava observando ela, não quis entrar em detalhes pois temia que Aveline contasse para a sua mãe... e Raquel tinha medo do que a mãe dela poderia fazer com ela.

A garota se sentia culpada quando na verdade, não tinha culpa de nada. Ela pediu e implorou para que Aveline não contasse para ninguém e Aveline disse que ficaria de olho, que Raquel não precisava mais se preocupar que ele não iria mais fazer isso.

E então, Aveline esperou anoitecer e esperou todos irem para cama. Ela não dormiu, ficou aguardando e em completo silêncio dentro do seu quarto, quase cochilando sentada em cima de sua cama.

Até que ela escutou o som de uma porta se abrindo e rapidamente se recompôs, se levantou da sua cama e caminhou em passos lentos, abrindo com cuidado a porta do seu quarto para não fazer barulho. E foi então que ela avistou, Hugo caminhando no corredor e indo na direção do quarto da sua garotinha.

— Aonde vai senhor Duarte? — Aveline perguntou abrindo a porta do seu quarto e encarando o homem que a olhou assustado.

— Nossa... se sua intenção era me assustar, você conseguiu — Hugo deu um sorriso fechado e foi dando alguns passos para trás. — Eu estava indo ao banheiro, não fica por lá? — Ele perguntou apontando ironicamente em uma direção que se localizava o banheiro.

— Sim, fica. — Aveline disse séria, cruzando os braços e semicerrando os olhos.

— E você? O que faz acordada?

— Pelo mesmo motivo que o seu, eu também pretendo ir ao banheiro.

— Ora, então, por que não vai primeiro? Eu espero, sem problemas.

— Não estou tão apressada assim, você apareceu primeiro no corredor então, você pode ir primeiro. — Aveline disse e Hugo a xingou mentalmente porque sabia que naquela noite, não teria como entrar no quarto da sua enteada.

— É claro, eu irei primeiro então. Mas quero deixar avisado que... posso demorar.

— Não tem problema, eu espero.

Hugo deu um sorriso forçado e foi ao banheiro, assim que Aveline avistou ele entrando no banheiro e fechando a porta do mesmo. Ela caminhou em passos lentos e foi até o quarto de Raquel, abriu a porta e a garota parecia estar dormindo, mas na verdade estava acordada e ouviu o pequeno diálogo que a empregada teve com o marido de sua mãe.

— Raquelzinha — Aveline a chamou em um tom de voz baixo e próxima a cama da garota. Raquel abriu os seus olhos que logo se encontraram com os da empregada e Aveline acariciou as madeixas da garota. — Durma tranquila minha menina, não vou deixar que nada te aconteça.

Raquel deu um sorriso fraco e só depois das palavras de Aveline, ela pode dormi tranquilamente. Sem se preocupar se alguém entraria no seu quarto.

Daquele dia em diante Aveline sempre esteve atenta e atrasava alguns serviços para sempre consegui realizá-los a noite, assim conseguia ir dormi de madrugada e como estava acordada, ficava fácil para ver se Hugo iria aprontar alguma.
Mas ele não aprontou mais.

Não até Raquel completar onze anos, estava se tornando uma moça muito bonita e lamentava todos os dias pela mãe ter se casado com Hugo. Tinha que aturar o homem quando estava em casa e preferia se trancar no quarto do que ficar em algum cômodo da casa com ele, a observando.

Ela não havia esquecido que quando ela tinha apenas sete anos de idade, ele entrou algumas vezes em seu quarto para lhe passar a mão. Não sabia o que isso significava na época, mas agora sabia e tinha nojo.

Infelizmente, certo dia, quando Raquel havia chegado da escola e colocou sua mochila em cima do sofá, percebeu que a casa estava bastante silenciosa. Deduziu que Aveline não estava em casa, o que era raro porque ela sempre estava naquele horário, ainda mais porque ela era a cozinheira da casa e deveria estar cantando alguma música na cozinha enquanto preparava o almoço.

Mas Aveline não estava em casa, e a mãe de Raquel estava no trabalho e só chegava a noite.

— Raquel, que bom ver você.

Raquel respirou fundo pois sabia que só aquele homem poderia estar em casa, já que ele não fazia nada na vida e dependia do dinheiro de sua mãe.

Ela não olhou para ele, apenas pegou a sua mochila e iria caminhar na direção das escadas para ir para o seu quarto, mas parou de caminhar quando sentiu a mão de Hugo segurar o seu braço.

— Fale comigo sua desgraçada, não finja que eu não estou aqui — Hugo disse e em seguida começou a cheirar os cabelos de Raquel. — Você é tão cheirosa...

— Você me solte, se não

— Se não o que? Vai chamar a sua amiguinha Aveline? Para a sua informação, ela não se encontra. O filho dela sofreu um acidente agora de manhã e ela só soube há alguns minutos atrás. Saiu praticamente correndo daqui e duvido muito que ela volte para cá agora. — Hugo trouxe Raquel para perto dele e ela logo pisou com força no pé direito do mesmo e deu uma cotovelada com força na barriga do homem, o fazendo soltá-la.

Ela se afastou dele e ele gemeu sentindo um pouco de dor e apoiando sua mão na barriga.

— Desgraçada, mas você não vai fugir de mim agora. Não agora que temos privacidade. — Hugo deu um sorriso malicioso e Raquel o olhou com desprezo.

— Você é nojento! Se você encostar em mim eu vou dizer para a minha mãe — Raquel disse e Hugo não perdeu tempo e correu na direção dela, a agarrando com força para que ela não se soltasse. — ME SOLTE! — Raquel gritou tentando acertar a mochila no rosto dele mas ele estava agarrando seus braços e logo a beijou.

Hugo tentou colocar sua língua na boca de Raquel e ela mordeu com força a língua dele, e em seguida ergueu seu joelho direito, acertando com força a parte íntima de Hugo, que a soltou rapidamente. Ela largou a mochila e correu, saindo de sua casa.

Ela saiu correndo pelas ruas e algumas vezes olhou para trás para ver se estava sendo seguida.

Mas Hugo não a seguiu, Raquel pensou que provavelmente ele estava sentindo muita dor para poder correr atrás dela e ela agradeceu mentalmente a Deus por isso. Ela parou de correr e percebeu que estava em uma rua um pouco distante da que morava, Raquel sentiu seus olhos encherem de lágrimas e limpou a boca com as costas da mão, estava se sentindo horrível e iria chorar ali mesmo.

Só não chorou porque avistou um garoto de sua escola que morava naquela rua, saindo de casa.

— Ah não... ele não. — Raquel murmurou e rapidamente enxugou as lágrimas antes que escorressem pelo seu rosto e quando iria sair da rua, escutou a voz do garoto a chamando.

Ela respirou fundo e olhou na direção em que ele estava vindo, ele se aproximou dela dando um beijo no canto de sua boca e rapidamente ela o empurrou.

— Calma! Que isso meu amor? Parece brava.

— Eu não sou o seu amor René — Raquel disse séria e o garoto apenas deu um sorriso fechado. — E nunca vou ser, eu só gosto de você como amigo. Pareço até um gravador repetindo isso todo santo dia.

— Um gravador... você poderia ir na minha casa qualquer dia desses para ouvirmos alguma música, o que acha?

— Alguma música? — Raquel perguntou confusa pela mudança repentina de assunto.

— É, no meu quarto é claro — René disse recebendo um tapa no ombro. — Ai! Qual é Raquel? É só uma ideia. Estou só esperando você assumir que gosta de mim para começarmos a namorar.

— Acorda René! Você tem 13 anos e eu ainda tenho 11 anos, somos novos demais para isso.

— Ah mas não ficamos parados no tempo, você não vai ter 11 anos para sempre. Não é mesmo meu amor? — Ele tocou no rosto da Raquel mas se afastou um pouco quando escutou a voz de uma mulher do outro lado da calçada.

Raquel olhou na direção de onde vinha a voz e uma mulher de cabelos longos e negros caminhou até o René, o mesmo revirou os olhos e colocou as mãos nos bolsos da calça jeans.

— René, achei que iria com o seu pai para o

— Não vem com essa mãe, eu não vou para lugar nenhum com ele. Eu vou ver os meu amigos... a gente se vê depois Raquel. — René iria sair quando a mulher, que Raquel descobriu naquele momento que era a mãe dele, o agarrou pelo braço.

— Amigos? Aqueles garotos não são seus amigos, estão te levando para um caminho que eu não quero que você siga. — A mãe dele disse séria e René se soltou do braço dela.

— Não é nada disso! Olha... só me deixa, é um trabalho de escola. — René apressou os passos para sair da rua e Raquel o observou.

René ultimamente vinha mudando muito, era seu amigo desde o ano passado e no ano passado ele era comportado. Mas quando o ano começou e Raquel voltou a vê-lo na escola, ele estava mudado e de um garoto comportado... passou a ser um garoto mais ousado.

— Você faz parte desses amigos dele?

Raquel saiu do transe e olhou para a mulher que agora estava ao seu lado.

— Parte dos amigos dele? Ah não senhora, eu sou só uma amiga de escola. Na verdade seu filho é o único que chamo de amigo, não tenho muitos amigos. — Raquel disse e a mulher pareceu analisar o seu rosto.

— Está tudo bem com você?

— É... sim, por que a pergunta?

— Reconheço um olhar triste e o seu... me parece triste. René te fez alguma coisa? — A mulher perguntou preocupada e Raquel negou com a cabeça.

— Não, seu filho não me fez nada.

— E então?

— Não é nada. — Raquel não quis tocar no assunto e a mulher entendeu, não iria força-la a falar.

— Certo, mas se quiser conversar sobre qualquer coisa algum dia... lembre-se de mim, agora que sabe que sou a mãe do René. Você parece uma boa garota.

— Obrigada, a senhora também me parece ser uma boa pessoa... e é muito bonita também. — Raquel sorriu ao analisar a mulher de cima a baixo.

A mulher vestia um terninho na cor cinza e uma blusa na cor branca, nos pés um par de sapatilhas preta e no rosto uma leve maquiagem, porém o batom vermelho se destacava nos lábios dela e seus olhos eram verdes como uma esmeralda. Seus cabelos estavam soltos e balançavam um pouco graças ao vento.

— Você é... advogada? — Raquel perguntou notando a bolsa preta que a mulher segurava.

— Advogada? — A mulher riu. — É o que pretendo ser no ano que vem, mas por enquanto, eu sou só uma professora. E agradeço pelo elogio... como você se chama?

— Raquel, e você? — Ela estendeu a mão para cumprimentar a mulher com um aperto de mão.

— Julieta, é um prazer te conhecer Raquel — A mulher cumprimentou Raquel e logo olhou a hora no relógio em seu pulso. — É melhor eu me apressar, eu só vim almoçar em casa. Depois vou tem que ir para outra escola que é um pouco longe daqui.

— Você é professora de quê? — Raquel perguntou interessada afastando sua mão da de Julieta.

— De física. Eu não sei aonde eu estava com a cabeça de ter escolhido uma profissão dessas, não é fácil não em garota. Por isso meu conselho é: seja qualquer coisa, menos professora — Julieta disse fazendo Raquel rir. — Já pensa em ser alguma coisa?

— Se eu disser que gostaria de ser professora, você iria parar de falar comigo agora? — Raquel ri quando Julieta arregala os olhos.

— Menina não queira essa profissão não, é muita dor de cabeça.

— Mas toda profissão da dor de cabeça, não é mesmo? — Raquel perguntou conseguindo parar de rir e Julieta apertou os olhos.

— Você ê uma garota esperta, seus pais devem se orgulhar disso. — Foi só Julieta dizer isso que Raquel se lembrou pelo que havia passado.

Havia se distraído conversando com a mãe de René e agora, todos os seus problemas voltaram à tona. E Julieta percebeu a expressão de alegria no rosto da garota, agora mudar para uma triste.

— Meu pai morreu há muito tempo atrás, só tenho a minha mãe e o... marido dela.

— Seu padrasto?

— Não gosto de chamá-lo assim, na verdade eu não gosto dele e ele... ele não presta. — Raquel disse sentindo vontade de vomitar ao lembrar o que ele havia feito com ela.

— Estou vendo... é difícil mesmo esse tipo de situação. Ele gosta de você?

— Ele não presta Julieta, ele...

— Ele...?

— Nada.

— Ele fez alguma coisa com você Raquel? — Julieta perguntou desconfiada e Raquel arregalou os olhos, tinha medo que a mãe de René fosse em sua casa e Hugo fizesse algo com ela também.

— Não, não. Não fez nada... eu tenho que ir agora também. Minha mãe deve estar em casa agora.

Era mentira, a senhora Blunk não almoçava em casa porque seu trabalho era corrido e ela só chegava em casa no final da tarde. Mas Raquel iria demorar mais um pouco nas ruas e iria saber a hora quando perguntasse para as pessoas na rua, ela tinha em mente que Aveline voltaria para casa antes das duas horas da tarde.

— Certo — Julieta não acreditou na resposta que Raquel havia lhe dado mas fingiu acreditar. — Qualquer coisa pode vim para a minha casa, se eu não estiver, a Danda atenderá você. Diga seu nome e que é minha amiga, deixarei Danda informada caso você queira ir conversa comigo. — Julieta piscou um olho para Raquel e a garota sorriu.

— Obrigada, senhora Julieta. Acho que qualquer dia desses irei está batendo na sua porta.

— Senhora não, apenas Julieta e pode vim a tarde se quiser, eu só saio dia de hoje para ir lecionar em outra escola. Nos outros dias, pela tarde e pela noite eu estou em casa.

Raquel se despediu de Julieta e continuou andando em algumas ruas, passou até mesmo pela escola em que estudava e quando parou alguém na rua para se informar sobre que horas eram, ela resolveu voltar para casa, e assim que entrou na sala de estar escutou a voz de Aveline que estava embargada e vindo de algum cômodo da casa.

Raquel foi para a cozinha e encontrou Aveline sentada em uma cadeira e falando ao telefone com alguém.
Aveline encerrou a chamada e olhou para a entrada da cozinha, vendo a sua menina que havia crescido bastante e ainda iria crescer mais.

Raquel foi até ela e logo a abraçou, dizendo que sentia muito pelo filho de Aveline.

Aveline estava tão abalada que não perguntou para onde Hugo havia ido e se quando Raquel chegou da escola, ele havia aprontado algo com ela. E Raquel não quis preocupar a empregada com nada e prometeu para sí mesma que não contaria para Aveline, mas que já estava na hora de contar para a sua própria mãe.

Já que Aveline iria ficar uns dias afastada da casa por estar de luto, mas falou que Raquel poderia ligar para ela caso acontecesse algo.

Naquele mesmo dia, quando Lila chegou, Raquel foi abraçar a mãe e estranhou que Hugo ainda não havia voltado para casa. Mas ela estava pouco se importando, por ela, ele poderia morrer em qualquer lugar que estivesse naquele momento.

Quando Lila saiu do banho e começou a falar sobre a morte do filho de Aveline, Raquel respirou fundo antes de contar o que havia acontecido quando largou da escola e chegou em casa.

— Mamãe... posso te contar algo?

— Claro que pode, mais que pergunta. — Lila sorriu e começou a pentear os cabelos que agora estavam úmidos.

Raquel iria aproveitar que o traste do marido de sua mãe não estava em casa, e se ele estivesse provavelmente, ela não estaria tendo essa conversa a sós com a mãe.

— Mãe, quando eu cheguei da escola hoje a Aveline não estava em casa e

— Essa escova não está muito boa, vou tem que comprar outra — Lila disse interrompendo a filha e Raquel revirou os olhos. — O que você dizia filha?

Lila foi até a sua cama e se sentou, enquanto Raquel continuava de pé porém, a garota resolveu se sentar perto de sua mãe.

— Hoje eu cheguei em casa e Aveline não estava, eu não sabia que o filho dela havia falecido. Quem me disse isso foi o seu marido, e depois disso ele... ele me beijou a força. — Raquel disse sentindo nojo ao dizer isso e Lila franziu as sobrancelhas.

— Como?

— O seu marido me beijou a força e eu me soltei dele se não, ele iria fazer algo pior comigo se eu continuasse dentro dessa casa. Mãe... eu não quero mais esse homem aqui dentro, ele fica me olhando e não é de agora... eu lembro que desde a primeira vez que o vi não fui com a cara dele e nem achei ele confiável e

— PARE! — Lila alterou a voz, interrompendo Raquel mais uma vez. — Quanta mentira Raquel! Você não tem vergonha de mentir desse jeito? Dizer que o Hugo te... eu não quero nem repetir o que você disse.

— Mas mãe... você acha que eu estou mentindo? — Raquel se levantou da cama indignada, se afastando de sua mãe e a olhando nos olhos.

— Eu sei que você nunca aceitou o Hugo porque você sempre quis seu pai de volta, mas ele já morreu Raquel, ELE JÁ MORREU! Você tem que aceitar que o Hugo é o seu padrasto e é o homem com quem quero passar o resto da minha vida! Então não adianta inventar uma mentira dessas para que eu me separe dele! — Lila disse se levantando da cama também e encarando com raiva a sua própria filha.

— Eu não estou acreditando nisso... — Raquel sentiu seus olhos marejarem. — Você não acredita em mim, não acredita na sua própria filha? — Ela apontou para sí mesma e Lila semicerrou os olhos.

— Como pode mentir desse jeito menina? Eu não te criei para inventar mentiras nesse nível Raquel! Hugo jamais faria isso, ele jamais te beijaria a força... é mais fácil você ter feito isso!

As palavras de Lila magoaram profundamente Raquel, ela tinha vontade de chorar, de gritar... mas não gritou, não chorou mas sentia que suas lágrimas poderiam escorrer pelo seu rosto a qualquer momento.

— Você, agora que já é moça, não pode ver um homem e o meu Hugo não é feio. Ai já se atirou pra cima dele aproveitando que eu não estava em casa e Aveline também não, VOCÊ DEVERIA SE ENVERGONHAR E

— BASTA! — Raquel gritou e Lila ainda continuava encarando-a com raiva. — Não quero saber de mais nada que a senhora vai falar, e esqueça que sou sua filha... pensei que por ser minha mãe, acreditaria em mim... mas estou vendo que prefere a ele, que não quer enxergar o que ele faz escondido de você. Não duvido que ele também saia beijando outras mas acredito que com elas, talvez, não seja a força.

— RAQUEL VOCÊ SE CALE!

— EU NÃO VOU ME CALAR! Já passei tempo demais calada, fui comportada... tanto em casa como fora de casa também, sempre te obedeci... mas como não acredita em mim porque sou uma mentirosa agora, não é? Certo... — Raquel caminhou na direção da porta do quarto de Lila, e antes de sair a olhou. — Boa sorte porque se eu continuar dentro dessa casa, eu vou ser uma filha que te dará muita dor de cabeça. Sou capaz até de

— Se você se entregar para qualquer um Raquel... eu sou capaz de te expulsar dessa casa para você nunca mais voltar. — Lila interrompeu Raquel e a mesma deu de ombros.

— Se eu fizer isso não se preocupe, você será a primeira a saber Lila. — Raquel deu um sorriso falso e saiu do quarto da mãe, desceu as escadas praticamente correndo até perceber que já estava fora de casa e andando pelas ruas.

Não tinha muita movimentação no seu bairro e mesmo assim ela saiu sozinha, foi então que as lágrimas vinheram e ela não aguentou, começando a chorar enquanto caminhava pelas calçadas.

Claro que ela não se entregaria para qualquer um, nunca quis isso, e nunca quis ser uma filha rebelde... ela tinha planos para o seu futuro.
Mas agora alguns de seus planos iriam mudar.

Se Hugo voltasse a encostar um dedo nela, ele iria se arrepender e ela mesmo faria questão de matá-lo quando ele estivesse dormindo... mas sabia que depois que fizesse isso, não seria nada legal conviver dentro de um presídio, com pouca comida, pouca água... não, não era isso que ela queria para ela.

Enxugou as lágrimas e ergueu a cabeça, percebendo que estava na mesma rua em que esteve de manhã, a rua em que René mora. Raquel foi caminhando até chegar na casa de René, ela bateu na porta e para a sua surpresa quem abriu a porta foi Julieta.

Para a sorte de Raquel, a empregada de Julieta estava arrumando os quartos no andar de cima, o marido de Julieta não havia chegado do trabalho e René não estava em casa.

Raquel começou a chorar ali mesmo, não conseguindo dizer nada e Julieta a abraçou.

Raquel chorava muito e estava nervosa, com as mãos trêmulas e soluçando por ter chorado demais. Julieta convenceu a garota a entrar em sua casa e em seguida fechou a porta, foi na cozinha pegar um copo de água para Raquel e quando voltou para a sala, a encontrou ainda de pé, próxima a porta.

— Se sente meu bem, e beba um pouco de água. — Julieta a conduziu até um dos seus sofás e Raquel se sentou.

Julieta entregou o copo com água para a garota que não demorou para beber. Raquel escutou a porta da frente sendo aberta e um homem entrou apressado.

— Esqueci o meu celular, você acredita? — O homem entrou tão apressado que nem viu a garota que estava em seu sofá.

— Eu disse a você, você só quer tá certo. — Julieta riu de canto e se sentou perto de Raquel que depois de ter bebido a água, parecia mais calma.

— Dez horas estou em casa — O homem saiu de algum cômodo da casa e parou de caminhar ao ver Raquel em sua sala de estar. — Quem é essa garota?

— Depois eu explico, vai trabalhar.

— Acho bom você me explicar mesmo em Julieta, não gosto de visitas repentinas na nossa casa.

Raquel notou o tom de voz ríspido do homem e ele a encarou.

— Tá olhando o que garota?

— Lionel! — Julieta o repreendeu com o olhar e o mesmo apenas olhou para a esposa, e ela entendeu que aquele olhar queria dizer "eu quero explicações depois".

Assim que Lionel foi embora, Raquel entregou o copo de vidro vazio para Julieta, que logo se desculpou pelo marido.

— Ah Raquel... queira perdoar o Lionel. Ele é um homem difícil sabe? Mas é um amor de pessoa com as pessoas que ele gosta.

— Ele não gostou muito de mim, mas está tudo bem. — Raquel disse com o tom de voz embargada e Julieta ficou preocupada ao vê-la naquele estado.

— Ah isso é porque ele não te conhece ainda, mas não se importe com o que o meu marido pensa agora. Quero saber de você... o que houve Raquel? Aconteceu alguma coisa na sua casa?

— A-aconteceu... — Raquel quis chorar mas conseguiu se controlar e desabafou com Julieta o que havia acontecido de manhã, antes delas se conhecerem e também a conversa com Lila que ela havia tido há algumas horas atrás.

— Monstros! Esse seu padastro e essa sua mãe, que mãe é essa que não acredita na própria filha? — Julieta estava em negação e com raiva do que havia acontecido com Raquel. — Olha eu posso falar com um amigo sobre e

— Não, não! Por favor... não conte para ninguém. Você prometeu que não iria contar — Raquel implorou e Julieta soltou um suspiro. — Por favor... ela já deixou de ser uma mãe para mim Julieta, mas não quero que o desgraçado lá faça algo com ela por minha causa.

— E o que vai fazer? Você não está segura naquela casa garota.

— Mas vou dar um jeito, até lá... eu tomo uma decisão. Mas em mim, aquele desgraçado não vai encostar, vou transformar a vida dele e de Lila em um pesadelo até eles não me aguentarem mais. — Raquel disse ficando cabisbaixa e Julieta passou as mãos nas costas dela.

— Você não é disso Raquel, não siga os mesmos caminhos que o meu filho está seguindo. Eu não sou burra, sei o que René deve estar fazendo agora... não tenho como provar isso, mas eu conheço o filho que tenho. Se Lionel soubesse já teria ido atrás dele... mas eu não disse para o meu marido e nem direi, assim como sobre a sua história Raquel, ninguém saberá. Pode confiar em mim.

— Obrigada Julieta — Raquel deu um sorriso fraco. — Lila que é minha mãe não acreditou em mim, e você que não é nada minha... acredita em mim. E-eu... — Raquel queria agradecer mais, no entanto acabou chorando de novo e Julieta a abraçou.

— Ah Raquel, não chore mais... dói em mim ver você sofrendo assim. Você não está sozinha, tá bom? Se quiser pode dormi até mesmo no quarto do René quando quiser.

— E ele... não dorme em casa?

— René está um caso perdido Raquel, as vezes dorme em casa e as vezes não e hoje ele não vai dormi em casa, tenho certeza disso.

— Lionel sabe? — Raquel perguntou se afastando de Julieta e a mulher negou com a cabeça. — Ele não gostou de me ver aqui e não vai gostar de saber que você vai me deixar dormi aqui também.

— Raquel, o meu marido não é nem louco de ficar contra as minhas decisões e acredite, se fosse para isso acontecer ele nem estaria mais morando nessa casa então, fique tranquila.

— Então vou dormir aqui... mas só hoje, não quero abusar disso. Amanhã voltarei para casa.

— Mas se acontecer qualquer coisa Raquel você não hesite, pode vim para cá.

— Certo... obrigada Julieta. — Raquel sorriu e abraçou a mulher mais uma vez.

Havia conhecido Julieta naquele mesmo dia e já sentia um grande carinho por ela, como se ela fosse se tornar sua nova grande amiga. O que Raquel não sabia era que tanto Julieta como Lionel, a acolheriam daqui a alguns anos e cuidariam dela como se fosse uma filha para ambos.

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Espero que tenham gostado, votem e comentem...

Demorou para os capítulos
saírem e peço que me desculpem
por isso. Acabei ficando
um pouco doente e não consegui
escrever foi nada😂

O próximo capítulo já está
sendo escrito e voltaremos
a programação normal
(virou tv agora😂) mas
vocês entenderam o que
eu quis dizer🤭

Os capítulos bônus encerram
por aqui mesmo e...
vamos desejar que a Belle
fique bem porque...
(Ah não posso dizer, seria
spoiler demais).

Bjoooooooos✨

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