ꕥ O passado de duas irmãs ꕥ
Desde já quero deixar
avisado que esse capítulo
é um capítulo bônus.
Assim como o próximo
capítulo que contará sobre o
passado de Dominic
Murray+
outro capítulo que contará
sobre o passado de Raquel Blunk.
Nesse capítulo vocês irão saber
sobre o passado da Yandra e também
da nossa vilã Ivana, que agora sabemos, que é a irmã gêmea da Yandra.
Quem me acompanha há um
tempinho sabe que eu gosto
de criar aquele vilão/vilã
para fazer parte da história e com
essa história, não foi diferente.
Esse capítulo será um pouco
mais focado em Ivana para
que vocês saibam um pouco
mais sobre ela.
Desejo a vocês uma boa leitura!✨
Autora Narrando
Há muitos anos atrás, em uma sexta-feira, por volta das onze e cinquenta da noite, um pai muito contente sorria para as suas duas filhas gêmeas que estavam em cima de uma cama confortável. Enquanto uma dormia em sono profundo, a outra estava acordada e rindo para o pai, que fazia cócegas em sua pequena.
— Eu amo tanto você e a sua irmã que não sei o que faria sem vocês. São o melhor presente que a mãe de vocês poderia ter me dado e amanhã... vocês estarão fazendo quatro meses de vida.
O homem tinha um sorriso no rosto e beijou o topo da cabeça de sua filha que estava dormindo, e em seguida também beijou o topo da cabeça de sua outra filha, que estava acordada e olhando para ele.
— Você troca a noite pelo dia, Luana. — Ele riu acariciando o rosto da filha que estava acordada e não demorou para que ele escutasse a porta da frente sendo aberta e em seguida fechada bruscamente.
Ele sabia quem era e soltou um suspiro.
— Temos que sair daqui! — A mulher do homem disse com a voz alterada e entrando dentro do quarto.
— O que é isso Simone? Por que essa agitação toda? — Ele perguntou para a sua esposa que passou as mãos nos cabelos e olhou para as suas filhas.
— Na verdade, você tem que sair daqui Camilo... com as nossas filhas.
— Simone o que voc
— Eu não paguei ele. — Simone respondeu, interrompendo o seu marido que logo arregalou os olhos.
— Você não pagou ele? Nós juntamos esse dinheiro para entregar para ele, juntamos o dinheiro certinho e você não pagou ele? Sabe que se dever a ele e não pagar na data certa, ele elimina — Camilo disse se levantando da cama, começando a ficar nervoso. — Eu te avisei tantas vezes Simone para não pegar dinheiro emprestado desse homem... e olha só agora.
— A questão é que eu tive que gastar metade para comprar o que comer. Se dessémos todo o dinheiro para ele, ficaríamos sem nada e nossas filhas ficariam sem nada. Eu tentei conversar com ele para ele me dar mais alguns dias, mas ele não quis me ouvir e... — Simone parou de falar quando escutou fortes batidas na porta da frente. — Merda! Ele e os capangas dele já estão aqui!
Camilo se preocupou e foi até a sua esposa, a beijando e também a abraçando forte.
— Vamos dar um jeito meu amor, nós vamos dar um jeito...
— Não, não tem jeito Camilo — Ela se afastou do abraço e olhou para as suas filhas que estavam em cima da cama. — Eles matam sem dó e não tem piedade, não quero que as minhas filhas morram por culpa minha.
Simone aproximou-se da cama e pegou a filha que estava dormindo, entregando para o seu esposo e em seguida pegou a sua outra filha que estava acordada. Ela sentiu seus olhos marejarem ao receber o olhar da filha que sorriu ao ver a sua mãe, era uma menina risonha e mesmo sem os dentinhos, ela tinha um sorriso encantador.
Entregou para o seu esposo e a menina rapidamente olhou para o pai, que não tirava os olhos de sua mulher.
Simone rapidamente enxugou as suas lágrimas e foi empurrando o marido para fora do quarto. Camilo segurava as suas duas filhas e não queria aceitar a ideia de ter que sair de casa e deixar a sua amada para trás.
— Ele quer a mim! Por favor Camilo... vai agora pela porta dos fundos, eles não sabem da existência dessa porta mas quando entrarem aqui dentro de casa vão perceber que você e as meninas não estão aqui e que fugiram, eles vão atrás de vocês. Ele não brincou quando disse que me mataria e que mataria a minha família... — Simone tentava controlar as lágrimas mas estava sendo em vão. — Saia do Texas, peça ajuda a alguém. Eu confio em você e sei que se salvará e salvará as nossas filhas. — Ela deu um selinho demorado em Camilo que estava em negação.
As batidas na porta ficaram mais fortes e eles pararam o beijo, olharam na direção da porta da sala e viram que a mesma não iria aguentar por muito tempo aquelas batidas.
Quem estava do lado de fora, estava disposto a arrombar a porta.
— Vai Camilo. — Ela sussurrou e Camilo negou com a cabeça.
— Não aceito isso! Você não pode morrer assim... — Ele disse com o tom de voz triste e a porta de madeira acabou caindo.
Simone apenas teve tempo de empurrar o marido que segurava suas filhas com força para que nenhuma delas escapasse dos seus braços. Ela o empurrou até a cozinha, que não era muito grande, até que Camilo chegasse perto da porta.
E quando Camilo iria protestar, Simone abriu a porta dos fundos e o empurrou para fora de casa. Ela deu um último olhar a suas filhas e em seguida, olhou para o seu marido.
— Eu amo vocês... — E escutou o som de passos se aproximarem da cozinha. Foi nesse momento que Simone fechou a porta com força, a trancando e Camilo do lado de fora ficou desesperado.
Ele não queria que sua amada tivesse um fim desses e quando ele iria se aproximar da porta, escutou três disparos. Isso fez com que seu coração disparasse também e seus olhos enchessem de lágrimas.
Sua filha que estava acordada se assustou com os disparos e começou a chorar, enquanto a outra filha apenas se mexeu, mas ainda dormia tranquilamente. Camilo viu quando a maçaneta da porta foi girada mas a porta não havia sido aberta e quando ele percebeu que estavam chutando a porta para poder arrombá-la, não teve escolha a não ser correr com as suas duas filhas nos braços.
Já estava muito tarde e como estava de noite, não havia ninguém nas ruas além dele e de suas filhas. Mas quando o homem olhou por cima do ombro, avistou de longe dois homens armados que corriam atrás dele. Camilo teria que ser esperto para despitá-los... mas se eles o pegassem e pegasse as suas filhas? Não, ele não permitiria isso.
Mas estava difícil correr com as duas nos braços e isso estava-o cansando. Ele fez um esforço conseguindo correr mais rápido que antes e entrou em vários becos que ele conhecia naquele bairro, e quando voltou a olhar por cima do ombro, percebeu que havia despistado os dois homens que estavam atrás dele.
Ele estava em um beco escuro, não totalmente escuro, é claro. Haviam luzes acesas na porta das casas que ficavam no beco, ele se assustou quando a porta de uma casa foi aberta e uma senhora de idade que segurava uma vassoura, apareceu varrendo a poeira para fora de sua casa.
Ele foi até a essa senhora que logo o encarou, não parecia ser uma mulher muito amigável mas Camilo pensou que poderia dar certo. Era a única pessoa que ele havia encontrado até agora.
— Senhora, por favor me ajude a...
— Vai pedi esmola em outro lugar — A senhora foi rude. — Só me faltava essa agora.
A senhora iria entrar para dentro de casa mas Camilo fez questão de impedir que a senhora entrasse dentro de casa. Ele a olhou com lágrimas nos olhos, suplicando ajuda e teve uma ideia naquela mesma hora.
— Por favor senhora... estou correndo perigo. Pegue as minhas filhas e as coloque em um orfanato, não precisa cuidar delas... é tudo que eu te peço. — Camilo pediu e olhava com frequência para a entrada do beco, temendo que a qualquer momento os homens o encontrassem ali.
— Hum... e por que você não coloca? — A senhora realmente não era nada amigável, mas era a única pessoa a quem ele poderia pedir ajuda naquele momento.
— Eu estou correndo perigo, não quero que nada de mal aconteça as minhas filhas. Se eu pudesse eu mesmo faria isso agora, mas dá... — Camilo parou de falar e olhou para a entrada do beco. — E acho que estou ficando sem tempo, por favor senhora. — Ele suplicou voltando seu olhar para a mulher de cabelos grisalhos e olhos cor de mel.
— Eu sinto muito meu jovem, mas eu não tenho como pegar as duas. Como pode ver eu já sou de idade. — A senhora lamentou e iria entrar dentro de casa quando Camilo implorou mais uma vez.
— Por favor senhora, se não pode pegar as duas... — Camilo respirou fundo pois sabia que tinha que fazer uma escolha. — Pegue pelo menos uma, apenas uma delas.
A senhora pareceu pensar um pouco mas não demorou para que ela pegasse uma das filhas do homem, já que ele implorava tanto para que ela o ajudasse. Ela iria fazer exatamente o que ele havia pedido.
— Eu não gosto de crianças, mas essa me parece mais tranquila. — A idosa disse observando uma das filhas do homem que ainda dormia, só que agora nos seus braços.
— Por favor, coloque ela no orfanato. Eu só espero que ela... encontre uma família que a ame e cuide bem dela. — Camilo disse sentindo as lágrimas descerem pelo seu rosto.
Sua filha que ainda continuava acordada e havia parado de chorar, olhou para o pai e tocou em seu rosto com sua pequena mãozinha. Camilo deu um sorriso fechado e olhou uma última vez para a sua outra filha, agora nos braços de uma senhora de idade que ele esperava que fizesse o que ele pediu.
Havia entregado sua filha a uma estranha, mas lá no fundo, ele tinha esperanças de que sua filha ficaria bem.
Ele beijou o topo da cabeça da menina e enxugou suas lágrimas, voltou a correr e olhou para a sua única e última filha que lhe havia restado.
A senhora de idade viu o homem voltar a correr com a outra criança nos braços e resmungou. Entrou dentro de casa com a outra criança que estava adormecida em seus braços e chamou pelo seu filho que estava triste pela namorada ter terminado com ele. O filho da senhora não demorou para aparecer na sala e arregalar os olhos.
— De onde veio essa criança?
— Um homem desesperado implorou para que eu a pegasse e colocasse no orfanato, insistiu tanto que se eu não pegasse uma delas eu não iria consegui dormi hoje. Iria ficar pensando no quanto sou ranzinza. — A idosa fez um sinal de negação com a cabeça e entregou a menina ainda adormecida, para o filho que ainda estava incrédulo com aquela história toda.
— Esse pai veio do nada? Não vai mais voltar aqui? — O homem perguntou vendo a mãe dele pegar a vassoura e fechar a porta.
O filho da senhora havia acabado de ter uma ideia, só não sabia se o seu amigo estaria acordado para atender a ligação que ele pretendia fazer naquela mesma hora.
— Voltar aqui? O homem estava fugindo, disse que corria perigo e tudo mais. Duvido muito que ele volte, agora se vire e leve essa criança para um orfanato. — Disse a senhora ranzinza que não notou o sorriso que surgiu no rosto do seu filho.
— Que orfanato que nada mãe, eu tenho um amigo e ele e a esposa dele não podem ter filhos. Eles vem tentando por anos mas... não conseguiram, essa menina estará realizando um dos maiores sonhos deles. — O homem disse se empolgando e passou a mão na cabeça da menina com cuidado, admirando o quanto ela era um graça.
— Tanto faz. — Ele escutou a mãe dele dizer da cozinha e foi para o quarto fazer a ligação para o seu amigo.
Ele ligou duas vezes mas o seu amigo não havia atendido, na terceira tentativa ele atendeu e então começou a contar tudo o que havia acontecido. E o seu amigo disse que não demoraria para ir até onde ele estava e iria com a esposa, foi naquele momento que o filho da senhora de idade não teve duvidas... o seu amigo iria querer adotar a criança que agora, estava em seus braços.
Enquanto isso, quando Camilo estava saindo do beco em que estava, parou de correr ao avistar os dois homens armados na esquina. E assim que esses homens o viram, voltaram a correr e Camilo fez o mesmo.
A correria era tanta que ele estava se cansando e sua filha havia encostado a cabeça no ombro do pai, ela estava com sono mas não conseguia dormi com o pai correndo com ela nos braços para lá e para cá. Entrava em um beco e saia em uma rua... Camilo já não corria tanto como antes, ele avistou uma ponte e apressou os passos para atravessá-la.
Cansado daquela corrida toda, ele caminhou até um carro preto que estava estacionado ali perto e se encostou um pouco no capô do carro. Sua respiração estava ofegante e seu coração acelerado, sentia os pingos de suor na testa e olhou para a sua pequena que ainda estava acordada porém, quieta e com a cabeça encostada no seu ombro.
— Vai ficar tudo bem... — Ele sussurrou para a filha, tocando em seu rosto angelical.
— O que um homem faz com uma criança nos braços a essa hora da noite? — O tom de voz frio e sombrio fez Camilo dar um pequeno pulo, fazendo assim com que ele se afastasse do carro preto e visse agora a janela da frente abaixada, revelando uma mulher de olhos caramelos e de cabelos pretos e ondulados, sentada no banco de motorista.
Camilo deduziu que além do carro preto ser dela, ela estava ali dentro há muito tempo e deveria ter visto ele chegando e se encostando no capô do carro dela. Os vidros do carro eram fumê, por isso, ele não sabia que ela estava dentro do carro.
Ela era muito bonita... mas Camilo não tinha um pressentimento muito bom em relação a ela.
— Vai responder ou vai ficar calado? Parece esgotado — A mulher disse abrindo a porta do carro e em seguida saindo. — Essa criança... é sua?
— É sim, é minha filha — Camilo disse apertando a filha nos braços e ele notou que a mulher olhava mais para a sua filha do que para ele mesmo. — Eu tenho que ir agora.
— Por que a pressa? Cometeu algum crime? — Ela perguntou irônica e Camilo a encarou. — Veja bem, eu não sou desse bairro. Mas vim aqui porque eu queria adotar um bebê e fui em praticamente todos os orfanatos, mas não me agradei de nenhum bebê que estava lá... mas a sua filha, me chamou a atenção.
A mulher se aproximou dele para tocar na sua filha, mas Camilo deu um passo para trás. A mulher apertou os olhos e em seguida deu um sorriso fechado.
Camilo naquele momento se arrependia tanto de ter entregado sua outra filha para uma estranha, que não iria fazer isso de novo. Ele iria ficar com a sua única filha que agora, era a sua única família, custe o que custasse.
— Não vou dar a minha filha para você. Se quer tanto um bebê continue procurando. — Camilo foi um pouco rude mas a mulher apenas riu irônica.
— Por que eu continuaria procurando se eu já a encontrei? — Ela mais uma vez direcionou o olhar para a menina que havia fechado os olhos. — Vamos, me entregue a menina. Você não parece ter condições para cuidar dela.
— Eu tenho condições sim senhora, não vou entregar a minha filha para você. — Camilo correu mais uma vez e agradecia a Deus mentalmente por ter conseguido despistar os homens que antes estavam atrás dele, e agora corria para que a desconhecida não conseguisse tirar a sua filha dos seus braços.
A mulher o observou correr e cruzando os braços, ela se encostou no seu carro.
Ela não era de desisti e já que havia encontrado o que queria, aquela menininha seria dela e somente dela.
— Não quis me entregar por bem, terá que entregar por mal.
Quatro anos se passaram depois desse ocorrido e Camilo não estava mais na cidade grande. Ele havia ido para uma cidadezinha não muita conhecida, mas ainda localizada no Texas e era lá que ele vivia com a sua pequena Luana.
A cidadezinha em que eles moravam se parecia mais com uma pequena cidade rural. Haviam muitas árvores, tanto altas como baixas, a estrada era de barro, as casas não eram muito grandes e todos se conheciam ali por simplesmente a cidadezinha ser pequena.
Camilo havia conseguido um trabalho com a ajuda de um senhor de idade que o acolheu e acolheu também a pequena Luana. Eles viveram felizes durante esses quatro anos e não tinha um dia em que Camilo não deixasse de pensar em sua outra filha, e também em sua falecida esposa.
Ele se perguntava todos os dias como sua outra filha poderia estar, se era tão esperta quanto Luana que não parava de correr para lá e para cá. O pai observava a filha e as vezes a flagrava olhando para uma floresta que ficava um pouco longe dali, os moradores diziam que era uma floresta assombrada e que havia uma bruxa por lá que não permitia a entrada de ninguém, e os que entravam lá, nunca mais saiam vivos.
Claro que Camilo não acreditava nisso, era apenas uma lenda. Mas a mulher que preparava a janta na casa em que Camilo e sua filha moravam, sempre contava as histórias que a floresta tinha para a garotinha. Ela amava ouvir histórias e não acreditava muito no que as lendas diziam, mas nunca se atreveu a ir até a floresta.
Até que um dia seu pai chegou nervoso em casa mas ela não percebeu, começou a chamar o pai de maluco quando ele disse que eles iriam fazer um passeio na floresta que os moradores diziam que era assombrada e tudo mais. Camilo dizia que só iriam ver como era lá e voltar para casa o mais rápido possível.
Sua filha estava estranhando aquela conversa toda já que o pai sempre a alertou para nunca ir até lá, e agora ele estava levando ela para lá para fazer um passeio? Ela não acreditava nas lendas, mas não queria entrar naquela floresta e teve um mal pressentimento quando seu pai entrou com ela, passando pelos arbustos e depois pelas grandes e altas árvores.
A garotinha olhava para trás mas não via mais a cidadezinha em que morava, tudo que via era mato, arbustos e mais árvores. Era final de tarde e a floresta parecia assustadora e quando Camilo parou de caminhar, a menina pediu para voltar para casa. Camilo acalmou a filha, mandando ela esperar por ele atrás de uma árvore e ela não entendeu o motivo disso mas fez o que o pai mandou.
Mas na mesma hora sentiu medo de ficar ali sozinha e resolveu ir atrás dele, mas ele havia simplesmente desaparecido do seu campo de visão. Isso a deixou mais assustada ainda, ela se assustava com tudo, com o vento que batiam nas árvores fazendo com que as mesmas balançassem e também com os arbustos que as vezes se mexiam.
— PAPAI! — Ela gritou, chamando pelo seu pai e tudo o que ela mais desejava era achar o caminho para fora da floresta porém, ela estava perdida. — PAPAAAI! — Gritou mais uma vez, não obtendo nenhuma resposta.
A menina estava com medo e abraçou o próprio corpo enquanto caminhava em passos lentos. Ela havia caminhado tanto e chamado pelo seu pai que não tinha mais esperanças de encontrá-lo, as lágrimas já escorriam por suas bochechas e quando ela percebeu que o céu já estava escurecendo, tentou chamar mais uma vez pelo seu pai.
— Papai... — Ela não gritou dessa vez, estava cabisbaixa e quando ergueu a cabeça, se assustou ao ver uma mulher de vestido preto. A mulher usava também um chapéu preto e um colar de pérolas.
— O seu pai não pode mais ficar com você — A mulher disse se aproximando da garotinha que deu um passo para trás. — Não chore querida e não tenha medo de mim, uma garotinha como você não deve chorar e não deve ter medo de nada.
— C-cadê meu papai? — A garotinha perguntou e dessa vez deixou a mulher se aproximar dela já que, a mulher não se parecia com uma bruxa... apesar de usar um chapéu, mas o chapéu não era pontudo.
— Como eu disse, ele não pode mais ficar com você — A mulher enxugou as lágrimas da menina e a menina ficou analisando o rosto da mulher a sua frente, ela era muito bonita. — Como se chama?
— L-Luana... — A garota ainda estava com voz de choro e a mulher a olhou de cima a baixo.
— A parti de agora não se chamará mais assim, seu nome agora é Ivana — A mulher pegou na mão da garotinha e deu um sorriso fechado para ela. — Serei sua mãe a parti de agora e cuidarei de você.
A garotinha estava vulnerável mas entendendo tudo o que a mulher lhe dizia enquanto caminhava na frente e a levava consigo.
— E... seu nome?
— Vasti.
Enquanto isso, na cidade grande do Texas, um casal que era considerado um dos melhores confeiteiros da cidade se divertiam com sua filha de quatro anos de idade que havia se sujado de farinha de trigo.
— Yandra! Você acabou de tomar banho! — A mãe tentou dar uma bronca mas acabou rindo vendo o estado em que a filha se encontrava na sua cozinha.
Havia deixado a farinha de trigo no canto da mesa e como Yandra estava por perto, acabou esticando os braçinhos para pegar o saco de farinha de trigo, que estava aberto e acabou por virar em cima da criança deixando-a coberta por farinha de trigo.
— O que houve? — O esposo da mulher entrou na cozinha preocupado e ao ver a situação da filha dele, acabou rindo também. — Eu te disse que ela já quer colocar a mão na massa e ser como nós dois.
— Eu quero ajudar a tazer bolo tamém — A menina disse com a rosto praticamente todo branco de farinha, assim como os seus cabelos e as suas roupas, estavam sujos de farinha. — Quero ser confeitera. — Ela disse sorrindo para a sua mãe e o seu pai que riam da criança.
— Está bem, você venceu. Irá poder me ajudar mas... — A mãe dela parou de falar e a pegou nos braços. — Terá que tomar outro banho.
Yandra era uma garotinha determinada e passou a sua infância aprendendo e ajudando a sua mãe a decorar os bolos para a vitrine da confeitaria, ela também gostava de ajudar o seu pai porém, a garotinha era mais apegada a sua mãe.
Tudo estava ocorrendo bem até que Yandra foi crescendo, ficando mais esperta e questionando se a mãe tinha foto enquanto estava grávida dela. E quando a garota completou dez anos de idade, foi então que os pais de Yandra decidiram contar para ela a verdade, que ela havia sido adotada por eles e como tudo aconteceu.
Contaram também sobre o homem que havia aparecido na porta de um velho amigo dos seus pais segurando tanto Yandra, como outro bebê. Só que o outro bebê o homem havia levado com ele, enquanto Yandra, ele deixou para trás... era tudo que Yandra sabia.
Diferente de Yandra, Ivana soube que era adotada desde os seus cinco anos de idade porque Vasti sempre dizia que ela não era sua filha de sangue, mas era como se fosse. Vasti a criará e a amava muito, mas a amava tanto que as vezes incomodava Ivana por simplesmente a mãe não deixá-la sair muito de casa.
Ivana só saia para colher algumas rosas vermelhas em uma parte da floresta que era um pouco afastada de sua casa. Sim, a casa em que morava com Vasti ficava em um lugar bem escondido na floresta e era a única casa que havia naquele lugar, uma casa que se parecia mais com uma mansão.
Mas ao ver de Ivana, a casa as vezes parecia ser assombrada por causa da decoração, não haviam muitas cores na casa e durante todos esses anos Vasti ensinou Ivana a ler, a escrever, ensinou tudo que a garota precisava saber, sem haver necessidade de ir a escola.
Mas a garota com dez anos de idade queria explorar, não queria mais ficar naquele lugar trancada e só fazendo os afazeres de casa. Quando tinha oportunidade para sair de casa, era só para colher algumas rosas vermelhas para a sua mãe.
Ela tinha medo de pedir para sair porque Vasti era uma mulher severa, raramente ela sorria para a garota e quando a garota disse uma vez que gostaria de ter amigos como nos livros que havia lido, Vasti não gostou. A repreendeu e disse que Ivana não poderia ter amigos, a única amiga que Ivana poderia ter era a própria mãe e somente ela.
Só que Vasti não imaginava que sua filha faria amizade com uma garotinha que havia sido levada a floresta, mas não sabia como voltar para casa. Ivana estava colhendo algumas rosas vermelhas e colocando dentro do cesto que havia trazido com ela quando escutou alguém chorando, ela se assustou mas deixou de colher as rosas vermelhas e caminhou na direção em que estava ouvindo o som do choro.
Não muito longe de onde ela estava, havia uma garota de vestido branco e de cabelos compridos e negros. Ivana deduziu que a garota poderia ter quase a mesma idade que ela, ou não, mas resolveu se aproximar e cumprimentar a garota.
Era a primeira vez que via uma garota que aparentava ter a mesma idade que a sua, a última vez que viu alguém... foi um homem com quem a mãe saia bastante e levava para casa, mas depois esse homem nunca mais apareceu.
— Olá, como veio parar aqui? — Ivana perguntou e viu a garotinha erguer a cabeça e olhar para ela com seus olhos esmeralda.
— Meu primo me trouxe para esse lugar horrível e disse que iríamos brincar, eu acreditei e ele... começou a passar a mão em mim e eu não gostei. Por isso, chutei ele e sai correndo até que cai em um buraco e... aqui estou eu — A garotinha olhou na direção de um arbusto e Ivana estranhou. — Tentei escalar de novo, mas é muito alto — A garotinha voltou o olhar para Ivana e rapidamente enxugou as lágrimas. — Você não parece uma bruxa.
— Bruxa? Ora essa, se eu fosse mesmo uma bruxa você já estaria no meu caldeirão. — Ivana riu e a garotinha analisou o seu rosto.
— Você vive aqui?
— Sim... na verdade, eu nunca sai daqui. — Ivana soltou um suspiro e percebeu a garotinha se levantar do chão e passar as mãos no vestido branco que agora, estava um pouco sujo de terra.
Ivana ficou encantada com aquele vestido, ela passava horas desenhando peças de roupas e sonhava em um dia poder comprar tecidos para poder fazer as roupas que ela mesma desenhava.
— Você é como eu então, sabe eu não sou daqui da cidadezinha mas
— Cidadezinha? — Ivana perguntou arqueando uma sobrancelha e a garota concordou com um aceno de cabeça. — Então a cidadezinha ainda existe...
Ivana parou de falar ao perceber que sua mãe mentirá para ela. Há alguns anos atrás Ivana havia perguntado se ainda existia a cidadezinha de onde veio, ela se lembrava do seu pai e também dele tê-la deixado nessa floresta. Mas Vasti dizia que a cidadezinha havia sido destruída, que não havia mais nada além de terra.
— Claro que existe, meu pai mora nela há cincos anos... eu acho. Ele se separou da minha mãe e é a primeira vez que venho para esse lugar passar um mês com ele.
— Eu gostaria de ir até a cidadezinha, mas não posso. — Ivana disse um pouco triste e a garotinha percebeu.
— Por que não?
— Porque a minha mãe não deixa.
— Isso não é problema para mim, posso falar com ela? Eu convenço as pessoas fácil. — A garota olhou em volta como se a mãe de Ivana estivesse atrás de alguma árvore.
— Ah não, não precisa. Minha mãe não é muito... amigável.
— Hum... mas eu posso tentar.
— Eu já disse que não. — Ivana disse séria e a garota sorriu.
— Gostei de você, como se chama? — A garota se aproximou de Ivana e tirou uma pequena folha que estava nos cabelos da morena.
— Ivana.
— Ivana... nome bonito, eu sou Anelise. — A garota a abraçou e Ivana se assustou, afastando a garota dela o mais rápido que conseguiu.
— Não pode me abraçar.
— Por que não? — Anelise perguntou confusa pois nunca ninguém a tinha afastado daquele jeito por causa de um abraço.
— Olha você faz perguntas demais tá? É melhor eu ir, minha mãe não gosta quando eu demoro a voltar para casa. — Ivana gostaria de ter respondido a pergunta da garota mas nem mesmo ela sabia a resposta, mas sabia que era uma regra que Vasti havia colocado na casa.
"Nunca deixe ninguém se aproximar de você, nem que seja só para um aperto de mão ou um abraço."
As palavras da mãe pareciam ecoar naquele momento na mente de Ivana.
— Calma aí, eu fiz ou falei algo que você não gostou? — Perguntou Anelise e Ivana negou com a cabeça. — Então... só um abraço não faz mal.
A garota abraçou Ivana mais uma vez e Ivana temia que a mãe pudesse vim atrás dela e vê-la ali com aquela garota que havia acabado de conhecer e que se chamava Anelise.
— Agora sim — Anelise se afastou de Ivana que não havia retribuído o abraço, mas Anelise não reclamou. Pelo menos havia deixado ela a abraçar mais uma vez. — Espera... você viu a Holly?
— Quem? — Ivana perguntou vendo a garota ficar preocupada e começar a procurar perto dos arbustos. — Não me diga que tem mais alguém aqui.
— Ah tem, tem sim. Holly é minha melhor amiga, jamais a deixei sozinha... achei ela!
Ivana prendeu o riso quando a garota pegou algo que estava atrás de um arbusto, e quando percebeu que era uma boneca de pano, quis rir da garota.
— Isso é sério?
— O quê? Eu irei fazer oito anos mês que vem mas jamais irei me desfazer dela. Holly diga "Olá" para a Ivana. — Anelise se aproximou mais uma vez de Ivana só que segurando a boneca de pano.
Ivana franziu as sobrancelhas quando percebeu que o vestido que Anelise usava, era igual ao vestido que a boneca de pano usava também.
— O vestido de vocês duas são iguais?
— Claro, temos que andar sempre parecidas. Minha mãe é designer de moda na cidade grande e faz muitos vestidos, e sempre que ela faz um para mim, faz para a minha boneca também. — Anelise disse contente e isso deixou Ivana surpresa.
— Sua mãe faz vestidos?
— Sim. Você já não era para ter ido embora? — Anelise perguntou dando um sorriso fechado e Ivana a encarou. — Sabia que você iria gostar de conversar comigo.
— Mas não era para eu estar falando com você, eu tenho que ir agora. E se você quiser sair daqui, tem um atalho daquele lado — Ivana apontou com o dedo indicador em uma direção da floresta e Anelise prestou atenção. — Você vai direto por lá e só assim conseguirá sair dessa floresta e avistar a... cidadezinha.
Ivana conhecia a floresta de cor, havia seguido a mãe em algumas vezes que ela dizia que precisava sair. Mas a garota nunca ousou se aproximar da saída da floresta, mas sabia como sair dali.
— Obrigada Ivana.
Ivana iria sair dali quando Anelise tocou no seu pulso.
— Quando vamos nos ver de novo?
— Que papo é esse Anelise? Não podemos nos ver de novo.
— Você fala como se eu fosse te fazer alguma coisa, eu não sou uma menina má. Eu só gostei da sua companhia e... eu nunca tive nenhuma amiga além de Holly. Na escola em que estudo as garotas me acham esquisita e eu fico triste com isso, mas Holly diz que não devo me importar. — Anelise disse fazendo Ivana rir de canto.
— Olha eu daria tudo para estar no seu lugar e pelo menos ter a oportunidade de pisar em uma escola, e espera aí a sua boneca fala com você? — Ivana perguntou e começou a ter uma noção do porque outras garotas poderiam achar Anelise esquisita.
— Está vendo? — Anelise riu e abraçou a boneca de pano. — Precisamos nos ver de novo, temos muitas coisas para contar uma para outra. Eu pelo menos tenho... não tenho ninguém para contar, o meu pai trabalha muito Ivana e eu não deveria ter aceitado o convite do meu primo para vim para cá. Mas pelo menos... encontrei você aqui.
— Você não me encontrou aqui, eu que te encontrei aqui.
— Viu? É um sinal.
— Sinal? Não tem sinal nenhum.
— Tem sim, ah por favor... amanhã vamos nos encontrar aqui de novo. Eu virei nesse mesmo horário e pelo mesmo lugar que irei embora agora. Você vai vim? — Anelise perguntou com expectativas de que a garota que havia acabado de conhecer, se encontrasse com ela ali no dia seguinte.
— Eu não te prometo nada, mas... vou tentar. — Ivana disse e viu Anelise abri um sorriso de orelha a orelha.
E naquele dia em diante, Ivana e Anelise passaram a se encontrar naquele mesmo lugar e no mesmo horário em que haviam se conhecido, não demorou muitos dias para se tornarem melhores amigas e Ivana as vezes desabafava sobre como a mãe era com ela.
Assim como Anelise que contava sobre como o seu pai era ausente em casa mas ela o amava do mesmo jeito.
A cada encontro que tinha com a nova amiga, Ivana voltava para casa feliz, o que não passou despercebido por Vasti. Por mais que Ivana tentasse disfarçar, Vasti a vigiava mas não quando pedia para a garota colher as rosas vermelhas.
Foi então que ela decidiu seguir Ivana para saber o que havia mudado e ela descobriu, continuou a vigiando durante mais alguns dias e mal sabia Ivana o que Vasti já estava planejando.
E escondida atrás de uma árvore um pouco distante das garotas, Vasti observava e escutava atentamente o que elas falavam naquele momento.
Anelise contava que infelizmente iria embora na semana que vem, mas que havia pedido para o pai para que ela pudesse ficar mais um pouco na cidadezinha. E o motivo era Ivana, Anelise havia se apegado a Ivana e não demorou para fazer um convite a sua nova amiga.
Seu pai daria uma festa naquela noite só para os amigos íntimos e Anelise gostaria que Ivana fosse.
— Eu não sei, minha mãe não deixaria...
— Deixar eu falar com ela, por favor. Ela tem que deixar.
Anelise usava agora um vestido na cor verde claro com alguns detalhes brancos e Holly, que não poderia faltar, usava um vestido na mesma cor que o da dona.
— Você sabe como ela é, eu já te disse Anelise. Ela não gosta muito de pessoas.
E Ivana não estava errada, Vasti era boa somente para Ivana e mesmo assim demonstrava as vezes um lado que Ivana tinha medo de conhecer.
— Ah mais de mim ela tem que gostar, somos amigas agora — Anelise disse e abraçou Ivana, que sorriu ao senti seu abraço sendo retribuido. — Ah e eu queria ter dito para você ontem mas não deu tempo — A garota de olhos esmeralda se afastou do abraço para olhar para Ivana. — Como você sabe, eu só tinha a Holly como melhor amiga e eu continuo amando ter ela comigo. Mas agora não só tenho a Holly, tenho você também e... mesmo que eu vá embora na semana que vem, eu sei que não vamos mais nos ver, mas eu vou sempre levar você na minha mente porque eu amei te conhecer e amei ser sua amiga.
— Ah Anelise para com isso — Ivana riu mas na verdade queria chorar, queria chorar porque a única amiga que havia feito, iria embora. — Só falta dizer que me ama também.
— É, eu te amo também — Anelise disse e foi a vez de Ivana abraçar a amiga com força. — Pra quem não gostava de me abraçar antes, fico até surpresa com isso. — A garota riu mas não percebeu que Ivana tentava controlar as lágrimas enquanto continuava abraçada a ela.
— A-Ah você... — Ivana dizia com a voz embargada e Anelise se separou do abraço para olhar para a amiga.
— Está chorando? Ah meu Deus... não chore, pare agora! Se não eu vou acabar chorando também e eu já chorei a noite toda ontem sabendo que daqui uns dias não vamos mais nos ver.
— E você acha que eu não chorei também? Pensei que iria consegui segurar o choro, mas como pode ver... não deu — Ivana riu enxugando rapidamente as lágrimas que escorriam por suas bochechas. — Eu também amei te conhecer Anelise e irei sempre me lembrar de você.
Anelise pegou na mão de Ivana e sorriu.
— Você tem que ir a festa hoje a noite.
— É claro que ela vai. — Ivana sentiu as batidas do seu coração acelerarem e rapidamente se virou, olhando para trás e se deparando com Vasti, que tinha um sorriso nos lábios e olhava somente para Anelise.
— Mamãe...
— Não sabia que havia feito uma amiga, por que não me contou filha? — Vasti perguntou fingindo indignação e Ivana engoliu seco.
— Não se zangue com ela. — Anelise disse olhando para a mulher a sua frente e Ivana apertou um pouco a mão da sua amiga, para que ela não falasse mais nada.
— Se zangar com ela? Ora, mas eu não estou zangada. Na verdade eu estou muito feliz que ela tenha arranjado uma amiga e é por isso que ela tem a minha permissão para ir a festa hoje a noite. — Vasti disse só agora olhando para Ivana que a olhou confusa.
— Sério? — Ivana perguntou e Anelise soltou a mão dela para bater palmas, estava feliz que Ivana iria poder ir.
— Muito sério. Acho que já está na hora de eu te deixar sair um pouco de casa, não é?
— Isso é ótimo! Ivana, eu tenho que ir agora. Mas nos encontramos lá tá bom? — Anelise antes de ir, passou o endereço para Ivana e também descreveu como era a rua e a casa onde o pai dela morava.
E quando a garota foi embora, Ivana estava contente por finalmente a mãe ter deixado ela ir. Mas tinha um mal pressentimento sobre a festa, mas isso não iria desanimá-la a ir.
Horas mais tarde Ivana já se encontrava na casa da amiga, não foi difícil achar e ela teve até mesmo curiosidade de sair procurando por seu pai. Queria saber se ele ainda estava vivo, mas a cidadezinha havia evoluído um pouco e se ela fosse sozinha provavelmente se perderia... por isso pediu ajuda a Anelise que disse que a ajudaria no dia seguinte.
Mas a conversa das duas cessou quando elas escutaram sons parecidos com bombas dentro da casa. Ficaram assustadas e como estavam no quarto de Anelise, se levantaram da cama na mesma hora.
— O que foi isso? — Ivana perguntou assustada segurando Holly e Anelise não estava diferente dela.
— Eu não sei, não me lembro do meu pai ter autorizado fogos de artíficio e isso não se faz dentro de casa. — Anelise disse e não demorou para que ela e Ivana escutassem mais uma vez o mesmo som e Anelise correu até a porta do quarto e girou a maçaneta.
— Aonde você vai? — Perguntou Ivana assustada e ela iria atrás dela, mas Anelise pegou Holly de suas mãos e negou com a cabeça.
— Ver o que está acontecendo, você fica aqui. Eu não demoro, eu prometo. — Anelise deu um sorriso fraco para Ivana que sentiu um aperto no peito ao olhar nos olhos da amiga, como se alguma coisa estivesse para acontecer.
Mas Ivana pensou que era coisa da sua cabeça e decidiu ignorar, sendo que na verdade, ela estava certíssima. Anelise mandou ela ficar no quarto e os sons que as duas julgaram ser de "bombas" voltaram a ecoar pela casa toda, assim como som de gritos dos convidados.
Anelise já havia saído do quarto e levado Holly consigo, enquanto Ivana permanecia dentro do quarto da garota, andando de um lado para o outro e foi então que ela escutou um grito fino e desconfiou que a amiga pudesse ter gritado. E não aguentando mais ficar dentro daquele quarto, Ivana saiu e se deparou com um homem que estava no corredor com os olhos arregalados e tossindo sangue.
A roupa do homem estava manchada de sangue e Ivana soube naquele momento que ele havia sido atingido e que pessoas poderiam estar morrendo. Ela foi até o homem que estava sentado no chão do corredor e respirando com dificuldade.
— Calma! Calma! Vai ficar tudo bem... — Ivana dizia preocupada e o homem parou de respirar, fazendo com que sua cabeça inclinasse para o lado. — Ah não, não... abra os olhos por favor. — A garota balançou os ombros do homem mas ele não reagiu.
Ela se levantou assustada e passou as mãos nos cabelos, logo lhe veio Anelise na mente e ela saiu correndo na direção da sala, se deparando com a maioria dos corpos dos convidados estirados no chão.
Um cenário que Ivana jamais esqueceria... ela colocou a mão direita na boca e a avistou a boneca de sua amiga próxima a um corpo de uma mulher, que já estava morta e com o rosto ensanguentado.
Ao lado do corpo dessa mulher havia se formado uma poça grande de sangue e a boneca Holly havia caído nessa poça, Ivana pegou a boneca e negou várias vezes com a cabeça, não querendo acreditar no que estava acontecendo.
Correu ao escutar mais uma vez a amiga gritar, só que no andar de cima. Ivana ainda segurava a boneca que agora estava suja de sangue e assim que a garota chegou no andar de cima colocou a mão na boca mais uma vez ao se deparar com alguns corpos no corredor, era um verdadeiro cenário de terror para Ivana.
Naquele mesmo instante, Ivana escutou o grito da amiga e fechou os olhos com força. Estava com medo mas respirou fundo voltando a abri os olhos e passou pelas pessoas que estavam mortas e com cortes profundos no pescoço.
Ivana abriu um dos quartos em que pensou que Anelise poderia estar, mas errou. Escutou vozes masculinas rindo baixinho e cochichando e foi seguindo essas vozes, que ela achou o quarto em que Anelise estava. Ao abri a porta do quarto e olhar para o lado esquerdo, viu o corpo de sua amiga se debatendo no ar e uma corda grossa envolta do pescoço da garota, a corda estava presa em um pedaço de madeira que ficava praticamente perto do teto do quarto.
— ANELISE! — Ivana gritou largando a boneca no chão e entrando dentro do quarto, pretendia ir até a amiga mas ela havia se esquecido de que haviam dois homens dentro do quarto.
Homens perversos que não demoraram para impedir que Ivana chegasse perto de Anelise, um deles segurava um canivete e estava prestes a passar no pescoço de Ivana. Mas o outro homem não permitiu dizendo que queria se divertir antes de matá-la.
— SAI! P-POR FAVOR... — Ivana já chorava e sua voz saíra baixa. — N-não...
O homem havia deitado ela em cima de uma cama e segurava os pulsos da garota com força. Ele passou a língua no pescoço de Ivana que quis chutá-lo mas o outro homem que segurava o canivete, segurou com força as suas pernas para que ela não as movesse.
De repente, Ivana escutou vários disparos e dessa vez foi dentro do quarto em que ela estava. O homem que estava em cima dela havia levado três tiros em um lado do rosto, o que deixou a garota assustada e quando ela pensou que o corpo dele caíria em cima dela, o corpo do homem foi chutado para longe.
O outro homem que estava com o canivete havia levado dois tiros, um na testa e outro no peito. Ivana estava traumatizada com toda a cena que via que precisou ser chacoalhada para que tivesse alguma reação.
— Ivana! Filha, você está bem? Esse homem não fez nada com você, não foi meu amor? — A garota fechou os olhos e voltou a abri-los, olhando diretamente para a sua mãe que havia aparecido ali e estava segurando uma arma. — Ah finalmente reagiu. Vamos, não podemos demorar.
Vasti se afastou da garota como se nada demais tivesse acontecido com aqueles homens e logo os olhos de Ivana focaram em apenas uma pessoa, a pessoa quem ela considerou como uma grande amiga, era sua confidente, havia sido uma das melhores pessoas que havia aparecido em sua vida.
— Não... — Ivana disse indo até o corpo da amiga que flutuava no ar. Foi doloroso para a garota ver a amiga sem se mexer e com os olhos um pouco abertos, seu vestido rosa agora se encontrava sujo com um pouco de sangue, assim como o vestido de sua boneca.
Ivana chorou agarrando os pés da amiga, querendo tirá-la de lá de cima quando ela sentiu alguém puxá-la pelo braço, a afastando de Anelise.
— VAMOS! — Vasti alterou a voz agarrando o braço de Ivana que se soltou de sua mãe.
— NÃO! E-eu não vou... não vou deixar ela aqui.
— Ela morreu, não há mais o que fazer. E assim será com qualquer um que ousar se aproximar de você. — Vasti disse fazendo Ivana olhar confusa para a mãe e em seguida arregalar os olhos.
— Foi você...
— Não temos tempo pra isso, vamos! Não estrague os meus planos Ivana. — Vasti tentou agarrar mais uma vez Ivana pelo braço, mas a garota deu três passos para trás.
Se antes ela tinha medo de Vasti, seu medo ficará maior agora.
— Você mandou matar a minha melhor amiga — A garota disse enxugando as lágrimas. — Seus planos? Por isso deixou eu vim? Para fazer isso tudo? POR QUÊ MAMÃE?
— Sua melhor amiga? — Vasti riu irônica. — Eu sou a sua melhor amiga, eu te criei e não pretendo dividi-la com ninguém. Se eu quisesse isso você frequentaria uma escola, saíria daquela casa na floresta em que moramos, eu jamais permitiria que você se afastasse de mim. E foi só essa pirralha aparecer que você... é melhor eu ficar quieta. E a resposta é sim, fui eu que planejei essa matança toda? Sim, as pessoas hoje em dia estão dispostas a fazerem tudo por dinheiro e se não se importa — Vasti arrumou o chapéu preto em sua cabeça e encarou Ivana que escutava tudo atentamente. — Eu irei pegar o que é meu e finalizar o meu plano.
— Por que... Vasti? Por quê? — Ivana perguntou mais uma vez e antes de Vasti sai do quarto, se aproximou de Ivana e pegou uma mecha do cabelo da filha, enrolando-a no seu dedo indicador.
— Porque eu te amo meu bem — Vasti disse e Ivana deu um passo para trás, só agora havia notado o olhar esquisito que a mãe tinha sobre ela. — Só eu posso amar você, você não entende? Ouvi essa pirralha dizendo que a amava e você também disse que a amava... me deixou furiosa. Você só pode amar a mim Ivana, somente a mim e mais ninguém. — A mulher terminou de falar deixando um pequeno cacho na ponta do cabelo de Ivana.
Vasti se afastou dela voltando a ficar séria, disse que não demoraria e que as duas sairiam dali. Assim que Vasti saiu do quarto ainda segurando sua arma, Ivana sentiu que escutaria mais disparos.
A garota olhou para a sua amiga e tocou na mão dela que agora, estava fria... Ivana tentou segurar o choro mas falhou, avistou a boneca de Anelise no chão e foi até a mesma.
Ela havia deixado cair quando viu o que estava acontecendo com a sua amiga.
Ivana pegou a boneca e escutou mais dois disparos vindo de algum canto da casa, ela não estava mais assustada... estava com raiva e ao pegar a boneca, ficou séria e apertou a boneca de pano em suas mãos.
— Isso não vai ficar assim. — Ela sussurrou baixo e alguns minutos depois, Vasti apareceu na porta do quarto.
— Ai está você. Vamos, não podemos demorar aqui — Vasti disse e Ivana a encarou com lágrimas nos olhos. — Ora, agora vai ficar me olhando desse jeito? Isso não me agrada Ivana. Vai ser pior para você se me olhar desse jeito, o que eu posso fazer se as pessoas hoje em dia são ambiciosas? O cozinheiro e outros empregados do pai dessa garota não descartaram em nenhum momento o meu plano, aceitaram colocar o veneno que eu mesma entreguei para eles, na comida e servir para os convidados. Os que não comeriam, iriam morrer do mesmo jeito e eu disse que eles poderiam fugir com a maleta de dinheiro que eu deixei no sotão, assim que eles terminassem o serviço. E é claro que eu não deixaria eles escaparem assim tão fácil, eles tinham que morrer também, eu não poderia correr o risco de me entregarem depois para a polícia.
— E se a polícia descobri? — Ivana perguntou tentando manter a voz firme e Vasti sorriu.
— Ah não meu bem, nunca me descobriram. Sabe, não é a primeira vez que eu elimino alguém, eu tenho os meus truques e sempre que cometo um crime como esse por exemplo, eu coloco a culpa em alguém ou... faço parecer que se tratou de — Vasti apontou na direção de Anelise mas Ivana preferiu não olhar. — Um suícidio. Mas está na cara que a pirralha aí não teria coragem de tirar a própria vida, mas em outros casos... dá certo. — A mulher deu de ombros e Ivana saiu daquele quarto tentando disfarçar toda a sua raiva.
Olhou para os corpos de algumas pessoas que estavam no corredor e soltou um suspiro pesado.
— Eram pessoas inocentes, não me fizeram nada.
— Mas conheciam a pirralha, e você conhece o ditado que por causa de um... todos pagam, querida — Vasti saiu do quarto e Ivana começou a senti cheiro de fumaça. — Agora vamos sair daqui, se não viraremos cinzas assim como eles. E o que vai fazer com essa boneca?
— É minha agora, e não ouse tirá-la de mim. — Ivana disse séria e encarando Vasti que riu de canto.
— Se você faz tanta questão assim.
Daquele dia em diante, Ivana não foi mais a mesma e o que Vasti não imaginava... era que Ivana se tornaria tão cruel quanto ela.
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Espero que tenham gostado, votem e comentem...
Saiu enorme esse capítulo e peço desculpas por isso,
tem mais coisas a serem
esclarecidas? Tem.
Mas deixarei que a
própria Ivana e também
Yandra, contem
todo o resto.
Bjoooooooooos✨
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