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ꕥ O passado de Dominic ꕥ

Autora Narrando

Na terça-feira, em uma bela tarde, Ruth chegava em sua casa com um garotinho que tinha apenas um ano de idade.
O garotinho tinha os cabelos negros como o ébano, sua pele era branca e seus olhos eram azuis.
Ruth segurava o garotinho nos braços e respirou fundo antes de fechar a porta atrás de sí.

A mãe biológica do garotinho não o queria e só não o abortou porque Ruth insistiu para que ela não fizesse isso.
Ruth prometeu que cuidaria do garotinho quando ele nascesse mas mesmo quando o garotinho nasceu, a mulher não pôde levá-lo para a sua casa porque o seu marido não aceitava uma criança que não era dele.

Mas a mãe biológica do garotinho só ficou um ano cuidando dele e era porque Ruth pedia, até que a mãe biológica do garotinho não aguentava mais e disse que iria embora. Que deixaria o menino no orfanato se Ruth não o pegasse para ela e como Ruth não teve escolha, pegou o garotinho e o levou para a sua casa.

Sua sorte é que ela ia quase todos os dias visitá-lo, fazendo assim, com que o garotinho se acostumasse com sua presença e se apegasse a ela com o tempo. Mas mal ela chegará em casa com ele e seu filho que tinha três anos de idade, correu em sua direção pois havia escutado a porta sendo destrancada.

— Mamãe! — O menino correu na direção da mãe e abraçou as suas pernas, mas se afastou ao perceber que a mãe segurava outro menino. — Qe é esse?

— Seu novo irmãozinho, vai viver com a gente a parti de hoje. — Ruth disse colocando Dominic no chão com cuidado e o garotinho parecia estranhar a nova casa em que estava mas não chorou ao ver outro garotinho um pouco maior que ele e o olhando.

Irmaozinho?

— Sim, Ramiro.

— O que significa isso Ruth? — O marido de Ruth descia as escadas e ela logo olhou na direção do homem que não tinha uma expressão contente no rosto.

Miguel Murray era um homem sério e pessimista. Ruth casou com ele sabendo disso porque o amava, e ela continuava amando mas não concordando com algumas opiniões que ele tinha as vezes.

Isso é sobre o que eu te falei ontem, a mãe dele não iria ficar com ele para sempre.

— Aquela sua amiga é uma sem futuro e ainda joga fora o que ela colocou no mundo, se envolve com qualquer um e não duvido nada de que ela não fez questão de procurar o pai dessa criança — Miguel disse terminando de descer as escadas e indo ao encontro de Ruth. — Se livre desse garoto Ruth, eu fui claro quando eu disse que não aceitaria outra criança em nossa casa. Ramiro é o nosso filho perfeito e é nosso, não precisamos  de mais nenhum garoto.

Ruth soltou um suspiro e notou que Ramiro olhava para ela e para o Miguel.

— Leve o Dominic para a salinha de brinquedos querido, por favor e pegue na mão dele para mostrar onde é. — Ruth sorriu gentil para o filho que pegou na mão do pequeno Dominic e começou a falar sobre todos os brinquedos que tinha na salinha e que ele faria aniversário daqui a dois dias.

Ruth sorriu ao lembrar que tinha que organizar a festa do Ramiro e que seria daqui a dois dias. Miguel pigarreou e ela voltou seu olhar para o marido que já a encarava.

— Você sabe a minha resposta.

— Dê uma chance ao garoto... é uma criança inocente que não tem culpa de ter nascido da mulher que eu chamava de amiga. — Ruth tentou mas Miguel fez um sinal de negação com a cabeça.

— Jamais darei uma chance a um garoto que não é sangue do meu sangue. Não sei como você se tornou amiga da mãe dele.

— Eu já te disse, eu e ela nos conhecemos desde o ensino médio mas diferente de mim, ela largou a escola e eu continuei estudando. Miguel — Ruth tocou no ombro do marido que mantinha a expressão séria. — Aceite ele, ele não tem para onde ir.

— Eu não vou ficar repetindo como um gravador Ruth, eu não aceito esse garoto aqui e pronto. Mas já que você quer tanto cuidar dele... cuide, mas quero deixar bem claro que eu não gastarei um centavo com ele e seja lá qual cômodo ele estiver dentro dessa casa, eu irei me retirar imediatamente. — Miguel disse aquelas palavras com raiva, o que fez Ruth solta um suspiro mas assenti.

A mulher pensou que pelo menos, conseguiria dar conta do Dominic sem precisar da ajuda do marido. Ele tinha o trabalho dele e ela tinha o trabalho dela, ela não ganhava muito mas faria de tudo para sustentar Dominic e dar a educação que ele merecia.

Ruth trabalhava em algumas casas fazendo faxina enquanto Miguel, era diretor de uma escola que o pai dele havia construído e deixado para ele. MHS não era uma escola muito conhecida, mas que ao passar para as mãos de Miguel, a escola começou a se tornar muito bem falada.

Alguns anos se passaram e Ruth descobriu que estava doente, o que a preocupou por estar com câncer e infelizmente já estava avançado. Ela temia que a qualquer momento pudesse falecer e seus filhos não saberiam lidar com isso, ainda eram crianças.

E em um final de tarde, Dominic estava brincando com o Ramiro na sala de estar, ambos se preparavam para uma corrida com os seus carrinhos de brinquedo.
O carrinho de Ramiro era na cor verde e o de Dominic na cor branca.

— Você não vai ganhar de mim Dominic, sou o irmão mais velho. — Ramiro disse convencido e Dominic apenas deu um sorriso fechado para o irmão.

— Veremos... 3... 2... — Quando Dominic iria falar "um" ele e o Ramiro se assustaram ao escutar a voz de Miguel Murray que havia acabado de descer as escadas para ir trabalhar.

— RAMIRO! — O homem gritou fazendo o garoto de sete anos fica de pé em um pulo já que antes, estava agachado perto de Dominic para empurrarem seus carrinhos de brinquedo. — Quantas vezes eu já te disse que não quero você brincando com esse garoto? Não é da nossa família.

Dominic sentia vontade de chorar mas segurou as lágrimas por não gostar de chora na frente do seu padrasto que sempre o detestou.

— Mas papai a gente só tav

— E eu lhe dei permissão para falar Ramiro? Enquanto eu estiver falando com você, você fica calado e só fala quando eu autorizar, entendeu? — Miguel encarou o filho que ficou cabisbaixo.

— Sim papai...

— Ótimo, agora venha comigo. Hoje eu só irei trabalhar a tarde, agora irei a casa de um velho amigo e ele quer conhecer o futuro dono da MHS — Miguel se dirigiu até a porta e a abriu. — Uma pena que Dominic não será dono de nada.

— Papai não diz isso... — Ramiro disse sentindo dó do irmão.

— O quê? É apenas a verdade. Enquanto eu estiver vivo, na minha escola esse garoto não pisa.

Dominic tinha raiva do homem que sempre o tratará mal porém, sempre ficou calado. Nunca respondendo as grosserias de Miguel.

Dominic agora, que tinha quatro anos de idade, não gostava quando Miguel se zangava com Ramiro por sua causa. Ele se sentia culpado todas as vezes que isso acontecia.

Dominic olhou para o Ramiro que ainda permanecia cabisbaixo.

— Vamos Ramiro!

Dominic soube que não poderia se despedir de Ramiro então, pegou os dois carrinhos de brinquedo e os guardou dentro da pequena caixa de brinquedos que pertencia a ele. Sua mãe havia comprado para ele guardar ali pois Miguel não queria que os brinquedos de Ramiro se misturassem com os de Dominic.

Ramiro olhou para o irmão que deu um sorriso fraco para ele e ele soube que o irmão queria dizer que estava tudo bem, mas no fundo, Ramiro sabia que não estava bem. Infelizmente teve que ir com Miguel e a porta da sala logo foi fechada.

Dominic se sentou no sofá e tentou ser forte, mas não conseguiu, começou a chorar baixinho e ali ficou chorando durante um tempo até que conseguisse se acalmar. Quando ele enxugou as lágrimas e se levantou do sofá, a sua mãe estava atrás do sofá o observando com um sorriso triste no rosto.

— Mamãe?

— Ah meu querido... — Ruth usava um lenço estampado e grande que cobria todo o lugar que antes era o seu cabelo, o seu cabelo ruivo e longo que agora Dominic sabia que não voltaria mais a vê-lo.

Ruth nunca escondeu nada dos filhos, eles sabiam que a mãe estava doente porém, eles não sabiam que a doença era grave. Sabiam que o cabelo de Ruth havia começado a cair e então, ela teve que raspar... foi apenas o que ela disse para eles e Miguel a cada dia se preocupava com o estado de saúde da sua esposa, apesar de tudo, ele a amava muito.

— Por que estava chorando? — Ruth perguntou acariciando os cabelos do filho e ele sentiu os olhos marejarem.

— N-nada...

— Você não chora por nada Dominic. Foi o Miguel de novo, não foi? O que ele disse?

— Não sou da família... — Dominic disse em um tom de voz baixo mas Ruth conseguiu ouvir mesmo assim.

Ela se abaixou para ficar na altura do filho e apoiou suas mãos, uma de cada lado, no rosto do pequeno Dominic.

— Nunca diga isso, você sempre fará parte da nossa família. Você é meu filho e sempre será, sempre será um Murray e eu te amo muito meu amor — Ruth beijou a testa do garoto e em seguida voltou a olhar para ele. — Você mesmo ainda com pouca idade, é tão perspicaz... arrisco dizer que quando você crescer, terá mais juízo que o seu irmão e olhe que ele é o mais velho.

— O que é perspicaz? — O garoto perguntou confuso e Ruth riu.

Escutaram batidas na porta e Ruth se apressou para ficar de pé. Dominic olhou na direção da porta e foi abri pensando que seu irmão havia voltado para casa mas não era ele, nem Miguel, era um homem alto que usava óculos escuros e um terno preto, um relógio na cor prata no pulso esquerdo do homem chamou a atenção de Dominic que já naquela idade admirava muito relógios.

O homem tirou os óculos escuros e olhou para o garoto qur havia aberto a porta.

— Ora, ora... acredito que você não seja o Ramiro, ou é? — O homem perguntou com seu tom de voz rouco e Dominic negou com a cabeça.

— Não senhor.

— Eu percebi. Ramiro é afobado, mas você não — O homem o analisou e logo desviou o olhar dele para Ruth que agora caminhava na direção da porta. — Por que me ligou para que eu vinhesse aqui Ruth? Sabe que eu não gosto de pisar na casa do seu marido.

— Olá para você também, meu querido irmão. E pelo que sei essa casa também é minha — Ruth se aproximou de Dominic, apoiando suas mãos nos ombros do garoto que ainda olhava para o homem a sua frente. — Entre.

— Hum... como você está? — O homem perguntou depois de ter entrado na casa.

Ele se aproximou de Ruth e ela o abraçou, enquanto Dominic fechava a porta e se virava para olhar para eles.

— Estou bem... não sei até quando, mas no momento eu estou bem.

— E ficará bem, não diga bobagens Ruth. Aquele ser desprezível está em casa? — O homem perguntou fazendo Ruth o encarar. — Tudo bem, não irei mais chamá-lo assim. Miguel Murray se encontra?

— Você sabe que não — Ruth disse vendo um sorriso sínico surgir nos lábios do irmão. — Ele tem medo de você.

— Ele sabe que se não fosse por você, ele já estaria mort

— Shhh! Não diga isso na frente do Dominic. — Ruth interrompeu o irmão e ele logo olhou para o garoto que estava encostado na porta de madeira branca, os observando.

— Dominic... — O homem disse se aproximando dele e se abaixando para ficar quase na mesma altura. — Você lembra eu mesmo quando eu era criança, tão quieto e observador. Mal sabia a minha família que no futuro eu me tornaria um matad

— JONAS! — Ruth interrompeu o irmão mais uma vez que deu um sorriso fraco para Dominic.

— Eu iria me apresentar, mas a sua mãe se adiantou e já falou o meu nome. É um prazer te conhecer Dominic. — Jonas disse erguendo a mão direita para cumprimentá-lo e Dominic ergueu sua mão para pegar na mão do seu tio, dando assim um pequeno aperto de mão.

Dominic nunca havia visto Jonas antes, aquela era a primeira vez que o via. Já tinha ouvido a mãe falar do irmão, mas não dava muito importância... até agora.

Jonas voltou a ficar de pé e Ruth olhou para o Dominic, sinalizando com o olhar para o garoto ir brincar na salinha de brinquedos.

— Ah por que mamãe?

— Porque preciso conversar a sós com o seu tio, depois você vem meu amor. — Ruth deu um sorriso para o filho que havia ficado emburrado, mas ao receber o sorriso gentil da mãe ele obedeceu e saiu da sala.

Ele foi para a salinha de brinquedos que ficava em um cômodo próximo a sala de estar e entrou, mas deixou a porta encostada porque queria ouvir o que sua mãe conversaria com o tio.
Mesmo sabendo que isso era errado, a curiosidade de Dominic foi maior.

— Estou com medo do que você irá me pedir.

— Mas eu não te pedi nada. — Ruth cruzou os braços olhando inocente para o irmão.

— Não pediu ainda, conheço esse seu olhar. Vamos me diga, o que quer que eu faça Ruth? — Jonas perguntou indo até uma poltrona e se sentando.

— É você está certo... Jonas você sabe que eu não ando bem de saúde, temo que a qualquer momento eu possa...

— Ruth! Não diga bobagens, você viverá ainda por muito tempo e vai vencer essa doença. — Jonas interrompeu sua irmã que soltou um suspiro.

— Sei que você e todos querem que eu acredite que viverei por muito tempo, mas eu sei que não. E se isso acontecer Jonas... quero que cuide dele, do Dominic e

— Como? Ruth, você sabe que não gosto de crianças e vivo sozinho. Não empurre para mim o que você já pegou de outra pessoa. — Jonas mais uma vez interrompeu sua irmã, que logo o encarou.

— Quer parar de me interromper? Poxa, se eu morrer esse garoto não vai ter para onde ir porque eu conheço o marido que eu tenho. Miguel não vai querer cuidar dele e eu não duvido nada, que ele não vai deixar fazer nem uma semana direito e vai colocar Dominic em um orfanato, ele tem coragem de fazer isso Jonas. Temo até por Ramiro porque não sei como Miguel poderá reagir se eu me for... temo por meus dois filhos e mesmo Dominic não tendo vindo de mim, é como se tivesse vindo.

— Ruth você sabe que eu não moro aqui na Pensilvânia e você sabe o que eu faço da vida. É arriscado...

— Eu sei Jonas, eu sei — Ruth soltou um suspiro. — Foi por isso que aproveitei que você estava aqui na Pensilvânia de passagem e te chamei aqui, já faz um bom tempo que não nos víamos... você está diferente. Arrumou alguém?

— Não, você sabe que desde que fiquei viúvo não me envolvo com ninguém. E eu terei que voltar para New Orleans amanhã Ruth, tem um homem que está dando problemas a mãe dele e eu vou "acalmá-lo" se é que me entende, apenas dar um aviso de que se ele não parar de agredir a mãe... ele morre. — Jonas disse em um tom de voz frio que fez Ruth arregalar os olhos.

— A mãe desse homem te pediu para fazer isso?

— Pediu, em sigilo é claro. A mulher está sofrendo Ruth e ela é de idade, ele pega o dinheiro dela para gastar só com drogas. Se dependesse de mim ele já estaria dentro de um caixão, mas é aquela coisa, ela é mãe... apesar de tudo ela ama o filho. Acredito que depois do meu diálogo com ele, ele pedirá dinheiro a outra pessoa e deixará ela em paz.

Jonas se levantou da poltrona e se despediu de Ruth, mas Ruth logo agarrou o braço do irmão e seus olhos encheram de lágrimas.

— Por favor, se eu me for... cuide dos meus filhos. É a última coisa que te peço. — As lágrimas desciam pelas bochechas rosadas de Ruth e Jonas respirou fundo.

— Darei um jeito minha irmã, mas comigo eles não poderão ficar.

E depois dessa conversa, Dominic apesar da pouca idade, ficou pensativo... só de pensar que sua mãe poderia morrer ele chorava escondido de todos. Não sabia o que poderia acontecer com ele se isso acontecesse, Ruth era a única que o consolava quando ele estava triste e quando ele precisava de ajuda.

As vezes, ele esquecia da conversa que sua mãe tivera com seu tio. No começo, ele quis contar para o Ramiro o que ele havia escutado, mas preferiu ficar quieto porque tinha medo que Ramiro pudesse contar para o pai também.

E a cada dia Miguel fazia de tudo para manter Ramiro longe de Dominic, mas quando Miguel ia dormi com Ruth, Ramiro saia de fininho do seu quarto para ir no quarto do Dominic.

Ele acordava o irmão para contar como havia sido o seu dia na escola e Dominic sempre o escutava e conversava com ele. Os dois até mesmo brincavam na sala só que sem fazer barulho para não acordar os pais e depois disso, Ramiro voltava para o seu quarto para ir dormir e Dominic também ia para o seu.

Tudo ia bem até que Ruth teve uma recaída e precisou ser levada às pressas para um hospital. Miguel levou Ramiro para a casa de um amigo seu enquanto Dominic, ficou em casa com as duas empregadas pois Miguel não quis levá-lo.

Se passaram semanas e Dominic sempre pegava uma cadeira e colocava perto da janela da sala de estar, a vista dava para as outras casas e também a entrada da rua já que a sua casa era no final da rua e ele podia ver qual carro entrava e qual carro saia. Tinha esperanças de ver o carro preto de Miguel entrando na rua e em seguida, ver Ruth saindo do carro... mas isso não aconteceu.

Dominic não via Ramiro desde que Ruth havia ido para o hospital. Miguel as vezes ia para casa para ver como estavam as coisas e as empregadas sempre diziam que estava tudo bem e que estavam cuidando do Dominic.

As vezes Dominic ouvia as empregadas cochichando mas não sabia do que se tratava, ele dizia que tinha saudades da mãe e uma das empregadas dizia que ele tinha que ter fé que ela voltaria para casa.

Certo dia Dominic mais uma vez arrastou uma cadeira até a janela da sala de estar, e se sentou na cadeira para observar a vista.

Ele fazia isso desde que viu Miguel saindo com sua mãe às pressas de casa, ela estava passando mal e olhou para o Dominic e para o Ramiro antes de fechar os olhos.

Dominic estava com sono e acabou cochilando sentado naquela cadeira, não dormia direito há mais de duas semanas só pensando em sua mãe e em quando ela voltaria. Chorava todas as noites escondido, com saudades da mãe e do irmão também... ele estava praticamente sozinho naquela casa.

Sentiu algo tocar o seu ombro e resmungou.

— Acorde garoto. — Escutou uma voz rouca e a achou familiar.

Dominic abriu os olhos e ergueu um pouco a cabeça, seus olhos se encontraram com os do seu tio que tinha uma expressão séria no rosto. Ele se perguntou o que o seu tio fazia ali.

— Por que está cochilando nessa cadeira?

Esto esperando a mamãe. — Dominic se ajeitou na cadeira e olhou na direção da janela.

— As empregadas me contaram que você faz isso desde que ela foi levada ao hospital, é verdade? — Jonas perguntou e Dominic assentiu cruzando os braços.

— Ela tá demorando muito...

— Garoto. — Jonas se abaixou um pouco e analisou a expressão de cansaço e tristeza no rosto do sobrinho, e antes de falar qualquer coisa, respirou fundo.

Jonas nunca foi de enrolar para dizer algo, ele sempre foi um homem direto. Mas naquele momento ele teria que ser cauteloso porque precisava dar a notícia para o garoto ao seu lado.

— Olhe para mim — Jonas pediu e Dominic assim o fez. — Você não precisa esperar mais... ela não vai voltar.

— N-não? — A voz de Dominic falhou e ele viu seu tio ficar cabisbaixo, em seguida o viu fazer um sinal de negação com a cabeça.

Dominic havia entendido o que o tio quis lhe dizer e então não aguentando mais segurar as lágrimas, chorou.

Ele voltou seu olhar na direção da janela e lembrou dos momentos que passou com a sua mãe, fechou os olhos com força sentindo as lágrimas quentes escorrerem pelo seu rosto e a mão do seu tio tocar no seu ombro.

— Seja forte garoto... eu prometi para ela que cuidaria de você e do seu irmão, mas não vou poder levá-lo comigo agora. Levará um tempo, mas eu irei voltar aqui e você vai embora comigo.

— P-para... onde? — Dominic perguntou com a voz embargada e soluçando.

— No dia você saberá — Jonas voltou a ficar de pé. — Seja forte pois Miguel não será mais o mesmo, arrisco dizer que a parti de hoje ele não se importará com mais nada e isso inclui ele próprio.

E Jonas não estava errado, se antes Miguel Murray já era um homem ruim para o Dominic, depois da morte de Ruth ele se tornou um homem rude, distante e alcoólatra, não se importando com nada que as pessoas fossem lhe dizer ou aconselhar. Largou o emprego e quis mandar demolir a escola porém, o único amigo que lhe restou implorou para que ele não fizesse isso e pediu para que Miguel vendesse a escola para ele que ele administraria e cuidaria de tudo.

Miguel assim o fez e com o tempo se afastou de todos que conhecia, se afastou até mesmo dos amigos que tinha. Sem Ruth agora ao seu lado, para ele o mundo havia acabado e só lhe restava o dinheiro em sua conta bancária que ele fazia questão de gastar mais com bebidas alcoólicas do que com ele mesmo.

Ramiro e Dominic agora sofriam sendo criados por Miguel, os dois tiveram que aprender muita coisa enquanto as duas empregadas ainda estavam na casa e com o tempo, elas também foram embora pois Miguel não tinha dinheiro para pagá-las.

A casa antes alegre, com muitas cores, agora se parecia com uma casa cinzenta e sem esperança. Os quadros que Ruth havia pintado e ficavam nas paredes da sala de estar, Miguel os jogou fora e todos os dias se embebedava.

Dominic agora tinha 9 anos de idade enquanto o Ramiro, tinha 12 anos.
Os dois estavam na cozinha e enquanto Ramiro varria a poeira da cerâmica branca da cozinha, Dominic pegava as latinhas de cerveja que Miguel havia bebido e jogado ali mesmo no chão.

— Até quando isso Dominic? Estamos parecendo aquelas princesas que fazem os afazeres de casa. Quem deveria estar fazendo isso era uma mulher, não a gente. — Ramiro reclamava e Dominic revirou os olhos.

— Sabe muito bem que as empregadas foram embora há alguns anos atrás, é nosso dever deixar a casa no máximo organizada. E quem te disse que esses deveres só se aplicam as mulheres?

— O papai me disse.

Dominic pegou as latinhas e as jogou dentro de um saco de lixo preto, em seguida pegou uma pá que ficava no canto da cozinha e se aproximou do Ramiro.

— O papai não presta, você sabe disso. Mulheres não são escravas Ramiro, se você ver que algo está sujo... você tem que limpar e pronto. — Dominic entregou a pá para o irmão que o olhou confuso.

— Você as vezes fala como um adulto. Tem andado lendo aqueles livros que era da mamãe? — Ramiro perguntou colocando a pá no chão, enquanto Dominic pegou a vassoura da mão do irmão e varreu toda a poeira e lixo para a pá.

— Já li todos, pelo menos uma coisa eu aprendi a fazer já que nunca fui a uma escola — Dominic deu um sorriso fraco se lembrando de Ramiro ensinando-o a ler. — Foi difícil mas eu consegui.

— E conseguiu mesmo, gaguejava mais que tudo e hoje em dia está ai, se brincar sabe ler até de trás pra frente — Ramiro riu erguendo com cuidado a pá e despejando todo o lixo e poeira dentro de uma sacola preta. — E eu que não sei mais o que é uma escola.

— É... estamos no mesmo barco. Mas vamos ter calma, um dia o tio da gente vai vim nos buscar... você vai ver — Dominic pegou a sacola preta e fez um nó na mesma. — Vai, agora coloca o lixo lá fora.

— Eu já vou... irmão, eu estou com tanta fome. — Ramiro reclamou passando a mão na barriga e Dominic fez o mesmo.

— Miguel não comprou nada para nós comermos ontem a noite, e hoje também não... ele só comprou mais bebidas para ele e agora está lá no sofá, dormindo e fedendo mais que esse lixo. — Dominic apontou para o lixo e Ramiro teve que prender o riso.

— Será que hoje vamos passar o dia com fome? — Ramiro perguntou preocupado. — Eu sei que essa não é a primeira vez porque já passamos um dia inteiro com fome, se conseguimos comer um pão e beber água da torneira já é muito. Mas não tem mais pão, nem um ovo para eu fritar e dividir para nós dois... só tem farinha. 

Dominic soltou um suspiro, olhando na direção do armário e vendo um pote que estava com um pouco de farinha. Era a única coisa que havia ali, Miguel havia gastado todo o seu dinheiro com bebidas e mais bebidas, havia feito muitas dívidas também e toda vez que alguém vinha cobra era Ramiro que abria a porta e dizia que o pai não estava, o que era verdade porque quando Miguel não bebia em casa bebia em um bar.

— E agora? Você tem que dizer a ele que estamos com fome.

— Você sabe que ele não me suporta e eu não suporto ele, eu não sei como ele não me colocou na rua assim que nossa mãe se foi. — Dominic disse e Ramiro se encostou no balcão da cozinha.

— Pelo amor de Deus... você é corajoso e consegue enfrentar ele, vamos Dominic. Fomos dormi com fome ontem a noite, hoje temos que comer pelo menos um pão.

— Ah um pão... meu sonho é comer um pão inteiro — Dominic disse fazendo Ramiro rir. — Nem me lembro a última vez que comi um pão inteiro.

— Nem eu... pelo menos temos água. — Ramiro lançou um olhar na direção da torneira e Dominic cruzou os braços, mordendo o lábio inferior. — Que mania sua em!

— O que?

— Ainda pergunta, toda vez que quer falar alguma coisa e não consegue dizer ou não quer dizer, morde o próprio lábio inferior. — Ramiro reclamou fazendo o irmão ri.

— Sério? Eu nem percebo.

— É claro que não — Ramiro riu. — Agora vai lá que eu vou colocar o lixo para fora... se bem que o formato desse lixo parece com a barriga do vizin...

— Ramiro! — Dominic repreendeu o irmão com o olhar.

— Saiu sem querer.

Ramiro pegou o saco de lixo e saiu cabisbaixo pela porta dos fundos da cozinha. Dominic parou para pensar e percebeu que infelizmente não tinha como mudar algumas opiniões que seu irmão tinha, simplesmente por ele ter passado praticamente a infância toda com Miguel. 

Provavelmente, Miguel havia ensinado o filho a julgar e comparar as pessoas como ele próprio comparava e de uma maneira maldosa.

A comparação do formato do lixo com a barriga do vizinho era o de menos, tinha vezes que o que Ramiro falava, Dominic tinha certeza que magoaria qualquer pessoa.

Ramiro ficava triste quando isso acontecia e sempre se desculpava consigo mesmo.

Dominic respirou fundo e foi para a sala de estar, encontrando Miguel Murray deitado no sofá usando somente uma cueca branca. Ele estava dormindo e roncando alto e o garoto imaginou que se o acordasse ele mandaria ele ir a merda.

— Miguel — Dominic o chamou pelo nome, nunca o chamou de pai. — Miguel! — Alterou a voz e viu os olhos do homem se abrirem lentamente. — Eu e o Ramiro estamos com fome, só tem farinha lá dentro.

— Vai a merda garoto! — Miguel xingou o Dominic e o encarou. — Comam a farinha e bebam água, não tenho dinheiro para comprar comida para vocês não.

— Você nunca teve dinheiro para comprar comida, só da dinheiro apenas para comprar um pão, que eu e Ramiro ainda temos que dividir. — Dominic disse fazendo Miguel virar o rosto para o outro lado do sofá e fechar os olhos.

— Não tem dinheiro pra pão não... se quiser alguma coisa compre fiado na vendinha da esquina. Agora suma daqui e me deixe dormi.

Dominic olhou para Miguel com raiva mas decidiu deixá-lo em paz. Voltou para a cozinha e Ramiro estava lavando as mãos.

— Ele mandou comprar qualquer coisa fiado na vendinha da esquina.

— Sério? — Ramiro perguntou com um brilho no olhar. — E o que estamos esperando? Vamos agora. — Ramiro disse apressando os passos e deixando a torneira ligada.

Dominic revirou os olhos e desligou a torneira, em seguida foi atrás do irmão que já havia saído para fora de casa. Ramiro foi correndo pela rua e Dominic foi atrás dele, chamando pelo nome do irmão que só parou de correr quando já estava próximo a vendinha da esquina.

— O que foi? Você deveria estar feliz Dominic, vamos pedir aqueles doces que nunca comemos também e

— Ramiro, o Miguel já fez muitas dívidas nessa vendinha. O dono não vai vender nada fiado para nós enquanto o Miguel não pagar o que deve. — Dominic disse interrompendo o irmão, fazendo o sorriso do mesmo sumir na mesma hora.

— Não custa nada tentar... não é?

— Não, não custa. — Dominic deu um sorriso fraco e foi com Ramiro até a vendinha.

Eles entraram e pediram pelo menos para o homem vender uma dúzia de ovos para eles mas o homem começou a xingar o Miguel Murray e colocou os garotos para correrem de sua venda.

— É, tentamos. — Ramiro se sentou em uma calçada e Dominic olhou para os lados. — Será que se formos pedir um pão na padaria de novo, eles dão? — Ramiro perguntou esperançoso e Dominic negou com a cabeça.

— Dessa vez não meu irmão. Já fomos lá muitas vezes e o dono disse que não éramos mais para voltar lá e que já tinha nos ajudado demais. — Dominic se sentou perto do irmão e escutou a sua própria barriga roncar.

— Olha aí! Eu estou com fome, você está com fome... o que vamos fazer Dominic? Passar o dia com fome mais uma vez?

— A gente aguenta. — Dominic disse vendo Ramiro negar com a cabeça.

— Não! Se pelo menos tivéssemos comido algo ontem a noite antes de dormi, poderíamos aguentar um pouco, mas hoje? Não dá Dominic. Vamos naquele bairro que não fica longe daqui, bater nas portas das pessoas e pedi para que nos deêm pão ou um pacote de bolacha, uma fruta ou qualquer outra coisa...

— Você sabe que eu não gosto de fazer isso.

— Eu sei que você não gosta, eu também não gosto. Mas você tem que entender que não temos escolha... é a única solução para não irmos dormir hoje a noite de barriga vazia de novo.

Dominic mesmo não querendo ir pedir ajuda a ninguém, teve que concordar com Ramiro. Os dois estavam passando por uma situação difícil e teriam que enfrentar isso juntos, isso significava que, de qualquer maneira eles teriam que pedi ajuda.

Mesmo sabendo que nem todas as pessoas do mundo eram bondosas, mas não custava nada tentar.

Naquele dia eles conseguiram arrecadar três pacotes de bolachas e também alguns pacotes pequenos de biscoito. Teve um senhor de idade que doou uma garrafa de suco de maracujá para os dois e eles agradeceram muito, depois disso voltaram para casa e o Miguel já não se encontrava mais no sofá, provavelmente havia saído como sempre para beber e só voltaria a noite.

O que Dominic e Ramiro não esperavam, era que no dia seguinte, o senhor Diaz estaria bem cedo na porta da casa dos Murray. Sim, o tio deles, irmão de Ruth, havia aparecido sem mais nem menos a espera dos dois garotos.

Jonas mandou os garotos fazerem as malas e Dominic notou o quanto o tio estava um pouco diferente, só havia visto o tio há muitos anos atrás. Miguel Murray estava deitado no chão da sala de estar e não se importou com a presença do Jonas na porta de sua casa, ele já não se importava com mais nada e se fossem levar Ramiro e Dominic? Que levassem, Miguel não se importava.

Jonas teve vontade de matar o homem com quem a irmã se casou há muitos anos atrás, mas se conteve porque agora não fazia mais isso.

Jonas levou os sobrinhos para New Orleans e os garotos contaram tudo o que havia acontecido depois que a mãe faleceu. Como era a convivência com Miguel e que chegaram até mesmo a passar fome. Com a ajuda de Jonas, Dominic e Ramiro conseguiram seguir em frente e fazer o que já deveriam estar fazendo, Ramiro teve que fazer supletivo por já estar muito atrasado no nível escolar e Dominic... foi complicado encaixá-lo em alguma escola por ele nunca ter frequentado uma.

Jonas teve que ensinar o básico para que Dominic aprendesse e pudesse fazer uma avaliação em uma escola, e só assim pudesse estudar na série em que ele já deveria estar e por Dominic ser um garoto muito inteligente, conseguiu captar e aprender rápido a maioria dos assuntos que ele estudaria na futura série em que ficaria.
E no final de tudo, ele conseguiu ser aprovado na avaliação.

O tempo se passou e a convivência com o Jonas sempre fora rigorosa, mas Jonas não era como Miguel, ele não deixava os sobrinhos passarem fome e fazia de tudo para manter a ordem na casa. Quando Ramiro concluiu os estudos, quis fazer faculdade de fotografia e Dominic... não sabia bem o que queria ainda.

Dominic mesmo estando agora, no seu último ano letivo, tinha muitas dúvidas de qual carreira seguir. Ele pensava em ser advogado, ou delegado... mas as dúvidas dele se foram quando uma amiga da sua classe começou a contar para ele os problemas que passava com o padrasto.

Dominic a entendia mas Miguel nunca havia levantado a mão para ele, enquanto a sua amiga, sofria agressões do padrasto e dizia que não conseguia dormi direito a noite pois tinha muito medo dele querer matá-la.

A garota até mesmo chorava no banheiro feminino da escola antes de ir para casa porque sabia o que o padrasto faria com ela, assim que ela chegasse em casa. Dominic não estava aguentando mais ver a amiga passando por isso e como havia ficado muito próximo ao seu tio, contou para ele a situação que a amiga estava passando.

— Que infeliz! Por que ela não liga para a polícia? — Jonas perguntou indignado, sentado em sua poltrona de couro marrom e olhando para o sobrinho que estava de pé e de braços cruzados.

— Ela tem medo tio. E é por isso que...

— Que o que Dominic? — Jonas arqueou uma sobrancelha e Dominic mordeu o lábio inferior.

— O senhor já foi um mat

— Não complete essa frase — Jonas disse interrompendo e encarando o sobrinho que soltou um suspiro. — Eu te contei a minha história e contei para o seu irmão também. Contei porque quis dar o exemplo para vocês dois de que esse caminho não vale a pena, e que o melhor é deixar que a polícia resolva e que façam a justiça.

— Eu sei tio... mas e se a polícia não fizer a justiça? E se demorarem? Não pode ser tarde demais?

— Isso já não é problema nosso. Mas a sua amiga corre perigo, conheço alguns homens que ainda fazem o que eu fazia... mas eles provavelmente cobrarão alguma coisa e você sabe que estou pagando a faculdade do seu irmão e em breve estarei me organizando para pagar a sua faculdade, independente do que você escolher. Não vou gastar dinheiro para pagar esses homens Dominic, eu sinto muito. 

— E se eu pedir para esses homens fazerem isso? Eles vão cobrar alguma coisa de mim? — Dominic perguntou esperançoso e Jonas o repreendeu com o olhar.

— Você não vai pedir nada para eles, você não tem minha permissão para fazer isso Dominic. E mesmo que você pedisse, eles cobrariam... quem tem que pedir por esse serviço é a sua própria amiga. Para "acalmar" o padastro dela eu acredito que eles não cobrariam nada, agora se fosse para matar, eles iriam cobrar alguma coisa.

— Ah mas a minha amiga não teria coragem de pedir isso a eles, não sozinha — Dominic se sentou no sofá e pensou um pouco, até que lhe veio uma ideia e que para ele naquele momento, era um risco que ele tinha que correr. — Eu vou com ela, para ela não ir sozinha. O senhor só tem que me dizer o endereço.

— Não.

— Por que não tio? — Dominic se levantou do sofá com raiva e Jonas o encarou.

— Porque o que você está pensando em fazer, eu já pensei um dia também. Já disse a você várias vezes que quando olho para você, eu lembro de mim mesmo no passado e eu não vou permitir que você siga o caminho que eu segui — Jonas se levantou da poltrona. — Ou você pensa que eu não sei que você está querendo me enganar e que quer ir sozinho no endereço desses homens? O que ganharia com isso?

— Ganharia a paz, minha amiga teria paz. Você está certo tio... eu iria sozinho e eu sei que se eu pedisse eles cobrariam algo, mas eu iria pedir outra coisa.

— Outra coisa? É o cúmulo mesmo. Eu escolhi não ter filhos mas tenho um sobrinho que se parece mais com uma versão minha do passado, só que em vez de enfrentar um tio meu, eu estava enfrentando o meu avô para ser como ele — O homem soltou um suspiro e se aproximou do Dominic que voltou a cruzar os braços, ele não iria desistir assim tão fácil. — Dominic... você está se tornando um jovem muito bonito, não queira isso para você.

— O senhor tem tudo o que tem hoje só porque entrou para essa vida.

— Uma vida perigosa! E eu pensando que o Ramiro que me daria trabalho. — Jonas reclamou e Dominic deu um sorriso falso.

— O que tem eu? — Ramiro disse aparecendo no cômodo com uma mochila nas costas e uma expressão confusa no rosto. Havia acabado de chegar da faculdade e acabou ouvindo o seu nome na conversa que seu tio estava tendo com o seu irmão.

— Seu irmão está louco.

— Não é loucura, eu só quero que isso pare. Já faz meses que minha amiga vem sofrendo com isso.

— Eu não sei sobre o que vocês estão discutindo mas... eu recebi uma ligação hoje e... vou tem que parar de estudar o que eu gosto. E também terei que ir embora daqui — Ramiro disse agora cabisbaixo e atraindo os olhares do seu tio e do seu irmão para sí. — O filho de um velho amigo do meu pai me ligou para dizer que esse amigo do meu pai está muito doente. Lembra dele Dominic? O homem para quem o Miguel vendeu a MHS? Era um grande amigo dele, ele agora está a beira da morte e não sabe quanto tempo tem de vida mas... os filhos dele não querem tomar contar da escola, pensaram até em fechar mas lembraram da vontade do Miguel.

— Como é? Está querendo dizer que vai deixar de fazer o que você gosta, vai deixar New Orleans e voltar para a Pensilvânia para se tornar um... diretor? — Dominic perguntou incrédulo e Ramiro ergueu a cabeça para olhar para o irmão.

— Não só isso, eu seria o dono da escola também. A escola ainda tem nosso sobrenome, deixaram em homenagem ao Miguel que eu não duvido que já tenha falecido... mas a escola ainda tem nosso sobrenome.

— Você tá é louco! Eu jamais pisaria em uma escola para trabalhar como diretor, imagina... isso seria ridículo — Dominic disse parando para pensar e riu de canto. — Ainda mais uma escola que pertenceu aquele homem cruel.

— Tem certeza disso, Ramiro? Sabe que se fizer essa escolha, terá que se formar em pedagogia e se necessário, em outras coisas também. A fotografia não tem nada a ver com isso. — Jonas alertou e Ramiro soltou um suspiro.

— Não tenho certeza tio, mas quero ficar sozinho agora para pensar... vou para o meu quarto. — Ramiro antes de ir, olhou para o Dominic que ainda olhava incrédulo para o irmão.

E quando Ramiro se retirou do cômodo para ir para o seu quarto, Dominic olhou de modo imediato para o tio.

— Ele vai, eu o conheço... ele está com pena do velho amigo do Miguel que está a beira da morte.

— Ele já é maior de idade Dominic, não vou impedi-lo de ir embora. A escolha que ele fizer, eu irei respeitar.

— E enquanto a minha escolha? — Dominic perguntou, recebendo um olhar severo do tio. — Eu já irei fazer 18 anos tio, faltam poucos anos para eu ser maior de idade também... eu não queria te enfrentar tio, mas se o senhor não me ajudar a ser como você foi um dia, eu irei procura ajuda com outros tipos de pessoas mas não se preocupe, eu não me tornarei um usuário de drogas ou outra coisa. Como eu disse, eu só quero ajudar a minha amiga.

Dominic iria se retirar da sala quando Jonas segurou o seu pulso.

— Não vou deixar você se misturar com essa gente... certo, você venceu. O que me dói saber que você queira mesmo isso, mas só irei ajudá-lo com uma condição — Jonas encarou o sobrinho que continuou olhando sério para ele. — Irei te ensinar tudo que sei, você saberá até mesmo como fugir de situações que parecerão difícies mas na verdade sempre haverá uma escapatória. Em relação as armas, tem um lugar em que eu costumava treinar e é para lá que irei te levar... não estou nem acreditando que vou te ensinar essas coisas.

— Não disse ainda qual é a condição.

— Seja lá o que pretende fazer com o padrasto dessa sua amiga, que seja só ele e ninguém mais. Outra coisa, não mate ele, deixe o resto do dever com a polícia. — Jonas fez esse pedido ao Dominic que assentiu dando agora um sorriso fechado e abraçando fortemente o seu tio.

— Obrigado tio... mas qual vai ser a graça de aprender tudo e não poder fazer a justiça? — Dominic perguntou, recebendo um tapa atrás da cabeça.

— Você não é polícial então fique fora disso. E isso não tem graça nenhuma... só vou ensinar para você se defender futuramente caso eu não esteja mais presente na sua vida ou na vida do seu irmão, para você não precisar procurar ninguém. Mas nada de parti para essa vida, entendeu? Pode perder o controle caso algo aconteça com a pessoa que você mais ama...

— Isso não vai acontecer tio, eu prometo — Dominic se afastou do abraço dando tapinhas nas costas do tio. — Só irei ajudar a minha amiga e pronto.

Dominic saiu feliz da sala e Jonas se sentou na sua poltrona, soltou um suspiro pesado pois sabia que Dominic não seria mais o mesmo se fizesse qualquer coisa contra o padrasto da sua amiga. Ele mudaria totalmente, assim como o próprio Jonas mudou.

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Bjooooooos✨

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