ꕥ Capítulo 47 ꕥ
Anteriormente no capítulo 46...
— Olha só quem resolveu voltar para casa — Disse a mulher que eu não tinha duvidas de que poderia ser irmã gêmea da minha mãe ou algo do tipo, com um sorriso irônico no rosto. — Olá minha irmãzinha inútil, saudades? — Ela perguntou olhando para a minha mãe que a encarava com raiva.
— Ivana...
Annabelle Narrando
Eu ainda não conseguia acreditar no que estava vendo e no que estava acontecendo. Olhei para a minha... mãe? Porque eu não sei é minha mãe mesmo e olhei para a outra versão debochada da minha mãe, que agora descobri que se chama Ivana.
— O que está acontecendo aqui? — Pergunto vendo que as duas se encaravam, mas foi só eu falar que a atenção das duas veio para mim.
— Não fique perto dela Belle, ela é perigosa. — Yandra disse apressando os passos na minha direção e eu dei um passo para trás.
— Quem é a minha mãe verdadeira?
— Não seja tola menina, fui eu que te coloquei no mundo. Yandra te roubou de mim antes mesmo de você completar um mês de vida — Ivana disse voltando a se sentar no sofá e com o sorriso debochado no rosto, ela olhou para a mulher que eu acreditei durante todo esse tempo que era a minha mãe. — Ou você vai negar Yandra?
— É verdade? — Pergunto agora olhando para Yandra, que estava a poucos centímetros de distância de mim e encarando a mulher que eu nem se quer sabia da existência. — Eu sempre desconfiei que escondia algo de mim, mas nunca imaginei que seria...
Parei de falar pois quando parei para pensar nisso, tudo agora se encaixava e minha vontade era de chorar e de até mesmo sair correndo dali.
Minha vida inteira foi uma mentira. Cresci chamando de mãe uma mulher que não é a minha mãe e sim, minha tia.
— Eu não queria continuar com essa mentira Belle! Me entenda, eu não roubaria você se não tivesse um motivo... sabe lá Deus o que essa louca teria feito se tivesse criado você — Yandra tentou se aproximar de mim e eu dei mais um passo para trás. — Eu entendo que você deva estar com raiva de mim, eu não culpo você... mas por favor, eu não quero que me odeie por ter mentido durante todo esse tempo. É tudo que eu te peço.
Olhei para ela que estava com os olhos marejados e eu senti meus olhos lacrimejarem.
— P-por quê? — Perguntei com a voz chorosa e ela tentou se aproximar de mim mais uma vez.
Dessa vez, permaneci no mesmo lugar e ela ergueu sua mão para tocar no meu rosto.
— Não se atreva irmãzinha... seu tempo acabou — Escutei a voz de Ivana que era um pouco mais rouca que a de minha mãe e olhei para ela que estava encarando Yandra. — Não me leve a mal Belle, mas a mamãe não gosta de dividir você com ninguém. E maldita hora em que vacilei naquele dia e resolvi dormir.
— Pois aquela hora foi a hora perfeita — Yandra disse encarando Ivana. — Eu posso explicar tudo a você Belle e eu admito que nunca te contei a verdade porque eu tinha medo... medo que você decidisse ir com ela e que me odiasse para sempre por ter mentido. Por isso, quando eu desconfiei que ela poderia te tirar de mim e nos encontrou em New Orleans, minha ideia foi de fugir... para que ela não nos achasse ou nos vigiasse. Mas eu só tomei essa decisão de ir embora mesmo quando Annabel se foi.
— Por isso saíamos muito de uma cidade para ir morar em outra? Para que ela não nos encontrasse? — Pergunto e vejo ela ficar cabisbaixa, mas confirmou minha pergunta com um pequeno aceno de cabeça.
— Vocês duas querem se sentar por favor? Está me dando até dó de ver as duas com essas carinhas tristes e em pé — Ivana disse se levantando do sofá e eu percebi Yandra entrar em alerta pois ergueu a cabeça de modo imediato. — Ah não se preocupe, eu não estou com nenhuma arma na minha bolsa... eu só estou indo fechar a porta.
Observei Ivana ir até a porta e em seguida fechá-la, ela olhou para Yandra que continuava encarando ela.
— Não acredito em você.
— Ai o problema já é seu, não meu. Vamos Yandra, você conta como tudo aconteceu... — Ivana caminhou até o sofá mais uma vez e se sentou. — Ou eu conto? É melhor eu contar. Já que você não sabe de muita coisa mesmo.
— O que quer dizer com isso? — Yandra franziu as sobrancelhas e Ivana direcionou seu olhar para o outro sofá e depois voltou a nos olhar.
Ela realmente queria que eu e minha... mãe nos sentássemos.
Apesar de mim saber agora que Yandra não é a minha mãe verdadeira... foi ela quem me criou, apesar de tudo, ela foi uma mãe para mim.
Eu me sentei no outro sofá e Yandra se sentou ao meu lado, ela me olhou preocupada e eu conhecia aquele olhar... ela estava preocupada comigo e se Ivana não estivesse no outro sofá nos encarando agora, eu tenho certeza que ela me faria várias perguntas.
Yandra desviou o olhar de mim para a Ivana, a mesma parecia se sentir em casa já que cruzou as pernas e apoiou os braços em cima do sofá, ela parecia não se importar com nada.
— Como conseguiu comprar a mesma roupa que eu estou usando agora? — Yandra perguntou e Ivana deu um sorriso fechado.
— Não comprei, eu fiz. Claro que dei uma boa avaliada no seu guarda-roupa e nas suas roupas, tirei foto de cada peça de roupa sua para poder fazer igual, eu sou uma ótima costureira não é mesmo? Agora a bolsa tive que mandar fazer — Ivana lançou um olhar na direção da bolsa preta que se encontrava em cima do sofá e ao seu lado. — Eu não vou demorar, eu prometo que serei rápida. Mas quero deixar bem claro que só sairei daqui quando eu falar com a minha filha. — Ela sorriu para mim e eu senti um calafrio percorrer pelo meu corpo, mas ignorei isso e apenas encarei ela.
— O que gostaria de falar comigo?
— Na verdade, eu gostaria de propor um acordo.
— Que tipo de acordo? — Yandra perguntou e Ivana a encarou.
— Isso não interessa a você, somente a mim e a minha filha. Na última vez que nos vimos eu te disse Yandra que iria te caçar e não iria descansar até ter a minha Belle de volta.
Ivana falava como se eu fosse prioridade dela.
— Desde que roubei a Belle de você, senti como se minha família tivesse acabado de ser amaldiçoada. — Yandra disse cabisbaixa e Ivana riu irônica.
— Você? Amaldiçoada? Amaldiçoada fui eu que tive que conviver com uma mulher que mandou assassinar a minha única e melhor amiga e mandou assassinar todos que estavam presentes naquela maldita festa que, também fui convidada. Nosso pai foi um medroso Yandra por me entregar para uma mulher que eu cresci chamando de mãe porque apesar de tudo foi ela quem cuidou de mim, mas ela era louca...
— Nosso pai só queria nos proteger! Eu te disse isso na primeira vez que nos conhecemos e nos vimos na cidade do Texas, você estava com o Max e eu com a Annabel... Annabel jamais se esqueceu de você, eu lembro que ela me perguntava com frequência onde você estava e onde o Max estava... e eu tive que mentir sobre o Max, menti sobre você, mas sobre a Belle ela sempre soube. Não tive como esconder isso dela e eu pedi para que ela guardasse segredo, para o Jeffrey e o meu marido eu disse que a Belle havia sido abandonada na porta da confeitaria dos meus pais no Texas e que tinha resolvido adotá-la e criá-la em New Orleans, onde era a nossa casa. — Yandra me olhou e eu vi seus olhos brilharem um pouco, mas brilhavam por causa das lágrimas que começavam a surgir.
Não dava nem para acreditar em tudo o que elas estavam falando, entretanto a minha mente estava processando cada palavra e informação que elas diziam.
— É você me disse, a primeira vez que nos vimos foi justamente nessa confeitaria. Foi uma surpresa e tanto mas eu não acreditava que poderíamos ser irmãs gêmeas, a única coisa que minha mãe Vasti me contou depois que eu soube como ela realmente era, foi que se apaixonou por mim desde que eu era um bebê e quando eu ainda estava nos braços do meu pai, ela pediu para que ele me entregasse para ela mas ele não quis. Então como ele não me entregou por bem e não sabia como a Vasti era, teve que me entregar de outro jeito... — Ivana parou de falar e eu senti dó dela.
Eu sei que a minha mãe disse que Ivana é perigosa porém... Ivana também é um ser humano, deve ter sofrido muito convivendo com essa tal de Vasti.
— O que ela fez? A Vasti? — Perguntei e os olhos cor de mel de Ivana se encontraram com os meus.
— Ela sempre esteve de olho em mim desde a primeira vez que me viu então, não foi difícil saber onde meu pai e eu morávamos. Ela esperou o momento certo e o abordou quando ele menos esperou, o ameaçou dizendo que me mataria se ele não me entregasse logo para ela. Ele tonto e medroso, acreditou nas palavras dela e ela marcou o local que seria para ele me deixar e ele me deixou em uma floresta... a floresta que era praticamente o território de Vasti. Vasti me contou que assim que o meu pai foi ao encontro dela, ela o matou a facadas e depois enterrou o corpo dele em um lugar qualquer da floresta, depois disso ela disse que foi procurar por mim e que já tinha uma noção de em qual parte eu poderia estar... ela conhecia aquela floresta de cor. Ela me achou e fingiu que nada aconteceu, a chamei de mãe a parti daquele momento e o que eu não sabia, era que ela era um verdadeiro monstro. — Ivana disse com um semblante sério mas de repente, sorriu, mostrando os dentes e olhando para o chão.
— Eu lamento tanto por você ter se tornado como ela Ivana, você não merecia ter sido criada por essa mulher... de verdade. — Minha mãe disse, lamentando e eu também lamentei mas não consegui dizer nada por ter ficado confusa com o sorriso que Ivana tinha dado.
— Ora, mas não lamente. Eu a matei e fico imensamente feliz quando me lembro disso.
Ivana Narrando
Eu tinha 16 ou era 15 anos na época e já fazia um bom tempo desde que Anelise havia sido morta de forma cruel, assim como os parentes e conhecidos do pai dela e o próprio pai dela.
E eu? Já vinha planejando a morte de Vasti... lembro que sai praticamente arrastada da casa em que tudo aconteceu com Anelise e com os outros. Vasti havia colocado fogo na casa e como já era tarde, demoraria para os bombeiros chegarem e não tinha ninguém nas ruas.
De qualquer jeito, Vasti conseguiu escapar. Me lembro de ter começado a assisti tudo na televisão pequena que ficava em cima de uma mesa na cozinha, acompanhei todo o caso e vi quando as investigações começaram e com o tempo... declararam que os assassinos e causadores do incêndio e das mortes foram uns cinco homens que trabalhavam para o pai de Anelise.
Mas eu sabia que isso era mentira, a verdadeira assassina morava comigo sob o mesmo teto.
Desde esse dia ela mostrou quem realmente era para mim, se antes eu já era feita de escrava, depois que Anelise se foi as coisas só pioraram para o meu lado. Passei até mesmo a fazer a comida e lavar as roupas, a única coisa que fiz sem reclamar foi lavar a boneca de pano de Anelise que estava suja de sangue... mas eu dei fim a humilhação quando entreguei um prato de sopa para Vasti.
Vasti tinha muito dinheiro e eu me perguntava como ela tinha tanto dinheiro, nunca soube o motivo porque ela nunca me contou. Mas deduzi que ela deve ter se casado com alguns homens somente pelo dinheiro e depois os matou, já que tinham alguns pertences escondidos na casa que não eram delas.
Pelo menos uma coisa boa ela me ensinou a fazer, que foi costurar.
Para que eu pudesse fazer qualquer tipo de roupa que quisesse.
— Sente-se Ivana, espero que não tenha colocado muito sal na sopa. — Vasti disse se sentando na cadeira enquanto eu colocava dois copos de água no centro da mesa e em seguida servi o prato de sopa para ela, depois coloquei o meu prato perto do dela.
Me sentei em uma cadeira próxima a dela e aproximei o meu prato de mim, vi ela pegar a colher que já estava em seu prato e em seu seguida beber um pouco do caldo da sopa.
— Hum... nada mal, já dobrou as minhas roupas?
— Estão passadas e dobradas. — Respondi a pergunta dela e ela deu um sorriso fechado.
— Ótimo minha menina, quero que pegue rosas vermelhas para mim mais tarde.
Eu iria tomar a minha sopa quando Vasti largou bruscamente a colher no prato, sujando um pouco a toalha da mesa com o caldo de sopa. Olhei para ela que me encarava com raiva e parecia tentar respirar.
— O que... você fez? — Vasti perguntou com dificuldade e eu ri, deixando a colher no prato e esticando o meu braço para pegar o meu copo com água.
— Envenenei você. Uma vez você disse que eu não teria coragem de matar nem uma mosca... será que você se enganou, mamãe? — Perguntei e ela bateu a mão com raiva na mesa e quando ela iria pegar o outro copo com água na mesa, eu tratei de afastá-lo para longe dela.
Vi ela começar a tremer um pouco e ela com raiva derrubou o prato de sopa dela no chão, fazendo com que o prato de vidro quebrasse e a sopa sujasse todo o chão. Quando ela tentou se levantar da cadeira, acabou caindo no chão e eu me levantei da minha cadeira, vendo ela tentando gritar mas a espuma branca que começou a sair de sua boca, dificultou que seu grito saísse.
Ela tentou se arrastar até mim e eu apenas dei dois passos para trás e peguei o meu copo com água, bebi um pouco enquanto assistia Vasti sufocar e não demorou para que eu visse seu corpo começar a convulsionar ali mesmo.
Não demorou para que seu corpo parasse de convulsionar e foi então que deduzi que ela havia morrido... seus olhos estavam arregalados e uma espuma branca escorria agora, pelo canto de sua boca.
Não sei porque, mas eu não senti medo ou remorso do que havia acabado de fazer. Eu finalmente vinguei a morte da minha amiga e Vasti teve o que merecia, até que ter ela como mãe assassina ajudou um pouco. Graças a ela agora sei como eliminar alguém que não quero na minha vida, e não tem aliado melhor do que o veneno.
Annabelle Narrando
Eu e minha mãe ouvimos tudo o que Ivana disse e ficamos aterrorizadas e eu não sabia se Yandra estava com medo da Ivana, mas eu naquele momento estava. Várias teorias começaram a se passar na minha cabeça sobre quem poderia ser essa amiga de infância da Ivana, já que ela não quis dizer o nome porém, preferi ficar quieta e não pergunta sobre isso.
Pelo menos, não agora.
— Você é louca! Tá querendo dizer que sentiu prazer em ver essa mulher morrer? — Yandra perguntou se levantando do sofá e Ivana deu de ombros.
— Sim, mas se senta para ouvir o resto, Vasti só foi a primeira da lista. Sabe... eu não iria matar mais ninguém e eu tinha prometido isso a mim mesma quando enterrei Vasti no pequeno jardim da frente da casa. Peguei todo o dinheiro que ela tinha no cofre secreto da casa e que eu sabia onde ficava localizado, peguei meus pertences e algumas jóias que pertenciam a Vasti e fui para a cidadezinha. Abandonei aquela casa e estava decidida a começar uma nova vida na cidadezinha onde o pai da minha amiga de infância morou. Vasti deixou muito dinheiro e nossa... eu não sabia na época mas havia ficado rica sem saber. Foi na cidadezinha que conheci Max, morava nas ruas o coitado... graças a mim ele teve conforto e tudo o que um garoto na idade dele sonhava em ter, mas morávamos afastado dos outros vizinhos.
— Max então... é o meu irmão? — Perguntei recebendo o olhar de Ivana que logo deu de ombros.
Eu me lembrava de ter visto uma foto dele quando fui mexer nas coisas de Yandra.
— Se quiser considerar o pestinha como seu irmão, por mim tudo bem. Mas eu me arrependi de ter considerado ele como filho, mas calma que daqui a pouco chego lá — Ivana sorriu e voltou a olhar para Yandra. — Você quer se sentar?
— Estou ótima de pé.
— Ah quer saber? Fica em pé mesmo, mas não pense que vai me enganar Yandra. Se está pensando em chamar a polícia é melhor desistir.
Droga... e pior que se eu pegasse o meu celular agora ela iria ver, tanto eu como Yandra temos que ter muito cuidado com Ivana.
— Eu e Max vivíamos bem, até que me apaixonei por Natan, seu pai Belle — Ivana deu um sorriso fechado e encarou a cerâmica da sala. — Através dele percebi que se eu não manter as pessoas quem mais amo por perto, eu irei perdê-las. Ele era médico e... — Percebi que ela iria falar algo relacionado a ele mas desistiu já que foi mudando de assunto. — Nos apaixonamos e então descobri depois que estava grávida de você e ele ficou tão feliz. O tempo se passou e quando eu já estava com os dias contados para ter você Belle, a vida do seu pai foi interrompida. Assaltaram a casa dele, mas na verdade quiseram mesmo assassiná-lo e foi o que fizeram e nós dois havíamos marcado de nos encontrar na casa dele para jantar e eu levei o Max comigo. O Max tinha 10 anos e quando chegamos na casa do Natan, já nos deparamos com o corpo dele no chão e um lado do rosto dele ensanguentado porque atiraram no rosto dele e também no peito.
Meu Deus... é uma tragédia atrás da outra.
— Disso eu não sabia... — Minha mãe disse com os braços cruzados. — Foi por isso que quando perguntei onde estava o pai da criança que você esperava, você saiu apressada da confeitaria porque o Max iria responder?
— Max passou dos limites. Os bandidos ainda estavam na casa naquele dia e tentaram nos matar também porque nós vimos eles e o que eles haviam feito, só não nos mataram porque por sorte eu estava armada e foi tiro certeiro na cabeça dos dois imbecis. Como eu disse... ter uma mãe assassina não foi tão ruim no final das contas. Max presenciou tudo e ficou assustado, eu tive que fazê-lo ficar quieto e fazer parecer que os dois homens haviam se matado e o que a polícia iria entender era que eles haviam se arrependido do assalto e de ter matado o Natan e então, tiraram a própria vida. Se a polícia achou estranho? Eu não sei, só sei que os meus rastros e os de Max não ficaram naquela casa porque como eu disse, fiz parecer que os bandidos se arrependeram.
Mas não pude comparecer ao enterro de Natan, a família dele não me conhecia e poderiam desconfiar de qualquer coisa, não quis arriscar e foi então que decidi ir para a cidade grande... onde nos conhecemos minha querida irmã. — Ela riu irônica e Yandra passou as mãos nos cabelos.
— E foi justamente nesse dia que você mandou internar o Max, dizendo que ele havia enlouquecido.
Olhei assustada para Ivana que não demorou para encarar a minha mãe.
— Eu não poderia arriscar que ele me entregasse para a polícia, eu não ia e eu não vou para a cadeia pelos crimes que cometi. Eu pedi para que ele guardasse segredo mas ele fingia que não me ouvia as vezes, quase colocou tudo a perder quando você perguntou pelo pai da criança que eu estava esperando.
— E eu percebi que ele ficou assustado quando você saiu praticamente arrastando ele para fora da confeitaria, foi por isso que mandei Annabel me esperar no carro e segui vocês. Você arrastou o pobre garoto para um beco dizendo que se ele não ficasse de boca calada, você seria capaz de matá-lo. Foi naquele instante que percebi que você era perigosa e não era nada do que eu estava pensando — Yandra disse e soltou um suspiro. — O pobre Max...
— Mas eu não teria coragem de fazer isso com ele, ele ainda era uma criança de 10 anos. Quando perdi minha única amiga... ela ainda era uma criança também — Ivana se levantou do sofá e respirou fundo. — Não machuco crianças e foi por isso que não tive escolha, a não ser mandar interná-lo naquela mesma noite e ainda bem que você chegou justamente na hora em que os homens já haviam colocado ele dentro do carro, tiveram que dopá-lo para isso é claro.
— Está vendo Belle? Foi por isso que não perdi tempo, eu e ela discutimos nessa noite e ela ainda teve a coragem de me ameaçar. Eu sabia que estava muito perto dela ter você já que havíamos conversado de tarde e ela tinha me dito que já estava com os dias contados, que você poderia nascer a qualquer momento. Eu só tive que esperar alguns dias depois que Ivana te teve... e assim que tive a oportunidade, consegui entrar pela porta dos fundos daquela casa e pegar você Belle. Não perdi tempo, me despedi dos meus pais o mais rápido que consegui ainda segurando você nos braços e junto com Annabel, partimos do Texas.
— Eu deveria te esganar agora mesmo por ter tirado a minha filha de mim. — Ivana deu um passo para frente encarando minha mãe com ódio, a mesma também encarou Ivana na mesma intensidade.
— Você iria fazer com ela a mesma coisa que fez com o Max ou pior... eu não iria permitir isso, ainda mais você sendo uma mulher perigosa, uma assassina. O que pretendia fazer com ela?
— O que eu ainda pretendo fazer e dessa vez você não vai me impedir Yandra, Belle já é grandinha demais e sabe as decisões que ela tem que tomar. Mas fique sabendo filha... que não me agradou nem um pouco saber que você estava se envolvendo esse tempo todo com o pai da garota que você chamava de amiga — Ivana desviou o olhar de minha mãe e olhou para mim, em seguida riu de canto. — Eu também fiquei com tanto ódio, com tanta inveja dessa garota e do pai dela...
— Espera aí... Belle você se envolveu com o Dominic Murray? — Minha mãe me olhou espantada e eu ainda continuava sentada no sofá. — E como assim "a garota que você chamava de amiga" ?
— Mamãe eu pensei que
Eu queria explicar tudo para ela, mas Ivana não deixaria, é claro.
— Não a chame de mãe. Ela não é a sua mãe, eu sou a sua mãe. — Ivana me interrompeu e eu a olhei.
— Sim, você é mas eu vou continuar chamando a Yandra de mãe porque foi ela quem me criou. Apesar de — Eu estava tentando segurar as lágrimas mas foi em vão, voltei meu olhar para Yandra que estava com um sorriso triste. — Apesar de nunca ter dito que me amava.
— Belle eu
— Então você cumpriu mesmo com a sua promessa? Muito bem... teve medo de eu aparecer no seu quarto e te matar Yandra? — Ivana riu irônica e Yandra a encarou.
— Do que ela está falando? — Pergunto confusa.
— Eu nunca disse que te amava Belle, por causa dela... — Yandra disse, agora cabisbaixa. — Quando você ainda iria fazer um ano de idade e nós estávamos morando em New Orleans, eu não sabia que Ivana já estava nos vigiando e que ela seria capaz de assassinar o meu marido. Ela mesma fez questão de me fazer uma visita quando você e Annabel estavam dormindo, disse que havia nos procurado e que teria você de volta e que levaria você para onde ela foi criada, que no fim das contas a tal da Vasti esteve certa em criá-la em um lugar isolado... estava pior do que a última vez que eu a tinha visto no Texas. Ela disse que não era para eu ousar dizer que te amava, se não ela seria capaz de fazer mal a mim e a minha família e disse que sempre estaria de olho em mim e em você... que quando eu pensasse que estava sozinha, eu na verdade estaria me enganando porque ela estaria me observando. Depois disso eu fiquei com medo... pensei em ir embora, mas não queria sair daquela casa por causa das ameaças de Ivana... só sai quando minha filha se foi, isso me abalou muito.
— Muito bem Yandra — Ivana bateu palmas para a minha mãe que fechou os olhos com força, vê-la chorar me entristeceu. — Mas você não se atentou a uma coisa, eu disse sim que não faria mal a você e nem a sua família se dissesse que amava a minha Belle. Mas a sua filha Annabel... — Ivana bufou. — Jamais deveria ter dito que amava a minha menina... morreu tão jovem, não foi? Deveria ter se atentado ao comportamento da sua filha Yandra, depressão é uma doença séria.
Yandra apoiou as mãos no rosto começando a chorar e eu rapidamente enxuguei as minhas lágrimas, foi quando notei o sorriso perverso nos lábios de Ivana.
Foi ela.
— Você a matou... — Digo em um tom de voz baixo mas Ivana com certeza me escutou, já que olhou de canto de olho para mim. — Não foi de depressão que minha irmã morreu... você a matou.
E pelo que eu estou começando a entender, foi por causa de mim?
— Ela era sua prima, não a sua irmã. Ela também se tornou uma pirralha muito intrometida, queria tanto me ver de novo mas mal sabia ela que ela me via quase todos os dias, assim como eu via você também Belle... pelo menos só até os seus seis anos de idade. Era e ainda continua sendo divertido me passar por você irmãzinha... eu daria uma bela atriz, você não acha? — Ivana perguntou provocativa e Yandra afastou as mãos do rosto, para encará-la. — Ah fala sério, seus filhos nunca foram muito espertos. Belle só me descobriu porque oras... não é atoa que é minha filha, herdou a inteligência de mim.
— Você ainda não respondeu a minha pergunta.
— Eu.matei.a.Annabel. — Ela falou as palavras pausadamente e com deboche.
— SUA INFELIZ!! — Yandra iria avançar nela mas eu a segurei, depois de tudo que Ivana contou eu não confiava nela. Ela poderia está armada agora e eu e Yandra nem poderíamos se quer saber. — VOCÊ TIROU A MINHA FILHA DE MIM! ELA TINHA SONHOS! ELA NUNCA TE FEZ NADA SUA VÍRBORA! — Yandra gritava enquanto eu a segurava pelos braços.
Eu estava revoltada? Sim, mas estava sendo cautelosa. Se Ivana é mesmo uma mulher perigosa e infelizmente minha mãe, ela pode matar Yandra e isso eu não vou permitir.
— Nunca me fez nada? Yandra, você ainda não entendeu? Ela disse que amava a minha menina. Ninguém pode amar a minha Belle além de mim, ninguém.
Foi nesse momento que a ficha caiu para mim e várias coisas passaram a fazer sentido. Soltei Yandra que eu pensei que iria avançar em Ivana, mas ela não avançou... ela ficou ao meu lado e eu senti o olhar dela sobre mim.
— Belle?
— Annabel morreu... por minha causa? — Pergunto olhando para Yandra que nega com a cabeça.
— Não diga isso! Você não tem culpa de nada Belle, essa mulher que te deu a luz que é louca... — Percebi que ela queria me abraçar e eu queria sentir o abraço dela, se não fosse por Ivana que pigarreou.
— Se encosta na minha filha, você é a próxima a morrer Yandra. — Ivana avisou e eu a olhei séria.
— Por que está fazendo isso?
— Porque você é minha meu amor — Ivana mudou o tom de voz quando se dirigiu a mim, ela iria se aproximar de mim mas eu dei um passo para trás. — Jamais faria algum mal a você meu amor.
— Mas as pessoas que ela ama sim, não é? Vamos Ivana me responda, você também matou o meu filho?
— Olha minha irmãzinha são muitas mortes, mas vou lhe dizer porque você já deveria está morta — Ela disse dando um sorriso debochado e eu me aproximei de Yandra. — Foi por sua culpa que eu tive que matar pessoas que não deveriam estar mortas, como a sua melhor amiga.
— V-você... matou a Milena? — Minha mãe perguntou com a voz embargada e eu fiquei espantada.
— Não só ela... aquele seu amigo, Jack não era? Ele era bonitinho mas sabia demais. Vejamos, o Jeffrey também claro... estou esquecendo mais alguém? É, eu acho que não. Ah espera me lembrei — Ivana riu baixinho e me olhou, ela estava parecendo uma psicopata. — Aquele cachorro pulguento, eu iria matá-lo também... mas parece que ele resolveu morrer antes da hora. Pelo menos, não me fez sujar as mãos. Mas os que morreram já sabiam que eu era uma assassina.
— SUA... — Foi a minha vez de querer avançar nela mas senti braços rodearem a minha cintura.
— Ah não meu bem, você não vai bater na sua própria mãe não é? Entenda Belle, Annabel deveria ter ficado no canto dela e se envolvendo as escondidas com o padre que ela tanto amava, confesso que comecei a gostar da sua filha Yandra... mas ela só queria se encontrar com esse padre, eu fiquei enciumada não nego. Por isso me passava por você quando você não estava em casa e dizia que ela não poderia sair e nem dormi fora de casa, mas parece que foi pior porque ela começou a tratar bem demais você Belle e dizer que te amava todas as noites... eu não estava me agradando disso. Naquele dia, em que você saiu com o Jeffrey e Yandra saiu também... foi o momento perfeito. Fora que Annabel encontrou o meu diário, eu me descuidei e acabei esquecendo de pegá-lo no quarto da própria Annabel, eu tinha anotado até como pretendia consolar a minha menina quando ela estivesse triste... dar uma das minhas rosas favoritas foi uma ótima ideia. Ela chegou a falar disso para você Belle?
— Falou mas... eu não tinha entendido o que ela quis dizer e durante muito tempo pensei que ela estava louca. — Digo e em seguida sinto meu olhos encherem de lágrimas, Annabel tentou me avisar e eu a chamei de louca.
— Louca — Ivana riu. — Ela realmente estava louca porque assim como eu, ela também tinha um diário. Um diário que eu não demorei para achar o esconderijo. Arranquei a maioria das páginas em que ela dizia que suspeitava que a mãe dela não fosse a mãe dela e sim eu. Isso poderia me encrencar se caísse em mãos erradas e pior, pior foi o plano da Annabel de querer fugir com você... ela sabia que eu estava esperando o momento certo para te pegar de volta Belle, ela tinha lido o meu diário afinal. Ainda bem que queimei aquela droga, não é uma boa anotar seus segredos em um papel... Annabel planejava fugir com você, por isso naquele dia eu a matei. Como eu disse, o veneno é um ótimo aliado meu.
Fiquei com mais ira ainda de ver como ela falava tranquilamente e se dependesse dela, ela faria questão de narrar como tudo aconteceu.
E eu não duvido que ela tenha se passado por Yandra, dizendo que havia chegado em casa sendo que ela já estava na casa e então... deu algo para que Annabel comesse e quando Annabel estivesse passando mal, foi a oportunidade perfeita para ela jogá-la pela janela.
— Querem que eu entre em detalhes? Não precisa né, vocês já entenderam. Ah e alguns policiais foram bem pagos para não contar que Annabel havia sido envenenada, acreditem se quiser, alguns policiais fazem qualquer coisa por dinheiro... enfim, Jeffrey meteu na cabeça que queria encontrar o assassino da irmã, uma pena que quando ele descobriu quem era, ele já estava agonizando com o veneno que eu tinha colocado em uma latinha de refrigerante para ele beber. Tive ainda o trabalho de limpar a boca dele com um guardanapo, de arrastar o corpo dele também e
— JÁ CHEGA! — Yandra gritou, interrompendo Ivana e colocando as mãos nos ouvidos, ela não queria ouvi mais nada e eu também não.
Foi tudo muito cruel e feito a sangue frio...
— Mas eu nem acabei, você não quer saber mais como foi a morte do Jack ou da sua amiga? Ah e falando em amiga... as suas colegas fizeram um ótimo trabalho em arrastar você quase sempre para os bares para beber até não querer mais. Me dando um tempo precioso para eu passar a sós com a minha filha. — Ivana lançou um sorriso para mim e eu só conseguia senti raiva dela.
Mas raiva não era a única coisa que eu sentia naquele momento, eu também sentia medo.
— E-então era você... você que estava fumando naquele dia na cozinha. — Digo sentindo minha voz falhar, no entanto consegui me recompor.
— Minhas colegas... mas eu fui muito estúpida mesmo — Yandra passou as mãos nos cabelos e me olhou. — Meu Deus! Ela te fez alguma coisa? — Ela perguntou se referindo a Ivana.
— Não...
— Por que eu faria algo com a minha própria filha?
— Porque você é doente! E tem sérios problemas mentais! — Yandra a encarou e enxugou rapidamente as lágrimas antes que escorressem pelo seu rosto.
— Então era você também que ia... que ia no meu quarto me observar enquanto eu dormia? Qual é o seu problema? — Pergunto encarando Ivana que deu de ombros.
— Que eu saiba eu não tenho nenhum problema, e eu só gosto de ver você dormindo querida... que mal tem nisso? — Ivana iria se aproximar de mim mas Yandra se colocou na minha frente.
— Enquanto eu estiver aqui, você não vai encostar nela.
— Yandra você quer que a minha filha compareça ao seu funeral mais tarde? — Ivana a olhou de cima a baixo, cruzando os braços.
Era uma loucura o que estava acontecendo, por elas serem idênticas, se eu não reconhecesse e não soubesse quem é a minha mãe agora pela postura e pelo jeito de falar... eu estaria perdida.
Rapidamente me coloquei entre elas duas e respirei fundo, eu não posso chorar agora... eu não posso.
— Ninguém vai comparecer ao funeral de ninguém! — Altero a voz e ergo a cabeça para olhar para Ivana. — O que você quer? O que você quer para acabar de uma vez por todas com esse pesadelo?
— Eu já disse meu amor — Ivana pegou uma mecha do meu cabelo e enrolou no seu dedo indicador. — Eu quero propor um acordo. — Ela soltou a mecha do meu cabelo e eu a encarei.
— E o que está esperando?
— O acordo é entre mim e você, não inclui Yandra.
— Então vamos... para a cozinha, já que só é entre eu e você — Digo e sinto Yandra pegar na minha mão, logo olho para ela também. — Não se preocupe. — Sussurro para ela e dou um sorriso fraco.
— Olha lá o que você vai propor Ivana...
— E olha lá o que você vai fazer enquanto eu estiver na cozinha conversando com a minha filha. Se pensar em ligar para alguém ou sair pela aquela porta pedindo ajuda... ai você verá uma Ivana irritada, e quando eu fico irritada, coisas terríveis acontecem. Então enquanto eu converso com a minha filha, faça o favor de ficar quietinha e sentada nesse sofá. Prometo que não vamos demorar.
Ivana sorriu e deu as costas, se afastando de mim e caminhando na direção da cozinha.
Olhei para a minha mãe que soltou um suspiro e eu toquei no rosto dela.
— Para mim, você sempre será a minha mãe. — Digo em um tom de voz baixo e a vejo sorri.
— Belle me perdoe, me perdoe por tudo... eu deveria...
— Não tenho o dia todo Annabelle. — Escutei a voz de Ivana vindo da cozinha e tive que deixar minha mãe na sala de estar, fui para a cozinha e Ivana estava de braços cruzados e encostada no balcão.
— Já estou aqui.
— Eu estou vendo... irei ser direta com você minha filha, quero que venha morar comigo.
Respiro fundo antes de me aproximar dela.
— É o que você sempre quis? Que eu fosse morar com você? — Pergunto e ela me olha, confirmando com um aceno de cabeça.
Mas sabendo agora o tipo de pessoa que ela é, eu tinha certeza de que não era só isso.
— E o que mais?
— Por que acha que tem mais alguma coisa?
— Porque sempre deve ter mais com você. — Digo e vejo ela sorri.
— E de fato, tem. Isso só prova que você é minha filha mesmo — Ela riu de canto. — Tudo bem... tem como você consegui uma caneta e um papel?
— Para quê?
— Para você escrever oras, ou acha que sou eu que irei mandar um bilhete para o Dominic? — Ela perguntou e eu franzi as sobrancelhas não entendendo aonde ela queria chegar. — Quero que escreva que nunca esteve apaixonada por ele e que você só quis se diverti com ele, que não quer nada a sério e que nunca o amou. Ah e que você só quis ter uma experiência com um homem mais velho como ele.
— Como? Eu não vou escrever nada disso. Fique sabendo que eu o amo e não vou desisti dele. — Digo e percebo o sorriso que antes estava no rosto dela, sumir e seu olhar agora me pareceu sombrio.
— Ou você escreve o que eu estou te mandando escrever, ou eu tentarei matá-lo de novo.
De novo?
— O quê? Eu não disse que tentei envenená-lo também? Ah... eu não disse, devo ter esquecido de mencionar. Assim como esqueci de mencionar que também tentei atropelar a Scarlet. — Ela disse cínicamente.
— Você é um monstro... por que tudo isso? — Pergunto indignada e ela se aproxima de mim.
— Porque você é minha filha e somente eu posso amar você, será que não entende isso? Assim como você só pode amar a mim também. Não quero dividir você com ninguém, tudo que fiz... — Ela tocou no meu rosto com seu dedo indicador. — Foi pensando em você. Você não pode amar esse Dominic, nem essa Scarlet... não sabe o quanto fiquei feliz em saber que vocês duas brigaram e que finalmente ela descobriu a verdade.
— Como sabe o nome dele se eu nunca te falei? E como sabia também do meu envolvimento com o Dominic? — Pergunto já conseguindo entender que provavelmente ela andou me vigiando.
— Te vigiando é claro, ou achou que eu só me passava pela Yandra? Assim que encontrei a floricultura da minha irmãzinha e descobri que ela morava aqui, foi quando comecei a vigiar vocês duas. Agradeço muito ao Jeffrey por não ser muito discreto e ter descoberto onde vocês moram, graças a ele tudo se tornou mais fácil para mim e os meus planos também e você sabe, eu não demorei para colocá-los em prática. Mas se teve três pessoas, na verdade uma, que eu mais odeio por terem sido muito próximos a você e ter toda a sua atenção... foi esse Dominic, essa Scarlet... nossa que ódio eu tenho dessa garota e também daquele cachorro, você o amava demais.
— E eu ainda o amo, sempre amarei o Trovão. E o Dominic também, e a Scarlet... também. — Digo cabisbaixa e escuto Ivana rir.
— O cachorro que se chamava Trovão morreu, Dominic irá se magoar e Scarlet te odiará para sempre... vai continuar amando eles mesmo assim? — Ela perguntou com deboche e eu fechei os olhos para não chorar na frente dela. — Olha, eu ainda estou sendo boazinha e serei mais ainda com esse bilhete que você irá escrever. Assim que você terminar de escrevê-lo poderá entregar você mesma e pessoalmente para a Scarlet, se ela irá aceitar ler o que você escreveu? Eu não sei, te desejo sorte — Ela riu e eu voltei a abri os olhos. — Mas ela será a única e uma das últimas pessoas que você verá hoje.
— Como você é cruel... nunca que eu poderia imaginar ser filha de alguém como você. — Encaro ela e a mesma ri de canto.
— Belle, eu só quero recuperar o tempo que perdemos juntas. Só que para isso você não verá mais ninguém que você conhece, nem mesmo Yandra... e como ainda estou sendo generosa, deixarei você se despedir de Scarlet e de Yandra. Somente elas duas e mais ninguém, nem pense em ver ou trocar uma palavra com o Dominic se não será pior para ele. Na minha primeira tentativa eu não obtive sucesso, mas na segunda eu posso garantir que não irei falhar então, para o bem dele, para o bem da Scarlet e para o bem da Yandra, é bom você fazer o que eu estou mandando.
Ainda não acredito nisso... foi ela quem tentou envenenar o Dominic mas quem acabou bebendo a taça de vinho foi o Ramiro. Scarlet quase foi atropelada... e foi ela, era a Ivana o tempo todo.
— Esse é o acordo? — Pergunto tentando não chorar ali mesmo e continuo encarando ela. — E se eu não aceitar nada disso?
— Quem sofrerá as consequências são as pessoas que você ama, se quiser comparecer no enterro de cada um... será uma escolha sua.
Infeliz! Ela fala como se fosse tudo tão simples sendo que tudo isso é muito doentio e perverso.
Fiquei calada durante alguns segundos e ela se afastou um pouco de mim, apoiando uma de suas mãos no meu ombro. Eu não teria como rejeitar isso, ela poderia matar a minha mãe, ou Scarlet... ou Dominic e por minha causa.
— A resposta é simples, você terá a oportunidade de se despedi de Yandra e de Scarlet, e depois você virá comigo, já sabendo que não verá mais ninguém que conhece. É só dizer que
— Temos um acordo. — Digo interrompendo-a e desviando o olhar dela, ela passa as mãos nos meus cabelos e acaricia o meu rosto.
— Feito!
Olhei para ela que estava com um sorriso largo no rosto e eu senti meus olhos marejarem.
— Agora seria bom você agilizar se quiser mais tempo para conversa com a sua ex amiga e nem tente contar nada para ninguém, se eu souber que você fez isso... quando você chegar aqui nessa casa, encontrará o corpo de Yandra do mesmo jeito que encontrou o de Jeffrey. — Ela ameaçou e eu engoli seco.
— Eu não vou contar para ninguém...
— Ótimo.
— Posso me despedi de mais uma pessoa? — Pergunto antes de ir a procura de um papel e de uma caneta.
— E quem seria? — Ela perguntou desconfiada.
— Zípora.
Eu precisava ver a Zípora, agora que eu sabia de tudo, eu precisava mais do que nunca falar com ela. Eu não precisaria esconder nada dela.
×××××××××××××××××××××××××××××××××
Espero que tenham gostado votem e comentem...
Bjoooooos✨
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro