ꕥ Capítulo 44 ꕥ
Annabelle Narrando
Frio, desespero e solidão.
Era o que eu estava sentindo no momento, em cima de uma calçada abraçando o meu próprio corpo e tremendo um pouco por causa do frio que eu estava sentindo.
O vento estava forte e eu só pensava em uma coisa, que a qualquer momento eu poderia perder a força que ainda restava em minhas pernas e cair... me sentia tão sozinha e não tirava os olhos da rua a minha frente. A rua estava silenciosa e só havia eu ali observando-a.
Havia muita lama na rua e eu não tinha certeza se seria uma boa atravessar aquela rua ou não.
— Se atravessar, terá o mesmo destino que eu e Annabel tivemos — Escutei a voz de Jeffrey na minha mente e senti medo. — Não atravesse.
Olho para os lados mas não vejo ninguém. Ao meu redor, as casas estavam destruídas e só havia restado a calçada em que estou agora e a calçada do outro lado da rua. Mas se eu quisesse ir para a outra calçada... eu teria que atravessar a rua que está praticamente coberta por lama.
— Tem certeza que quer atravessar? — Escuto agora a voz de minha irmã na minha mente e solto um suspiro. — Eu tentei te avisar... mas você também não tem culpa.
— Eu tenho culpa sim... — Digo sentindo o vento frio vindo ao meu encontro e fecho os olhos. — Não posso fazer mais nada... o que me resta é atravessar.
Abro os olhos quando sinto uma mão se apoiar em meu ombro, olho para o meu lado direito e vejo a minha irmã. Ela tinha um olhar triste e eu não precisei me esforçar para enxergar isso.
— Se atravessar, não terá mais volta. — Ela disse e eu não me segurei e acabei abraçando-a.
— E-eu estou com tanto medo... — Digo sentindo vontade de chorar mas as lágrimas, por algum motivo esquisito, não saiam. O que me deixou aflita.
— Não tenha medo Belle — Senti suas mãos acariciarem os meus cabelos. — Você não está sozinha.
Me afasto do abraço dela e ela olha em volta, soltando um suspiro em seguida.
— Eu sei que a verdade te abalou muito, mas não faça isso... não atravesse essa rua. É melhor enfrentar a verdade, do que tentar fugir dela. Sabe do que eu estou falando, não é? — Ela perguntou e direcionou seu olhar para o fim da rua.
Olhei na mesma direção que ela e vi agora a minha casa, que antes não estava ali, mas agora estava. Assenti entendendo a pergunta de minha irmã e no fundo eu sabia quem esperava por mim dentro daquela casa.
E até agora, não paro de pensar nesse sonho esquisito que tive durante a madrugada. Não percebi se minha mãe entrou ou não no meu quarto ontem, estava com tanto sono que não tive forças para abri os olhos para nada.
E quando abri, foi quando acordei desse sonho que para mim, não faz o menor sentido... não ainda.
Eu estou sentada no banco da frente do carro de Dominic, eu havia mentido para a minha mãe e dito que eu iria a casa de Scarlet... até que ponto eu cheguei, me tornei até mesmo uma filha mentirosa.
Eu sei que a minha mãe esconde coisas de mim e que também mente para mim, mas detesto perceber que estou seguindo o mesmo exemplo dela.
— O que te aflige? — Dominic perguntou fazendo com que eu parasse de pensar no sonho em que tive e na minha mãe.
Olhei para ele que dirigia com muita atenção, mas pelo visto também estava prestando atenção em mim.
— Tá tão na cara assim?
— Não, você até que soube disfarçar porém, quanto mais tempo passo com você... mas eu a conheço. E você Annabelle, não fica pensativa se não estiver preocupada ou aflita — Ele disse e eu tive que concordar com ele. — É sobre nós?
— Não... quer dizer, não que eu não esteja preocupada sobre a nossa relação mas não é sobre nós que eu estava pensando — Digo e vejo ele assenti, respiro fundo e olho para a vista através da janela. — Eu tive um sonho estranho, sonhei que tinha que atravessar uma rua coberta por lama.
Decidi contar a ele mas não iria dar muitos detalhes, isso incluia a presença de minha irmã e do meu irmão no sonho.
— E você atravessava?
— Não me lembro... — Solto um suspiro pois realmente não me lembrava se eu chegava a atravessar a rua, ou não. — Me lembro que haviam casas a minha volta, mas todas estavam destruídas e o que havia restado nessa rua em que eu estava... eram só as calçadas.
— Eu não sou de decifrar sonhos, mas acho que o seu sonho pode querer dizer que você irá enfrentar algo... algo difícil que você não sabe se irá suportar. A destruição das casas ao seu redor... podem significar como você estava se sentindo naquele momento. — Ele disse e eu ergui um pouco a cabeça.
É isso, destruída.
Eu estava me sentindo destruída, assolada, mas não era só por fora... era por dentro também. As palavras de Dominic me fizeram entender melhor agora esse sonho.
Só Deus sabe o que eu irei descobri para me senti tão mal, e eu só penso em duas coisas... que tem a ver com a morte da minha irmã e com os segredos que minha mãe esconde de mim.
— Pode ser isso mesmo Dominic... mas mudando de assunto, para onde estamos indo? — Pergunto olhando para ele que ri de canto.
— Saberá quando chegarmos lá.
Bufo e volto a olhar para a vista através da janela, antes eu observava as casas mas agora passei a observar as árvores pois era só o que tinha para ver agora. O que me fez pensar por um momento se o Dominic não estava me levando para fora da cidade, mas ele não é maluco de fazer isso.
Ontem conversamos um pouco na ligação e eu contei o motivo para ter ignorado as ligações dele. Não deu para conversarmos muito porque eu desconfiava que a qualquer momento minha mãe poderia entrar no meu quarto e interromper a nossa conversa então, só tive a chance de dizer que estava cansada de mentir para a Scarlet.
E quando foi hoje, eu disse a ele que não poderia chegar tarde em casa assim que entrei no seu carro e ele deu partida.
— O que você contou para a sua mãe?
— Disse que passaria a tarde na casa da Scarlet — Digo olhando para as árvores altas e sentindo o vento frio vindo de encontro ao meu rosto. — Mas é sério Dominic, eu preciso estar em casa antes das dez horas da noite.
— Estará lá antes das dez horas da noite. E falando na Scarlet, com quem ela está se envolvendo?
— Como é? — Pergunto desviando o olhar da vista e olho para ele. — Quem te disse isso?
— Ninguém, mas você acabou de me confirmar agora então, ela realmente está se envolvendo com alguém. — Ele afirmou e eu não tive como dizer que ele estava errado, mas não poderia dizer com quem a minha amiga estava se envolvendo.
— Olha... eu não posso contar com quem ela está se envolvendo. — Digo e o vejo entrar em uma estrada de barro.
— Eu sei que não, mas você não precisa me contar. Eu sei que a própria Scarlet me contará quando estiver pronta... mas só me responda a uma pergunta, essa pessoa não está brincando com os sentimentos dela? Essa pessoa a ama?
— Foram duas perguntas — Digo fazendo o mesmo ri de canto. — E eu não tenho a resposta para elas. E como foi que você advinhou?
— Acho que você já percebeu que costumo ser muito observador e a minha filha não é o tipo de pessoa que costuma ficar distraída ou como vocês jovens dizem, com a cabeça nas nuvens — Ele diz e o escuto se repreender em um tom de voz baixo. — Me sinto até um velho dizendo isso.
Um "velho" com quem quero passar o resto da minha vida.
— Mas você entendeu, ela vem andando estranha ultimamente. Até mesmo a própria irmã dela percebeu, sinal de que eu não estava ficando louco ou imaginando coisas. — Ele disse e eu cocei a nuca.
Tomara que ele não pergunte se eu conheço essa pessoa.
— Você conhece?
— Conheço? Conheço o quê? Olha só... o dia está tão lindo não é? Será que vai chover mais tarde? Porque eu acho que v
— É, você conhece.
Ele para o carro e me olha.
— Mas não se preocupe, não irei te questionar mais sobre isso.
Graças a Deus! Acabei soltando até mesmo um suspiro aliviada e ele percebeu, rindo de canto e indicando com a cabeça para que eu olhasse para o lado.
Só percebendo agora que havíamos chegado e era um... chalé. Um chalé muito bonito por sinal, com árvores grandes e altas em volta.
Saímos do carro e eu olhei para o lugar, era bem calmo e me trazia uma certa paz. Caminhei na direção do chalé e fiquei ansiosa para entrar.
Dominic subiu os três degraus e retirou a chave que abria a porta de madeira do chalé, e assim que a porta foi aberta, eu o segui e só consegui admirar mais ainda aquele lugar.
Por fora era bonito mas por dentro? Era maravilhoso, incrível!
Havia até mesmo uma lareira na sala de estar.
— Dominic isso é...
— Bonito, não é? — Ele perguntou fechando a porta atrás de sí.
— Mais que isso, é lindo. — Digo caminhando em passos lentos e admirando cada detalhe daquele chalé.
Haviam na parede três quadros de pinturas que eu desconhecia, mas eram pinturas bonitas e que combinavam com o ambiente. Parei em frente a um dos quadros e fiquei observando os tons de cores que foram utilizadas no mesmo.
— Te chamou atenção? — Dominic perguntou se aproximando de mim e eu assenti.
— Achei interessante como a cor laranja se misturou com a cor azul e branca.
— Eu pensei que o verde ficaria melhor no lugar do azul, mas acabei optando pelo azul.
— Não, mas ficou bo... — Parei de falar ao perceber o que ele havia acabado de dizer, olhei para ele surpresa e cruzei os braços. — Foi você que pintou esse quadro? Não acredito.
— Nem eu acredito que pintei isso e coloquei ai, que isso fique só entre nós. — Ele disse se afastando de mim e eu olhei mais uma vez para o quadro.
— Mas não está ruim, eu diria até que você daria um belo artista... então além de diretor, você também já foi um pintor? — Pergunto e olho para ele, vendo o mesmo ir até uma estante e colocar a chave em cima.
— Não diria que fui um pintor, mas já pintei alguns quadros aqui mesmo nessa sala. As pinturas me ajudaram a relaxar, de certa forma — Ele deu de ombros e me olhou. — Esse chalé me ajudou muito na verdade, quando eu precisava pensar ou queria ficar completamente sozinho eu vinha para cá. Até hoje faço isso.
— Parece legal ter um lugar em que você possa vim para que ninguém te perturbe, um lugar que só você sabe da existência. — Digo e ele confirma com um aceno de cabeça e vai até uma poltrona.
— E é, os únicos que sabem da existência desse lugar além de mim é o faxineiro, e agora você.
— Por quê? Por que queria que eu soubesse da existência desse lugar? — Pergunto e ele mais uma vez deu de ombros e foi para um outro cômodo do chalé.
Eu o segui e deduzi que o cômodo em que eu havia acabado de entrar, era uma cozinha. Uma cozinha simples porém, muito bonita.
Vi Dominic abri a porta da geladeira e retirar de lá uma jarra de suco.
— A verdade é que... nem eu mesmo sei, você é a primeira pessoa que trago para cá — Ele colocou a jarra de suco em cima de uma mesa. — Vai querer? — Ele perguntou e eu disse que sim.
Ele foi até um armário e pegou dois copos de vidro, os colocou em cima da mesa e não demorou para despejar o suco que aparentava ser de uva, nos dois copos.
— Quer dar início a conversa agora? — Ele perguntou me entregando o copo com suco e eu agradeci com um aceno de cabeça.
— Por que não, não é? É melhor. — Bebo um pouco do suco e me sento em uma das cadeiras perto da mesa.
Dominic fez o mesmo e eu respirei fundo antes de começar a falar qualquer coisa.
Vamos lá Annabelle... você consegue.
— Você fica tão linda quando está assim. — Ele disse e eu olhei para ele confusa.
— Assim como?
— Pensativa.
— Ah não — Ri. — Devo ficar muito esquisita, isso sim. Mas vamos ao que importa... nós conversamos pouco na ligação ontem a noite e você já sabe que eu... não quero continuar mentindo para a Scarlet. — Digo olhando para o Dominic e o vejo fazer um sinal de confirmação com a cabeça.
— Certo, eu também não. Você sempre soube que em nenhum momento tive medo de contar para a Scarlet que me envolvi com você, e eu só não contei porque eu sabia e eu sei que isso pode afetar a amizade de vocês duas. Tem certeza que quer mesmo contar para ela?
— Não tenho escolha Dominic, eu tenho que contar — Digo desviando o olhar dele para o copo de suco que estava pela metade. — E eu sei que ela não irá reagir bem a isso e que a nossa amizade pode acabar.
— Por que decidiu agora que quer contar a verdade para ela? — Ele perguntou e eu voltei a olhar para os seus olhos da cor do céu.
— Ah porque eu... eu...
Não, eu não consigo dizer isso em voz alta.
— Você... — Ele me incentivou a continuar falando e eu coloquei as minhas mãos no rosto.
Eu percebi que estou apaixonada por você e que eu te amo, é isso.
— Não sei se é uma boa ideia eu dizer o motivo — Digo afastando minhas mãos do meu rosto e ele semicerra os olhos. — Mas o que importa é que eu não quero mais continuar mentindo para a Scarlet.
— Entendi, e quando quer contar? — Ele bebeu todo o suco restante do seu copo.
— Amanhã.
Dominic colocou o copo de vidro, agora vazio, em cima da mesa e me olhou um pouco surpreso.
— Amanhã? Você tomou mesmo uma decisão rápida.
— Tinha que tomar... Dominic eu
— Não, não precisa me dizer o motivo. Já tenho uma noção do porquê você quer acabar logo com isso. — Ele disse e eu arqueei uma sobrancelha.
Fiquei até mesmo nervosa, ele já sabia mesmo sem eu ter precisado falar muita coisa?
— Você não sente nada por mim, não é? Foi só... diversão mesmo para você, uma aventura.
— Quem dera eu não sentisse nada por você, mas eu não mando no meu coração. Dominic — Ri de canto e me levantei da cadeira. — Eu sou apaixonada por você desde o ano passado, eu tinha uma vontade enorme de falar mais vezes com você mas isso nunca foi possível... e quando tive essa oportunidade, descobri que você era o pai da minha melhor amiga de infância. O que me deixou abalada e com um sentimento de culpa, mas o momento mesmo em que me senti abalada e com sentimento de culpa foi quando eu descobri que... que não é só paixão que eu sentia por você, eu me dei conta que não era simplesmente só atração que eu sentia por você, tá me entendendo? — Pergunto já não conseguindo guardar as palavras só para mim e vejo ele ri de canto, se levantando da cadeira. — Não, você não está me entendendo porque foi para você que tudo só passou de uma aventura. Fui uma diversão para você, não é mesmo?
Ele veio até mim e colocou as suas mãos na minha cintura, a apertando com um pouco de força e em nenhum momento deixamos de manter contato visual.
— Se você fosse apenas uma diversão para mim, você não estaria aqui. E o seu motivo para que Scarlet saiba de uma vez por todas sobre o nosso caso, é o mesmo motivo de mim ter te trazido aqui. Agora eu é que te pergunto, você conseguiu entender? Existem aquelas três palavras... mas são palavras que nós dois não estamos prontos para pronunciar em voz alta. Annabelle eu julgava você pela a sua aparência, mas eu tive a oportunidade de te conhecer melhor, te achei uma mulher inteligente, admirável e até mesmo engraçada — Escutei as palavras dele com atenção e dei um sorriso fechado. — E antes mesmo de você mudar o visual, eu percebi que o que importa mesmo é quem nós somos por dentro e você me ensinou isso, você me conquistou apenas porque foi você mesma. Mas tenho que confessar... quando você mudou o visual, eu tive que me controlar muito para não avançar em cima de certos garotos que ficavam olhando demais para você.
Uma de suas mãos passaram a acariciar o meu rosto e eu senti as batidas do meu coração acelerarem quando ele colocou uma mecha do meu cabelo para trás da orelha.
— Gostaria de te fazer um pedido agora e antes de qualquer coisa, quero que você saiba que eu não tenho medo e que estou disposto a me arriscar por você, na verdade, por nós dois — Dominic pegou na minha mão direita. — Quer namorar comigo?
Jesus! Foi isso mesmo que eu acabei de ouvi?
Minha reação foi de surpresa, tanto que fiquei alguns segundos em silêncio só tentando processar tudo que ele havia acabado de me dizer e também de me pedir.
— Annabelle você está me deixando nervoso e olhe que você nem me respondeu ainda. — Ele disse rindo e eu comecei a ri também.
— Você nervoso? Eu que estou nervosa, tô até com as mãos trêmulas — Digo erguendo a minha mão esquerda que tremia um pouco, eu realmente estava nervosa. — Espera, eu estou processando ainda. Você me pediu em namoro, foi isso mesmo?
— Sim.
— E disse que está disposto a se arriscar?
— Sim.
— O que quer dizer que, não tem medo de assumir para todos que eu e você temos... um relacionamento? — Pergunto e ele volta a acariciar o meu rosto.
— Meu anjo, eu irei enfrentar as minhas duas filhas para dizer o que realmente sinto por você e até mesmo enfrentarei a sua mãe, se for o caso. É só com o que me preocupo e em relação as pessoas que nos conhecem? Eu não me importo nem um pouco com a opinião delas, que pensem o que quiser. O que importa mesmo para mim é o que você sente e se está disposta a correr esse risco também.
— Sim... ai meu Deus, eu disse sim? Sabe que vamos ser julgados até o natal, não é? — Digo com humor e ele da de ombros.
— Até o ano de 2080, isso é, se ainda estivermos vivos. — Ele disse com humor me fazendo rir.
— Se eu te disser que, ninguém vai apoiar esse nosso namoro além de nós mesmos, você vai... desistir de mim? — Pergunto com certo medo que ele pudesse desistir de tudo isso por causa da opinião das pessoas.
Porém, eu pensava mesmo era nas reações de Kiara, minha mãe e principalmente a Scarlet.
— Nada vai me fazer desistir de você, e se for para ser nós dois contra o mundo? Que assim seja — Dominic envolveu seu braço ao redor da minha cintura, me trazendo para perto dele e eu senti sua respiração batendo próxima ao meu rosto. — Tem mais alguma pergunta a fazer ou podemos encerrar a nossa conversa por aqui e terminar o que começamos na sua casa naquele dia?
— Tenho mais uma pergunta — Digo fazendo ele ri de canto. — Mas é sobre você... eu quero saber sobre você. — Arrisco e o vejo franzi as sobrancelhas.
— O que quer saber sobre mim?
— Para ser mais específica, quero saber sobre o seu passado.
— Por quê?
— Ah porque eu quero saber, eu me lembro que você só me contou uma vez que não era irmão de sangue do Ramiro e... tenho curiosidade até hoje de saber mais sobre você.
Dominic pareceu pensar e eu fiz a minha melhor cara de "por favor, é só o que te peço" para que ele cedesse, até que ele bufou e desviou o olhar de mim.
— Não gosto de falar sobre o meu passado, mas... irei te contar — Ele disse e voltou a me olhar. — Irei te contar se você me contar sobre o seu também.
— O meu? Ah eu não tenho tanta coisa para contar, meu pai faleceu quando eu tinha um ano de idade, minha irmã faleceu quando eu tinha seis anos de idade e o meu irmão e o meu cachorro faleceram esse ano. Se eu tenho algum outro parente próximo? Não, só tenho a minha mãe mesmo. — Solto um suspiro.
Eu sei, eu sei. Não quis comentar sobre todas as loucuras que envolve minha mãe... isso deixaria o Dominic confuso e a única pessoa para quem eu havia contado era Scarlet.
— Tem mais alguma coisa. — Ele disse e eu o olhei confusa.
— Não tem não.
— Tem sim, mas você não quer me contar e está tudo bem, eu te entendo. — Ele disse me analisando e eu toquei no rosto dele.
— É que... — Respiro fundo. — É complicado. Mas quando tudo se resolver, eu prometo que irei te contar. — Digo e ele assente.
— Acredito em você. — Ele diz e me beija, um beijo urgente, calmo e de saudades.
Uma de minhas mãos ainda estava pousada em seu rosto e eu acariciei a sua barba por fazer. Ele passou a beijar o meu pescoço e eu gemi baixinho.
— A gente... vai fazer aqui mesmo? — Perguntei em um sussurro e senti ele da um chupão no meu pescoço. — Dominic... se você me deixar marcada aí, eu vou marcar você também. — Digo e ele afastou seus lábios do meu pescoço rindo baixinho.
— Não vai ficar marcado aí meu anjo — Ele disse se referindo ao meu pescoço e me deu um selinho demorado. — Pretendo deixar marca em outros lugares do seu corpo. — Ele disse apertando a minha bunda e eu ri de canto.
— Sou seu anjo agora?
— Sempre... e respondendo a pergunta que você me fez antes, não, não vamos fazer isso aqui. Pelo menos, não agora. — Ele pegou na minha mão e me guiou para outro cômodo.
Ele abriu a porta do que eu julguei ser um quarto e nossa que quarto bonito, eu mal havia entrado e o Dominic já foi me agarrando e me beijando, mal me dando tempo para admirar a decoração do quarto.
Ele me imprensou contra a parede e passou seus beijos para o meu pescoço, me fazendo soltar um gemido baixo. Suas mãos deslizaram para dentro da minha blusa e eu gemi baixo mais uma vez, sentindo suas mãos habilidosas arrancarem o meu sutiã por baixo da blusa.
Passei uma de minhas pernas pela cintura dele e isso fez com que eu me encostasse mais ainda na parede gelada do quarto, baguncei os cabelos pretos e macios do Dominic e inalei o cheiro bom que vinham deles.
Abri os olhos e Dominic estava me olhando, ele passou seu braço ao redor da minha cintura me trazendo para mais perto dele, esfregando seu membro pulsante contra a minha intimidade ainda coberta. Ao sentir o membro duro dele, foi impossível não soltar um gemido.
— Dominic... — Gemi o nome dele e o vi da um sorriso malicioso.
E sem rodeios, ele me afastou da parede e me jogou na cama confortável que havia ali no quarto. Quando eu iria dizer algo, Dominic não demorou para se posicionar entre as minhas pernas e continuar com os beijos no meu pescoço, descendo com mordidas até os meus seios que ainda estavam cobertos pela minha blusa que era de um tecido um pouco fino.
A falta do sutiã deixava o bico dos meus seios completamente duros, dando para ver um pouco por cima da blusa. Dominic lambeu a ponta do meu seio direito ainda por cima da blusa... que tortura... gemi um pouco alto quando ele mordeu com um pouco de força, me encarando com seus olhos azuis e provavelmente... ele estava adorando ver como eu reagia, ele sabia que isso era uma tortura para mim.
— Não me torture Dominic... — Digo baixinho e sinto ele pressionar o seu membro na minha intimidade.
— Como? Eu não te ouvi direito, o que disse? — Ele disse irônico e em um sussurro, pressionando ainda mais seu membro contra a minha intimidade.
Ah assim já é demais! Desse jeito é capaz de mim ter um orgasmo antes mesmo de ser penetrada.
— Não me torture mais Dominic... eu estou pronta para você. — Praticamente implorei e o vi semicerrar os olhos.
— E o que você quer, meu anjo? — Ele perguntou. — Isso aqui? — Ele esfregou seu membro na minha entrada e céus... porque eu fui vim logo de saia?
Não consegui segurar o gemido e acabei cravando minhas unhas com força nas costas dele, por cima da sua camisa. Sorte a dele porque se ele estivesse sem a camisa, suas costas estariam com a marca das minhas unhas. E ele pareceu ter pensado o mesmo que eu já que, sorriu malicioso.
— Vamos, responda. O que você quer? — Dominic simulou uma penetração e eu mordi meu lábio inferior.
— Dominic... por favor. — Implorei com um tom de voz baixo.
— O que disse meu anjo? Eu não ouvi. — Ele desceu suas mãos pela minha saia, a levantando mais do que já estava levantada e passou uma de suas mãos pela minha calcinha de renda, tocando com a ponta dos seus dedos os pequenos lábios.
Eu já não estava mais aguentando aquela tortura toda.
— Me fode, Dominic Murray! Quer que eu seja mais específ — Ele me interrompeu rasgando a minha calcinha e tirando a minha saia com pressa, jogando em qualquer lugar do quarto.
Ele se afastou um pouco de mim para pegar algo em uma cômoda, na primeira gaveta e eu já tinha até noção do que era.
Ele voltou com o preservativo e eu o ajudei a se livrar das roupas dele, assim como ele me ajudou a tirar a minha blusa. Peguei o preservativo da mão dele e olhei para o seu pênis ereto e céus... eu ainda não tinha provado e quando quis fazer isso pela primeira vez, foi na diretoria e nem deu porque tive que sair de lá praticamente correndo.
— Já vi isso antes e conheço esse olhar... não precisa meu anjo — Ele disse e quando eu iria dizer algo, ele pegou o preservativo de mim e rasgou o plástico com os dentes, e eu notei que ele foi bem cuidadoso ao fazer isso para não rasgar a própria camisinha e não demorou para que ele a colocasse no seu pênis. — Eu já tenho prazer ao ver você.
Ele levou suas mãos para a minha cintura, me posicionando e ficando de joelhos entre as minhas pernas. Vi ele pegar o seu membro pulsante, sem tirar os olhos de mim.
— Você é minha. — Ele disse e sem demora me penetrou, fundo, duro e molhado.
Dominic Narrando
Annabelle me deixa louco, ela estava se tornando um vício para mim. Ela entreabriu os lábios para gemer quando eu a penetrei, mas eu aproveitei para abafar seu gemido com um beijo, chupei a sua língua enquanto fazia os movimentos de vai e vem. Ela entralaçou suas pernas na minha cintura e eu fui ainda mais fundo nela.
Antes eu me movimentava lentamente, mas passei a acelerar os movimentos de vai e vem, que agora eram fortes, rápidos e bruscos. Ela levou suas mãos para a minha nuca e eu afastei meus lábios dos seus, vendo a mesma fechar os olhos.
Ainda não conseguia acreditar no quanto eu havia me apaixonado por essa mulher... seus cabelos agora bagunçados, as expressões de prazer em seu rosto, seus gemidos baixos... eu a quero tanto.
Estoquei mais rápido e fundo, sentindo ela agarrar os meus cabelos entre os seus dedos e morder o seu lábio inferior.
— D-Dominic... eu vou... — Ela gemeu e eu parei de me movimentar, vendo ela abri os olhos confusa e ao mesmo tempo frustrada por eu ter parado. Mas em um movimento rápido eu troquei nossas posições, deixando agora Annabelle por cima, segurei sua cintura e ela começou a rebolar lentamente.
— S-se mexa mais rápido meu anjo, não me torture assim... — Estava com a respiração ofegante e Annabelle não demorou para quicar em cima do meu pênis. Gemi, jogando a cabeça para trás.
Ela apoiou suas mãos delicadas no meu peito e eu a estoquei mais fundo e rápido, senti naquele momento que eu não estava longe de chegar ao ápice e assim como eu, a loira também não estava longe de chegar ao dela. E não aguentando mais, gozamos juntos.
Nossas respirações estavam aceleradas, ambos esgotados mas satisfeitos.
Me mexi para sair de dentro dela e jogar o preservativo no pequeno lixo que ficava próximo ao canto da cama. Ela estava com um sorriso nos lábios e eu a puxei para perto de mim, ela apoiou sua cabeça no meu peito e começou a passar os seus dedos como se estivesse desenhando algo sobre o meu peito.
— Queria poder ficar aqui, passar a noite com você. — Ela disse e ergueu um pouco a cabeça para me olhar.
— Manda a sua mãe ir passear — Digo já sabendo que ela só não iria passar a noite comigo porque a mãe dela não queria que ela passasse a noite fora de casa. Recebi um tapa fraco no meu ombro e sorri. — Mas não seria má ideia.
— É, não seria — Ela ri. — Mas e então... ?
— E então? — Pergunto e vejo ela me encarar.
— Vai me contar sobre o seu passado? — Ela perguntou e eu soltei um suspiro.
— Acho melhor não.
— Ah qual é Dominic? Por que não?
— Porque não Annabelle. — Digo mudando de ideia, falar sobre o meu passado era difícil para mim... e eu tinha medo da reação dela, se ela soubesse quem eu já fui há um certo tempo atrás e o que eu fazia.
— Certo... — Ela se afastou um pouco de mim e eu observei a mesma pegar um dos lençois que estavam dobrados em cima da cama. Ela desdobrou um lençol e voltou para perto de mim.
Ela beijou o meu peitoral e foi descendo pelo meu abdômen, parando perto da minha virilha.
— O que você
— Silêncio Dominic, vou conversar com alguém e olha... já faz um tempo que devo essa conversa a ele sabe? Na diretoria por exemplo, não deu tempo mas agora? Eu tenho todo o tempo do mundo e acredito que ele também tem então, não nos interrompa. — Ela sorriu puxando o lençol para ela a cobrindo e também me cobrindo da cintura para baixo.
A "conversa" começou quando senti os lábios dela contra o meu membro e foi inevitável não senti um arrepio percorrer pelo meu corpo.
Filha da mãe.
— B-Belle... — Raramente eu a chamava assim, mas naquele momento o que antes eu não queria que ela fizesse, agora eu queria e muito.
— Você não tem problema de audição, não é? Eu pedi para não nos interromper, é feio interromper uma conversa. — Ela passou sua língua pelo meu membro e eu tive um mini-espasmo por todo o corpo. Senti suas mãos delicadas e macias massagearem o meu pênis e aquilo estava me excitando.
Meu pênis voltou a pulsar enquanto Annabelle ainda fazia maravilhas com a sua boca. Ela só precisava ser um pouco mais rápida, só mais um pouco...
— Ah que pena... parece que a nossa conversa acabou. — Ela saiu debaixo do lençol, lambendo os lábios com um pouco do pré-gozo.
— C-como é? Annabelle, nunca pensei que você me torturaria desse jeito. — Digo e ela sorri irônica, parecia gostar de ver o quanto eu estava frustrado por ela ter parado antes de eu ter um orgasmo.
— Você ainda não viu nada. — Ela riu de canto.
De santa, Annabelle só tem a aparência.
— Vai me contar sobre o seu passado ou eu... tenho que deixar um trabalho inconclusivo? — Ela perguntou e eu bufei.
— Que chantagem, você é fogo em Annabelle — Digo e ela da um sorriso cínico. — Certo, você venceu. Eu irei te contar mas... não irei falar tudo, pelo menos não hoje. Passaríamos o dia todo falando sobre.
Pego o travesseiro que não estava longe de mim e o coloco abaixo da minha cabeça.
— Já matei muitas pessoas... — Pauso vendo Annabelle semicerrar os olhos. — Era a minha profissão na época, apesar de ser arriscada e perigosa, mas era o que eu fazia. Era bem pago para fazer o serviço mas... isso me distanciou um pouco da minha filha, da Scarlet e quando a mãe dela faleceu eu tive um pequeno surto. Se não fosse o meu tio, acho que eu não estaria mais aqui Belle.
— Está querendo me dizer que você já fui um ceifador? — Ela perguntou surpresa e eu confirmei com um aceno de cabeça.
— Mas eu não usava muito a foice, usava mais outras armas.
— Scarlet sabe disso?
— Sabe, a única que não sabe é a Kiara porém, contarei para ela quando ela estiver mais grandinha. Poucas pessoas sabem mas foi difícil para eu me afastar e parar de uma vez com isso tudo... na verdade, eu culpava o meu padrasto, o pai do Ramiro — Digo e solto um suspiro. — É, eu fui adotado pela melhor amiga da minha mãe quando tinha um ano de idade. Minha mãe nunca me quis e só me teve porque Rute implorou para que ela não me abortasse, que se minha mãe me colocasse no mundo a própria Rute faria questão de cuidar de mim e foi o que aconteceu. Minha mãe sumiu do mapa e eu me tornei um Murray, mas quem não me aceitou no começo e nunca me aceitou foi o marido de Rute, o senhor Miguel Murray.
— Nossa Dominic... — Annabelle disse com um tom de voz triste e voltou a se deitar, ficando do meu lado.
Lembrar do meu padrasto me fazia ter raiva dele, era um homem ruim e enquanto a Rute, a mulher que me acolheu e cuidou de mim como se fosse um filho para ela, ela me amava.
— Rute já tinha um filho de três anos que era o Ramiro e segundo ela, eu e o Ramiro na primeira vez que nos conhecemos éramos inseparavéis. Mas o senhor Murray não gostava de nos ver juntos, sempre me afastava do Ramiro e dizia que eu era um intruso, que nunca seria um irmão para o Ramiro... eu cresci ouvindo isso dele e muito mais. Ele não disfarçava que me odiava e nem fazia questão de disfarçar. — Digo e olho para Annabelle que parecia pensativa. — O que foi meu anjo?
— Não é que... eu insisti para que você contasse sobre o seu passado e você não queria, e agora eu entendo o motivo. Me desculpe Dominic por te fazer relembrar isso tudo de novo. — Ela disse se sentindo culpada e eu a puxei para mais perto de mim, dando um selinho demorado nos seus lábios.
— Não peça desculpas, isso já é passado. E uma hora ou outra eu iria te contar mesmo... e olhe que isso não é nem a metade. — Digo e ela acaricia o meu rosto.
— Então deixe para me contar o resto quando se sentir bem.
— Eu me sinto bem para te contar o resto hoje mesmo, mas antes a minha recompensa... pelo seu trabalho inconclusivo. — Digo passando minha mão pela bunda dela, apertando com vontade e a vejo sorri.
— Depois eu é que sou fogo, não é mesmo? O fogoso aqui é você. — Ela riu baixo e foi se posicionando lentamente sobre o meu corpo.
Sorri e mais uma vez beijei os seus lábios. Se esse era o momento certo para dizer a ela que eu tenho certeza de que a amo? Eu não sei, mas quando percebi já havia falado.
— Eu te amo Belle. — Sussurro e ela sorri.
— Eu também te amo Dominic.
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Espero que tenham gostado, votem e comentem...
Demorei, mas voltei
e com três capítulos!!
E irei postar ainda também +dois
capítulos extras, na verdade,
acho que serão três...
mas será sobre o
passado do Dominic e
também sobre o passado da
Raquel. Se quiserem saber
mais sobre o passado deles, vocês
irão saber nesses capítulos
extras.
Boa leitura!
Bjooooooooos✨
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