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ꕥ Capítulo 34 ꕥ

Fishermans Beach
• 09:17AM

Annabelle Narrando

Estou tão angustiada no momento, não acredito que o meu cachorro realmente se foi... a minha ficha só está caindo agora porque eu, minha mãe, Zípora e Scarlet estamos na areia olhando para o mar e eu estou segurando uma urna hidrossolúvel onde se encontram as cinzas de Trovão... sim, foi um pedido de Zípora para que o corpo dele fosse cremado e eu concordei com a decisão dela.

Mesmo minha mãe e Scarlet não sabendo disso, elas pensavam que eu havia tomado aquela decisão sozinha mas ambas não sabiam que Trovão tem uma irmã e que ela se encontra agora ao meu lado, tentando ser forte assim como todas nós.

Foi escolha de Zípora também de virmos aqui a essa praia jogar as cinzas de Trovão, é um lugar tranquilo e distante de onde todas nós moramos.

Minha mãe me informou que os veterinários disseram que o Trovão tinha uma doença chamada cardiomiopatia dilatada e isso o acabou levando a uma morte súbita.

Respirei fundo e caminhei na direção do mar em passos lentos, quando a água do mar já estava perto dos meus joelhos logo eu coloquei a urna no mar, observando as águas a levarem para longe de mim. Senti meus olhos encherem de lágrimas mais uma vez naquele dia e só agora a minha ficha estava caindo.

O Trovão se foi...

Voltei para a areia da praia e escutei o som de trovões, olhei para o céu que antes estava querendo nublar e agora já se encontrava completamente nublado. Desviei o olhar do céu e olhei para a Zípora que abraçava o próprio corpo e olhava para o mar, me aproximei de minha mãe e de Scarlet que assim como Zípora olhavam para o mar.

Estava atenta a qualquer sinal de Zípora pois poderia chover a qualquer momento. Não demorou para que eu sentisse as gotas de chuva pingarem em minha pele, minha mãe tocou no meu ombro e eu a olhei, seus olhos estavam um pouco inchados pelo choro e ela logo deu as costas indicando que deveríamos ir.

Ela caminhou para fora da areia e eu olhei para Scarlet que havia ficado tão incrédula quanto eu, quando contei para ela sobre o Trovão. A ficha dela parecia que estava caindo agora, assim como a minha... ela desviou o olhar do mar para me olhar e apoiou sua mão no meu ombro.

Não dissemos nada apenas nos abraçamos, encostei meu queixo no seu ombro e senti a mesma passar a mão nas minhas costas.

— Seja forte Belle. — Ela sussurrou no meu ouvido e eu assenti fechando os olhos e sentindo os pingos da chuva engrossarem.

Nos separamos do abraço e olhamos para o céu.

— É melhor irmos para o carro da sua mãe. — Scarlet disse com a voz embargada e eu concordei enxugando as minhas lágrimas.

Olhei para a Zípora que parecia não se importar com a chuva.

— Pode ir na frente... só vou falar com ela.

— Quem é ela? Uma prima sua? — Scarlet perguntou em um tom de voz baixo.

— Se eu te dissesse que ela é a irmã do Trovão você acreditaria? — Olho para Scarlet que agora pareceu surpresa e direcionou seu olhar para Zípora que mantinha sua atenção no mar. — Falarei sobre ela com você depois.

Scarlet assentiu e olhou com dó para Zípora, com certeza desejava dizer que sentia muito mas preferiu me deixar a sós com a mulher de cabelos azuis.
Me aproximei de Zípora e apoiei minha mão no seu ombro tentando consolá-la.

— Você vai agora? — Pergunto e Zípora solta um suspiro.

— Vou... Belle posso te dizer uma coisa antes de mim ir para o meu carro? — Ela perguntou se virando para me olhar e eu confirmo sua pergunta com um aceno de cabeça. — Eu ainda não consigo acreditar que o meu irmão se foi, eu pareço está sendo forte agora mas por dentro... por dentro eu estou destruída e muito abalada e eu sei que você me entende porque você também está se sentindo do mesmo jeito. Mas o que eu quero dizer ou melhor te pedir, é que tome cuidado.

Afastei minha mão do ombro dela e já começava a sentir os meus cabelos ficando úmidos e percebi os cabelos azuis de Zípora também ficarem úmidos, assim como suas vestes.

— Estou ligando os pontos agora e percebo que seu irmão faleceu há alguns meses atrás, depois eu soube pelo Trovão que a amiga da sua mãe também acabou falecendo há um semana atrás graças a um acidente e agora... o meu irmão também faleceu — Ela disse e eu olhei para ela confusa. — Eu não sei você, mas eu não sei se acho tudo isso muito estranho ou apenas uma coincidência. Se for parar para pensar, foram mortes praticamente uma atrás da outra.

— Não entendo aonde você quer chegar com isso. — Sou sincera e Zípora cruza os braços e volta a olhar na direção do mar.

— É melhor não entender... deixa isso para lá, estou muito angustiada com a morte do meu irmão e eu prefiro me calar para não falar coisas da qual não tenho certeza. É melhor nós irmos agora.

Saímos da areia da praia e o caminho foi silencioso. Enquanto eu caminhei na direção da minha mãe e de Scarlet, Zípora caminhou na direção do seu próprio carro e não demorou para entrar e dar partida. Eu e Scarlet logo entramos dentro do carro da minha mãe pois a chuva passou a se intensificar, e minha mãe também entrou dentro do carro e se sentou no banco do motorista, em seguida ela deu partida.

Olhei a vista através da janela do carro para tentar me distrair mas não adiantou muito. Eu só conseguia pensar no meu cachorro, no meu Trovão, era como um melhor amigo que eu nunca tive... como vai ser difícil para mim... vai ser difícil chegar em casa e não encontrá-lo deitado em cima do sofá ou entrar no meu quarto e vê-lo deitado em cima da minha cama.

Fechei os olhos tentando não chorar de novo, não queria mais chorar ali mas eu tinha certeza de que quando eu chegasse em casa e entrasse dentro do meu quarto... eu não iria aguentar segurar mais as lágrimas.

Zípora Narrando

Demorei para chegar na minha casa e quando cheguei, cheguei angustiada, cansada e não conseguia tirar o meu irmão da cabeça. Me sentei na minha cama e comecei a me lembrar das vezes em que ele esteve aqui para conversar comigo e falar como estava indo a sua vida com a Belle.

Também comecei a me lembrar de quando a nossa mãe o teve, eu tinha dois anos quando ele nasceu e quando ele completou quatro meses de vida, demonstrou ser um cachorro muito esperto. Nossa mãe infelizmente faleceu quando deu a luz ao Trovão e eu tive que cuidar dele... foram meses difícies nas ruas para mim e para ele, mas eu não sabia que iria piorar quando aquele velho nos visse na rua e chamasse a nossa atenção. Ele pareceu tão confiável ao nosso ver, nos oferecendo comida de madrugada na rua e como eu e Trovão estávamos com fome... simplesmente fomos atrás dele.

Fomos, mas mal sabíamos nós dois que nossas vidas iriam mudar a parti daquele momento. Me arrependi tanto de tê-lo deixado com aquele velho maluco, nem sabia que as loucuras daquele velho maluco poderiam resultar em poderes para mim, poderes que eu não pedi mas que eu também não os odeio.

Afinal, sou agora o que sempre desejei ser, uma humana. E apesar de não ter sido fácil quando me transformei em uma... tive a sorte de conhecer um homem estando em minha forma real e ele tinha uma filha, inclusive foi ela que me achou na rua depois que fugi da casa do velho maluco.

Ela me achou na rua e quis me levar para a casa dela. Mas ela não conseguiu chegar na casa dela comigo, quando ela iria atravessar a rua para ir para a casa dela, um caminhão apareceu do nada e totalmente fora de controle, e quando olhei para ela, ela me empurrou para o outro lado me fazendo parar perto da porta da casa dela e eu fiquei desesperada em ver que não deu tempo dela correr pois o caminhão acabou batendo nela.

O caminhão iria bater em nós duas mas ela me salvou... é uma cena que vi e que jamais esquecerei. Era só uma adolescente e tinha tanta vida pela frente... eu lembro que ainda fui até ela que estava no chão e muito ferida, tive que latir para chamar a atenção das pessoas que estavam dentro de casa já que não tinha ninguém na rua. O pai dela foi o primeiro a sair, depois saíram outras pessoas e foi quando chamaram a ambulância.

Eu não sai de perto dela nem quando tentaram me afastar, só sai quando a ambulância chegou para levá-la. Ela ficou internada durante alguns dias mas os ferimentos foram tão graves que ela não resistiu, eu mal havia acabado de conhecer aquela garota mas lamentei muito a morte dela. O pai dela acabou me adotando e disse que eu seria como uma filha para ele, já que eu era um cadela mesmo.

Foram tantas semanas pensando e descobrindo que eu tinha poderes, aprendendo a controlá-los que... acabei tomando uma decisão.

Decidi que não queria mentir para aquele homem que estava sofrendo tanto com a perda da filha e acabei revelando um dos meus poderes, lembro que peguei um lençol e coloquei em cima do meu corpo e assim consegui me transformar em humana.

Ele ficou tão surpreso e assustado que eu pensei que ele iria passar mal mas eu consegui tranquilizar ele e explicar tudo. Foi difícil mas eu consegui e quando eu disse toda a verdade, eu pedi que ele mantivesse os meus poderes em segredo e ele concordou... e ele não falhou comigo, foi como um avô que eu nunca tive e levou o meu segredo para o tumúlo.

Era engraçado quando ele queria saber se alguém estava mentindo para ele, ele sempre me mandava ler os pensamentos desse alguém e quando descobria que esse alguém estava mentindo ele começava a xingar de um jeito engraçado que só ele sabia. Nunca imaginei que ele seria capaz de deixar tudo o que ele tinha para mim, inclusive foi ele quem me ensinou tudo que eu precisava saber sobre os humanos, como agir como um e o que costumam fazer.

Escutei meu celular tocando em cima da minha cama e logo o peguei, era o Leandro... depois eu ligo para ele. Não estou afim de conversar com ninguém no momento.

Me levantei da minha cama e fui até o espelho do meu quarto que ficava próximo a porta. Me analisei no espelho e em seguida encarei a mim mesma vendo como eu realmente era através do espelho, eu era um pouco parecida com Trovão e ver minha forma real agora no espelho... me fez lembrar dele... parei de me olhar no espelho e pensei em meu irmão.

Não estava conseguindo acreditar que ele se foi e não consigo acreditar que ele tinha aquela doença que Belle me contou. Trovão pode ter escondido algumas coisas de mim mas eu tenho certeza que se ele estivesse doente mesmo ele me contaria, não consigo entender porque ele não me contou sobre isso.

E o que também não consigo entender foram aqueles códigos que ele me disse, não faço ideia do que significam.

Olhei na direção do criado mudo perto da minha cama e fui até o mesmo, peguei a minha agenda de capa azul claro que estava fechada e logo a abri. Passei algumas páginas e parei quando cheguei em uma página que eu havia anotado os dois códigos que Trovão havia dito.

1 código: MPMSVE
2 código: Orimar

Antes eu pensei que ele estava brincando, mas agora... agora eu não irei descartar nada. Se de uma coisa eu tenho certeza é de que Trovão sabia de alguma coisa, aliás, de muitas coisas mas quis ocultar de mim.

Esses códigos podem significar alguma coisa, mas o primeiro eu me lembro que ele me disse quando estávamos falando sobre a mãe da Belle e ele disse que iria começar a investigar Yandra mas a Belle não poderia saber então, provavelmente esse primeiro código pode ter algo a ver com Yandra. Já o segundo código ele criou quando eu estava falando que Leandro era meu namorado... não faço ideia se Trovão conheceu algum homem com o nome Orimar.

Eu só sei de uma coisa, eu vou descobri o que significam esses dois códigos e também irei descobri quem assassinou a irmã da Belle. Algo me diz que Yandra sabe de muitas coisas e eu só vou descansar quando descobri tudo o que desejo saber.

Como eu disse, a parti de agora não irei descartar nada.

Cinco dias depois...

Annabelle Narrando

Eu nunca pensei que iria sofrer tanto com a perda de um cachorro, sério... está sendo tão difícil que toda vez que me lembro dele e dos momentos que passamos juntos, simplesmente acabo chorando.

Faziam cinco dias que eu não saia do meu quarto, se me levantei da cama só foi para tomar banho ou beber água quando sentia sede. Não estava conseguindo nem ao menos comer direito, não sentia tanta fome e minha mãe fazia de tudo para que eu pelo menos conseguisse beber um copo de suco.

E eu bebi... nesses últimos dias eu estava tomando mais líquido do que comendo, mas graças a Deus consegui comer hoje de manhã, pouco mas comi. Minha mãe fez uma sopa e eu consegui comer tudo porque desde o dia que Trovão faleceu eu não estava conseguindo comer nada, não estava nem se quer sentindo muita fome.

Segundo minha mãe eu também fiquei assim quando Annabel faleceu... enfim, o que importa é que estou conseguindo comer alguma coisa e só hoje resolvi sair do meu quarto e também de casa. Minha mãe se preocupou mas eu disse que queria sair e ficar sozinha, e que não iria demorar para voltar para casa.

Hoje já é segunda-feira e já faz alguns dias que não fui a escola, mas pretendo ir amanhã pois já faltei demais e não é bom estar faltando tanto. Terei que ser forte para consegui me concentrar em todas as aulas... eu sei que essa dor vai passar, infelizmente não é da noite para o dia mas eu sei que irá passar.

Nesse momento estou caminhando pelas ruas em que eu pedi para o uber me deixar. Pretendo ir a uma praça que fica distante da minha casa porque lá é tranquilo e não tem muita movimentação de pessoas, por isso pedi o uber para que me trouxesse a essa rua em que estou caminhando agora. A praça não fica tão longe assim e logo estarei lá.

Continuei caminhando quando avistei um garoto saindo de casa com um cachorro poodle, o cachorro parecia contente pois estava abanando o rabo e olhando para o seu dono que era o garoto que só sabia rir dele. Logo o garoto colocou uma coleira no seu cachorro e eu deduzi que eles iriam passear.

Ele saiu segurando a coleira do seu cachorro e os dois começaram a caminhar, passei por eles mas me assustei quando senti algo encostando na minha panturrilha. Olhei para trás e o cachorro havia encostado seu focinho úmido na minha panturrilha e logo o dono dele o afastou de mim.

— Desculpe senhorita, ele gosta de fazer isso. Eu já te disse que não pode fazer isso Totó — Ele repreendeu o cachorro dele e vi o cachorro agora aproximar o focinho do chão, como se quisesse farejar algo.

— Tá tudo bem, não brigue com ele — Digo olhando para o cachorro poodle. — Ele é manso?

— Sim, sim.

Me abaixei para fazer carinho na cabeça do cachorro e foi acariciando seus pelos brancos e macios que me lembrei de Trovão. Eu gostava tanto de fazer carinho nele.

— Você só tem ele?

— Sim, até tentei ter outro mas Totó tem ciúmes quando me aproximo de outro cachorro, ele quer ser o único e... ele é. É como se fosse um amigo que eu nunca tive entende?

Voltei a ficar de pé e olhei para o garoto a minha frente.

— Entendo... cuide bem dele e aproveite muito todos os momentos com ele, porque não se sabe o dia de amanhã... — Digo fazendo uma pausa e o garoto assente me olhando preocupado.

Com certeza minha tristeza era notável e antes que ele me fizesse qualquer pergunta, eu me despedi dele e segui o meu caminho. Caminhei por mais alguns minutos até que cheguei na praça em que eu desejava chegar.

Estava tranquila e pouco movimentada. Caminhei na direção de um banco na cor marrom e logo me sentei.

Fiquei olhando a movimentação de alguns carros que passavam na pista e em seguida coloquei a minha mão no bolso do meu short jeans, retirando de dentro a coleira de Trovão. Analisei a mesma por um bom tempo e senti meus olhos encherem de lágrimas ao me lembrar do meu cachorro... eu estava sentindo tanta falta dele.

Se ele estivesse aqui já estaria conversando comigo... eu nunca mais irei escutar a voz dele. Olhei para o céu que estava nublado e respirei fundo.

— Annabelle?

Fechei os olhos fazendo com que as lágrimas rolassem pelas minhas bochechas. Reconheci a voz que pronunciou o meu nome naquele momento e não demorou para que eu sentisse o dono da voz se sentando perto de mim.

Abaixei um pouco a cabeça e abri os olhos, rapidamente enxuguei minhas lágrimas não querendo que ele me visse chorando. Senti seu braço forte se apoiar envolta dos meus ombros e eu o olhei.

— Está sendo tão... tão difícil — Digo não conseguindo segurar as lágrimas e voltando a chorar encostando minha cabeça no seu peito.

— Minhas sinceras condolências — Senti a mão dele acariciando as minhas costas e me trazendo para mais perto dele.

Passo um tempo com a cabeça encostada no peito dele e quando consigo me controlar, me afasto um pouco dele e olho para o mesmo.

— Espera, o que você está fazendo aqui? — Pergunto agora percebendo que ele havia aparecido ali de repente. 

— Na verdade eu não esperava te encontrar aqui, ainda mais nesse bairro... faz um tempo que não nos vemos — Ele disse tocando no meu rosto. — Estou vendo o quanto você está sofrendo com a perda do seu cachorro. Scarlet me contou tudo quando ela telefonou para você no dia em que... enfim.

— Ah Dominic... eu nem consigo acreditar as vezes que ele morreu mesmo — Digo e começo a contar como tudo aconteceu e como foi a minha reação ao encontrar o meu cachorro morto em cima da minha cama. — Foi um choque para mim, de verdade... não sei se vou consegui superar isso.

— Você era muito apegada a ele, quem conhece você sabe disso e eu sei que não deve estar sendo nada fácil para você digerir tudo isso ainda — Dominic colocou uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha. — Mas acredite em mim, com o tempo... a dor diminui. Eu sei exatamente como é a dor da perda, você precisa ser forte Annabelle e eu sei que você é — Ele disse me olhando nos olhos e eu dei um sorriso fechado. — Conte comigo para qualquer coisa.

— Obrigado... — Digo e ele iria me puxar para um abraço mas eu neguei com a cabeça. — Não é uma boa ideia.

— É verdade — Ele da um sorriso fechado e olha para a pista observando alguns carros passarem.

Continuo olhando para ele e eu estava tentando me controlar ao máximo, eu só poderia estar muito vunerável para querer sentir os braços dele novamente me puxando para um abraço, me confortando... me aproximei mais dele e encostei minha cabeça no seu ombro.

— Eu não deveria estar fazendo isso.

— É saudades. — Ele provocou e nossos olhares se encontraram mais uma vez.

— Não é não... você sabe o que combinamos, éramos para continuarmos afastados e agora estamos aqui juntos e nos arriscando.

— Eu confesso que tive que me controlar muito para não te ligar, queria saber como você estava... eu queria te ver — Ele disse olhando para mim e eu senti meus olhos marejarem. — Não chore Annabelle.

— Não tem como — Desvio o olhar dele. — Eu sei que não estou só, mas sinto que posso ficar... eu perdi uma das melhores companhias que já tive, o meu cachorro era tudo para mim — Senti Dominic tocar no meu queixo, o erguendo e me fazendo olhar para ele. — E-eu... eu não quero perder mais ninguém que amo.

— Você não vai perder mais ninguém. Eu sei o que combinamos mas não vai dar para seguir em frente com isso, eu não vou consegui e você também não — Ele disse e eu olhei para os seus lábios e ele não demorou para me beijar. Fechei os olhos sentindo as lágrimas que antes eu segurava, descerem pelas minhas bochechas.

De alguma forma, eu não sei como, mas Dominic conseguiu me acalmar com o seu beijo calmo e eu estava com saudades dos seus beijos e acabei intensificando ainda mais.
Mas não durou por muito tempo pois o celular dele começou a tocar e nós precisamos parar.

Ele pegou o celular dele e atendeu a ligação.

— Já estou na farmácia... na verdade estou saindo agora mas o trânsito não está muito bom... sim irei demorar um pouco, mas irei chegar... certo... aguente mais um pouco, tchau. — Ele terminou de falar e vi quando ele desligou a ligação. — Era o meu irmão.

— Hum... ele está doente?

— Ele tem enxaqueca.

— Nunca tive mas já ouvi dizer que é horrível.

— E é mesmo.

— Você mentiu dizendo que já estava saindo de uma farmácia. — Digo me afastando um pouco dele e vejo o mesmo guardar o celular no bolso de sua calça.

— Não poderia dizer a ele que estava com você... enfim, quer que eu te leve em casa?

— Ah não, irei ficar mais um pouco por aqui — Digo e olho para a coleira de Trovão que eu segurava com a mão esquerda. — Preciso ficar um pouco sozinha, mas antes que você vá embora... como chegou até aqui?

— Sabe esses prédios? — Ele perguntou desviando o olhar de mim e olhando para o outro lado da pista, onde tinham vários prédios. — Por trás desses prédios tem uma rua, do outro lado dessa rua tem vários apartamentos e é em um desses apartamentos que Ramiro mora. Ele me ligou dizendo que não estava se sentindo bem e eu deixei o vice diretor no comando hoje lá na MHS para vim ver como meu irmão estava, ainda o acompanhei até o hospital e voltamos quase agora só que o médico recomendou alguns analgésicos para que Ramiro pudesse tomar porém, os analgésicos na casa de Ramiro estão em falta... — Dominic fez um sinal de negação com a cabeça. — Eu disse que iria na farmácia comprar e quando dobrei a rua e vim dirigindo por essa pista, avistei você aqui sentada nesse banco e nessa praça. Pensei até que estava vendo coisas, tive que deixar meu carro estacionado do outro lado da praça porque não pode estacionar desse lado em que estamos.

— Você tem uma visão e tanta — Dei um sorriso fechado e ele me olhou.

— Sou muito observador.

— Estou vendo — Digo e ele acaricia o meu rosto, fecho os olhos ao sentir o carinho do mesmo. — Nunca imaginei que você fosse assim.

— Assim como?

— Do tipo... carinhoso. — Arrisco abrindo os olhos e o vejo dar um sorriso fechado.

— Nem eu mesmo sabia disso Annabelle. Eu não sei mas... com você é diferente, você me faz fazer coisas que eu jamais pensei que teria coragem de fazer — Ele disse e consegui sentir um pouco de felicidade no peito, não sentia felicidade desde que Trovão faleceu. — Enfim, vou te deixar sozinha, tenho que ir a farmácia antes que Ramiro me ligue mais uma vez — Ele afastou sua mão do meu rosto e eu senti falta da mesma assim que ele a retirou. — Me prometa que não irá ficar até tarde aqui, no fim da tarde essa praça é um pouco perigosa.

— Pode ir, e... eu prometo que não ficarei até tarde aqui. — Digo e ele beija o topo da minha cabeça e em seguida se levanta do banco.

Mas antes que ele fosse eu pego em sua mão, o fazendo voltar a me olhar mais uma vez.

— Não vou tomar muito o seu tempo, mas como Scarlet está? Ela está indo para a escola?

— Está sim, mas não está diferente de você. A morte do seu cachorro também mexeu muito com ela, ela acabou se apegando a ele também... ela só não teve coragem de contar para Kiara ainda. Eu quis contar mas Scarlet disse que tomaria coragem para contar a ela... Kiara também estava se apegando ao... Trovão. — Dominic disse com pesar e eu soltei a mão dele e passei a olhar para a pista.

— Scarlet não precisa contar nada para Kiara... eu mesma irei contar para ela e será amanhã — Digo e volto a olhar para o Dominic. — Amanhã volto para a MHS e quando as aulas terminarem, irei com Scarlet para a sua casa.

— Certo, Kiara irá ficar muito triste quando souber e eu gostaria de estar em casa para ajudar a consolar minha filha mas não estarei... infelizmente. Amanhã haverá uma comemoração a noite de um colega e eu e Ramiro fomos convidados, infelizmente não podemos faltar. — Ele disse cruzando os braços e vi o mesmo morder o lábio inferior.

A mesma mania que Scarlet tem, ele tem também e eu achava isso tão fofo. Os dois terem a mesma mania quando querem dizer algo e ao mesmo tempo não querem, eles simplesmente mordem o lábio inferior.

— O que você quer dizer?

— Eu? Nada — Ele respondeu e eu o olhei desconfiada. — Por que pensa que eu quero dizer alguma coisa? 

— Eu não sei — Dei de ombros e ele franziu as sobrancelhas quando me olhou.

— Estou vendo que não sou o único observador aqui. — Ele disse e eu dei um sorriso fechado. — Talvez eu gostaria de ter dito que gostaria de te levar para um lugar que costumo ir para pensar, um lugar tranquilo e calmo.

— Me levaria?

— Talvez... mas apenas quando você quiser, imagino que não queira sair para lugar algum no momento.

— E você está certo — Digo e ele olha a hora no seu relógio de pulso. — Pode ir Dominic... foi bom te ver de novo.

— Digo o mesmo e mais uma vez... meus pêsames pelo seu cachorro.

Ele se despediu de mim e foi embora, me deixando sozinha e eu olhei para a coleira de Trovão, me lembrando da última conversa que tive com ele naquele lugar em que ele me levou de madrugada.

"Belle... a atração está dando lugar a outro sentimento e você sabe bem qual é."

E você estava certo Trovão, eu acho que realmente estou começando a gostar do Dominic, do pai da minha melhor amiga...

Dominic Narrando

Ter encontrado Annabelle naquela praça parecia até um sonho, um sonho muito louco mas na verdade não era sonho e sim realidade. Vê-la de novo e estar perto dela me fez se sentir tão bem, mas também me fez se sentir triste por ela, o luto que ela estava passando não estava sendo fácil.

Nunca tive animal de estimação mas Ramiro já teve um cachorro e quando esse cachorro morreu de dirofilariose, Ramiro ficou arrasado e eu também porque tinha me apegado ao cachorro dele. Pensava até em adotar um mas depois disso... eu não quis.

Perder uma animal de estimação é como se estivesse perdendo alguém da família e alguém muito próximo, o que torna tudo mais difícil.

Depois que me despedi de Annabelle, voltei para o meu carro que estava estacionado no outro lado da praça e fui para a farmácia. Comprei os analgésicos que meu irmão iria precisar tomar e também alguns saches de chá que ele havia pedido na ligação.

Tive que dirigir por outro caminho para chegar ao apartamento de Ramiro então, não passei pela praça. Só quando eu for embora agora.

Quando cheguei ao apartamento de Ramiro, fechei a porta e logo caminhei na direção do quarto dele. O mesmo estava deitado em sua cama e olhando para o teto, mas ao me ver entrar em seu quarto segurando uma sacola branca e média com os analgésicos dentro, ele se sentou em sua cama e me olhou.

— Finalmente! — Me aproximei de sua cama e entreguei a ele a sacola com os analgésicos. — Isso... peguei até mesmo a jarra de água e um copo também.

Ele foi tirando um comprimido de uma das cartelas e eu o ajudei colocando um pouco da água gelada da jarra no copo de vidro. Entreguei para o Ramiro que logo ingeriu o comprido com um pouco da água gelada.

Ele me entregou o copo e eu coloquei o copo ainda com um pouco de água, em cima do criado mudo, onde também se encontrava a jarra de água. Me sentei na cama perto de Ramiro e ele passou a mão nos seus cabelos.

— Como se sente?

— Estou melhorando... — Ele disse e voltou a se deitar. — Onde você estava?

— Você sabe onde eu estava, que pergunta é essa agora? — Perguntei e ele me olhou desconfiado.

— Dominic... a mim você não engana irmão. Você poderia até estar na farmácia quando eu te liguei mas isso não explica a sua demora. O trânsito daqui nunca esteve ruim nas segundas-feiras, o que me faz pensar que você estava com alguém e inventou essa mentira para não me dar explicações... vamos, estou certo?

Eu não deveria ter falado do trânsito desse bairro sabendo que Ramiro conhece as ruas desse bairro muito bem.

— Você está certo.

— Eu sabia — Ele comemorou e apoiou seu braço em cima da sua barriga. — E com quem você estava? Sua futura namorada? — Ele pergunta e eu rir de canto.

Quem dera se fosse.

— Quer mesmo saber com quem eu estava? — Pergunto olhando para o Ramiro que já me olhava curioso.

— Mais é claro meu irmão, você provavelmente está se envolvendo com alguém e ainda me pergunta se eu quero saber quem é esse alguém? É claro que eu quero saber quem é Dominic. Você não é um homem fácil de se conquistar, eu posso confirmar isso porque fui o que mais tentei desenrolar mulheres para você. Então me diga, quem foi essa mulher que conseguiu te conquistar?

— Annabelle, Annabelle Vandervort.

Ramiro arregalou os olhos e em seguida começou a rir.

— Você não brinca com uma coisa dessas Dominic — Ele disse ainda rindo e quando ele percebeu que eu não estava rindo, seu semblante mudou, ficando agora surpreso e colocando sua mão direita na testa. — Meu Deus Dominic...

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Espero que tenham gostado, votem e comentem...
 
             As saudades do Trovão 🤧✨


Bjooooooooos✨

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