Annabelle Narrando

Assim que vi que era Scarlet quem ligava para Dominic, me levantei rapidamente da cama dele e em seguida fiquei de pé. Quase cai no chão pois sentia minhas pernas um pouco bambas e minha vagina levemente dolorida... Dominic soube de fato me satisfazer e me dar prazer, não tem nem como compará-lo com o imbecil do meu ex.

Respirei fundo e comecei a pegar minhas roupas que estavam jogadas pelo chão e quando as recolhi, o celular de Dominic parou de tocar. Eu rapidamente procurei pelo banheiro no quarto somente com o olhar e o encontrei do outro lado do quarto, a porta estava aberta e eu apressei os passos na direção do banheiro.

Entrei no mesmo e fechei a porta que era de cor azul escuro. Me limpei e comecei a me vestir, minha vontade era de tomar um banho mas não iria dar tempo... me vesti praticamente às pressas e arrumei os meus cabelos que estavam um pouco bagunçados.

Sai do banheiro dando um nó mais firme na lateral da minha saia e olhei para o Dominic que agora estava sentado em cima da cama e ainda completamente nu. O mesmo mexia no celular mas quando me viu sair do banheiro, parou de mexer no celular e ficou me olhando.

Já eu evitava olhar para ele porque se eu continuasse olhando para ele daquele jeito, eu iria querer de novo... e eu não podia, eu não posso.

— Era isso que eu temia. Você não consegue nem me olhar, está arrependida? — Ele perguntou e eu caminhei na direção da camisa dele que estava no chão e peguei a mesma.

Entreguei para ele e antes que eu me afastasse dele, ele pegou no meu pulso.

— Annabelle...

— Não, eu não estou arrependida. — Digo olhando nos olhos dele para que ele sentisse que eu estava sendo sincera.

Ele soltou o meu pulso e eu soltei um suspiro, me sentei na beirada da cama e encarei o chão.

— Não me arrependo de nada Dominic, eu gostei tanto... o que é um problema. — Digo rindo de canto e olho para ele.

Sua camisa agora estava em cima de suas coxas e cobria o seu membro e isso me ajudou um pouco para não olhar muito para aquela área.

— Um problemão no seu ver.

— E no seu não é? — Pergunto e ele toca no meu rosto.

— Sinceramente, eu temo na verdade e sinto que posso afetar sua amizade com a minha filha e eu não quero isso. — Ele foi sincero e eu toquei na mão dele.

— Scarlet é importante para mim, é uma das pessoas que eu mais converso e confio. E ela confia em mim também, o que me dói porque eu estou escondendo isso dela... temos uma confiança muito grande uma na outra e eu estar escondendo, mentindo para ela porque se ela soubesse que eu me envolvi com você... não gosto nem de pensar. A confiança que temos uma na outra, com certeza acabaria na hora.

E temo que não seria só a confiança que acabaria entre nós, eu perderia a única pessoa quem pude chamar de amiga.

— Eu sei disso e acho a amizade de vocês duas incrível... e é por isso que acho melhor não nos envolvermos mais e nos mantermos afastados. — Ele disse afastando sua mão do meu rosto e eu senti falta da mesma repousando por ali.

Foi triste escutar isso mas sabíamos que tinha que ser assim.

— É... é melhor assim... — Digo e quando eu iria me levantar da cama dele o mesmo me puxou para um beijo.

Um último beijo. Só paramos porque o próprio Dominic parou o beijo e finalizou com um selinho demorado.

— Vá Annabelle. — Ele desviou o olhar de mim e eu senti que não era a única que iria sentir falta daquilo.

Me levantei da cama dele e respirei fundo, estava reunindo todas as forças que me restavam para sair daquele quarto porque se eu não saísse, era capaz de tudo se repetir novamente.

Mas já que eu e Dominic tomamos essa decisão, teremos que cumpri-la. Abri a porta do quarto dele aos poucos pois queria verificar se havia alguém no corredor e como não havia, foi a minha chance de sair do quarto dele e infelizmente... sem olhar para trás.
Não duvido de mim quando estou digamos que an... desejando demais o que não posso ter. Se eu olhasse para trás eu provavelmente voltaria para dentro daquele quarto mais uma vez.

Caminhei pelo corredor escutando a música alta novamente e abracei meu próprio corpo.

Ah Dominic... se eu já não conseguia tirar você e os seus beijos da minha cabeça, agora que me entreguei para você, vai ser mais complicado ainda.

Passei pelo quarto de Kiara não escutando muita coisa, apenas uma música calma. Me aproximei da porta e estava prestes a abri-la quando escutei alguém me chamando.

— Annabelle? Eu não tinha te visto ainda. Está muito bonita. — A mulher disse me elogiando e eu dei um sorriso fechado.

— Ah obrigada Izzy, você também está muito bonita.

— Iria entrar?

— Ah eu iria, meu cachorro está ai dentro também e eu iria ver como ele e Kiara estão.

— Não se preocupe, eu estou olhando eles. Vai curtir a festa — Ela deu um sorriso gentil e eu agradeci com um aceno de cabeça.

Quando eu iria me afastar dela, a mesma me chamou.

— Annabelle você poderia dar uns conselhos a Scarlet?

Conhecendo minha amiga já até imaginei o que a empregada queria dizer com aquilo.

— Qual foi a loucura que ela cometeu agora?

— Você não estava lá embaixo quando aconteceu? — Ela perguntou estranhando e lá vou eu contar mentiras.

— Eu estava no banheiro e com muita dor de barriga, sério, pensei que não fosse sair do banheiro nunca. — Digo passando a mão na barriga e Izzy me olha com dó. — Mas eu já estou bem, deve ter sido algo que eu comi em casa e que me fez mal.

Ela assentiu e não demorou para contar o que Scarlet havia aprontado. O resumo de tudo: Scarlet bebeu e não foi pouco, acabou ficando com a Samara de novo e segundo a Izzy, ela dançou e ficou andando agarradinha com a Samara também... Samara do nada ganhou um soco da Scarlet, que pediu desculpas e depois ficou agarrada de novo com a garota.

Scarlet está alcoolizada e quando estiver sóbria amanhã, irá querer se jogar da ponte.

Na segunda-feira...

06:50AM

Nesse momento estou a caminho para a escola, minha mãe como de costume sempre me levou. Graças a Deus ela não quis levar o Trovão para a floricultura hoje e quando eu pensei que o meu cachorro viria comigo para a escola, ele disse que não estava afim e que hoje ele queria ficar em casa mas que qualquer coisa estaria a disposição. E eu entendi que se caso eu o chamasse, ele viria.

Quando a festa de Scarlet acabou no domingo de madrugada, Trovão veio o caminho inteiro falando "Belle, o remédio" "Belle você acha que agora é o momento de carregar um bebê na barriga? Compre o remédio mais tarde" ele só descansou quando eu tomei o remédio... eu não havia me esquecido, não sou louca a esse ponto. Mas a preocupação do Trovão ontem me fez rir e muito.

O que estranhei foi que ele não veio com um sermão por eu ter ultrapassado os limites... enfim, no momento estou pensando no sonho que tive hoje de madrugada.

Flash Back On✨

Sentia uma angústia tão grande no peito. Comecei a caminhar em uma praça que não estava movimentada, apenas alguns carros passavam na rua e eu abracei meu próprio corpo, me sentia tão sozinha.

Caminhei na direção de um banco branco e me sentei no mesmo, sentia uma vontade imensa de chorar mas não conseguia derramar nem se quer uma lágrima. Encarei o chão cinza e não demorou para que eu sentisse uma mão se apoiando no meu ombro.

— Está tão triste minha Belle, me dói vê-la assim.

Respirei fundo e olhei para a dona da voz, a mesma me olhava preocupada.

— Annabel... — Digo e a mesma passa a mão nas minhas costas. — Me sinto tão angustiada.

Desvio o olhar dela e volto a encarar o chão. Passo minhas mãos no rosto e quando as afasto, olho para a mão de minha irmã que agora estava na frente do meu rosto. Ela segurava algo, parecido com uma foto.

— O que é isso?

Ela apenas pegou minha mão direita e colocou aquela suposta foto na minha mão. Olhei para a foto e estranhei, era uma foto de uma rosa vermelha... uma rosa vermelha muito bonita.

— Uma pessoa te entregará uma rosa vermelha, assim como essa. — Disse Annabel e eu dei um sorriso fechado.

Nunca recebi uma rosa vermelha de alguém.

— Não se engane Belle. Não confie na pessoa que uma rosa vermelha te entregar, essa pessoa pode parecer gentil... mas na verdade ela quer te matar. — Annabel disse me fazendo engoli seco e olhar para ela confusa.

— Como assim? Alguém vai me entregar uma rosa vermelha como essa da foto? Não acredito nisso, e se me entregarem um buquê de rosas vermelhas hum? — Perguntei irônica até que Annabel negou com a cabeça e apenas levantou o dedo indicador, indicando que se caso o que ela estivesse falando fosse sério mesmo, essa pessoa só entregaria apenas uma rosa vermelha.

— Essa pessoa já está te observando.

— Mais que pessoa? — Pergunto e vejo minha irmã se levantar do banco e caminhar em uma direção da praça. Me levantei às pressas e chamei por ela, ainda segurando a foto que ela havia me entregado.

— Anna! — Chamo por ela e a vejo parar de caminhar e voltar a me olhar. — Não me deixe aqui sozinha e... e com essa foto. Por favor me diga o porquê disso.

— Belle... só não enfrente essa pessoa como eu enfrentei...

— Você não vai dizer quem é a pessoa, não é? — Pergunto ficando desanimada e Annabel volta a dar as costas.

— A verdade está diante dos seus olhos.

— Mais que verdade Anna? — Pergunto e a vejo voltar caminhar. — Anna? ANNABEL?

Flash Back Off✨

E então acordei. Assustada e com a respiração acelerada, ainda sentia que segurava aquela foto... não me agradava nada sonhar com Annabel e quando contei esse sonho para o Trovão, ele disse que eu teria que ficar atenta a quem tivesse a intenção de me entregar uma rosa vermelha e também ficar atentar as pessoas ao meu redor.

Sinceramente? Eu não sei se acredito no que Annabel me dizia no sonho, afinal foi só um sonho... um sonho que pareceu real para mim e também estranho, muito estranho pois ao contar esse sonho para o Trovão... eu não sei, foi como se eu já tivesse escutado a própria Annabel me alertar sobre isso mas não em um sonho como esse e sim, pessoalmente mesmo, o que torna tudo mais estranho ainda.

— Filha?

— Oi? — Digo só escutando a voz de minha mãe agora e parando de pensar sobre isso.

— Já chegamos. Essa foi a terceira vez que te chamei, no que estava pensando? —Ela perguntou e eu percebi que já estávamos na frente da escola.

Tirei o cinto de segurança e dei de ombros.

— Me desculpe mamãe, estava pensando em como o tempo está se passando rápido. — Minto e ela me olha desconfiada. — Eu vou indo, até mais tarde. — Iria sair do carro quando ela tocou no meu braço, me impedindo de sair do carro.

— Espere Belle — Ela afastou sua mão do meu braço e me olhou. — Sinto que tenho me afastado um pouco de você desde que Milena... enfim, quero me desculpar com você por isso.

— Não mãe, não precisa. Está tudo bem, eu imagino que deve ser horrível perder a única mulher que você realmente considerou como amiga. — Digo apoiando minha mão no seu ombro.

— Não só é horrível, como também difícil — Ela soltou um suspiro pesado e pegou na minha mão. — Nunca mais passamos um tempinho juntas, quero me redimir hoje então, o que acha de assistirmos um filme mais tarde? — Ela perguntou e eu sorri com a ideia. — Farei uma lasanha quando chegar para comermos assistindo, o que acha?

— Uma ótima ideia. — A abracei e senti o cheiro do seu perfume suave. Ela retribuiu o meu abraço e beijou a minha testa.

— Agora vai, antes que se atrase para alguma aula. — Ela se afastou do meu abraço e eu fiz um biquinho fingindo estar triste, ela me olhou e riu de canto. — E não quer me largar mais não é?

— Não — Rir e ela também. — Ah mamãe a senhora sabe como eu sou e eu sei que você não é chegada a abraços mas eu sou então, a senhora que lute. A sua sorte é que tenho que ir mesmo antes que eu me atrase para alguma aula — Me aproximo dela e beijo sua bochecha. — Até mais tarde.

— Até mais tarde. — Ela também beijou minha bochecha e eu logo sai do carro.

Essa ideia que ela teve me deixou feliz agora, me animou um pouco. Se eu estranhei? Um pouco mas o que importa? Fazia tanto tempo que não parávamos para assistir algum filme juntas e hoje... iremos assistir e juntas.

Entrei dentro da escola e o pátio estava vazio, sinal de que o sinal já tocou e que todos devem estar se encaminhando para as suas salas. Comecei a caminhar pelo corredor encontrando ainda algumas pessoas conversando e outras pegando alguns materiais em seus armários, me assustei quando senti alguém tocar no meu ombro e rapidamente olhei para o lado para ver de quem se tratava.

— Olá Annabelle, desculpa chegar assim em você mas você viu a Scarlet? Ela já chegou? — Samara me perguntou e ao lado dela estava Alice fazendo um sinal de negação com a cabeça.

— Ah não, eu não a vi... eu acabei de chegar. — Digo e vejo a garota bufar.

— Sam você está sendo dramática demais. No intervalo você procura por ela e fala com ela, tão simples, agora temos que ir porque o senhor Murphy já está na sala e você sabe como ele é.

— Ele odeia atrasos. — Digo e Alice concorda com um aceno de cabeça.

Fiquei aliviada por um momento por não ter aula dele hoje, ele as vezes fala cuspindo, o que me deixa um pouco irritada.

— Se ver a Scarlet por favor, diga que eu quero falar com ela. — Samara disse e foi caminhando na frente, olhei para Alice que colocou as mãos na cintura e também me olhou.

— Apesar do soco que a Scarlet deu nela, ela está assim, louca atrás dela... enfim, eu vou indo. — Ela foi embora e foi minha vez de fazer um sinal de negação com a cabeça e voltar a caminhar.

Na festa de Scarlet, quando desci as escadas e voltei para a festa discretamente, eu a encontrei sentada no colo de Samara e quem as visse diria que elas estavam juntas.

Depois soube através de Alice que Samara foi com segundas intenções com a minha amiga e Scarlet que já estava bêbada socou a cara da Samara por isso, depois pediu desculpas e elas ficaram juntas assim mesmo.

Quando foi no domingo a tarde, a bonita me ligou perguntando quem passou o número dela para a Samara e essa foi a minha oportunidade de contar tudo o que aconteceu entre elas. Ela surtou? Sim, disse que sua vontade era de se jogar de uma ponte e perguntou porque eu não fiz nada para impedir e a desculpa que eu dei a Izzy, tive que dar para ela também, para ela não estranhar infelizmente...

Ah que desgraça eu tento não pensar nesse homem e acabo pensando nele, naquela noite, naquele momento tão perfeito... pensando nele agora, ele já deve ter chegado aqui na escola. Nossa sorte é que mal nos vemos dentro dessa escola, eu poderia ir a diretoria agora? Poderia mas iriam estranhar, o que uma aluna comportada iria fazer na diretoria? Não, não é uma boa ideia e também... tomamos aquela decisão e... acabou.

Terminei de subir as escadas e caminhei pelo outro espaço que estava movimentado, me assustei quando fui puxada pelo braço.

— Belle você tem que me ajudar — Scarlet disse me puxando para um canto da parede e soltou o meu braço. — O Trovão veio com você?

— Não, ele quis ficar em casa. — Digo massageando o meu braço e olho para ela. — Achei que fosse arrancar o meu braço.

— Ah me perdoe por isso, é que eu estou desesperada querendo uma ajuda, no caso a sua ajuda.

Olhei para ela que usava um casaco preto e capuz, ela tirou o capuz e olhou para os lados.

— Tá parecendo que você vai assaltar algum lugar e vai me meter nessa. — Digo e ela começa a rir. — Scarlet se for sobre a outra, olha eu não faço ideia de como te ajudar. Foi você que se meteu nessa e você não deveria estar na sua sala?

— É aula da substituta da furacão, ela não se importa. Na verdade ela nem chegou ainda, sempre se atrasa mas ela não se importa com atrasos ou com quem está fora da sala. — Scarlet deu de ombros e eu a encarei.

— Scarlet você se oriente.

— Eu estou orientada Belle.

— Estou vendo, ficou bêbaba no seu aniversário, ficou com a Samara e ela está louca agora atrás de você, vai fazer o que a respeito? — Pergunto e ela passa a mão nos cabelos.

— Juro que minha vontade é de sumir agora, eu deveria ter socado a cara dela com mais força. Pelo menos me lembro de ter dado esse soco nela. — Ela riu e eu fiz um sinal de negação com a cabeça. — Não sou dessas que se entrega fácil assim, se ela pensou isso ela pensou errado.

— Scarlet conversamos depois sobre isso mas você sabe que não vai escapar dela para sempre, no intervalo tenho certeza que você não irá escapar. Eu vou para a aula e você vai para a sua. — Iria me afastar dela quando ela pegou na minha mão.

— Para piorar o meu dia, a Sheila já ficou sabendo disso também você acredita? — Ela perguntou e eu confirmei com um aceno de cabeça.

— Acredito, a garota com quem você ficou é uma das maiores fofoqueiras dessa escola toda. — Digo e toco no ombro dela. — Vai beber muito de novo?

— Do jeito que bebi na minha festa? Mais nunca.

Scarlet Narrando

Me despedi de Belle que caminhou na direção das outras escadas e eu fui para a minha sala que era naquele mesmo andar em que havia abordado minha amiga. Na verdade eu a havia puxado pelo braço, mas não faz tanta diferença assim.

Fiquei ainda com o casaco e pensando no que poderia dizer para Samara sair da minha cola. Ela me ligou o domingo inteiro e foi preciso eu bloquear o número dela para ela não me ligar mais, eu em, nunca pensei que fosse ficar com alguém e que esse alguém iria encher meu saco vinte e quatro horas por dia.

Isso é chato, sinceramente.

— Olha ela, pensativa. Pensando na nova crush? — Sheila provocou sentada na carteira ao meu lado e eu a encarei. — Todos sabem que você e a Samara estão juntas, se brincar até os professores. Seu pai já sabe?

— Por que você não vai a merda em? — Encaro ela que rir irônica e volta a fofocar com suas amigas que estavam perto dela.

Iria abaixar a cabeça quando senti o cheiro daquele perfume... ah pronto para completar estou ficando louca, sentindo cheiro do que está longe.

— Bom dia, acho bom pararem com as conversas paralelas, ah não ser que queiram fazer uma avaliação surpresa agora. Vocês querem? — Escutei a voz de quem eu pensava que estava longe e todos olharam na direção da entrada da sala.

Nenhuma conversa mais foi ouvida e os que ainda estavam em pé, logo se sentaram em suas carteiras. E quem eu pensava que estava longe e que iria passar um bom tempo fora, agora estava de volta e perto.

Ela entrou dentro da sala e só o som dos seus saltos foram escutados quando iam de encontro ao chão. Ela se aproximou da mesa e colocou sua bolsa em cima da mesma, logo olhou para todos e se encostou na mesa.

— Quem é vivo sempre aparece e como podem ver... eu apareci. — Ela deu um sorriso fechado. — Apareci para piorar o dia de vocês, sabem... eu não iria aplicar uma avaliação surpresa hoje mas recebi algumas reclamações da professora que me substituiu por algumas semanas e ela disse que essa turma foi a que mais deu trabalho para ela. — Ela disse voltando a ficar séria e dando a volta na mesa. Abriu a bolsa e tirou de dentro da mesma uma pasta.

Jesus ela vai mesmo aplicar uma prova? Que ótimo, quando eu penso que meu dia não pode piorar mais, ele piora mil vezes.

A furacão tirou as provas de dentro da pasta e as organizou, em seguida encarou a todos e nos desejou um "boa sorte".

— E já sabem não é? Se colarem, perdem a prova. — Ela avisou e nossos olhares se encontraram. Fica quieto coração, mais que coisa.

Ela desviou o olhar de mim e começou a entregar as provas. E quando entregou a minha eu franzi as sobrancelhas ao olhar para aquela prova... pelo menos fico feliz em saber que não serei a única que irei fazer recuperação.

Os minutos se passaram e eu só sabia ler e reler as questões, ler e reler até que me irritei comigo mesma e marquei as que eu julguei que poderiam estar certas. Não estava preparada ou melhor, não estava com cabeça para fazer uma prova agora então... já tenho noção até de quanto irei tirar. Fui a primeira a se levantar da minha carteira para entregar a prova, caminhei na direção da mesa e a  furacão estava sentada na cadeira apenas observando a todos. Entreguei a prova para ela e me preparei para voltar para o meu lugar.

— O que seu pai diria se visse sua prova agora? — Ela peguntou.

— Uma negação. — Digo ainda caminhando até a minha carteira e logo me sento na mesma, a furacão me encarou e suspirou colocando minha prova em cima da sua mesa.

— Ainda bem que você sabe. Quer saber a sua nota?

— Não. — Digo apoiando meu cotovelo na banca e em seguida meu queixo na palma da minha mão direita. Encaro o chão e fico torcendo para que a aula dela se passasse rápido.

Eu chutei tudo eu sei, também sei que não fui boa e isso me incomoda. Tinha esperanças de que poderia escapar da recuperação, mas pelo visto, não irei escapar não. É tão ruim quando a pessoa sente que não foi bem em uma prova e que na certa a nota não vai ser boa.

Logo outros alunos foram entregando suas provas e o sinal tocou, finalmelnte. A furacão não demorou para juntar todas as provas e outro professor se aproximou da entrada da sala, a furacão antes de sair da sala me olhou.

— Professora Blunk, que bom vê-la novamente. — O professor disse ainda na entrada da sala e ela pegou suas coisas indo até ele e deu um sorriso fechado para o mesmo.

— Digo o mesmo senhor Menken e se não se importar, gostaria de falar com a senhorita Murray lá fora. Não irei demorar e logo logo ela estará assistindo a sua aula. — Assim que ela disse meu nome eu senti minha pele se arrepiar e meu coração acelerar.

Para corpo! Mais que coisa.
O senhor Menken apenas sorriu e disse que ela poderia levar o tempo que fosse necessário comigo, ela me olhou e logo me chamou com o dedo indicador e eu tive que me levantar da minha carteira.
Logo sai da sala e passei pelo senhor Menken que fez um sinal de negação com a cabeça.

— O que você aprontou agora senhorita Murray?

— Dessa vez, nada. — Digo e escuto ele rir baixinho.

Sai da sala e fui até a furacão que já estava me olhando com uma expressão séria. Me aproximei dela mas não tanto, eu não sei se pedia desculpas pelo beijo que dei nela ou se fingia que nada disso aconteceu e seguisse o ritmo dela porque ela agia como se nada tivesse acontecido.

— Sua nota foi a mais baixa. — Ela disse e eu passei a mão no rosto. — É sério, ninguém estudou para essa prova e mesmo assim teve alunos que tiraram notas boas.

— Eu não estava conseguindo me concentrar direito na prova, para ser sincera, não estava com cabeça para fazer essa prova. — Sou direta e ela faz um sinal de negação com a cabeça.

— Scarlet... se continuar nesse ritmo você reprova e eu não tenho dó de reprovar ninguém. — Ela falou meu nome e eu fiquei feliz por dentro por ter gostado de escutar ela pronunciar o meu nome, mas não demonstrei felicidade nenhuma e sim preocupação. — Você zerou a prova.

É pior do que eu pensava.

— Mas o que te salvou, digamos que um pouco, foi aquela última atividade avaliativa que eu passei, se lembra dessa atividade?

Gostaria de não ter lembrado porque foi depois dela que passei a ter pesadelos com você.

— Sim, eu me lembro... mas eu passei nessa prova? — Pergunto ainda com esperanças e ela nega com a cabeça. — Jesus...

— Fala como se fosse o fim do mundo, você ainda tem chances de passar na recuperação. Só te chamei para conversar agora porque quis te alertar sobre isso, agora pode voltar para a sala e assistir a aula do Menken. — Ela iria se afastar de mim quando eu peguei no pulso da mesma e ela me olhou no mesmo momento.

Rapidamente afastei minha mão do seu pulso e mordi o lábio inferior, não era para mim ter feito isso.

— Desculpa eu só, queria agradecer pelo... pelo alerta. — Digo e ela assente e se prepara para se afastar de novo. — Vamos continuar fingindo mesmo que nada aconteceu? Sério? Por sua culpa eu não consegui tirar aquele... enfim, até hoje.

— Por minha culpa? — Ela se virou para me olhar e se aproximou de mim. — Por minha culpa não, não fui eu quem te puxei para um beijo dentro daquela piscina — Ela falou baixo para que somente eu escutasse e eu cruzei os braços — E sim eu correspondi, estava muito emotiva naquele dia. Mas isso não vai voltar a acontecer nem tão cedo, então acho bom você consegui tirar o que quer que seja da sua mente.

— E você conseguiu tirar da sua? — Perguntei ousada e desci meu olhar para os seus lábios, me arrependendo na mesma hora. — Quer saber? Não responde, é melhor eu voltar para a sala.

Me afasto dela e caminho na direção da minha sala.

— Não. — Ela disse e eu olhei para ela que estava de braços cruzados e encarando o chão mas logo voltou a me olhar. — Mas vou tratar de tirar e sugiro que tente fazer a o mesmo.

— Com toda certeza. — Digo dando um sorriso irônico e ela retribui a ironia e da as costas, indo embora.

Annabelle Narrando

As horas estavam se passando rápido, já era hora do intervalo e eu e Scarlet estávamos degustando do nosso almoço. Ela me contou que Raquel havia voltado e eu fiquei feliz em saber disso, ela é uma ótima professora e pelo menos eu, gostava das aulas dela.

— E minha nota foi a mais baixa. — Scarlet disse revirando os olhos.

— E como você sabe?

— Porque ela mesma me chamou para uma conversa particular e me alertou sobre... ah Belle eu nem se quer lembro mais das questões mas se ela disse que teve alunos da minha turma que conseguiram passar, é porque não estava difícil.

— E se ela te disse isso é porque você iria saber fazer... você não estava com cabeça não é? — Pergunto e ela concorda com um aceno de cabeça e bebe um pouco do seu suco. — Scarlet...

— Ela também já me disse que estou na recuperação dela, uma desgraça atrás da outra. E eu ainda inventei de tocar no assunto daquele beijo. — Ela disse depois de beber seu suco e eu olhei para ela surpresa. — É eu falei mesmo, estávamos agindo como se nada tivesse acontecido. Mas tomamos uma decisão e não vamos mais tocar nesse assunto e também colocaremos um ponto final nisso, isso inclui esquecer o que houve. — Scarlet disse dando de ombros.

— Até parece que vocês irão esquecer assim tão fácil. — Escutei a voz do meu cachorro e provavelmente ele permitiu que Scarlet o escutasse também já que ela pareceu se assustar.

— Que susto. — Ela passou a mão em seus cabelos e eu rir de canto.

— Já era para estar acostumada.

— Antes que perguntem, eu decidi vim aqui para ver como estão as coisas e quando chego, vocês estão fofocando e uma fofoca das boas. — Ele disse e Scarlet riu.

— Não é uma fofoca das boas.

— Sei... onde está o megamente? — Trovão se referiu ao Logan.

— Não chame ele assim... ele não veio, provavelmente por minha causa. — Digo ficando cabisbaixa.

— Você deu um fora nele, como queria que ele se sentisse? — Scarlet perguntou e escutei Trovão rir da situação. — Mas você não tem culpa, ele tem que entender que você só o considera como amigo, apenas.

— Falando nisso, a Samara ainda não está por aqui. O que significa que ela deve estar procurando por você e quando nos encontrar aqui sentadas e nessa mesa afastada de todas as outras mesas, eu quero só ver o que você irá dizer para ela.

— Fala sério, se você não colocar essa garota para correr eu mesmo coloco ela para correr. — Trovão disse se irritando com aquilo e Scarlet riu.

— Tudo bem, eu irei conversar com ela direitinho porque ela já saiu inventando o que não devia.

— Muito bem, manda ela voltar para o filme de terror dela.

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