Annabelle Narrando

Tive que praticamente empurrar Dominic da cozinha para que ele fosse para a sala de estar. Bem dizer, fiquei cuidando dele até ele voltar a ficar bem.

Mas nunca imaginei que ele fosse tão teimoso para deixar alguém cuidar dele, tudo dele era "não precisa, eu estou bem" ou "eu estou bem, eu sei me cuidar". Sendo que ele mal estava conseguindo ficar de pé.

Observei ele agora sentado no sofá e bebendo o copo de água que eu tinha pegado na cozinha e entregado para ele.
Entreguei também um comprimido para dor de cabeça e o mesmo revirou os olhos.

— Odeio remédios.

Tal filha, tal pai.

— Mas se você quiser que sua dor de cabeça passe rápido, terá que recorrer a ele. — Estiquei a mão para que ele pegasse o comprimido e ele encarou o chão. — Você é um homem teimoso em, vai morrer é se engolir o comprimido? — Pergunto percebendo que se deixasse, ele não iria tomar o comprimido junto com a água.

Ele me encarou e depois de alguns segundos pegou o comprimido de minha mão e colocou na boca, em seguida bebeu a água que estava no copo e fechou os olhos.

— Morreu? — Pergunto irônica e ele abre os olhos para me encarar. — Viu? Está vivíssimo. — Digo dando um sorriso fechado. — Como se sente agora?

— Bem.

— Costuma sentir esses apertos no peito?

— Não... da última vez que isso aconteceu foi quando Scarlet era pequena e estava muito doente... eu pensei que iria perdê-la. — Ele disse me fazendo parar para pensar e lembrar de Scarlet que ainda não tinha voltado.

Estranho.

— Com o que ela estava? — Pergunto e ele desvia o olhar de mim.

— Estou quase certo de que já te disse uma vez, que não gosto de falar sobre o meu passado. E esse acontecimento, fez parte do meu passado.

Quando eu iria perguntar outra coisa a porta da sala foi aberta. Nós dois olhamos na direção da porta e Scarlet entrou com duas sacolas na mão, mas a mesma estava pálida, sua blusa branca estava um pouco suja e seus cabelos presos porém, desgrenhados e sua aparência não era nada boa.

— Scarlet! — Eu e Dominic dissemos na mesma hora e fomos até ela.

Eu peguei as sacolas da mão dela e Dominic a ajudou ir até o sofá, ele ajudou ela a se deitar e eu coloquei as duas sacolas em cima da mesinha de vidro que ficava no centro da sala.

Fui até a minha amiga que parecia péssima.

— Eu quase fui atropelada.

— Como? Meu Deus Scarlet! Você não olha por onde anda filha? Tem que ter cuidado, tem muito motorista louco por aí. — Dominic disse repreendendo Scarlet e a mesma colocou as mãos no rosto mas logo as afastou resmungando.

— Ai! Que merda. — Ela disse e tocou no braço direito e fez uma careta. — Eu tive que saltar e em seguida rolar no chão. Se eu não tivesse feito isso, acho que eu não estaria mais aqui.

— Meu Deus Scarlet... e você se machucou. — Me aproximei dela preocupada e toquei no braço direito dela e ela gemeu de dor.

— Acabei batendo o braço no batente da calçada. Olha, se não fosse o homem que havia saído de casa para jogar o lixo e ter gritado para mim ter cuidado... não sei o que teria acontecido.

— Eu não gosto nem de pensar. — Dominic disse afastando-se um pouco de nós e passando as mãos nos cabelos.

— Esse homem me ajudou e foi ele quem me trouxe aqui em casa. Fiquei nervosa demais na hora e também assustada. — Scarlet disse fechando os olhos e eu peguei na mão dela.

— Graças a Deus que você está bem Scarlet e graças a Deus que esse homem te ajudou e foi bom com você. Amiga, você tem que olhar por onde anda também... — Paro de falar quando a mesma abre os olhos e me olha.

Parecia tão... assustada.

— Minha cabeça dói e meu braço também.

— É melhor irmos ao hospital. — Dominic sugeriu e Scarlet bufou.

— O senhor gosta de hospital? — Ela perguntou e vi o mesmo bufar. — Sabe que eu também não gosto. Prefiro tomar remédios para aliviar a dor do que ir ao hospital.

— Tudo bem, eu irei pegar na cozinha. Cuide dela por enquanto Annabelle. — Ele disse tocando no meu ombro e eu olhei para ele e assenti dando um sorriso fechado.

O mesmo retribuiu o sorriso e olhou para Scarlet, tocou na mão dela e fez um sinal de negação com a cabeça.

— Você ainda vai me matar do coração.

— Não vou não. — Ela deu um sorriso fechado e Dominic se retirou da sala para ir para a cozinha pegar algum remédio para que Scarlet pudesse tomar.

Olhei para ela que agora parecia pensativa.

— Scarlet como foi isso?

— Belle — Ela ergueu um pouco a cabeça, provavelmente querendo ver se Dominic havia mesmo saído da sala e assim que conferiu isso, voltou a deitar a cabeça no braço do sofá e voltou a me olhar. — Belle eu menti, na verdade eu omiti, tentaram me atropelar. — Ela disse um pouco baixo e eu a olhei incrédula.

— Te atropelar? — Acabei falando no mesmo tom de voz que ela.

— Sim... o homem que me ajudou e me trouxe até aqui, ele viu tudo... Belle ele disse que quando saiu para fora de casa para jogar o lixo. Percebeu quando o carro preto entrou na rua em que nós estávamos, entrou dirigindo lentamente e parou perto dos outros carros que estavam estacionados... quando esse carro percebeu que eu iria atravessar a rua e quando eu coloquei o pé na rua para atravessar para o outro lado, ele veio, em alta velocidade... queria me atropelar Belle, queria me matar. — Ela confessou tudo e eu coloquei minha mão na boca assustada com isso.

Em seguida afastei minha mão da boca e vi as lágrimas descerem pelo rosto da minha amiga.

— Você tem certeza?

— O homem que me salvou, viu tudo e eu... quando vim dentro do carro dele, vim pensando a respeito e não entendo Belle. Por que iriam querer tentar me atropelar ou melhor, me matar? É sério Belle, se esse homem não tivesse gritado, com certeza aquele carro teria me atropelado.

— Quem não entende sou eu... isso agora me deixou intrigada. Por que não contou a verdade para o seu pai?

— Não Belle, você viu como ele ficou nervoso. Se ele souber que não foi por falta de atenção minha ele irá ficar mais nervoso ainda. Não quero preocupar ele com isso então prometa que não irá falar nada para ele. — Ela pediu apertando minha mão direita e eu respirei fundo, mas por fim, assenti.

— Mas eu não entendo, quem iria querer te atropelar? Você não conseguiu ver quem estava dentro do carro? Ou a placa do carro ou que tipo de carro era? Alguma pista? — Pergunto e ela nega com a cabeça.

— Ah Belle, nada... aconteceu tudo tão rápido. O que eu só consegui ver mesmo foi a cor do carro que era preto mas isso não ajuda em nada, eu nem poderia dizer que tipo de carro era.

— Jesus...

A abracei com cuidado ciente de que um lado do braço dela estava dolorido.

— Ainda bem que você está bem.

Dominic logo voltou para a sala com os remédios e eu me afastei de Scarlet.

— Acho melhor deixarmos o almoço e o filme para outro dia, é melhor eu ir para casa. — Digo retirando meu celular do bolso e chamando por um uber.

— Mais uma vez adiamos alguma coisa. O dia que você vim para cá de novo terá que passar o dia inteiro aqui. — Scarlet disse e eu rir de canto.

— Tudo bem... nós vemos isso depois, dê um abraço e um beijo em Kiara por mim. — Digo e me aproximo de Scarlet e beijo a bochecha da mesma, em seguida a abraço. — Cuide-se agora e tente descansar, cuide dela Dominic.

— Cuidarei sim.

Olhei para ele e tive que me contentar apenas em receber um olhar dele e um sorriso fechado.

— Qualquer coisa pode me ligar Scarlet que irei te atender.

Me despedi dela assim que meu uber chegou, não demorou para ele chegar já que estava por perto. Sorte a minha.

Quando sai da casa dos Murray e entrei no uber, vim o caminho inteiro pensando no que minha amiga me contou. Tentaram atropelar a minha amiga e eu só sabia questionar a mim mesma... por quê? Por que tentariam atropelar Scarlet?

Ela pode ter inimigos mas creio que os que ela tem não seriam capazes de passar com o carro por cima dela, já estariam indo longe demais. Ainda irei falar com ela sobre isso mas será melhor se for pessoalmente.

Quando cheguei em casa, abri a porta e o cômodo da sala de estar estava silencioso. Fechei a porta e logo caminhei na direção da tv para ligá-la, peguei o controle que estava em cima do sofá e liguei a tv.

— Você voltou rápido. — Escutei a voz de Trovão e olhei na direção das escadas.

O mesmo desceu as escadas praticamente correndo e veio até mim. Eu o peguei nos braços e o enchi de beijos, em seguida o abracei forte enquanto ele tentava lamber o meu rosto.

— Tá bom Belle, já chega. Esse abraço está muito demorado. — Ele resmungou porque continuei abraçada a ele. — Opa... por que está tão preocupada e tensa?

Coloquei meu cachorro no chão e o mesmo me olhou.

— Se quiser ler os meus pensamentos...

— Não estou afim, quero que você fale. — Ele pediu e quando eu iria falar logo me dei conta de que estávamos conversando e em um bom tom de voz.

— Espera, onde está a minha mãe?

— Ela saiu.

— Como assim saiu? Assim do nada? — Pergunto e Trovão sobe em cima do sofá e se senta.

— Sim, assim do nada.

— E ela não disse aonde iria?

— Não. — Ele disse tranquilo e eu estranhei. — Ela saiu para espairecer a mente Belle, normal.

— Ah Trovão... Scarlet quase foi atropelada. — Digo e meu cachorro inclinou a cabeça para um lado.

Já que ele não estava afim de ler meus pensamentos tive que contar tudo para ele, inclusive o que Scarlet me contou.
O mesmo pareceu ficar pensativo assim como eu estava desde que sai da casa dos Murray.

— Você não estava ouvindo nossas conversas ou outra coisa?

— Não Belle, já te disse que não é sempre que faço isso. Depois que vocês duas saíram daqui eu decidi não fazer isso e dar privacidade ao que vocês fossem assistir ou conversar, não imaginava que poderia acontecer isso com Scarlet. — Ele disse e eu me sentei ao lado dele.

Passei a mão nos seus pelos e soltei um suspiro.

— Me desculpe por ter feito essa pergunta idiota, é que fiquei nervosa com isso também. Só de pensar que ela poderia ter sido atropelada...

— Não pense mais nisso, ela agora está bem. — Trovão apoiou sua pata na minha perna. — Infelizmente não tem como eu saber quem estava dentro do carro que tentou atropela-la. Seria mais fácil se eu estivesse com ela no momento em que tudo aconteceu.

Ele terminou de dizer isso e eu escutei um som de carro, como se estivesse acabando de frear. Olhei na direção da porta que não demorou para ser aberta por minha mãe que usava um sobretudo preto e também luvas pretas.

A mesma entrou dentro de casa e assim que me viu, sorriu.

— Belle, voltou cedo. Achei que você fosse voltar mais tarde.

Trovão desceu do sofá e foi até ela, ela deu atenção a ele e logo ele voltou para perto de mim.

Pensei se deveria contar o que realmente houve para eu ter voltado para casa cedo mas decidi não contar.

— Eu decidi voltar cedo... onde a senhora estava? — Pergunto vendo ela fechar a porta e em seguida começar a tirar as luvas pretas de suas mãos.

— Onde eu estava? Ora, eu sai para espairecer a mente.

— E foi de carro?

— Sim, fui. — Ela me olhou confusa e cruzou os braços. — Por que está me fazendo essas perguntas?

— Por nada. — Desvio o olhar dela e olho para a tv.

Ora mais que rídiculo, isso é só uma grande coincidência.

— E você voltou cedo, por quê?

— Ah o senhor Murray não estava se sentindo muito bem então, conversei com Scarlet e achamos melhor deixar o filme para a próxima. Não acabei nem almoçando por lá. — Dei de ombros.

Menti a respeito mas na verdade a história era um pouco ao contrário.

— O senhor Murray está doente?

— Não, ele só não estava se sentindo muito bem. — Volto a olhar para a minha mãe que tira o seu sobretudo e o coloca no ombro.

— Entendi... enfim, eu só voltei porque estou com fome. Já fiz almoço e já que você não almoçou na casa dos Murray, vamos almoçar juntas como sempre fazemos aos sábados e aos domingos. — Ela deu um sorriso fechado e foi para a cozinha que ficava um pouco distante da sala. 

Olhei para o meu cachorro que estava perto da porta e ele me olhou também.

— Não sei quem tentou atropelar a Scarlet, mas acho bom aconselhá-la de que ela deve ficar atenta a parti de agora. — Escutei a voz do meu cachorro na minha cabeça e assenti.

Alguns minutos antes...

Autora Narrando

Enquanto isso, uma pessoa deixava as chaves de um carro em cima de um balcão de madeira junto a uma certa quantidade de dinheiro. O homem que trabalhava no local e que estava do outro lado do balcão, pegou as chaves do carro e o dinheiro, e olhou para a pessoa a sua frente com um sorriso gentil.

— Tudo bem? Você não iria ficar com o carro todo o fim de semana? — O homem perguntou gentilmente.

A pessoa apenas fez um sinal de negação com a cabeça e o homem ficou um pouco confuso.

— Não? — Perguntou mais uma vez e a pessoa repetiu o sinal de negação com a cabeça. — Está bem, como queira — O homem sorriu. — Só um momento...

O homem que trabalhava no local, baixou o olhar para contar o dinheiro.

— Vai precisar de troc... — O homem parou de falar pois ao erguer a cabeça, a pessoa que havia lhe entregado as chaves do carro e o dinheiro, já não se encontrava mais ali.

O homem achou estranho porém, deu de ombros e decidiu guardar o dinheiro.

Algumas semanas depois...

Annabelle Narrando

Hoje é o aniversário de Scarlet e também a sua festa. Antes de ontem ela me chamou para jogarmos damas e eu aceitei é claro, mas ela disse que se caso eu ganhasse ela infelizmente não iria beber nada alcoólico no dia de sua festa e que se ela ganhasse eu teria que vim com uma roupa ousada, no que deu isso tudo? Ela infelizmente ganhou e eu fiquei chateada por ter perdido.

Agora estou aqui usando uma roupa que não imaginava que iria vestir, tudo por causa da dona Scarlet. Trouxe Trovão comigo para a festa dela, nesse momento acabamos de passar pela porta de entrada e a festa está ocorrendo na casa dos Murray mesmo.

Estava lotada e a maioria das pessoas que estavam ali, dançavam ao som da música alta. A sala de estar da casa havia se tornado em um verdadeiro Neon Party, o cômodo estava escuro porém, com uma grande iluminação de acessórios luminescentes que estavam espalhados em alguns lugares da sala.

Na verdade a cor neon estava presente em muitos lugares, isso inclui os acessórios que algumas pessoas estavam usando. Me lembro de que Scarlet me contou que iria distribuir alguns acessórios neon para que os convidados pudessem usar, se quisessem é claro como colares, chapéus, pulseiras, óculos, entre outros.

As lâmpadas de luz negra se destacavam na decoração, estava tudo muito lindo.

— Está lindo mesmo, mas tem alguns convidados aqui que eu particulamente não gosto. — Escutei a voz de Trovão na minha cabeça e olhei para ele.

O mesmo estava ao meu lado e eu havia comprado uma coleira de cor preta para ele, acompanhada de um pingente com o formato do rosto de um cachorro. Ele amou e disse que não esperava receber um presente de mim, esse cachorro... 

— Trovão se comporte.

— Belle! — Escutei uma voz familiar e logo olhei para minha frente.

Alice vestia um vestido preto de alcinha e estava usando um óculos neon na cor verde e duas pulseiras da mesma cor que o óculos. Ela segurava um copo neon também só que na cor laranja.

Suspeito que ela deve está bebendo bebida alcoólica.

— Oi! — Digo um pouco alto graças a música que estava alta. Alice se aproximou de mim e me cumprimentou com um abraço, logo se afastou e olhou para o meu cachorro.

— Olha só que fofinho, é seu? — Ela perguntou e se abaixou para fazer carinho na cabeça de Trovão. — Eu tenho um gato mas ele não é nada comportado.

— Sim, é meu.

Ela se levantou e bebeu a sua bebida que estava dentro do copo, de uma vez só.

— Isso é bom. — Ela riu e foi então que confirmei minhas suspeitas, aquilo era bebida alcoólica mesmo. — Menina você está um arraso.

— Você também. Se não se importa irei procurar pela aniversariante.

Iria me afastar dela com Trovão quando a mesma se apressou e ficou na minha frente. Estranhei e ela olhou para os lados como se tivesse medo que alguém se aproximasse de nós duas.

— Iiih essa festa vai pegar fogo.

— Trovão...

— Belle, você sabe que Scarlet me convidou e convidou as minhas amigas, não sabe?

— Sei.

— Então... a Samara, ela está muito afim da Scarlet e desde que chegou pede minha ajuda para que eu diga a Scarlet que ela, a Samara, quer ficar com ela, mas eu não acho que Scarlet irá querer. — Ela disse de uma vez e eu erguir as sobrancelhas.

— Eu não disse? Essa festa irá pegar fogo. — Escutei a voz de Trovão irônica e me segurei para não revirar os olhos.

— Bom... só falando com Scarlet para saber mesmo.

— Isso, fale com ela Belle. — Alice jogou a bomba pra mim e logo saiu correndo e cantando a música em voz alta.

— Sobrou pra você.

Respirei fundo e avistei minha amiga tirando foto com algumas pessoas. Caminhei na direção dela assim que ela se afastou dessas pessoas, minha amiga estava linda, com um sobretudo verde neon e um cinto da mesma cor do sobretudo. Seus cabelos estavam soltos e penteados para trás e a maquiagem estava bem natural, e assim que a mesma viu, sorriu.

— MINHA MELHOR AMIGA CHEGOU! — Ela praticamente gritou e me abraçou forte.

Rir e retribui o abraço dela. Ela se afastou e pegou na minha mão e me girou.

— Caramba você veio para matar qualquer um do coração. Está maravilhosa e essa roupa... caralho é ousada. — Ela riu depois de me girar e eu apoiei minha mão direita na testa. — E já tem gente de olho em você. — Ela sussurrou se aproximando de mim e logo se afastou.

— Não sei nem como consegui vestir essa roupa, nunca vesti algo assim...

— Ousado? — Ela perguntou e eu assenti. — Como se sente?

— Normal até agora. — Dei de ombros e ela riu.

— Ah Trovão, estou feliz que você veio! — Ela disse animada se abaixando e abraçando o meu cachorro, o mesmo abanou o rabo e lambeu o rosto dela, em seguida ela se afastou dele e ele olhou para mim.

— Vamos Belle, conte.

— Contar o quê? — Scarlet perguntou confusa.

— Não sei se é melhor contar isso agora... onde está Kiara?

— Não tente fugir da minha pergunta, mas Kiara está lá em cima no quarto dela. Não quis descer... tentei convencê-la mas ela não está acostumada a ficar no meio de tanta gente, mas mandei Izzy ficar levando algumas coisinhas para ela comer no quarto mesmo. Provavelmente ela está assistindo e comendo nesse momento.

— E... seu pai? — Pergunto olhando em volta e não o vendo por ali. — Achei que ele estaria aqui comemorando com todos e com os... — Parei de falar quando olhei em uma direção e vi alguns homens, provavelmente colegas de Dominic mas entre esses homens estava Chevalier.

O mesmo já estava olhando para mim e bebendo alguma bebida que estava dentro de sua taça. Agora entendi o que Scarlet quis dizer.

— Meu pai está lá em cima, foi ver como Kiara está. Por mim ele ficava por lá, já notei que tem muita garota aqui de olho nele. — Scarlet disse enciumada e eu fiquei um pouco incomodada ao saber disso.

— Isso é sério?

— Infelizmente, mesmo tendo alguns colegas dele ali e outros garotos também, as madames querem o que não podem ter. Mas não estou ligando muito para isso porque meu pai não está nem aí para nenhuma delas, o que me deixa feliz. — Ela riu. — Mas mudando de assunto, o que você tem que me contar?

— Antes que eu te diga, me responde a uma pergunta. Você convidou o Chevalier? — Pergunto caminhando com ela para um canto da sala para que não fossémos interrompidas.

— Convidei, apesar dele ser amigo do meu tio e não do meu pai. Mas convidei porque pensei que você gostaria de vê-lo. — Ela disse cruzando os braços e eu fechei os olhos colocando a mão testa.

— Se lascou. — Trovão riu e eu abri os olhos para encarar ele e Scarlet também olhou para ele.

— O que foi? Fiz mal em fazer isso?

— Não, não. A festa é sua amiga você pode convidar quem você quiser é que... eu não quero ter nada com o Chevalier de novo. Eu deveria ter dito isso a você antes mas acho que acabei esquecendo. — Digo olhando para ela e ela assente.

— Entendi. Mas agora já era, ele está ai e pelo visto já te reconheceu.

— Infelizmente, mas não quero nada com ele.

— Se ele vim até você com segundas intenções que, provavelmente ele virá, seja direta e pronto. — Scarlet disse e eu assenti. — E o que você queria me contar?

— A Samara, amiga da Alice. Está muito afim de você e quer ficar com você desde que chegou aqui. — Digo sem rodeios e Scarlet franze as sobrancelhas.

— A Samara? Agora está explicado. — Ela riu e eu a olhei desentendida. — Ela estava olhando demais para mim e tentando puxar conversa comigo, mas não tive tempo de conversa com ela... ah não.

— Ah não o que criatura? — Pergunto e Scarlet nega com a cabeça.

— Eu não quero Belle, eu não quero ficar com ninguém. — Ela disse e isso me fez ficar surpresa.

— Eu ouvi bem? Você não quer ficar com ninguém?

— Como ela poderia ficar com alguém se ela gostaria mesmo era de ficar de novo com uma certa morena que no momento está longe. — Trovão disse e provavelmente permitiu que Scarlet o escutasse porque ela logo encarou ele que estava ao meu lado.

— Credo, eu não estou louca Trovão. Não ficaria com aquele mulher de novo nem que me pagassem.

— É mesmo? Por que será que seu coração acelerou assim que começamos a falar sobre ela?

Scarlet me olhou e eu prendi o riso.

— Belle, olha para ele. — Scarlet disse com um pouco de raiva.

— Olha só que coincidência, você pensando nela agora nesse exato momento e ela pensando em você também. Ambas se negando e não querendo aceitar o que estão sentindo, interessante.

Assim que Trovão disse isso fiquei surpresa e parei de rir. Olhei para Scarlet que havia ficado muda mas logo tomou coragem para falar.

— É sério? — Ela perguntou olhando para o Trovão.

— Não, peguei você. — Ele começou a rir.

Scarlet me olhou e eu fiz um sinal de negação com a cabeça.

— Perdoe ele, você sabe que ele gosta de brincar com isso. — Digo e Scarlet encara o Trovão e em seguida começa a rir.

— Ele não cansa.

— Posso ir ver Kiara? Irei descer assim que falar com ela. — Digo e Scarlet confirma minha pergunta com um aceno de cabeça.

— Mas volte rápido, não posso ir com você porque ainda tem alguns convidados que não chegaram ainda e eu tenho que recebê-los. Fora as fotos e — Ela nem terminou de falar pois uma garota alta se aproximou dela já com o celular na mão pedindo para minha amiga tirar uma foto com ela. — Lá vou eu de novo.

Ela se afastou de mim e de Trovão e sorrir ao ver minha amiga feliz. Logo olhei para o Trovão que se levantou do chão pois antes ele estava sentado.

— Não pode ficar brincando com isso da Scarlet e da Raquel, você sabe que isso é sério. — Digo nos meus pensamentos para que ele me ouvisse.

— Não tão sério quanto o seu caso e o do pai dela. — Ele disse me fazendo cruzar os braços. — Ah... e eu não menti.

Olhei para ele e o mesmo me olhou.

— Foi realmente uma coincidência uma está pensando na outra e na mesma hora.

— Espera, você não mentiu sobre isso?

— Não, mas não iria dizer para ela que era verdade. Ela iria ficar pensando sobre isso a festa inteira.

Ele tinha razão.

Logo passamos pela multidão de pessoas que estavam dançando e cantando, algumas se pegando, outras comendo e eu daqui a pouco seria a próxima. Quando voltasse iria comer alguma coisa.

Subi as escadas junto ao meu cachorro e mesmo chegando no andar de cima, dava para escutar o som alto da música que vinha do andar debaixo. Caminhei na direção do quarto de Kiara e bati na porta duas vezes.

— Kiara? Sou eu a Belle, posso entrar? — Pergunto um pouco alto graças ao som que vinha do andar debaixo.

— Pode sim Belle.

Abri a porta e vi a mesma sentada em sua cama e comendo uma pipoca que estava dentro de uma tigela amarela e entre suas pernas, fora outras coisas que tinham para comer em cima do seu criado mudo.

Ao lado dela estava ele, ai meu Jesus... me ajude primeiramente a manter a calma, segundo se controlar e terceiro, a resistir.

Dominic usava uma bermuda de cor preta e uma blusa na cor preta também. Ao me ver ele me olhou de cima a baixo e eu fiquei um pouco envergonhada.

— Boa noite Annabelle.

— Boa noite Dominic — Entrei dentro do quarto junto com Trovão.

— Fecha a porta Belle. — Kiara pediu e eu fiz o que ela mandou.

Agora não dava para escutar muito o som alto que vinha do andar debaixo, parecia que a música alta agora vinha de muito longe.

Caminhei na direção de Kiara e a abracei forte, só a vi há alguns dias atrás. Me afastei do abraço dela e olhei para a tv que estava ligada e estava passando o desenho do bob esponja com audiodescrição.

— Você gosta do bob esponja?

— Sim, acho engraçado escutar a voz dele e a risada dele também. — Ela sorriu e esticou o braço para tocar em mim. Peguei na mão dela e acariciei a costas da mesma.

— O que foi Kiki?

Queria tentar convencê-la a descer para ir para a festa mas sei que não daria muito certo por simplesmente ela não estar acostumada com isso.

— Quero aproveitar um pouco sua companhia, sei que você terá que voltar para a festa e se você não voltar, minha irmã é capaz de vim te buscar.— Ela disse me fazendo rir e Dominic também riu.

— Ela é capaz mesmo. Mas advinha quem também veio te ver. — Digo e olho para o Trovão que não demora para subir em cima da cama e se aproximar de Kiara.

A mesma sente quando o mesmo se aproxima dela e logo o abraça, Trovão lambeu seu rosto enquanto abanava o rabo.

— Trovão! Eu estava com tanta saudades de você. — Ela disse ainda abraçada a ele e quando o soltou pegou uma pipoca. — Quer pipoca?

— Quero. Belle pode voltar para a festa, irei ficar aqui na paz com Kiara e comendo tudo do bom e do melhor. — Escutei a voz de Trovão na minha cabeça e rir de canto.

— Tudo do bom e do melhor, depois você não venha me dizer que está com dor de barriga então, se controle também.

Ele comeu a pipoca que Kiara já estava segurando há alguns segundos e a garota sorriu.

— Papai disse que a festa da minha irmã está muito bonita, ele disse que minha irmã também está muito bonita. Papai? — Dominic tirou uma mecha de cabelo ruivo que estava na frente do rosto de Kiara e colocou para trás da orelha dela. — A Belle está bonita também?

Kiara meu bem, mais que pergunta...

Quando eu iria dizer algo Dominic olhou para a filha e deu um sorriso fechado, em seguida olhou para mim e eu me arrepiei ao receber o olhar dele.

— Está sim, está linda.

Continuamos mantendo contato visual até que o próprio desviou o olhar de mim e olhou para Kiara.

— Não sei o que está mais alto, a música no andar debaixo ou esse desejo que vocês sentem um pelo outro.

Olhei para o meu cachorro e ele apenas se deitou ao lado de Kiara e olhou para a tv.

— Kiara, quero ficar aqui com você até a festa acabar. Vamos nos divertir aqui e vamos ouvir músicas também, vamos fazer a nossa própria festa mas claro que sem bagunça. Não se preocupe, você não ficará sozinha a parti de agora... terá a mim e como eu disse, só sairei daqui quando a festa acabar ou quando você se cansar. — Escutei as palavras do meu cachorro e logo olhei para Kiara que entrelaçou suas mãos uma na outra.

Ele havia permitido que ela escutasse os pensamentos dele.

— Agora terá que fingir que está se divertindo sozinha quando a empregada chegar aqui com alguma coisa para você comer, fechado?... Ótimo.

Kiara abraçou Trovão, o que fez Dominic olhar para o meu cachorro e Trovão passou a olhar para ele.

— Até que você tem bom gosto Belle. — Escutei a voz do meu cachorro e cocei a nuca.

— Trovão pare com isso.

— Seu cachorro é tão esperto. — Dominic disse olhando para o Trovão e chamando a minha atenção. — Estou vendo que ele gosta muito de minha filha.

— Ah ele adora crianças.

— Não adoro não, Kiara é a única criança que gosto.

Quieto...

— Você vai ficar bem aqui minha filha? — Dominic perguntou preocupado.

Estava na cara que ele não queria deixar Kiara ali sozinha, apesar de mim já ter percebido que ela gosta de ficar sozinha as vezes, assim como eu quando era da idade dela e ainda sou assim...

— Vou sim papai, pode ir não se preocupe.

— Aproveita e vai também Belle.

Agora essa é nova, o meu cachorro está me expulsando sem eu ter se quer aberto a boca para dizer que iria voltar para a festa.

— Eu também vou voltar para a festa Kiki, mas irei vim te ver depois tá bom?

— Tá bom.

Caminho na direção da porta.

— Muito bem Belle, agora encene.

Me segurei para não encarar Trovão mas fiz o que ele me pediu para que Dominic não estranhasse.

— Vamos Trovão. — Chamo ele que continua deitado ao lado de Kiara. — Vamos garoto, vamos.

— Agora é com você Kiara.

— Você meteu a Kiara nessa? — Pergunto nos meus pensamentos para que ele ouvisse e o mesmo desvia o olhar de mim para Kiara.

— Ele não quer ir Belle? Deixe-o aqui. Não tem nenhum problema em deixá-lo ficar aqui, ou tem? — Ela perguntou e Trovão voltou a me olhar.

— Não, claro que não tem problema Kiki... ele gosta mesmo de você.

— Tem problema para você papai?

— Claro que não meu bem, sinto que... ele é um cachorro de confiança. — Dominic disse olhando para o Trovão que desviou seu olhar de mim para ele. — Cuide dela, Trovão.

Trovão deitou a cabeça na perna de Kiara e logo me despedi de Kiara, Dominic fez o mesmo e saímos na mesma hora.

Dominic fechou a porta do quarto e eu pretendia apressar os passos mas eu só consegui dar dois passos e ele me impressou contra a parede, um pouco afastada do quarto de Kiara, ficando não só com o seu rosto próximo ao meu, como também seu corpo másculo agora estava próximo ao meu corpo também.

— Estamos nos arriscando... podem nos ver. — Digo temendo que qualquer pessoa aparecesse ali repentinamente.

— Tem razão. — Ele disse passando a olhar para a minha boca e em seguida para o pequeno decote que mostrava um pouco dos meus seios.

— O que você está querendo Dominic? — Pergunto e ele aproxima mais ainda seu rosto do meu.

— Você, eu quero você para mim. — Ele sussurrou na minha orelha e em seguida beijou meu pescoço fazendo com que eu me arrepiasse. — Quero beijar você aqui — Ele sussurrou mais uma vez e passou o dedo indicador nos meus lábios. — Aqui... — Ele deslizou seu dedo indicador até o vão dos meus seios. — Principalmente aqui. — Ele agora deslizou sua mão pelo meu corpo, indo parar na minha intimidade que provavelmente estava molhada.

Sim, ele estava me deixando excitada.

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Espero que tenham gostado, votem e comentem...

Roupa da Annabelle

Roupa da Scarlet

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