ꕥ Capítulo 16 ꕥ
Dominic Narrando
Estava jantando quando minha filha apareceu na cozinha derrepente, fazendo com que eu me assustasse por ela chegar praticamente gritando.
— EU GANHEI NO JOGO DE LANÇAR ARGOLAS. — Ela disse com a voz alterada e animada enquanto segurava uma cesta de doces. Scarlet poderia ter seus 17 anos mas o lado infantil ainda existia dentro dela. — E eu não gosto de perder, o senhor sabe muito bem disso.
— Pensei que fosse outra coisa. — Digo pegando meu copo de suco de limão e bebendo um pouco.
Scarlet colocou a cesta de doces em cima do balcão e me olhou.
— Então...
— O que você quer saber? — Pergunto notando que ela queria me perguntar alguma coisa. — E não me venha dizer que não é nada.
— É que...
— Ela não tá no seu quarto. — Escutei uma voz feminina e calma. Antes mesmo da dona da voz aparecer na entrada da cozinha, eu já sabia quem era a dona daquela voz.
— Não? Achei que ela
— Ela está no meu quarto. — Respondi afastando o copo de vidro dos meus lábios e o colocando em cima da mesa novamente. — É por Kiara que você está procurando? — Pergunto vendo a jovem loira aparecer na entrada da cozinha coçando a nuca e percebi que ela tentava não fazer contato visual comigo.
— Sim... boa noite Dominic. — Ela disse fazendo agora contato visual comigo.
— Boa noite Annabelle.
— Eu vou... — Ela desviou o olhar de mim e olhou para a minha filha. — Vou ver como Kiara está.
Ela saiu da cozinha e eu desconfiei que ela já poderia saber o que Scarlet quer falar comigo.
Ah Annabelle... como está sendo difícil esquecer o que você falou na sexta-feira passada e pior, como está sendo difícil esquecer a cena de vê-la usando aquele mini vestido no sábado de manhã, que marcava tão bem as suas curvas.
Eu posso dizer que cheguei na hora errada e ao mesmo tempo na hora certa, na hora certa de vê-la com aquele mini vestido preto e na hora errada por ela estar um pouco empinada enquanto pegava algo na geladeira.
Não vou mentir, não sabia que ela tinha um corpo tão belo e porra... vê-la um pouco empinada não me ajudou muito a se concentrar no que eu queria fazer naquela manhã, tive pensamentos que... Deus que me perdoe por ter tido esses tipos de pensamentos que eu não deveria ter com a melhor amiga da minha filha, isso é tão errado.
— Pai?
— Hum? — Voltei a prestar atenção em Scarlet e resolvi deixar esses pensamentos de lado.
— Parecia estar pensando em algo, não me diga que é naquela mulher? — Ela perguntou se encostando no balcão e cruzando os braços.
— Que mulher?
— Que mulher. — Ela riu. — Quem mais seria? A Poliana.
Acho engraçado como Scarlet pensa que ainda quero ter algo com a Poliana. Até que eu gostaria se isso me ajudasse a parar de ter pensamentos impuros com Annabelle... meu Deus! O que está acontecendo comigo? Eu não sou disso e sou anos mais velho que ela.
— Não estava pensando em Poliana... só estou cansado. — Digo e dou uma última garfada na minha macarronada.
— Pai, posso te fazer uma pergunta? — Ela perguntou enquanto eu mastigava. — Não que eu seja muito curiosa, mas eu e... eu e a Belle vimos a Raquel, Raquel Blunk.
— Raquel Blunk em um parque de diversões? — Pergunto um pouco surpreso e bebo um pouco do meu suco.
— Por que o espanto? — Minha filha perguntou curiosa e eu me arrependi. Deveria não ter dito nada.
— Por nada. É que Raquel não gosta muito de sair, desde que... deixa para lá. — Termino de beber o suco e pego meu celular para olhar a hora.
— Ah não, começou e agora vai terminar. Aliás, o senhor nunca me falou muito sobre ela. — Ela disse e eu bloqueei meu celular para olhar para ela. — Ah vai, o senhor sabe de tudo sobre os professores que lecionam na MHS.
— Eu não sei de tudo. — Digo me levantando da cadeira. — Só de algumas coisas. — Pego meu prato agora vazio e o copo também.
Coloco-os na pia e ligo a torneira para lavar o que eu havia acabado de sujar. Detesto ver a louça com algum prato, panela ou copo sujo.
— E qual era a pergunta que você queria me fazer?
— Sobre a Raquel Blunk. É que eu e a Belle não sabíamos que ela já era compromissada então, ficamos surpresas quando notamos hoje que ela usava um anel de noivado.
Ah, então é isso que ela quer saber.
— Olha Scarlet, vou ser sincero com você. — Começo a lavar o meu prato e solto um suspiro pesado. — Conheci Raquel há cinco anos atrás, em The Hershey Story quando o seu tio me telefonou pedindo para eu encontrá-lo lá pois precisava falar comigo urgente e pessoalmente. — Dei de ombros terminando de lavar o meu prato e começando a lavar logo o copo de vidro. — Na entrada esbarrei em Raquel e começamos a conversa a parti daí. Ela era tão sorridente e nós dois nos tornamos amigos desde esse dia, ela me disse que pretendia ser professora de física e como você sabe eu ainda estava...
— Tudo bem pai, não precisa tocar no assunto da sua antiga profissão. — Minha filha me interrompeu e eu agradeci mentalmente por isso.
Não gostaria de entrar nesse assunto.
— Enfim, desde esse dia do museu eu só vi e também sai com Raquel duas ou três vezes porque nós marcávamos de nos encontrar em algum lugar mas só para conversar. Depois você sabe o que aconteceu, seu tio não sabe administrar nada direito e ele empurrou a MHS para mim e desde que passei a ser diretor da MHS, na época acabei perdendo o contato de Raquel e no ano retrasado acabei recebendo a ligação de um desconhecido e sim, era ela e eu fiquei feliz em saber que pelo menos ela estava viva... mas quando a vi pessoalmente na MHS, não me parecia mais a mesma Raquel que conheci há cinco anos atrás. — Digo por fim terminando de lavar o copo e em seguida lavo as minhas mãos. Desligo a torneira e olho para Scarlet que agora me olhava curiosa. — A Raquel sorridente simplesmente deixou de existir. Até hoje creio que ninguém sabe o motivo para ela ter mudado tanto, e ela se tornou uma pessoa muito reservada e séria.
— Assim como o senhor, vocês tem algumas coisas em comum. — Scarlet disse me fazendo encará-la e a mesma gargalhou. — Desculpa, mas é a verdade.
— Mas o que você e sua amiga realmente querem saber é se Raquel tem um relacionamento amoroso com alguém não é? — Pergunto e Scarlet confirma com um aceno de cabeça. — Pelo que sei ela é noiva de Peter... Piter, eu não me lembro do nome do noivo dela mas é alguma coisa assim. E eles iriam se casar esse ano mesmo, mas esse noivo dela e ela sofreram um acidente de carro no mês de maio, desse ano mesmo e graças a Deus Raquel só teve ferimentos leves, agora o noivo dela está em coma... até hoje.
Annabelle Narrando
Quando Scarlet me convidou para ir para a casa dela, eu pensei "Por que não? Preciso ver Kiara, nunca mais a vi." e depois pensei "Ah não, e se Dominic estiver em casa?" e como eu havia pensado, acertei porque ele realmente está em casa e eu não sei se agora seria uma boa hora para se desculpar pelo meu mau comportamento na sexta-feira passada.
E aquela aproximação que tivemos ontem... acho que o melhor a se fazer é evitá-lo e quando eu o ver, vou fingir que nada aconteceu e agir normalmente.
Como se eu conseguisse agir normalmente perto de Dominic Murray, o homem é lindo bebendo até um copo de suco... como isso é possível?
Não havia encontrado Kiara no quarto de Scarlet e a maluca da Scarlet disse que ela estaria lá, imaginem minha cara quando deduzi que não teria para onde fugir, eu iria acabar vendo o Dominic de qualquer jeito e foi o que aconteceu. Se não fosse ele, eu não saberia onde Kiara estaria agora.
E nesse momento eu estou no quarto do pai de Scarlet e sentada ao lado de Kiara. O quarto tem uma decoração sofisticada, se destacam as cores branco, cinza e azul escuro... posso estar enganada mas algo me diz que ele ama a cor azul escuro.
— Pensei que você não iria mais vim me ver. — Disse Kiara fazendo com que eu parasse de analisar o quarto e olhasse para ela que segurava um livro de conto de fadas.
Estamos sentadas em cima da enorme cama de Dominic que é tão macia e confortável. Se eu me deitasse agora nela, eu iria dormir na hora.
— Oh não Kiki. — Digo analisando o semblante da garota que parecia triste e eu me aproximei mais um pouco dela para abraçá-la. — Jamais pense isso. Sempre que eu puder, virei aqui te visitar inclusive... eu já estava com saudades de você sabia? — Pergunto me afastando do abraço e pegando nas mãozinhas dela.
Kiara é absurdamente linda e ela ficou tão feliz quando escutou a minha voz chamando o nome dela. Confesso que meus olhos encheram d'água quando ela disse que estava feliz por saber que alguém se importava com ela além da empregada, a irmã e o próprio pai.
Ela também me falou que estava lendo um dos seus livros favoritos que é a história da chapeuzinho vermelho.
— Eu também estava com saudades de você Belle. — Ela sorriu apertando as minhas mãos.
— E como você está Kiki? Tá tudo bem?
— Sim, sim. Melhor agora com sua presença Belle. — Ela disse afastando suas mãos das minhas e vi a mesma esticar o braço direito para o lado esquerdo da cama, onde estava o livro de capa vermelha e logo ela o pegou. — Ah Belle esse é um dos meus livros favoritos, eu gosto tanto dele e queria muito uma continuação.
— Posso pegar? — Pergunto me referindo ao livro e ela diz que sim.
Passei a analisar o mesmo que apesar de ter as letras para poder ler, a escrita também é em braille, baseada na combinação de alguns pontos que eu não entendo mas sei que Kiara entende. Já ouvi falar nesse tipo de escrita e ajuda muito as pessoas com deficiência visual que gostam de ler, e eu fico tão feliz em saber que Kiara gosta de ler e se interessa por livros.
— Com quem aprendeu a ler Kiki?
— Minha avó me ensinou... demorou um pouquinho mas eu aprendi. — Ela disse e quando a olhei ela estava enrolando uma mecha do seu cabelo ruivo no dedo indicador.
— Você disse que queria uma continuação desse livro?
— Sim.
— Também queria, mas infelizmente não tem. Eu também lia muito chapeuzinho vermelho... — Rir de canto. — Minha irmã costumava criar uma continuação das histórias que eu queria que tivesse uma continuação, era só eu pedir, que ela me contava mas era sempre quando eu estava perto de ir dormir. Ela adorava me deixar curiosa e eu de fato ficava curiosa, querendo saber o que iria acontecer com a chapeuzinho depois de ter tido um romance com o... — Parei de falar ao perceber que Kiara abriu um pouco a boca surpresa.
Falei demais.
— A chapeuzinho? De romance com alguém? Eu gosto de romances. — Ela disse animada. — Sua irmã pode vim me contar essa continuação da história que ela mesma criou?
— Ah Kiki... ela agora é uma estrelinha assim como a sua avó, ela infelizmente não está mais entre nós. — Digo vendo a mesma mudar a expressão de feliz no rosto, para triste.
— Nossa Belle, eu sinto muito pela sua irmã.
— Tá tudo bem, não precisa ficar triste. — Toco no rosto de Kiara e a mesma toca na minha mão. — Ela era incrível Kiki, graças a ela eu tenho uma grande paixão por livros. Mas olha, como ela me contava a continuação de algumas histórias, eu posso contar a você se quiser... posso criar uma continuação para esse livro da chapeuzinho vermelho.
— Sério? — Os olhos da garota brilharam quando a mesma escutou as minhas palavras.
— Muito sério. — Sorri ao vê-la animada e a mesma abriu os dois braços como se quisesse me abraçar e eu me aproximei mais dela para que ela fizesse. E assim, ela me abraçou.
— Começa agora então. — Ela disse se afastando do abraço. — Você pode dormir aqui Belle, Scarlet vai gostar e meu pai ele vai deix
— Não. — Me apresso interrompendo ela e resolvo me explicar. — Hoje eu não posso Kiki, tenho que dormir em casa e também já está muito tarde. Daqui a pouco terei que ir embora mas antes de ir, quero começar te contando essa continuação do livro da chapeuzinho. — Explico vendo a mesma manter a mesma expressão de animada no rosto.
Ela deveria estar muito ansiosa para ouvir uma continuação de um dos seus livros favoritos.
— Tudo bem, comece Belle, comece. — Ela disse se deitando na cama, colocando suas duas mãozinhas em cima da barriga.
Terei que inventar uma continuação da história da chapeuzinho vermelho agora... se pelo menos eu fosse tão boa quanto a Annabel nisso... mas irei tentar.
A minha versão sairá um pouco diferente da de minha irmã.
— Certo. Vou começar, mas primeiro... quero saber o que você espera dessa continuação.
— Me surpreenda Belle. — Ela disse dando um sorriso fechado e entrelaçando sua mão uma na outra.
— Está bem. — Sorri ao perceber que ela estava ansiosa. — A continuação da história da chapeuzinho inventada por mim será um pouco louca... — Penso como seria a vida de chapeuzinho depois de tudo pelo que ela passou, até que finalmente começo a ter algumas ideias.
— Belle por que está demorando?
— Me perdoe Kiki, estava pensando em como começar. — Rir. — E acho que já sei como. Preparada?
— Sim, sim.
— Certo. Em algumas histórias o lobo mau no final é morto pelo caçador, em outras ele consegue o que quer que é matar a vovozinha, infelizmente, e em outras ele apenas foge. Mas na minha história esse final do lobo mau será um pouco... diferente. — Me deitei ao lado de Kiara e torci para não dormir ali mesmo enquanto contava a história para ela, ou melhor, a continuação da história inventada por mim. — Quando o lobo mau confessou para o caçador onde a vovó de chapeuzinho estava e tudo terminou bem, o caçador mandou o lobo mau ir embora, mandou ele ir embora para um lugar onde ele nunca mais pudesse perseguir e nem comer ninguém.
— Bem feito. — Kiara riu e eu fiz um sinal de negação com a cabeça mesmo que ela não pudesse ver.
— Vamos ver se sua opinião irá mudar em relação ao lobo mau, ao decorrer da história. Enfim, dez anos se passaram e chapeuzinho já havia se tornado uma bela moça, ela não era mais aquela criançinha que havia passado por uma situação não muito agradável com o lobo mau na floresta, ela agora era uma moça mais esperta e para qualquer lugar que fosse, ela levava sua capa vermelha com ela.
— Uau! Ela cresceu então? Vou sentir saudades dela quando ela era uma criança. — Ela disse e eu tive que concordar com ela.
— Eu também. Mas apesar de chapeuzinho ter crescido, ela ainda tinha um pouco de criança na alma e no coração. Por ser uma moça muito bonita, ela atraía olhares quando ia para a aldeia fazer compras quando a sua avó precisava de alguma coisa e sempre, sempre que ela pegava um atalho na floresta para poder voltar para a casa da sua avó ela se lembrava dele, do lobo mau.
— Coitadinha...
— Sim, coitadinha. Jamais iria esquecer do lobo que a enganou e que quis jantar a sua avó. O que ela não esperava era que em uma noite, escutasse uivos de lobo vindo do lado de fora da casa de sua avó. Ela se levantou da sua cama e se aproximou da cama de sua vó que ficava um pouco distante da cama dela, ela perguntou para a avó dela se ela havia escutado um uivo de lobo. Mas a avó de chapeuzinho estava tão cansada e tinha um sono pesadíssimo então, ela não escutou o uivo de um lobo e muito menos a pergunta de sua neta que já estava acordada e um pouco assustada. — Olho para Kiara que parecia curiosa com toda essa história. — Chapeuzinho então, saiu do quarto e em seguida de casa. Ela se sentou no batente perto da porta e ficou olhando para o céu estrelado e a lua perfeitamente redonda e branca. Mas ela parou de admirar o céu quando notou que olhos verde escuros a encaravam na penumbra, dentro da floresta, perto de alguns arbustos.
Ela rapidamente se levantou e de trás do arbusto saiu um lobo de pelo escuro e seus olhos eram tão verdes que pareciam duas esmeraldas e esse lobo, parecia faminto.
— Meu Deus Belle! Ele não vai...
— Ele iria Kiki, mas ele precisava dela.
✨Continuação da história da Chapeuzinho Vermelho – Contada por Annabelle✨
— Se tem amor a sua própria vida é melhor correr. — Disse Chapeuzinho encarando o lobo e estava preparada para pegar uma espingada que sua avó tinha dentro de casa.
— Você cresceu demais... — Disse o lobo de pelos escuros e olhos verdes.
— Como assim cresci demais? E você por acaso me conhece? É melhor você sair daqui, não confio em lobos. — Ela disse irritada e o lobo ousou em caminhar na direção dela em passos lentos.
— Você não se lembra mais de mim chapeuzinho vermelho? Eu não menti quando te disse uma vez que ninguém gostava de mim por eu ser mau... por eu ser um lobo mau. — O lobo disse fazendo com que a mulher apoiasse a mão direita na testa por não estar acreditando que aquele lobo era ele. — Sou eu chapeuzinho, o lobo mau que quase te matou quando você ainda era apenas uma criança.
— O que quer? — Ela perguntou desconfiada e dando dois passos para trás.
— Você, eu preciso de você.
✨Continuação da história da Chapeuzinho Vermelho – Pausada por Annabelle✨
— Aaah não Belle, me conte o resto da história. — Kiara pediu juntando suas duas mãos e eu rir.
— Mas Kiki eu preciso ir agora, minha mãe acabou de me ligar e eu nem se quer atendi a ligação dela. Prometo que irei vim te visitar de novo e então, continuarei contando a história de onde parei está bem? — Pergunto me levantando da cama e vejo a mesma se sentar, seu semblante ficou triste. Coloquei uma mecha do seu cabelo para trás da orelha e toquei no seu rosto. — Você gostou mesmo dessa continuação inventada por mim? Sério?
— Você ainda pergunta? Eu já quero saber para que o lobo mau precisa da chapeuzinho, tipo... uau ele foi atrás dela... por que ele precisa dela? — Ela perguntou curiosa e eu gargalhei.
— Você acredita que eu não sei.
E realmente não sei. Ah Deus! Por que fui inventar de inventar uma continuação de uma história? Não sou tão boa assim.
— GATINHAS! — Me assustei ao escutar a voz alterada de Scarlet e olhei na direção da porta do quarto. Lá estava ela com as mãos na cintura e um sorrisão no rosto, como se estivesse posando para uma foto.
— A maluca chegou. — Disse Kiara me fazendo rir e Scarlet encarou ela.
— Como é que é cenoura?
— Scarlet. — Repreendo minha amiga com o olhar por ela ter chamado Kiara de cenoura. Pobre Kiara, só porque tem os cabelos ruivos. — Olha eu tenho que ir agora, vou pedir um uber e vou para casa.
— Já? Uber? Economize seu dinheiro, meu pai te leva. — Scarlet disse e eu neguei com a cabeça.
— De verdade não precisa. — Digo pegando meu celular para chamar um uber e ainda bem que consegui encontrar um de primeira. Ele agora já está a caminho. — E não precisa mesmo, já chamei um uber e ele está a caminho.
— Tá bom então... eu iria te falar alguma coisa porém, esqueci. — Minha amiga coçou a nuca e eu rir dela.
— Quando você lembrar pode me ligar. Agora é melhor eu ir, tchau Kiki e tchau Scarlet. — Me despedi das duas e não demorou para que saísse do quarto do senhor Murray.
Apressei meus passos e olhando sempre para frente e para os lados. Quanto mais rápido eu saísse dessa casa, seria melhor para mim.
Rapidamente desci as escadas e quase tropeço em um dos degraus, isso é que dá ser atrapalhada. Passei também pela porta do escritório que era de Dominic e a porta estava fechada, o que significa que ele pode estar lá dentro.
Apressei os passos e olhei para trás para verificar se aquela porta não seria aberta no derrepente, quando voltei meu olhar para frente acabei trombando em algo.
— Por que tanta pressa? — Perguntou Dominic ao segurar meus ombros e eu levei minha mão direita até o meu nariz que havia se chocado com tudo no peitoral dele.
Aí! Meu nariz!
— Não estou com pressa. Eu só preciso ir para casa agora e o carro que chamei já deve estar lá fora me esperando. — Digo massageando um pouco o meu nariz e sinto a mão firme de Dominic tocar no meu rosto e imediatamente olho para ele.
— Machucou? — Ele perguntou analisando o meu rosto e eu respirei fundo para tentar afastar a mão dele do meu rosto quando na verdade eu queria que a mão dele ficasse ali mesmo.
— Não, não. Estou bem. — Menti enquanto afastava a mão dele do meu rosto e também me afastava um pouco dele. Meu nariz ainda está doendo mas em casa eu cuido dele.
— Tem certeza? Seu nariz está vermelho.
— Tenho, não se preocupe. — Digo desviando o olhar dele e olho para a tela do meu celular que eu estava segurando com minha mão esquerda.
Não acredito. Não acredito que o infeliz do motorista cancelou a corrida, só pode ser brincadeira.
— Era impressão minha ou você parecia estar fugindo? — Ele perguntou me fazendo olhar para ele.
— Eu? Fugindo? Por que eu estaria fugindo? — Rir da pergunta dele quando na verdade, ele estava certo.
Eu estava fugindo dele e tentando não dar de cara com ele.
— Eu não sei. Você praticamente estava correndo e olhando para trás, nem me viu aqui. — Ele disse irônico mas eu não duvido que ele saiba lá no fundo, o porquê eu estava apressada.
Ele parece que ama me ver constrangida ou com vergonha.
— Impressão sua... — Rir mas na verdade eu estava nervosa.
Será que agora era uma boa hora para conversar com ele? Uma conversa rápida para acabar logo e eu poder dormir tranquilamente hoje a noite.
— Dominic... — Pronuncio seu nome sentindo meu coração acelerar. — Eu queria me desc
— AMIGA! — Me assustei ao escutar a voz de Scarlet. Me virei para olhar para trás e vi a mesma descendo as escadas. — Ainda bem que você ainda está aí. Por favor volte aqui amanhã de novo, preciso falar com você e também irei precisar da sua ajuda.
— Minha ajuda? Em quê? — Pergunto confusa e ela vem até mim.
— Amanhã eu te digo, mas precisava te dizer isso agora. Era isso que eu iria te dizer lá em cima e acabei esquecendo. — Ela riu e eu assenti.
Meu Deus! Terei que vim aqui amanhã de novo?
— O seu uber ainda não chegou? — Ela perguntou e eu queria dizer que sim, que meu uber está lá fora me esperando.
Mas como eu não sou uma boa mentirosa e teria que chamar outro mesmo...
— O motorista cancelou a corrida. — Digo baixinho.
— Como?
— A corrida foi cancelada. — Digo agora em meu tom de voz normal. O que eu adoraria não ter feito já que Dominic estava por perto e eu já sei até o que Scarlet irá dizer.
— Eu irei levá-la. — Disse o pai da minha amiga e eu olhei para ele incrédula. Eu esperava que Scarlet se pronunciasse primeiro sobre isso, não ele. — Só um minuto, irei pegar as chaves do carro.
Ele foi até o escritório dele e abriu a porta, em seguida entrou e Scarlet me olhou.
— Agradeça a Deus por meu pai estar se oferecendo para te levar. Ele não é de se oferecer para levar ninguém em casa, como eu já te disse uma vez ele é chato demais as vezes. — Ela riu de canto e cruzou os braços. — Mas eu o amo mesmo assim... enfim, amanhã também te conto algumas coisas que descobri da furacão.
Rir por ela se referir a Raquel desse jeito.
— Você não tem jeito mesmo Scarlet. E seu pai não precisava me levar, eu poderia chamar outro uber ou
— Não Belle. — Ela riu. — Meu pai é teimoso, se ele disse que vai te levar é porque ele vai te levar. Relaxa.
Como posso relaxar com Dominic Murray e eu a sós dentro de um carro? Eu fico nervosa só de pensar.
Na primeira vez que ele me levou em casa foi tranquilo, mas agora? Algumas coisas aconteceram, coisas que não eram para ter acontecido.
Alguns minutos depois...
Aqui estou eu, dentro do carro do pai da minha melhor amiga. Incrível como esse homem é lindo fazendo qualquer coisa, até dirigindo... eu quando iria entrar dentro do carro para me sentar no banco de trás, ele disse que eu poderia ir no banco da frente.
E aqui estou eu no banco da frente e olhando a vista das casas pela janela. Estava um silêncio absurdo dentro do carro e eu torcia para chegar em casa logo.
Oras mais o que eu estou fazendo? Perdendo tempo em silêncio em vez de conversa com ele civilizadamente agora, agora é a hora porque daqui a pouco ele estará me deixando na porta de casa quando eu menos esperar.
— Eu gostaria de me desculpar Dominic pela forma como me comportei na sua casa, na sexta-feira passada. — Digo quebrando o silêncio entre nós e olhando ainda a vista das casas que pareciam mais com mansões. — Eu não iria beber naquela noite, para começo de conversa eu não gosto nem de bebida alcoólica e...
— Você se lembra então do que falou quando estava bêbada? — Ele perguntou e eu desviei o olhar da vista das casas para olhar para ele.
O mesmo estava prestando atenção no trânsito e eu respirei fundo.
— Não.
E sinceramente eu não lembro, mas lembro do que estive prestes a fazer e também graças ao Trovão que gosta de rir de mim, ele me contou o que falei para Dominic... o que me deixou preocupada e envergonhada, até demais.
— Mas... lembro um pouco como me comportei. — Cruzo os braços e olho para frente, vendo alguns carros pararem e Dominic também freou por agora estar no sinal vermelho. — Só quero que me desculpe por qualquer coisa que eu disse ou fiz, não foi certo. E ontem... eu juro que não sabia que aquela área do jardim era proíbida e eu e o Chevalier
— Annabelle acalme-se. — Ele me interrompeu e eu olhei para ele que já estava me olhando. O mesmo voltou seu olhar para frente e deu partida, eu nem havia percebido que o sinal já estava no verde. — Confesso que nunca imaginei vê-la bêbada e tão fora de sí, como eu acabei vendo na sexta-feira passada. Ontem... — Percebi ele ficar sério e aperta um pouco os dedos no volante. — Você gostou mesmo de Chevalier?
— Sim e não... quando ele viu você, saiu praticamente correndo. — Rir de canto ao me lembrar disso mas Dominic ainda continuava com a expressão séria no rosto. Acabei me lembrando também do que quase iria rolar se aquele irmão dele não tivesse aparecido.
É melhor esquecer essa parte e encerrar o assunto por aqui.
Dominic entrou na rua em que moro e foi dirigindo devagar. Quando chegou perto da porta da minha casa ele parou, e quando eu iria agradecer pela carona e perguntar se eu estava desculpada, ele me fez uma pergunta que eu não imaginei que ele fosse fazer.
— Antes de você sair do carro, quero que você me responda uma coisa. Já que você me pareceu ser sincera a conversa toda, quero que seja sincera também quando for responder a minha pergunta. — Ele afastou as mãos do volante e eu já queria abri a porta do carro e sair correndo. — Me desculpe por te fazer uma pergunta dessas, mas você sente algum tipo de... atração por mim? Ou eu só estou me equivocando um pouco?
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Bjoooooooooooooos ✨
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