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ꕥ Capítulo 51 ꕥ

Dominic Narrando

Annabelle não me atende.

Já tentei várias vezes ligar para ela mas só chama e manda deixar um recado. Eu não consegui dormi direito a noite por estar com um mal pressentimento em relação a ela, mesmo não sabendo o que poderia ser mas eu sentia que poderia ser algo relacionado a ela.

Tanto que pensei em ir a casa dela no dia seguinte, mas não fui porque finalmente entendi o motivo para ela estar me rejeitando.

Scarlet não falou comigo desde que descobriu que eu e a Belle estávamos nos envolvendo as escondidas. Até tentei falar com a minha filha mas ela me evitou, falou somente com a Kiara e depois saiu de casa sem ao menos comer nada.

Foi quando ela saiu que eu pensei em falar com a Kiara e tive uma noção de que Scarlet havia dito para a irmã sobre mim e sobre a Belle. Eu iria falar com a minha filha caçula sobre, mas decidi falar mais tarde e fazer logo o café da manhã como sempre faço aos domingos.

Kiara apareceu na cozinha com uma expressão confusa no rosto e me desejou um bom dia, eu a ajudei a se sentar na cadeira, mesmo ela protestando dizendo que sabia se sentar sozinha. Mas eu me preocupava com ela mesmo assim.

Pensei que ela teria uma reação igual a de Scarlet mas Kiara apenas ficou em silêncio e assim seguiu o nosso café da manhã de domingo. Scarlet chegou algumas horas depois com os olhos inchados e um pouco vermelhos, era evidente que havia chorado e isso fazia o meu coração doer.

Eu não queria que Scarlet sofresse tanto com isso e nem que a amizade dela e de Belle acabasse por causa do meu caso com a própria Belle. Scarlet entrou na cozinha e assim que me viu, apenas caminhou até a geladeira e tirou de lá uma jarra de água.

Kiara sentindo o clima tenso, disse que iria voltar para o seu quarto sozinha, deixando assim eu e Scarlet a sós.

— É assim então? Não vai mais falar comigo? — Pergunto não aguentando mas aquele clima tenso entre mim e a minha filha.

Ela continuou calada e pegou um copo de vidro no armário, percebi que ela estava segurando um pedaço de papel mas ignorei isso quando recebi um olhar sério dela.

— O que quer que eu diga? Que eu te dê os parabéns por ter escolhido justo a única amiga que eu tinha, para se relacionar? — Ela perguntou irônica colocando agora o copo de vidro, em cima do balcão da cozinha.

Me levantei da cadeira em que eu estava sentado próximo a mesa e me aproximei do balcão, me apoiando no mesmo e observando minha filha indo pegar a jarra de água que ela havia deixado em cima da pia.

— Scarlet eu não pretendia me envolver com a Annabelle.

— Mas se envolveu.

— Me envolvi, e você sabe que eu nunca quis entrar em um relacionamento sério com alguém. Mas com a Annabelle foi diferente... aos poucos fui percebendo que não só a admirava, eu estava começando a gostar mesmo dela.

Scarlet despejou a água no copo de vidro e guardou o pedaço de papel no bolso do seu short. Ela bebeu a água e ficou alguns segundos olhando agora, para o copo vazio.

— Entenda que sim, eu me apaixonei pela sua única e melhor amiga e não, eu não escolhi isso. Se eu pudesse escolher teria escolhido me apaixonar pela Poliana — Digo vendo minha filha fazer uma cara de que comeu algo e não gostou. — Mas não é assim que funciona até porque, não escolhemos por quem nos apaixonamos. Então se você não aceita, eu lamento muito por você Scarlet porque eu não irei desistir da mulher que amo e só para esclarecer... sua mãe é insubstituível filha, ela sempre terá um lugar no meu coração. Mas eu não posso ficar preso ao passado, eu quero viver o agora e... eu quero viver com a Annabelle.

— Como isso é possível?

— O quê? — Pergunto confuso e ela me olha.

— Isso que você e a Belle sentem um pelo outro, eu nunca poderia imaginar. Vocês não tem medo do que os outros irão pensar? Das fofocas que irão surgir?

— É... não. Os outros que se danem e as fofocas também, se eu for me importar com o que vão pensar de mim eu não vivo a minha vida e não custa nada se arriscar, você não acha? — Pergunto e ela concorda com um aceno de cabeça. — Olha, eu sei e imagino que deve ser difícil e estranho para você aceitar um relacionamento desses... mas me prometa que não irá tratá-la mal, por favor.

Scarlet ficou em silêncio durante alguns segundos e eu estranhei, era como se ela estivesse me escondendo alguma coisa e essa coisa também estava deixando minha filha aflita.

— Scarlet?

— Oi?

— O que está escondendo? — Pergunto e vejo ela morder o lábio inferior, em seguida ela tira o papel do bolso do short e me mostra. — O que é isso?

— Eu não iria te mostrar isso mas... acho que já chega de mentiras entre nós. Há algumas horas atrás eu vi a Belle lá fora e ela me entregou isso antes de ir, quando eu fui atrás dela ela já havia ido embora — Scarlet colocou aquele papel em cima do balcão e eu apertei os olhos ao ver aquele papel. — Ela veio se desculpar comigo e eu fui orgulhosa... não quis ouvi-la e agora me arrependo de não ter dito o que eu queria dizer para ela. — Seu tom de voz saiu embargado.

Isso significa que minha filha pode estar com muita raiva agora, mas não odeia a Belle 100% e isso é ótimo.

Eu iria pegar o papel quando Scarlet rapidamente pegou o mesmo de volta e negou com a cabeça.

— Não, não. Eu disse que só iria mostrar e já mostrei, mas não vou permitir que o senhor leia — Scarlet se afastou do balcão e eu escutei o seu celular tocando. — Eu acredito que isso tudo que está escrito no papel seja mentira.

— Scarlet me dê esse papel e atenda o seu celular. Foi a Belle que escreveu? — Pergunto indo para o outro lado do balcão, onde minha filha se encontrava e ela apressou os passos saindo da cozinha. — Scarlet!

— Outra coisa que o senhor irá ficar sabendo agora, eu estava me envolvendo com a minha professora. — Ela disse parando de caminhar quando se aproximou das escadas e eu parei de caminhar logo atrás dela.

Fiquei surpreso e até achei que ela estava brincando, mas quando ela se virou para me olhar e eu vi os seus olhos marejados, eu soube que o que ela tinha dito não era brincadeira.

— Como? Você se envolveu com uma professora sua? Que professora? — Pergunto confuso e parei para pensar em todas as professoras que lecionam na MHS.

Até que só me veio uma professora na mente, a única por quem Scarlet poderia ter se interessado.

— Scarlet — Toquei no ombro dela e minha filha largou o papel no chão, me abraçando com força e chorando. — Essa professora é a Raquel Blunk, não é? — Pergunto passando a mão nos seus cabelos ruivos e ela soluça.

— E-eu deveria te odiar pai... deveria te odiar por ter se envolvido com a minha única amiga. Mas se eu não for desabafar com o senhor, com quem eu irei desabafar? — Ela dizia com a voz chorosa e me estristeci ao vê-la naquele estado. — Eu estou te julgando tanto por ter se envolvido com a Belle... e eu que me envolvi com a Raquel sabendo que ela era comprometida e que o noivo dela estava em coma? E a-agora estou aqui sofrendo porque... porque ele saiu do coma e pediu ela em casamento, e ela aceitou.

— Scarlet! — Me afastei do abraço e olhei para o rosto delicado da minha filha, seus olhos estavam inchados de tanto ela chorar. — Acalme-se e respire fundo, por favor.

Scarlet fez o que pedi e eu enxuguei as lágrimas dela.

— O senhor já sabia que era ela... foi a B

— Não! — Interrompi minha filha antes que ela completasse a frase. — Até tentei arrancar alguma informação dela, mas Belle não me disse nada. Eu não sou idiota Scarlet, eu percebi como você estava mudando e estava mais sorridente e distraída, mais que o normal e isso só poderia ser porque estava se envolvendo com alguém. Eu só não sabia e nem imaginava quem poderia ser, mas agora... não foi difícil de advinhar.

— E não... vai me julgar?

— Eu me envolvi com a sua melhor amiga, por que eu te julgaria agora por se envolver com a Raquel que no caso é sua professora e também uma amiga de confiança para mim? — Ri de canto e ela deu um sorriso fraco. — Estamos quase no mesmo barco.

— Mas a Belle não irá se casar com outro — Ela disse irônica.

— Tem certeza que a Raquel vai casar mesmo com o Peter?

— Ela me ligou hoje mesmo para me dar essa notícia... o que eu vou fazer papai? Eu só acabei me iludindo no final das contas — Scarlet cruzou os braços e soltou um suspiro. — Não vou consegui esquecê-la.

Ela passou a encarar o chão e eu apoiei minha mão no seu ombro.

— Por que não conversa com ela pessoalmente? Ela pode ter aceitado o pedido de casamento, mas uma coisa eu te digo... conhecendo a Raquel, ela não é de se envolver com ninguém e me surpreende muito ela ter se envolvido com você e se ela foi capaz de aceitar a se envolver com você, é porque ela tem sentimentos por você também — Digo e Scarlet parece pensar. — Pense bem, é melhor você falar cara a cara com ela para saber o que realmente ela sente.

— E se ela... disser que ama o Peter? — Scarlet me olhou e eu quis muito dizer que não, se Raquel gosta mesmo dela, ela não irá dizer isso.

Mas preferi não dizer isso, porque não sei se a Raquel teria coragem de desistir agora do Peter e assumir para todos que gosta da Scarlet.

— Se isso acontecer, você terá que ser forte e terá que sair de cabeça erguida — Digo dando um sorriso fraco para ela e a mesma retribui o sorriso. — E quem estava te ligando?

— Ah meu Deus! Eu me esqueci — Ela descruzou os braços e rapidamente retirou o seu celular do bolso, assim que ela olhou para o número estranhou. — É um número desconhecido, mas vou ligar para saber quem é.

E assim ela fez e a ligação não demorou para ser atendida, já que Scarlet perguntou quem era e assim que a pessoa do outro lado da linha pareceu se apresentar, Scarlet me olhou e afastou um pouco o celular da orelha.

— É a mãe da Raquel — Ela disse em um tom de voz baixo. — Ah olá Julieta, como vai? — Ela voltou a aproximar o celular da orelha e fez um sinal com a cabeça, indicando que iria subir as escadas e eu entendi que ela queria falar a sós com a mãe da Raquel.

Scarlet subiu as escadas e em meio a todos aqueles problemas, eu me senti feliz por minha filha ter pelo menos falado comigo. Se ela me perdoou? Eu não faço ideia mas... posso dizer que estamos bem, não ótimos, mas estamos bem.

Iria subir as escadas também quando olhei para o chão e vi o papel amassado que Scarlet não quis que eu lêsse. Para mim não era nada demais e minha filha poderia estar exagerando no que Belle possa ter escrito então, peguei o papel e comecei a ler o que estava escrito nele.

Cada frase parecia estar afiada pois quando fui lendo, elas foram perfurando o meu coração aos poucos e a última frase... foi a que mais me entristeceu e me fez amassar aquele papel, jogando-o de volta no chão. A Belle nunca me amou... eu não queria acreditar nisso, mas estava escrito naquele papel e foi ela quem escreveu.

Então foi por isso que ela não atendeu as minhas ligações, ela já estava planejando fazer isso e ir embora... eu não quero acreditar que seja verdade, mas tudo indica que seja...

Passei o domingo inteiro praticamente pensando nas palavras que foram escritas naquele papel. Eu não disse a Scarlet que eu tinha lido porém, não precisei disfarçar por muito tempo porque ela notou que eu estava triste e deduziu que eu li o bilhete.
Ela também me disse que não acreditava que a Belle tinha escrito tudo aquilo, mas aquela era a letra dela.

Hoje já é segunda-feira e eu não fui trabalhar, liguei para o meu vice para avisá-lo que hoje ele ficaria no comando... eu estava angustiado e com raiva, não queria nem mesmo sair de casa para ver ninguém.

Ontem eu não quis jantar e pedi para Scarlet dizer a Kiara que o motivo era porque eu estava com dor de cabeça, o que não foi mentira porque eu realmente estava com dor de cabeça também. E o pior de tudo foi que não consegui dormi, não tive uma noite muito boa de sono e quando eu conseguia cochilar, de repente eu acordava de madrugada e demorava a dormir de novo.

Nesse momento estou com muito sono e sentado na beirada da minha cama, nem ao menos fui tomar café.

A porta do meu quarto foi aberta e quando ergui a cabeça para ver quem era, vi minha filha caçula caminhando em passos lentos e esticando as mãos para tocar em qualquer coisa que estivesse a sua frente ou ao seu lado.
Ela usava um pijama cor de rosa que tinha desenhos de várias corujinhas.

— Papai? Você está aí? — Kiara perguntou já se aproximando da minha cama e se curvou um pouco, sabendo onde minha cama se localizava e esticou as mãos, que logo tocaram no colchão.

— Estou filha — Aproximei minha mão da dela, e a peguei. — Você acordou cedo.

A guiei para perto de mim e ela me abraçou, retribui o seu abraço e assim que ela se afastou um pouco de mim, ela apoiou suas duas mãos no meu rosto e eu a deixei senti como eu estava. Ela tinha esse dom incrível e que sempre me deixava surpreso.

Vi seu semblante ficar triste e eu fechei os olhos.

— Você dormiu papai?

— Para ser sincero, não — Digo e a ajudo a se sentar ao meu lado. — Eu iria conversar com você ontem mas

— Estava com dor de cabeça, Scarlet me disse.

— Isso, mas não era só isso Kiara.

— Não? — Ela franziu as sobrancelhas e eu acariciei o seu rosto. — Papai... é sobre a Belle?

— Então você já sabe? — Pergunto afastando minha mão do rosto dela e ela da um sorriso fechado.

— Scarlet me disse ontem de manhã enquanto chorava horrores — Kiara disse tranquilamente. — Minha irmã é muito dramática as vezes, mas entendi a tristeza dela. A amizade dela e de Belle é parecida com a amizade de dois personagens de um livro que li e foi por causa de uma mentira que tudo foi para o espaço, mas no livro os dois personagens fizeram as pazes... eu espero que minha irmã e Belle façam as pazes também.

— Eu também espero — Prendi o riso ao ver como Kiara falava de Scarlet. — Sua irmã não teve uma reação muito boa, mas você me parece tranquila.

— E por que eu não estaria papai? Belle é incrível e é a mulher ideal para o senhor.

Sorri ao escutar isso mas ao me lembrar do bilhete, meu sorriso desapareceu e mesmo Kiara não podendo ver, pareceu senti que eu não estava bem.

— Papai? Tá tudo bem? Ficou quieto...

— Vou ficar bem Kiara, vou ficar bem... Scarlet foi para a escola? — Pergunto mudando de assunto.

— Ela não está no quarto dela. Ontem ela ligou para a Izzy dizendo que não precisava ela vim hoje porque o senhor ficaria o dia todo em casa. Mas papai, eu acho que a minha irmã não foi pra escola — Kiara se aproximou mais de mim, como se quisesse me contar um segredo. — Eu escutei ela falando com alguém hoje de manhã, mas acho que foi pelo celular porque ela disse que ia... sei lá, ela disse um nome estranho e complicado e disse que encontraria essa pessoa da ligação lá. — Minha filha deu de ombros e de repente começou a rir.

— O que foi? — Pergunto confuso.

— Nada... eu vou para o meu quarto escutar música, vou te esperar para tomarmos café de tarde — Kiara se levantou da cama e eu também me levantei para ajudá-la. — Papai não precisa, eu sei ir sozinha. — Ela reclamou quando eu apoiei minha mão em seu ombro.

— Ah você sabe que eu me preocupo com você... e agora que percebi, café de tarde? — Pergunto confuso e ela ri, negando com a cabeça.

— Eu sei papai que se preocupa comigo, mas eu sei ir para o meu quarto sozinha — Ela caminhou calmamente indo até a porta do quarto e eu dei dois passos a frente. — Papai...

— Sim?

— Espero que esteja indo para o seu banheiro e não para me guiar até a porta. — Ela disse, o que me fez rir e fazer um sinal de negação com a cabeça.

— Tudo bem, eu já estou indo para o banheiro. Saio de lá em alguns minutos para podermos ir tomar café, está bem?

— Está bem. — Ela riu baixinho e saiu do meu quarto, em seguida fechou a porta.

Respirei fundo e decidi ir para o banheiro. Tirei o meu pijama e logo fui para o chuveiro, a água fria escorreu pelo meu rosto e também pelo meu corpo. Me ensaboei e demorei um pouco embaixo do chuveiro, minha barriga roncou e isso era sinal de que eu precisava urgente tomar duas xícaras de café.

Terminei de tomar banho e enrolei a toalha em minha cintura, ao fazer isso me lembrei de um dos momentos que passei com Belle no pequeno chalé... mais que droga! Isso é que dá se apaixonar de novo... ainda não acredito que a Belle nunca me amou. E eu pensando que ela estava disposta a lutar por nós dois.

Sai do banheiro e enxuguei meus pés no pano de chão azul que ficava na entrada do banheiro. Caminhei na direção do espelho e analisei o meu rosto... é, estou com olheiras mas não me importo.

— Eu não gosto muito de elogiar as pessoas, mas você é bonito até com olheiras — Me assustei ao ver só agora através do espelho, um cachorro sentado em minha cama e me olhando. — Não vai gritar em? Não é hora para isso, preciso da sua ajuda.

— O que... como você entrou aqui? De onde foi que você surgiu? E espera aí... você está falando? — Pergunto agora olhando para aquele cachorro e ele me parecia familiar.

Ele inclinou a cabeça para o lado esquerdo e eu fiz o mesmo com a minha cabeça, não estava acreditando no que estava acontecendo.

— Uau! Finalmente alguém me imitou, é por isso que gosto de você Dominic. Sou familiar para você porque sou o cachorro falecido da Belle e eu e você já nos vimos poucas vezes, na verdade, sou o cachorro não falecido porque como pode ver eu estou vivo e falando agora com você. — Ele disse voltando a deixar a sua cabeça na posição normal e eu fiz o mesmo.

Tá legal, eu enlouqueci de vez e minha vontade era de sair correndo mas ao invés disso eu me afastei um pouco do espelho e soquei a parede do meu quarto. O que fez doer o meu punho e eu olhei rapidamente na direção da minha cama, o cachorro ainda continuava ali e foi então que conclui que não, eu não estava delirando e nem sonhando.

— É claro que não está. Não seja complicado Dominic, as mulheres que são — O cachorro ficou de pé, entre suas quatro patas em cima da minha cama e fechou os olhos.

Que cachorro ousado.

— Eu não sou complicado — Digo encarando ele. — Como é que você fala? Eu não vi você morto mas soub

— Shh! Deixe para me fazer perguntas depois, vai ter que entrar na fila se quiser saber de tudo sobre mim. Mas agora, preciso da sua ajuda e a Belle também —  Ele abriu os olhos e eu franzi as sobrancelhas. — Escute, o bilhete que você provavelmente leu é tudo mentira. A Belle foi obrigada a escrever tudo o que você leu.

— Está querendo me dizer que a Belle... foi forçada a escrever o que tinha naquele bilhete que li? — Perguntei me aproximando da cama e ele confirmou minha pergunta com um aceno de cabeça.

— Ela te ama tanto que me dá enjoo — O cachorro disse de um jeito engraçado e que se eu não estivesse surpreso em vê-lo falando, eu teria rido. — O cachorro aqui tem nome, você sabe o meu nome.

— Trovão... não é? — Pergunto e ele confirma com a cabeça. — Espera e como você sabe sobre o bilhete?

— O que foi que eu disse sobre deixar as perguntas para depois? — Trovão perguntou impaciente e saltou da minha cama. — Preciso que você ligue para a polícia, eles tem que ir a um local e

— Polícia? Eu não me dou muito bem com policiais e por que eu faria isso?

— Se quiser que minha dona viva futuramente ao seu lado, precisa ligar para a polícia. Ela corre perigo Dominic, ela e a mãe que a criou correm perigo agora, nesse exato momento e não podemos perder mais nenhum segundo. — Ele disse se sentando no chão e eu me preocupei com o que ele disse.

Belle corre perigo... só pode ser brincadeira.

— Eu também gostaria que fosse  — Trovão disse como se tivesse acabado de ler a minha mente e só agora percebo que ele está fazendo isso desde que começou a falar comigo. — É meu caro, é um dos meus poderes.

— Poderes? Isso é loucura demais, se me contassem eu nunca acreditaria — Digo e vejo as orelhas do cachorro irem um pouco para trás. — O que foi agora?

— Acho que chamar a polícia não vai ser uma boa ideia... tem que ser você — Ele disse me fazendo arquear uma sobrancelha. — Tem que ser você Dominic porque se for a polícia, eles farão muitas perguntas como por exemplo, como você sabia da localização da Belle sendo que essa localização que ela e a mãe dela está agora, não tem nem mesmo sinal para realizar uma ligação. Você poderia dizer "ah eu sou advinha" mas sabemos que essa mentira não vai pegar muito bem. Sem falar que ainda tem eu, meus poderes eram e ainda são um segredo e agora eu mesmo tenho que me tornar um segredo só porque simulei minha própria morte.

— Estou entendendo... mas você já imaginou se descobrissem sobre você? Isso não te preocupa? — Cruzo os braços e ele olha na direção da porta do meu quarto.

— Se descobrissem sobre os meus poderes eu seria chamado de aberração e ainda estaria correndo risco de vida porque eu não duvido que me pegariam para levar a um laboratório pra fazer exames. Já fui um cachorro normal Dominic, mas infelizmente já não sou mais. Agora vamos agilizar, precisamos estar na estrada. — O cachorro caminhou até a porta do meu quarto.

— Ei, ei! Espere aí, eu tenho uma filha deficiente visual e não posso deixá-la

— Sozinha? — Ele me interrompeu, virando a cabeça para me olhar. — Ligue para a Izzy para que ela venha para cá o mais rápido possível, Kiara ficará bem, não se preocupe.

— Sabe o nome da minha empregada e da minha filha? — Pergunto surpreso e ele para de caminhar.

— Suas filhas sabem sobre mim, e Kiara já sabe que estou aqui conversando com você. Só não sabe sobre o assunto, ela achou graça quando eu disse que me revelaria para você. Mas eu preciso da sua ajuda e por isso estou aqui.

Isso tudo é demais para eu digerir.

— Vamos Dominic! Vista uma roupa e ligue para a empregada, não podemos perde tempo homem! — O cachorro latiu e eu me assustei.

Acabei concordando com ele e apressei os passos na direção do meu guarda-roupa, peguei uma bermuda jeans e uma camiseta preta de botões, também peguei uma cueca e em seguida desamarro o nó da toalha em minha cintura, e a jogo em cima da cama.

— Ô Dominic! Cobre logo esse seu amiguinho aí — Trovão disse e rapidamente eu olhei para ele, que estava agora sentado no chão com uma de suas patas da frente erguida e apontando na direção da minha parte íntima.

Por um momento senti vergonha de ter um cachorro me olhando porque estou completamente nu. Era só o que me faltava.

— E olha só... até que não é peq

— TROVÃO! — Altero a voz e começo a me vestir, o cachorro pareceu rir e eu revirei os olhos. — Francamente, você é sempre assim?

— Assim como? Achei que homens como você gostassem de receber elogios sobre essas partes.

Ah pelo amor de Deus! — Me vesti o mais rápido que consegui e logo peguei o meu celular em cima da cama para ligar para a Izzy.

— Agora entendo o porquê a minha dona se apaixonou mais ainda por você, também com esse compriment

— TROVÃO! Você quer parar, por favor? Mais que cachorro ousado — Resmungo aproximando meu celular do ouvido.

— Não se estresse Dominic, eu só estou brincando com você. Não seja um ranzinza — Trovão disse enquanto eu aguardava Izzy me atender. — Vou te esperar lá fora, quando você abri a porta do carro eu entro. Ah e pobre Izzy... está assistindo um filme muito bom, consigo escutar a risada dela daqui. Infelizmente o filme dela vai ter que ser interrompido.

— Consegue escutar as coisas de longe também? — Pergunto ainda surpreso e olhando para ele, o mesmo assente e rapidamente fecha os olhos e se deita no chão. — Ei! O que houve? — Fui até ele e passei a mão nos seus pelos.

— Estou escutando a voz da Ivana... e Belle está me chamando porque ela e Yandra estão sem saída — Ele pareceu apertar os olhos com força e logo os abriu. — Precisamos ir, agora!

Fiquei preocupado com ele e me perguntando quem pode ser essa tal de Ivana?

— Te explico a história dela no caminho. — Ele disse voltando a ficar em pé e eu escutei a voz de Izzy do outro lado da linha.

Scarlet Narrando

Confesso que não durmo direito desde que descobri que a Belle estava se envolvendo com o meu pai, e para piorar ainda recebi a notícia da própria Raquel dizendo que iria se casar com o Peter.
Eu não sei mais o que fazer, ontem fui deitar na cama angustiada e tentando entrar em contato com a Raquel, como a própria Julieta me aconselhou que seria melhor ligar para a Raquel de novo.

Mas ela não me atende e eu acredito que é porque ela não quer falar comigo. Eu e o meu pai estávamos brigados e pelo menos com um pouco de diálogo não me sinto tão angustiada em relação a ele, e eu gostaria muito de falar com a Belle também só que agora isso será impossível porque ela foi embora.

O que me ajudou a se distrair mais ontem foi passar o tempo com a Kiara porém, hoje de madrugada e agora de manhã? Eu estou péssima! Eu preciso falar com a Raquel e uma pessoa me disse que nada melhor do que falar pessoalmente, e pelo menos essa pessoa me disse que me ajudaria a chegar até a Raquel e essa pessoa ainda está me ajudando.

— Obrigada Zípora por estar me ajudando agora. — Digo e Zípora dobra com seu carro na rua em que Raquel mora.

— Aí de mim se eu não estivesse te ajudando agora, meu irmão me mataria. — Zípora riu e não demorou para parar o carro em frente a casa da Raquel.

Fiquei confusa e quando eu iria perguntar sobre o Trovão, ela rapidamente abriu a porta do carro e empurrou meu ombro com delicadeza.

— É melhor você ir agora Scarlet, antes que perca a coragem. Qualquer coisa, eu estarei aqui te esperando, está bem? — Ela deu um sorriso gentil e eu a olhei desconfiada, mas sai do carro.

— Tem certeza que ela está em casa? Nas segundas-feiras ela dá aula e

— Ela está aí, não duvide disso. — Zípora me interrompeu e em seguida fechou a porta da frente do carro.

Eu olhei para a frente da casa e respirei fundo antes de bater na porta. Bati três vezes e ninguém veio abri a porta, esperei mais um pouco e nada... quando eu iria bater mais uma vez na porta, a mesma foi aberta por um homem de cabelos negros e olhos castanhos escuro, suspeitei que poderia ser o famoso Peter.

— Você é o Peter?

Foram as primeiras palavras que saíram da minha boca e eu não só pensei, eu acabei falando também... mais que ótimo. Me arrependi na mesma hora de ter perguntado isso e o homem franziu as sobrancelhas.

— Sou eu sim... nos conhecemos?

— Não... — Paro de falar e ele parece me analisar.

Ele era bonito e parecia estar bem para uma pessoa que saiu do coma no dia anterior.

— Scarlet? — Escuto a voz da Raquel e sinto o meu coração acelerar.

Ela apareceu atrás do Peter e ele logo olhou para a Raquel, parecia curioso.
Consegui ver que ela estava usando um vestido curto de cetim com alças finas, na cor azul escuro. Se parecia mais com um babydoll e se passou na minha mente que o Peter e ela poderiam estar... mais que droga! O que eu estou fazendo aqui?
Quis dar uma de insistente e olha só o que ganho com isso.

— Achei que você tinha ido para a escola.

— Você também não foi hoje já que está aqui — Digo e desvio o olhar dela, eu estava fazendo de tudo para não chorar ali na frente dela. — Eu não quero atrapalhar, foi um erro eu ter vindo aqui. — Me afasto da porta da casa dela e quando me viro de costas, sinto alguém tocar no meu ombro.

— Ei, espere!

Me virei e Raquel estava com a mão apoiada no meu ombro, eu soltei um suspiro e ela afastou a sua mão de mim.

— Ela é a sua atual paixão? — O tal do Peter perguntou se encostando na parede. — Me trocou por... ela? E desde quando se interessa por mulheres? — Ele perguntou com ironia.

Eu não estava entendendo nada, até que a própria Raquel começou a falar.

— Desde que a conheci — Raquel respondeu dando um sorriso fechado e acariciou o meu rosto. — Eu sei o que eu falei para você na ligação ontem de manhã e a dona Julieta não gostou nada de saber disso e ontem a noite ela, digamos que... ela me deu uns puxões de orelha. — Ela explicou e eu quis rir. — E liguei para o Peter hoje de manhã já que ele teve alta do hospital hoje mesmo, e eu estava contando toda a verdade para ele. E quando eu iria revelar que era você por quem... me apaixonei — Ela passou agora a mão nos meus cabelos e foi inevitável não sorrir. — Você bateu na porta e eu pensando que seria alguma correspondência mandei ele vim atender, quando escutei sua voz pensei que estava ouvindo coisas mas então, venho conferir e... é você mesmo.

— Isso quer dizer que você terminou com ele? — Pergunto olhando para o Peter que agora me encarava. — Está me encarando por quê? Eu não posso fazer nada se ela não quer ter mais nada com você.

— Scarlet! Fique quieta — Raquel apertou com um pouco de força a ponta do meu nariz e eu reclamei. — Peter, eu sei a resposta que te dei no hospital mas entenda que eu não gostaria de te dizer a verdade na frente da sua família. Eu também tive medo, confesso, medo de assumir para todos que gosto dessa criatura que é minha aluna.

— Criatura? — Pergunto indignada.

— Aluna? — Peter perguntou surpreso. — Mas Raquel... você sabe que se envolver com uma aluna é o mesmo que escolher manchar a sua reputação.

— Eu não me importo mais com isso, sempre quis ser professora mas já faz um tempo que penso em mudar de profissão então... não será um problema para mim se eu tiver que desistir de lecionar. — Ela disse e eu rapidamente a olhei.

— Você tá louca? Não pode desistir de lecionar por causa de mim. — Digo olhando em seus olhos azuis e ela da um sorriso fechado.

— Mas não é só por você, é por mim também. E eu já estou decidida Scarlet, ninguém vai me fazer mudar de opinião — Raquel disse e voltou a olhar para o Peter. — E como eu disse a você lá dentro, voltarei a repeti aqui fora que... lamento muito não ter mais sentimentos por você, você é um bom homem Peter e merece alguém que o ame de verdade.

Eu não gostaria de estar no lugar do Peter agora.

— Certo... se a sua decisão é essa eu não posso fazer nada, a não ser respeitá-la — Ele saiu da casa da Raquel e esticou a mão para me cumprimentar. — Sinta-se privilegiada por ter uma mulher incrível como a Raquel ao seu lado.

Me sinto privilegiada desde que paramos de discutir. Cumprimentei ele e ele se despediu da Raquel, indo embora sem dizer nem mais uma palavra.
Fiquei observando ele ir embora e logo olhei para a Raquel que também o observava ir embora.

— Estávamos conversando já fazia muito tempo, por isso ele não fez o famoso escândalo quando soube que era você. Ele também sempre foi um homem muito educado — Raquel disse e eu voltei a olhar para o final da rua, quando eu iria falar sobre, fui surpreendida com um beijo quente e os braços da Raquel agarrando a minha cintura.

Retribui o beijo e sorri, abraçando ela e sentindo algumas lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Ela parou o beijo e tocou no meu rosto.

— Hum... o que você tem? — Ela perguntou em um sussurro e me deu um selinho demorado. — Me diz... você não é do tipo sensível.

— Ah eu... eu estou muito feliz, tive medo e... pensei que perderia você. — Digo enxugando minhas lágrimas e volto a olhar para a Raquel que semicerra os olhos.

— Não é só isso.

— Não... — Digo e tenho um mal pressentimento. — Preciso te contar algo, é sobre a Belle e o meu pai.

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Espero que tenham gostado, votem e comentem...

Penúltimo capítulo já🥺

Bjoooooos✨

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