ꕥ Capítulo 35 ꕥ
Dominic Narrando
Ramiro ainda estava surpreso por ter percebido que eu não estava brincando e até mesmo voltou a se sentar na cama. Depois de alguns minutos em silêncio, ele me olhou.
— Dominic você está bem? Está raciocinando direito?
— Estou ótimo, quem não me parece bem é você. — Digo olhando para ele que rir de canto e leva sua mão direita a boca, a tapando e pronunciando um "meu Deus" abafado.
— É a melhor amiga da sua filha — Ele disse depois de afastar sua mão da boca. — Espera... agora tudo está se explicando e eu só estava desapercebido. Rapaz... foi por isso que no dia da festa da Scarlet você me pediu para que eu fosse falar com o Chevalier e pediu para que eu o distraísse para que ele saísse de perto da Annabelle. E quando eu te perguntei o porquê você tinha me feito esse pedido, você me veio com uma desculpa de que ela poderia está se sentindo desconfortável.
Não gosto nem de lembrar daquele sujeito a cercando, pior mesmo foi o dia em que vi os dois se beijando. Foi o cúmulo.
— Mas ela estava se sentindo desconfortável. — Digo e Ramiro arquea uma sobrancelha.
— Eu não sei você mas Chevalier já me disse que ficou com ela uma vez e que estava muito afim dela na festa da Scarlet. Eu não duvido que ele ainda seja afim dela, e agora que ela está um mulherão também... não irei julgá-lo — Ele disse e logo eu o encarei. — Calma, só estou dizendo o que ele me disse. Mas o foco não ele e sim você e a Annabelle... eu ainda estou muito surpreso com isso tudo. Dominic... como isso foi acontecer?
— Nem eu mesmo sei.
— Caralho você e a loirinha... e eu a tratei tão mal uma vez, e você só faltou me assassinar depois que soube por ela mesma o que eu havia dito a ela, você ainda me ameaçou... tudo está se explicando — Ele passou as mãos nos seus cabelos pretos e riu.
— Claro, você julga demais a aparência das pessoas e se esquece de como você é.
— Espera um pouco aí! Eu não ando julgando mais as aparências das pessoas — Ele disse e foi a minha vez de arquea uma sobrancelha para ele. — Tudo bem, eu ainda faço isso mas quando percebo, eu já tenho dito o que não deveria dizer.
— E eu sempre te digo, pense antes de falar qualquer coisa mas parece que você não escuta — Digo e vejo ele revirar os olhos. — Você só vai parar quando alguém julgar você pela sua aparência também.
Desde quando era um adolescente Ramiro começou a dizer algumas palavras pesadas, ele dizia sem pensar e depois se arrependia. Até hoje ele é assim, é um defeito dele.
Ele herdou isso do nosso pai. Pelo menos Ramiro sabe se desculpar porque o nosso pai... não sabia e nem fazia questão de se desculpar.
— Tá bom, já chega de falar sobre isso. Quero saber sobre você e a Annabelle... ela também está sentindo algo por você?
— Não tenho tanta certeza, mas gostamos de ficar juntos e de aproveitar a companhia um do outro. — Sou direto e Ramiro arregala os olhos.
— Dominic você e ela já transaram?
Se eu confirmar isso ele enfarta.
— Não — Digo e Ramiro solta um suspiro aliviado.
— Então estão só nas conversas e na troca de olhares? — Ele perguntou e eu me levantei da cama dele. — Vocês já... se beijaram?
Fomos além disso.
— Já nos beijamos sim — Digo e Ramiro ergue as sobrancelhas. — Eu não sou de ferro Ramiro.
— Mas eu ainda estou muito surpreso com essa história toda... mas o que me preocupa é Scarlet, suponho que ela não saiba dessa história? — Ele perguntou e eu me aproximei da janela do quarto e olhei para a vista lá embaixo.
— Não, ela não sabe.
— Meu Deus... e se ela soub
— Acho bom você não dizer nada para ela, se ela tiver que saber um dia, que seja por mim ou pela própria Annabelle. — Interrompo o meu irmão e me viro agora para olhar para ele que logo se deitou em sua cama.
— Eu não irei dizer nada Dominic. Você sabe que posso ter todos os defeitos mas eu sempre guardei todos os seus segredos, segredos que só você e eu sabemos. Ainda guardo alguns até hoje e agora você me vem com mais um segredo... você está pior que eu Dominic. — Ramiro disse encarando o teto do quarto.
— Foi por esse motivo que te contei, sei que você não contará para ninguém e você já estava me enchendo com isso. Não era você que queria saber? Então, agora você já sabe.
— Mas isso é uma loucura... — Ele me olhou e eu me encostei na parede, próximo a janela. — Annabelle parece ter a mesma idade que a Scarlet, você é louco Dominic. Quantos anos essa garota tem?
— Se não me falha a memória... ela irá fazer 20.
— Ela ainda é mais velha que Scarlet, mas sério... isso é arriscado. Você e ela são dois loucos. Só de pensar que fiquei tentando desenrolar a Poliana para você... e ela vai amanhã para o jantar do senhor Stone já que ele a conheceu também através de mim, mas não se preocupe, ela não vai te perturbar, ela agora encontrou alguém e eu soube por ela mesma que ela está namorando com esse alguém. — Ramiro disse e eu agradeci a Deus mentalmente.
Que ela seja feliz.
— Não sei você Dominic mas eu não estou com um bom pressentimento em relação a esse jantar. Eu não sei... é como se fosse acontecer alguma coisa entende?
— Entendo, também fiquei quando ele me telefonou e me convidou para esse jantar. Mas é o aniversário dele, se não fossémos seria uma falta de consideração.
— É verdade.
Scarlet Narrando
Ainda não conseguia acreditar que o Trovão havia mesmo falecido, a última vez que o vi foi na minha festa... isso me entristecia tanto. Eu me apeguei tanto a ele, era um cachorro diferente de todos que já vi... jamais esquecerei dele e é por isso que ainda sofro em silêncio quando ele me vem a mente.
Também imagino como minha amiga deve estar, se eu estou assim, imagina ela e a mãe dela também. Irei ligar para ela quando eu chegar em casa e perguntar se ela irá vim amanhã, se ela não vinher eu não virei para escola, irei para a casa dela.
Estava difícil até mesmo para eu consegui me concentrar nas aulas mas eu estava ali, sentada no meu canto e fazendo minhas anotações como sempre. Estava tão quieta que quando Sheila tentava me provocar, eu a ignorava, o que ela estranhou na segunda tentativa e não me provocou mais.
O sinal havia acabado de tocar para que todos pudessem ir embora e eu estava de cabeça baixa, não fiz muitas anotações hoje e minha cabeça estava começando a doer. Escutei os passos e as conversas de alguns dizendo que a melhor hora, é a hora de ir para casa e eu não discordo deles.
A sala agora estava silenciosa e depois de alguns minutos decidi erguer a minha cabeça e me assustei com a pessoa que estava sentada na carteira a minha frente e me olhando.
— Você está mal mesmo.
— E desde quando você se importa? — Pergunto começando a guardar os meus materiais na bolsa.
— Não me importo.
Termino de guardar meus materiais e sinto que ela ainda estava me olhando. Olho para ela que apoia o braço na minha banca.
— Mas você não é assim. O que aconteceu?
— Ah Raquel é que...
Eu precisava desabafar com alguém o que eu estava sentindo. Não queria desabafar com ela mas já que ela estava ali na minha frente e me perguntando... eu não iria mentir.
— Um amigo que era muito próximo a mim, faleceu na semana passada e ainda estou tentando digerir tudo o que aconteceu porque foi tudo muito rápido demais. — Digo tentando conter as lágrimas ao me lembrar da ligação de Belle e também de ver a urna onde se encontravam as cinzas de Trovão.
— Aah... meus pêsames. Imagino que deve está sendo difícil para você.
— Sim...
Tentei segurar o choro e olhei para a minha banca.
— Scarlet você quer chorar? Chore, vai fazer com que se sinta um pouco melhor.
Foi só ela dizer isso que eu não consegui mais conter as lágrimas e logo elas rolaram pelas minhas bochechas e eu levei minhas mãos para cobrir o meu rosto.
Odiava que me vissem chorando.
Logo senti mãos pegarem nos meus pulsos, conseguindo assim, afastar as minhas mãos do meu rosto. Olhei para ela que já estava ao meu lado e em pé.
— Vem — Ela disse e eu me levantei da minha carteira e ela me abraçou, a abracei de volta e comecei a chorar baixinho no seu ombro. — Eu sinto muito pelo seu amigo. — Senti ela passar as mãos nas minhas costas e fecho os olhos.
Fiquei ali chorando até consegui me recuperar e minha respiração se acalmar. Logo me dei conta de algo e me afastei um pouco do abraço dela e a olhei, ela afastou suas mãos das minhas costas e as apoiou de cada lado do meu rosto, em seguida enxugou minhas lágrimas com seus polegares.
— N-nunca pensei que... de todas as pessoas que estudam nessa escola, eu nunca pensei que você tentaria me consolar... — Digo com a voz embargada e ela da um sorriso fechado.
— Para ser sincera, eu também não — Ela iria afastar as mãos do meu rosto quando eu toquei nas mãos dela, voltando a sentir aquele calafrio percorrendo pelo meu corpo. — Scarlet... não confunda as coisas.
— Não estou confundindo — Digo e a vejo arquear uma sobrancelha. — É sério — Soltei um suspiro pesado e afastei minha mão das dela, eu a olhei e agradeci com um aceno de cabeça. — Mas obrigada por... tentar me consolar.
Me afastei dela e peguei a minha bolsa.
— Quer que eu leve você?
Eu até tento evitar mas assim também não dar.
Olhei para ela e dei de ombros.
— Se por você estiver tudo bem, eu aceito.
— Então me espere lá fora, só vou organizar as minhas coisas. — Ela disse passando por mim e eu a observei caminhando, até para caminhar essa mulher caminha com classe.
Agora eu? Vou nem me comparar com ela sabe...
Sai da sala e fui apressando os passos para chegar logo no lado de fora da escola. E quando cheguei no lado de fora, havia poucos alunos na calçada, não entendo esses que ficam na porta da escola conversando quando as aulas acabam. Sério, eu já saio da escola louca para ir para casa enquanto uns parecem que preferem demorar mais um pouco na porta da escola... vai entender.
Percebi que os alunos que estavam conversando na calçada logo começaram a me olhar. Paciência Scarlet... paciência.
Logo veio um garoto até mim e eu na mesma hora o olhei, sabia que ele viria até mim já que estava caminhando na minha direção.
— Você é a Scarlet Murray não é? — Ele perguntou e eu cruzei os braços.
— Sou eu sim, por quê?
— Meu amigo quer saber se você gostaria de passar o seu número de telefone para ele.
— Não, ela não gostaria. Vamos Scarlet — Me assustei assim como o garoto por escutar a voz da Raquel de repente e perto da gente.
Ela havia escutado? Meu Deus...
Olhei para trás vendo a mesma segurando sua bolsa e ela logo se afastou de mim e do garoto. Ela foi caminhando na frente e eu olhei para o garoto que agora estava olhando para a Raquel.
— Eu passaria mas eu não estou muito afim de conversar com ninguém no momento, entende?
— Entendo. Coitado do meu amigo... — Ele disse ainda sem me olhar, os olhos dele estavam em outra coisa ou melhor, em alguém.
— Eu estou aqui. — Digo encarando ele que logo me olhou.
— Ah me desculpe. É que essa professora Blunk... tira a concentração de qualquer um. — Ele disse e voltou a olhar na direção em que a Raquel havia ido.
Não vou discordar dele mas que me incomodou o jeito que ele estava olhando demais para ela, ah me incomodou.
Olhei também na mesma direção e vi ela dobrando a rua. Me despedi daquele garoto e apressei os passos para não perder a carona agora, consegui alcançar a Raquel que já estava abrindo a porta da frente do seu carro e eu respirei fundo.
Eu havia praticamente corrido para poder alcançar ela.
— Cansou? — Ela perguntou irônica e eu fui para o outro lado do carro.
— Você nem me esperou. — Digo abrindo a porta da frente do carro dela e em seguida entro e me sento.
— Eu mandei você me esperar, mas eu não disse que iria esperar você. — Ela disse também entrando dentro do carro e se sentando no banco do motorista.
Fechamos a porta do carro na mesma hora e eu a encarei. Ela não tem jeito.
Ela colocou a bolsa dela no banco de trás e não demorou para dar partida. Passamos alguns minutos em silêncio e eu também não quis falar mais nada, fiquei olhando a vista através da janela do carro.
Quando chegamos na pista e ela teve que parar graças ao sinal vermelho, eu fiquei observando uma loja de roupas que estava um pouco lotada. As roupas devem estar em promoção.
— Você passou o seu número para aquele rapaz? — Raquel perguntou de repente e eu olhei confusa para ela.
— Por que quer saber?
— Porque sim.
— Juro que não te entendo — Digo fazendo um sinal de negação com a cabeça e vejo ela dar um sorriso fechado. — Não passei, não estou afim de falar com ninguém no momento. Quer saber de mais alguma coisa?
— Não.
O sinal logo abre e ela volta a dar partida.
— Você não quer saber mas eu irei dizer mesmo assim, aquele garoto que estava perto de mim ficou babando por você. Sério, só faltou a baba dele escorrer pelo canto da boca — Digo sentindo nojo só de imaginar essa cena.
— É cada coisa que eu tenho que ouvir e lidar...
— Ah mais esse não é o único não que só falta babar quando te ver, tem muitos outros e outras também — Digo olhando para a frente. — Se você fosse solteira eu não duvido que iriam fazer de tudo para consegui ter algo com você.
Ela riu de canto e fez um sinal de negação com a cabeça. Só não falei da Sheila porque não queria prolongar aquela conversa e ainda mais falando sobre essa garota insuportável.
— Engraçado.
— Qual é a graça? — Pergunto sem entender e percebo que já estávamos chegando perto da rua em que moro.
— A graça... vejamos, você não precisou fazer de tudo para consegui ter algo comigo e conseguiu ter. Entendeu? — Ela perguntou logo adentrando a minha rua e eu revirei os olhos, mas tive que concordar com ela.
Ficamos mais alguns minutos em silêncio até que ela parou o seu carro em frente a minha casa.
— Está entregue.
Encarei ela que logo olhou para mim.
— O que foi agora?
— Você ainda não esqueceu o que rolou entre a gente — Digo só agora percebendo a resposta que ela havia me dado há alguns minutos atrás e foi a vez dela de revirar os olhos.
— Scarlet, vai para casa vai.
— Sério, você conseguiu me alegrar um pouco agora. Você disse que iria esquecer e não esqueceu. — Digo tentando prender o riso e ela me encara, em seguida recebo um tapa no ombro.
— Até parece que você esqueceu também.
— Ah não, não esqueci. Até... — Acabo olhando para os seus lábios e em seguida mordo meu lábio inferior. — Até te beijaria de novo, mas prometi para mim mesma que não iria voltar a fazer isso. Não quero ser a... enfim, é melhor eu ir. Mas obrigada por tentar me consolar e me dar carona, até mais.
Sai do carro o mais rápido que consegui, fazendo assim, com que nem desse tempo dela falar alguma coisa. Consegui tirar as chaves do meu bolso e em seguida abrir o portão da minha casa.
Eu não acredito que estou começando a sentir alguma coisa por essa mulher, eu não posso... eu só me ferro. Eu estou começando a desejar uma mulher que já está noiva de alguém... não, isso tá tudo errado. Eu não sou assim.
Eu não faço ideia de quem seja o noivo dela mas ele não merece isso, o coitado ainda mais está em coma. O meu namorado que atualmente é meu ex me traiu com outra e eu não me senti nada bem então, ninguém merece ser traído assim.
Annabelle Narrando
Demorei um bom tempo na praça, apenas em silêncio e pensando nos momentos bons que passei com Trovão. Eu precisava ficar sozinha por um tempo e foi bom passar esse tempo fora de casa.
Agora eu já estava voltando e quando o carro chegou em frente a minha casa, eu paguei o motorista e em seguida desci do carro. O mesmo deu partida, indo embora e eu retirei as chaves do bolso do meu short, iria dar quatro horas da tarde quando sai da praça e chamei por um uber.
Caminhei na direção da minha casa e como sempre na maioria das vezes, a rua estava vazia. Quando eu iria colocar a chave na fechadura, a porta simplesmente abriu sozinha e eu estranhei... não me lembro de ter deixado a porta aberta e minha mãe não me disse que iria sair.
O rangido que a porta fez ao abrir sozinha me causou arrepios, mas ignorei esses arrepios e entrei dentro de casa.
— Mamãe? Cheguei. — Altero um pouco a voz e olho em volta da sala de estar, avisto algo no chão próximo ao sofá e estranho.
Fui até esse objeto que parecia ser de pano... me abaixei um pouco e quando peguei o objeto, me assustei na mesma hora e foi impossível não gritar. Era uma boneca de pano, mas não era uma simples boneca de pano... eu já sonhei com essa boneca... é igual ao do sonho que tive uma vez... com uma garotinha.
A boneca estava usando um vestido rosa claro, vestido esse que tinha várias flores na cor rosa e a boneca tinha uma flor rosa claro na cabeça também.
— O que é isso Annabelle? — Minha mãe desceu as escadas às pressas e eu rapidamente olhei para ela.
Eu havia me assustado com aquela boneca e não foi pouco. De onde surgiu essa desgraça?
— Mãe o que essa boneca faz aqui? — Pergunto e minha mãe me olha confusa.
Estranho a roupa que ela estava usando pois parecia que ela iria sair para algum lugar.
— Para onde a senhora vai?
— Uma pergunta de cada vez Belle. Primeiro... — Ela disse terminando de descer as escadas e caminhando na minha direção. — De que boneca você está falando?
— Dessa aí. — Aponto para a boneca de pano que estava no chão e próxima ao sofá.
Minha mãe se afasta de mim e pega a boneca, em seguida começa a passar a mão nos cabelos daquela boneca. Essa boneca é muito estranha.
— Eu não sei de onde surgiu essa boneca.
— A porta estava aberta — Digo e minha mãe continuava olhando para a boneca, parecia até que tinha gostado dela. — Mamãe você está me ouvindo?
— Por que eu não estaria? — Ela disse voltando a me olhar porém, continuava segurando aquela boneca. — A porta estava aberta porque eu vou sair Belle, iria até mesmo te ligar antes disso. Só fui pegar a minha bolsa no meu quarto e foi quando de repente escutei o seu grito. Essa boneca deve ser de alguma criança aí da rua que deve ter visto a porta encostada e simplesmente decidiu colocar aqui.
— Seja lá de quem for, é melhor devolver. E para onde a senhora vai? — Pergunto analisando a mesma que vestia um vestido preto um pouco colado no seu corpo.
— Visitar uma colega, o namorado dela terminou com ela e ela não está nada bem. Mas não se preocupe... não irei demorar para voltar para casa — Ela disse olhando para mim e percebi que a mesma pareceu me analisar. — Como está se sentindo?
— Estou mais calma... é melhor devolver essa boneca a verdadeira dona. — Digo ainda cismada com aquela boneca de pano.
Era muito parecida com a boneca que apareceu no meu sonho uma vez.
— Irei saber a quem pertence essa boneca, não se preocupe. Só não entendi porque você gritou... agora tem medo de bonecas? É isso? — Ela perguntou vindo até mim com a boneca e eu dei um passo para trás.
— Não tenho medo de bonecas, eu só me assustei com essa porque ela simplesmente apareceu aqui do nada — Digo e minha mãe assente. — Já que a senhora irá sair, eu acho que irei tomar outro banho e me deitar, se eu consegui irei cochilar um pouco também.
— Faça isso filha, você precisa descansar.
Iria me afastar dela para poder ir até as escadas até que a mesma pega no meu pulso e me puxa para um abraço. Fiquei surpresa com esse ato repentino dela mas retribui o seu abraço, estava precisando mesmo de um abraço e não há nada melhor do que receber um abraço da pessoa que amamos.
— Estou sonhando? Se eu estiver não quero ser acordada — Digo baixinho e escuto ela rir.
Inalo o cheiro do perfume que ela usava e logo me afasto um pouco dela.
— Perfume novo?
— Sim, o outro acabou — Ela deu um sorriso fechado e eu mais uma vez olhei para a boneca que minha mãe ainda segurava. — Eu irei procurar pela dona dessa boneca, se não tiver dona eu irei dar para qualquer criança que estiver na rua. Não se preocupe Belle, você não verá mais essa boneca... — Ela disse e em seguida tocou no meu rosto. — Eu prometo.
Olhei nos olhos de minha mãe e por um momento a estranhei. Ela estava sendo carinhosa comigo de repente... não estou achando ruim, só... estou surpresa mas estou gostando disso. Será que a morte de Trovão a fez pensar que ela deve valorizar mais o que tem por perto? No caso eu, sua única filha agora... pode ser que sim e pode ser que não, não é?
Me despedi dela e quando comecei a subir as escadas ela me chamou, olhei para ela que ainda continuava no mesmo lugar.
— Se precisar de mim, não hesite em me ligar — Minha mãe disse e eu assenti com um aceno de cabeça.
Voltei a subir as escadas e assim que cheguei no andar de cima, fui para o meu quarto. Entrei e em seguida fechei a porta.
Impossível não entrar no meu quarto e não me lembrar do meu cachorro... meus olhos encheram de lágrimas e eu respirei fundo. Tenho que ser forte... não está sendo fácil mas eu tenho que ser forte.
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Bjooooooos✨
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