ꕥ Capítulo 19 ꕥ
09:30AM
Trovão Narrando
O corpo de Jeffrey havia acabado de ser enterrado. Eu estou ao lado de Belle, que está ao lado de sua mãe tentando consolá-la pois Yandra ainda está muito abalada.
Yandra ontem à noite ficou desejando a própria morte... pensou que se Belle também cometesse suicídio, ela também se mataria em seguida pois não iria suportar mais a perda de um filho.
Não compareceram muitas pessoas ao velório e ao enterro de Jeffrey e pelo que Belle me contou, ele nunca foi de ter muitos amigos que se importavam verdadeiramente com ele.
Observei a lápide cinza e encarei a mesma por alguns minutos. Havia o nome dele escrito "Jeffrey Adam Vandervoort" e também uma estrelinha abaixo de seu nome, ao lado da estrelinha tinha 4 números, creio eu que o ano em que ele nasceu e logo abaixo da estrelhinha, havia uma pequena cruz e ao lado dessa pequena o cruz, o ano em que Jeffrey morreu, no caso, esse ano... difícil.
Yandra estava sentada em uma cadeira e Belle ao lado dela com a mão apoiada no ombro da mãe.
Mas alguma coisa ainda está errada... e eu só posso contar com uma pessoa.
— Belle? — Tento falar com ela mas a mesma parecia estar em transe. — Belle. — Chamei por ela de novo em sua mente e foi quando ela piscou os olhos, provavelmente agora ela me ouviu.
— Hum?
— Se não se importa eu vou dar uma volta, preciso espairecer um pouco a mente... mas se precisar de mim é só chamar. Certo?
— Certo. — Escutei sua voz triste na minha cabeça e logo encostei minha cabeça na sua panturrilha esquerda.
— Mais uma vez, eu sinto muito Belle pelo seu irmão.
Fiquei mais alguns minutos com as duas mulheres que nesse momento estão sofrendo com essa perda e como Yandra estava fisícamente e emocionalmente abalada, ela não notou quando me afastei. Prometi a Belle que não iria demorar e que quando a mãe dela decidisse ir embora do cemitério, que ela me avisasse.
Nesse momento estou entrando em um lugar que detesto e como aqui dentro é proibido a entrada de animais, eu tive que entrar usando um dos meus poderes que foi o da invisibilidade. Procurei por ela mas ela não estava ali... acabei de vê-la aqui e agora ela já não está mais.
Usei meu outro poder para ver onde a madame estava e eu não acredito nisso, é sério? O dia mal começou.
Fui para o banheiro masculino do bar e entrei em uma das cabines e lá mesmo, me teletransportei para a casa da madame que não tem o que fazer em plena manhã. Apareci no quarto dela dessa vez, sem usar o poder da invisibilidade e subi em cima de uma poltrona de couro azul que ficava perto de uma pequena estante de livros.
Ela estava na cama beijando ferozmente um homem que nunca vi na vida. O homem levou as duas mãos para as nádegas dela já que a mesma estava sentada no colo dele e rebolando muito.
Mais ela não tem um pingo de vergonha na cara.
— É para hoje? — Pergunto me irritando ao observar que ela continuava se pegando com o humano na sua cama.
Ela sabia que eu já estava ali.
— Maninho eu estou ocupada, volte outra hora.
Volto nada.
— Zípora... não me faça colocar esse homem para correr.
Depois de dizer isso, vi a mesma parar o beijo e bufar. O homem olhou confuso para ela perguntando se estava tudo bem, até que ele notou minha presença ali.
— Você tem um cachorro? — Perguntou o homem um pouco surpreso e olhando para mim.
— Não, é da minha tia. Só estou cuidando dele por hoje... outro dia nós continuamos está bem? — Ela se levantou do colo dele e ele parecia frustrado.
— Por que gata? Estava tão bom...
— Estava, pretérito. Continuamos outro dia ou melhor... hoje a noite, me encontre no bar e então, continuaremos o que estávamos fazendo agora pouco. — Ela sorriu para ele que se levantou da cama. — Agora vai porque acabei de me lembrar que minha tia chega daqui a pouco.
Demorou alguns minutos para aquele cara ir embora e quando ele foi, eu só soube agradecer a Deus mentalmente por isso.
— Por que está aqui? — Ela perguntou voltando para o quarto e agora eu estava em cima da cama dela e deitado. — Você é folgado demais. — Ela disse ao me ver deitado em sua cama e eu a encarei.
— E você é uma sem vergonha. — Digo e vejo a mesma fechar a porta do quarto e caminhar na direção da cama.
A mesma se sentou na beirada da cama e passou as mãos nos seus cabelos que eram pretos mas tinham algumas mechas tingidas de azul.
Ela ama azul.
— Respondendo a sua pergunta anterior, eu estou aqui porque Jeffrey morreu. — Digo e ela me olha confusa.
— Quem peste é Jeffrey?
Reviro os olhos e me levanto. Me aproximo dela e apoio uma pata minha em sua perna fazendo a mesma ter uma visão de quando conheci Jeffrey e de quase tudo que aconteceu no final da tarde de ontem, ontem á noite e também agora de manhã.
Os olhos dela ficaram violetas por um momento enquanto eu a deixava ter acesso as minhas memórias e quando achei que ela já tinha visto o suficiente, afastei minha pata de sua perna e seus olhos voltaram a sua cor normal.
Ela agora estava com uma aparência triste e não demorou para me olhar.
— Então ele era irmão da Belle e... meu Deus Trovão! Ele se enforcou, que horrível. — Ela disse colocando sua mão direita no pescoço. — Jamais irei esquecer uma cena como essa.
— Pois é, eu nem consegui dormir só pensando nisso.
— E a Belle... está tão abalada, assim como a mãe dela. Isso tudo é triste demais, apesar dele ter agido como um babaca algumas horas antes de tirar a própria vida... mas Belle disse que se sentia culpada? Ela não tem culpa de nada. — Zípora disse e eu tive que concordar com ela.
— Agora que você já sabe quem era o Jeffrey... você viu e escutou o que ele disse não foi? Em relação a Yandra, mãe de Belle. — Digo vendo minha irmã concordar com um aceno de cabeça. — Agora analisemos os fatos, a irmã de Belle que se chamava Annabel antes de morrer, mandou Belle ter cuidado com Yandra, a própria mãe delas. E agora Jeffrey antes de morrer, estava desesperado para levar Belle para outro país e disse que Yandra não era confiável e também disse que Belle corria perigo morando com Yandra. — Digo o que passei um bom tempo pensando quando parei para observar a lápide de Jeffrey.
— Opa! Vamos com calma aí, o que está insinuando?
— Até agora nada. E devo te agradecer por me ensinar a ocultar alguns pensamentos que tenho para que Belle não entenda e nem escute-os. — Vejo Zípora sorrir e encarar as suas unhas pintadas de azul com alguns detalhes pretos.
— Não há de quê. Eu sou demais meu bem. — Ela disse convencida o que me fez erguer uma de minhas patas para tocar no ombro dela.
— Foco.
— É claro, foco. Espera um pouco... volto a repetir a pergunta que fiz antes, o que está insinuando com tudo isso? Acha que Yandra... ela não faria isso. — Ela diz incrédula e eu concordo com ela.
— Sim, ela não faria. Mas eu não descarto que ela deve saber de alguma coisa sobre a morte de Annabel.
— Bom... essa Annabel teve uma morte um pouco estranha pelo que você já me contou e mais estranho ainda foi o aviso que ela deu a Belle quando ela tinha apenas 6 anos de idade. Que tipo de pessoa manda uma criança ter cuidado com a própria mãe? — Ela perguntou e eu voltei a me deitar.
— É exatamente isso que pretendo descobrir.
— Pretende descobri alguma coisa sobre Annabel? — Minha irmã perguntou e eu assenti com um aceno de cabeça.
E Jeffrey também.
— Trovão você já está ficando louco. Jeffrey realmente se enforcou, eu acabei de ver a corda envolta do pescoço dele quando você permitiu que eu tivesse acesso as suas memórias.
Isso é verdade mas... ainda tenho minhas dúvidas.
— Eu também vi Zípora. Mas por que Jeffrey tiraria a própria vida? Só porque a Belle não foi embora com ele? Não, como você mesma pôde ver, Jeffrey era um homem casca grossa por favor né, ele teria ido embora de qualquer jeito com a Belle ou sem a Belle no final das contas. — Digo fazendo com que Zípora ficasse calada durante alguns minutos.
— Então você acha que...
— Que assassinaram Jeffrey e fizeram parecer que ele havia cometido suicídio? Assim como fizeram com Annabel? É... talvez. — Interrompi Zípora que cruzou os braços. — Eu só não entendo o que Yandra tem a ver com isso tudo.
— Acha que ela tem alguma coisa a ver com a morte dos próprios filhos? — Ela perguntou e eu descansei minha cabeça em cima das minhas duas patas.
— Eu não sei Zípora... isso é um mistério. Yandra é uma mulher maravilhosa, tomara que algum dia você tenha a oportunidade de conhecê-la pessoalmente. Mas sinceramente eu não estou entendendo mais nada, quando penso em quem poderia ser o assassino ou assassina de Annabel as pistas me levam até Yandra. E agora foi Jeffrey... espera, mas Yandra estava comigo e com Belle quando Jeffrey ficou sozinho lá em casa. — Digo me recordando e Zípora começa a fazer um coque em seus cabelos.
— Como eu te disse, Jeffrey pode realmente ter se enforcado. O por quê? Nunca vamos saber, agora Annabel... eu não acredito que ela tenha tirado a própria vida. Agora Jeffrey? Pelo que vi e pelo que você também viu, está bem claro que ele se suícidou mesmo maninho.
— Pode até ter sido, mas o que Annabel e Jeffrey falaram em relação a Yandra... eu irei ficar atento. — Digo e Zípora arquea uma sobrancelha.
— Você não está pensando em vigiar Yandra... não é? — Ela perguntou preocupada.
— Talvez sim, talvez não.
Escuto Belle chamar por meu nome, me mandando voltar para o cemitério. Desvio o olhar de Zípora e me levanto da cama.
— Mesmo que eu comece a vigiar ou investigar sobre toda essa loucura... terei que ocultar tudo de Belle. — Digo descendo da cama de minha irmã. — Essa conversa que acabamos de ter, morre aqui.
— Morre aqui nada. Trovão, você vai ocultar tudo isso de Belle? Ela quem deveria saber de tudo. — Zípora deu sua opinião e eu me sentei no chão, voltando a olhar para ela.
— Não acho uma boa ideia. Pelo menos não agora e falando nela... ela já está me chamando. Tenho que ir.
— Espera, antes de ir tenho três perguntas.
Lá vem ela.
— Lá vem eu mesmo. Primeiro, quando vou te ver outra vez e segundo, quando irei conhecer a Belle também? — Ela perguntou e eu parei um pouco para pensar.
— Eu não sei Zípora, vou pensar sobre isso. Qual seria a sua terceira pergunta?
— A minha terceira pergunta... por que me contou tudo isso hoje de manhã? Por que para mim? Achei que você guardasse rancor pelo que eu decidi me tornar. — Ela disse e eu abaixei um pouco a cabeça.
— E eu guardei um pouco de rancor Zípora, é claro mas... o que eu posso fazer se essa foi a sua decisão? Cabe a mim respeitá-la, somente. — Digo vendo os olhos dela marejarem e sinto o vento frio vindo da janela do quarto que estava aberta. — Zípora por favor, já está nublado lá fora.— Ela sorrir e vem na minha direção, me pegando nos braços. — Ei me solte! Me coloque no chão! Não sou um cachorrinho de pelúcia.
Ela me abraçou e eu bufei encostando meu queixo no ombro dela.
— Eu queria muito fazer isso. — Ela disse e em seguida riu, me colocando no chão. — Agora falta responder a minha terceira pergunta.
— Decidi te contar tudo isso porque eu tenho um plano. Se vai dar certo? Eu não sei, mas não custa nada tentar. Se não der certo irei partir para o plano B e se o plano B não der certo também... terei que partir para o plano C e esse plano C vai ser... complicado. Mas estou te contando mesmo porque quero que você fique ciente disso e não se preocupe, só preste atenção nos códigos MPMSVE. — Digo olhando para Zípora que me encarou e eu me sentei no chão. — Não adianta tentar ler os meus pensamentos para saber qual é o meu plano, está proibida de saber e eu devo te agradecer por ter me ensinado tão bem a ocultar os meus pensamentos que eu não quero que você e nem Belle saibam.
— Seu filho da mãe.
— Tchau Zípora. — Digo e em questão de segundos a fumaça cinza se fez presente em volta de mim. E quando percebi, já havia me teletransportado e agora, estava de volta ao cemitério.
07:18PM
Anabelle Narrando
Estou exausta! Com olheiras, com sono, com um pouco de dor de cabeça e ainda muito arrasada com a morte de Jeffrey.
Assim que cheguei em casa com minha mãe e Trovão. Eu a acompanhei até o quarto dela e só sai de lá quando a mesma tomou outro banho e colocou o seu pijama, dei remédio para ela dizendo que era para dor de cabeça e ela aceitou tomar, também dei um calmante pois queria que ela descansasse. Ela ainda estava muito abalada e quase não falava nada, e eu tinha medo de que ela pudesse ficar depressiva ou até mesmo doente.
Não quero perder ela também, eu só tenho minha mãe agora e irei cuidar muito bem dela.
Fiquei ao lado dela na cama fazendo carinho nos seus cabelos e ela começou a chorar, de costas para mim. Encostei minha cabeça no seu ombro e avistei Trovão na porta do quarto, ele não demorou para entrar e subir em cima da cama. O mesmo se deitou perto de minha mãe e aos poucos percebi que ela foi parando de chorar quando o viu se aproximar dela.
— S-só tenho vocês agora... meus dois... filhos. — Ela disse com a voz embargada e fazendo um cafuné em Trovão. O mesmo deitou a cabeça perto da de minha mãe, que estava com a cabeça apoiada no travesseiro.
Ele olhou para mim e eu estava sentada, só que atrás de minha mãe e continuando com o carinho na sua cabeça.
— Descanse mamãe. — Sussurro ao perceber ela fechando os olhos e parando de fazer carinho em Trovão.
Soltei um suspiro pesado e fiquei pensando em Jeffrey. Ele não era um irmão ruim para mim quando eu era criança... ele mudou demais quando saiu da prisão. Trovão conseguiu me convencer de que a culpa não foi minha de Jeffrey ter tirado a própria vida.
— E não foi sua culpa Belle. Acho que Jeffrey poderia estar passando por tantos problemas pessoais que nós nem se quer podemos imaginar quais eram. — Escutei a voz de Trovão na minha cabeça e tive que concordar com ele.
Resolvi sair do quarto e deixar minha mãe descansando. Eu e Trovão descemos as escadas e foi inevitável não lembrar do corpo do meu irmão pendurado lá em cima e com a corda envolta do pescoço.
Fechei os olhos ao chegar no último degrau.
— Não pense mais nisso, é ruim ficar pensando. Sei que a cena que você e sua mãe viram ontem, jamais irão esquecer. Vai ser difícil superar? Vai... mas acredite que com o tempo tudo ficará melhor. — Disse Trovão e eu voltei a abrir os olhos para olhar para ele.
— O que seria de mim sem você? — Perguntei dando um sorriso fraco e ele fez um meneio de cabeça para que eu o seguisse.
Seguir ele, o mesmo me levou até a sala de estar e subiu em cima do sofá. Como o controle estava perto dele, ele apoiou a pata no botão vermelho do controle, assim ligando a tv e estava passando um programa de culinária.
Eu iria me sentar ao lado dele, mas ele espirrou fazendo com que eu me assustasse.
— Desculpe. Iria te dizer para assistir para distrair um pouco a mente mas duas pessoas vinheram lhe ver e já estão lá fora. A tempestade com o... você sabe quem. — Ele disse antes que eu sentasse no sofá e eu logo olhei na direção da porta.
Eu havia telefonado hoje de manhã para Scarlet e avisei a ela o que havia acontecido. Que Jeffrey havia se enforcado enfim, contei para a minha amiga que lamentou muito e disse que se eu tivesse contado a ela ontem mesmo, ela teria comparecido ao velório e ao enterro para dar apoio a mim e a minha mãe. Mas ontem eu não conseguia falar direito com ninguém, estava tão abalada que só sabia concordar e negar se estava bem apenas com um meneio de cabeça.
Ah não. Se Trovão disse que duas pessoas vinheram me ver, isso significa que...
Toc - Toc - Toc
— Sim, isso significa que Dominic Murray está lá fora. Boa sorte. — Ele disse se deitando no sofá e antes de mim ir até a porta, respirei fundo.
Caminhei na direção da porta e logo a destranquei. Quando a abri, vi Scarlet que não demorou para me abraçar e eu retribui o seu abraço, fechando os olhos logo em seguida.
— Só pude vim agora amiga, meus pêsames pelo seu irmão. De verdade, eu estou aqui e pode contar comigo para o que precisar. — Ela disse ainda abraçada a mim e eu a abracei ainda mais forte.
— Obrigada Scarlet, sério mesmo. — Sussurro e me afasto do abraço dela para olhá-la. — Quer entrar?
— Ah claro. A tia Yandra... como está? — Ela perguntou entrando dentro da minha casa.
Olhei para Scarlet que não demorou para ir até o Trovão.
— Ela tomou alguns remédios e agora está dormindo... — Olhei para a minha frente percebendo agora a presença do homem alto e dos olhos azuis. — Oi Dominic.
— Olá Annabelle, meus pêsames pelo seu irmão. — Ele se aproximou de mim para me abraçar e assim fez. Um abraço rápido e eu logo o convidei para entrar também mas ele disse que tinha que voltar para casa, não poderia demorar muito porque Kiara está doente.
Me preocupei e perguntei com o que Kiara estava e segundo eles, ela havia ficado resfriada.
— Amiga você se importa se eu usar o banheiro rapidinho? É lá em cima não é? — Perguntou Scarlet.
— Sim, pode ir.
— Certo, pai eu chamo um uber não se preocupe comigo. Pode ir para casa. — Ela disse já saíndo da sala de estar e apressando os passos na direção das escadas.
— Deve ser horrível ficar menstruando todo mês. — Escutei a voz de Trovão na minha cabeça e toquei na maçaneta da porta.
— Você não faz ideia.
Eu iria fechar a porta pensando que o Dominic iria embora, mas quem disse que ele deu as costas? Ele colocou foi o pé na madeira da porta impedindo que eu a fechasse.
Voltei a abri a porta e olhei para ele.
— Você está tão exausta Annabelle. — Ele disse parecendo analisar o meu rosto e eu coloquei uma mecha do meu cabelo para trás da orelha.
— E estou... — Soltei um suspiro pesado. — Mas não mais que minha mãe. Estou com medo de que ela fique doente ou depressiva, ela está tão abalada que até chorou antes de cair no sono. — Digo tentando não chorar ali na frente dele e abaixo a cabeça.
Derrepente eu o senti se aproximando de mim e quando ergui um pouco a cabeça ele me puxou para outro abraço. Dessa vez um mais demorado, eu me senti segura nos braços dele e também não consegui segurar o choro que já estava prendendo.
Senti uma de suas mãos passarem carinhosamente pelas minhas costas, como se ele tentasse me consolar através daquele abraço. Me afastei do abraço dele e enxuguei as minhas lágrimas.
— É melhor você ir. — Digo terminando de enxugar as minhas lágrimas e fungando.
— E eu vou, mas antes... — Ele se aproximou de mim de novo e tocou no meu rosto. — Quando você puder, preciso que vá lá em casa. Sabe que precisamos conversar... não sabe? — Ele perguntou movendo seu dedo indicador, levando-o para os meus lábios. Eu o olhei nos olhos e só soube assentir.
Vi o mesmo respirar fundo e afastar sua mão do meu rosto. Ele me pareceu frustrado ao fazer isso e não demorou para dar as costas e ir embora. Eu o observei entrando dentro do seu carro e em seguida dando partida.
— Hum... isso é mais sério do que eu pensava.
Fechei a porta e olhei para o Trovão que continuava no sofá.
— Além do luto, agora me vem o peso na consciência. — Passei as mãos no meu rosto.
— E mesmo assim você não se arrepende. — Disse Trovão me fazendo encarar ele e em seguida acabar concordando.
E quando eu iria falar alguma coisa escutei os passos no andar de cima e soube que Scarlet daqui a alguns minutos já estaria de volta na sala.
— Voltei. — Escutei a voz da minha amiga e olhei na direção das escadas, onde a mesma se encontrava agora, descendo os degraus. — Não vou demorar muito Belle pois sei que você precisa descansar também.
Ela terminou de descer as escadas e eu caminhei na direção do sofá, sentando ao lado de Trovão. Scarlet se sentou no outro sofá e eu comecei a contar tudo o que houve ontem no final da tarde aqui em casa, eu já tinha dado uma explicação breve para ela pelo celular mas agora de noite aproveitei para contar a ela tudo o que aconteceu com mais detalhes.
Quer dizer, ocultei algumas partes como por exemplo, algumas falas de Jeffrey sobre a minha mãe. O que eu acredito que era tudo mentira, ele só estava irritado demais porque minha mãe não tinha contado muita coisa sobre Annabel para ele e sinceramente o que ele queria saber? Nossa irmã tirou a própria vida por algum motivo que nem minha própria mãe sabe e agora ele fez o mesmo, o motivo eu acreditava ser por eu mesma... mas não. Trovão pode estar certo, Jeffrey era problemático então alguém deve ter ameaçado ele ou ele tinha algumas dívidas pendentes.
— Mais uma vez Belle, eu sinto muito de verdade. — Scarlet disse encostando as costas no sofá e bocejando. — Me perdoe por isso. Eu nunca mais havia acordado cedo.
— Tudo bem, vamos mudar um pouco de assunto por favor.
— Claro, como quiser.
— Como foi hoje na escola? — Pergunto para ela que faz um sinal de negação com a cabeça.
— Foi péssimo. — Disse Trovão. Respondendo por Scarlet que logo concordou com ele.
— É tão bom ter um cachorro que ler mentes. — Ela disse rindo de canto. — Alice falou comigo hoje. Ela retornou para a escola também e está totalmente mudada, ela foi até gentil comigo você acredita?
— Sério? Uau! Essa é nova. — Digo realmente surpresa. — Vai ver as duas semanas de suspensão fizeram ela mudar um pouco.
— E a furacão? — Perguntou Trovão olhando para Scarlet que logo resmungou, me fazendo rir um pouco.
— Nem me fale dessa desgraçada. Belle ela aplicou hoje uma prova surpresa, quem disse que eu sabia de alguma coisa? Tenho certeza que minha nota não vai ser boa. — Ela disse passando a mão nos seus cabelos vermelhos. — E você estava certa também naquele dia do parque, a Raquel que eu conversei no parque e foi digamos que legal comigo... simplesmente sumiu e quem eu vi e discuti hoje mesmo foi com a Raquel furacão.
— Eu te disse que era raro ela ser legal com alguém e quando ela é, ela fingi depois que não foi. — Cruzo os braços e só agora recapitulo o que minha amiga havia dito. — Espera você discutiu com ela?
— Você não perde tempo em tempestade. — Trovão disse e Scarlet deu de ombros.
— Você acha mesmo que eu gosto que fiquem soltando indiretinhas para mim? Ah eu não fico quieta não. Ela só não me mandou para a diretoria porque a aula dela já estava no fim, mas minha vontade foi de pegar a minha cadeira e arremessar na cabeça dela.
— E a trégua foi com Deus. — Meu cachorro disse descendo do sofá. — Estou cansado e com muito sono, irei me deitar agora mesmo. Foi bom rever você Scarlet, estava com saudades.
Encarei ele e Scarlet que logo o pegou no colo, o abraçando. Ele abanou o rabo quando a minha amiga ficou chamando ele de fofo e que gostaria que ele fosse a festa dela.
— Eu vou ver se vai dar para mim ir mesmo... agora já chega de abraços. Minha dona é ciumenta demais. — Ele disse me fazendo rir de canto.
— Está enganado. Eu não sou ciumenta. — Digo e vejo ele descer do colo de Scarlet e em seguida me olhar.
— Admiro você consegui disfarçar, você é uma bela atriz.
— Admiramos. Eu não consigo disfarçar e nem faço questão de disfarçar, simples assim. — Scarlet disse com um tom de voz debochado me fazendo rir um pouco mais uma vez.
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Espero que tenham gostado, votem e comentem...
A sumida voltouuu 🥰✨
Me perdoem pela demora e para compensar vocês, resolvi postar dois capítulos.
E eu só posso dizer que, o cabaré
não vai demorar muito
para começar 😂✨
Bjoooooooooos ✨
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