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1 ◦ Sou um cara morto

HEY, PUNKS!!

Com uma introdução que me faz parecer o Supla, eu dou boas-vindas para vocês ao 1º capítulo de ARREBOL. Sei que prometi postar este cap em janeiro ou em fevereiro, por isso perdão pelo atraso, nem sempre consigo realizar tudo o que planejei (;-;). Mas agora Arrebol está aqui, e, de bônus, veio com um trailer feito pela minha baby sorvetae

[⚠ATENÇÃO Há menção sobre morte e suicídio, pode provocar gatilhos. Mesmo o cap sendo relativamente leve (na minha percepção), fiquem avisados sobre isso.]

Usem a tag #MariposaPunk para comentarem sobre Arrebol, isso ajuda muitíssimo a fic, pessoal! E não se esqueçam de Comentar, de ⭐VOTAR⭐, e de me seguir para receber avisos sobre atts. Obrigada💜

Acesse a playlist da fic (que está no carrd do meu mural) e BOA LEITURA!

[ 1 ◦ Sou um cara morto ]

Nós nunca sabemos quando vamos morrer.

Não é como acordar e ouvir o tic-tac do relógio avisando sobre as últimas horas da nossa vida, igual àquele filme "O Preço do Amanhã" com o gostoso do Justin Timberlake no elenco. A verdade é que a gente simplesmente não tem como prever, porque tudo se resume a um grande e infinito e completamente sem noção ciclo biológico no qual todos estão fadados a perecer.

E eu digo isso por experiência própria. Quando acordei naquele dia, nada parecia diferente. Minha cama estava bagunçada e cheirava a cigarro e perfume, como sempre; e o quarto que eu dividia com meu colega de república também parecia o mesmo, cheio de tralha, roupa suja e umas caixas de pizza num canto.

Na real, a única coisa que de fato acontece do jeitinho que dizem por aí é aquele momento antes da morte em que toda a nossa vida passa diante de nossos olhos.

Para mim, foi como ver um longa metragem de quarenta minutos que se divide entre momentos aborrecedores e instantes divertidos. Basicamente uma ida interessante ao cinema, mas não algo que valeria o preço do ingresso e da pipoca cara.

Com essa comparação eu já devo ter deixado óbvio que não gostei muito de partir dessa para melhor aos vinte e dois anos de idade. Vamos lá, é realmente deplorável iniciar a vida adulta assim.

Eu até poderia preencher os próximos parágrafos com reclamações sobre ter todos os meus objetivos de vida dilacerados por um deslize momentâneo e fatal, e falar que, por mais que eu seja um cara sozinho no mundo e com dificuldades em levar a sério relacionamentos pessoais, eu ainda pretendia ter uma família em algum momento do futuro.

Mas algo completamente engraçado e maluco aconteceu comigo depois que meu coração parou de bater. Então, no lugar de jorrar um repertório cheio de lamentações, vou narrar os ocorridos do dia em que morri, pois foi a partir dele que a melhor parte da minha quase vida começou.

Era 20 de julho de 2020, dia do maior evento anual de rock em Sant'Angela, e tudo parecia estar dando certo.

Eu não tinha acordado com ressaca, meu colega de quarto havia viajado ㅡ então nosso banheiro seria só meu por uma semana ㅡ, não haveria aulas pelo resto do dia por conta das férias de verão, e o chefe do trabalho no posto/lavatório de carros aceitou me liberar do turno às nove da noite, duas horas antes que o habitual.

Depois de passar o dia enfurnado dentro do meu dormitório na universidade, treinando alguns acordes no contrabaixo novinho que tinha quitado há pouco menos de dois meses, eu me mandei para o serviço e fiz o que tinha que fazer até o horário de sair. Para a minha completa felicidade, o tempo passou rápido e a clientela estava calma. E um pouco antes de eu ser liberado, recebi uma bela gorjeta de um ricaço numa mercedes.

ㅡ Cinquentão! ㅡ disse ao pegar a nota e admirá-la.

Enfiei ela no bolso, bati o ponto feliz da vida e rumei de volta ao dormitório para tomar uma ducha antes de cair no mundo e me perder no rolê mais aguardado do dia.

Eram nove e quarenta da noite quando voltei às ruas de Sant'Angela cheirando a lavanda, calçando meus coturnos e vestindo uma camiseta preta cheia de tachinhas metálicas, uma jaqueta de couro ㅡ pois fazia frio pra caramba ㅡ, calças jeans escuras e uma variedade de anéis por sobre as tatuagens dos meus dedos.

A distância entre minha universidade e o evento era de pouco menos de três quarteirões, por isso decidi fazer uma caminhada até lá. Bastava seguir pelas calçadas, acompanhando a multidão que também se dirigia ao local, e atravessar a ponte do viaduto que cortava o bairro ao meio e que passava por cima da ferrovia do metrô.

Ainda faltava andar mais um quarteirão quando escutei os primeiros riffs de uma guitarra ao longe e o coro de vozes de uma multidão animada.

Aaaaah, que sensação boa.

Shows de rock sempre me traziam isso, essa profusão engraçada de adrenalina e liberdade, a aceleração no peito e a vontade de mexer o corpo. Mas o melhor de tudo era que, naquele momento, a melodia que ressoava pelos céus de Sant'Angela se chamava Broken Youth, do icônico álbum de estréia do Arrebol, minha banda preferida de todos os tempos.

Alguma banda cover muito boa devia estar tocando os clássicos. Com isso em mente, apressei o passo para chegar o mais rápido possível.

Um pouco antes de me aproximar do viaduto já era possível ver as barracas de comidas e os pequenos pódios que foram montados para músicos amadores exibirem suas performances.

Tinha muita gente, gente para um caralho. Era uma massa infinita de corpos alternativos iguais ao meu, e boa parcela deles estava ali pelas mesmas razões que eu: Homenagear o Arrebol e seus quatro integrantes, Namjoon, Hoseok, Taehyung e Jungkook.

Pois é. Trinta e quatro anos atrás alguém decidiu que precisávamos nos lembrar dos reis do punk-rock internacional que nasceram e morreram nessa cidade. Os caras marcaram os anos 80 e influenciaram uma torrente de bandas que vieram em seguida, então nada mais justo do que criar um evento anual em nome deles onde todos os estilos musicais derivados do rock poderiam ser apreciados pela galera da cena. Juntaram música, arte, bebida ㅡ e uns lances ilícitos ㅡ, e criaram essa grande farofa agitada que eu nunca perdia.

Eu estava admirando a multidão e a música de um cover quando senti o celular vibrando no bolso da calça. Atendi a ligação.

Cara, onde você 'tá!? ㅡ Era a voz do meu parceiro de shows, Thiago. Ele e eu éramos amigos e tocávamos juntos em alguns bares e pubs para descolar uma graninha extra no fim do mês. Tínhamos marcado de nos encontrar com nossos conhecidos durante o evento daquela noite.

ㅡ Eu acabei de chegar ㅡ falei, movendo-me pela multidão.

De repente, senti cheiro de batata frita e meu estômago roncou. Esqueci que ainda não tinha jantado.

ㅡ Thiago, vou comprar umas batatinhas pra mim por aqui. ㅡ Meus olhos já buscavam a barraca responsável por aquele cheiro delicioso.

Beleeeeza. Falta pouco para as dez horas. Nós já estamos indo para os trilhos.

ㅡ Certo. Encontro vocês lá. Vou levar umas cervejas. ㅡ Encerrei a ligação e entrei na fila da barraca. Iria fazer um bom uso da bela gorjeta que ganhei naquele dia.

Enquanto aguardava a minha vez de ser atendido, deixei meus ouvidos serem inundados pela bagunça sonora das várias caixas de sons espalhadas pelo local até que encontrassem uma harmonia no meio daquilo, e olhei para cima, na direção do céu.

Zero nuvens, zero chances de sermos surpreendidos por uma chuva. Se não fosse pela brisa congelante, eu diria que aquela noite estava perfeita.

Desviei meus olhos para um imenso telão próximo ao viaduto que exibia a foto dos integrantes do Arrebol. Quatro rapazes com faces jovens que exalavam juventude e muitos anos de vida pela frente.

É triste pensar que tudo isso se acabou quatorze anos antes de eu nascer. Sequer tive a chance de vê-los num show ao vivo, tudo que sei veio das revistas antigas e dos discos que encontrei pegando poeira no porão da minha família adotiva, e também dos artigos e vídeos de qualidade mediana espalhados pela internet.

Na verdade, aquela noite poderia sim ser perfeita, mesmo sob a maior das nevascas, se ao menos o último integrante do Arrebol que restou vivo viesse e tocasse uma música para nós. No entanto, Namjoon ㅡ que agora só usava seu nome americano, Alison Bass ㅡ havia abandonado completamente o lado musicista desde o fim da banda.

Era triste, mas eu conseguia entendê-lo...

ㅡ Aqui seu pedido ㅡ disse a dona da barraca, entregando-me uma sacola com as cervejas e minhas batatas fritas. Paguei-lhe com a nota de cinquenta e me afastei dali.

Nesse meio tempo, reparei que a maior parte da multidão tinha se movido para o outro lado da ponte do viaduto, rumo aos trilhos que passavam por baixo dela. Muita gente já se encontrava lá, a postos, aguardando o relógio dar dez horas em ponto. Thiago e meus outros amigos provavelmente estavam por ali, esperando-me.

Faltavam dois minutos. Em um minuto e meio eu os encontraria... Mas uma figura em pé sobre o parapeito da ponte me chamou a atenção e fez eu mudar a minha rota.

Oh-oh. Alerta de Perigo.

Atônito, olhei ao redor e percebi que ninguém ligava para aquela pessoa ali em cima. Os últimos grupos que restavam atravessando o viaduto e se dirigindo aos trilhos passavam por ela como se não vissem nada. Todos pareciam entretidos demais com o evento e com si mesmos.

Sentindo o coração acelerado no peito ㅡ porque não é todo dia que a gente testemunha alguém prestes a cometer uma loucura ㅡ, aproximei-me do parapeito devagar, tentando não demonstrar o meu desespero.

ㅡ Ei... ㅡ falei com cautela, sem saber muito bem o que estava fazendo. Eu não queria assustar aquele desconhecido e acabar piorando as coisas.

A pessoa pareceu ter me notado, porque a cabeça sob o capuz do moletom que vestia se virou levemente.

ㅡ O que foi? ㅡ ela perguntou, apreensiva. Sua voz era masculina, mas parecia embargada, disforme.

ㅡ Olha, não é muito seguro ficar em pé aí em cima. ㅡ Aproximei-me mais um pouco, vagarosamente.

Tenho quase certeza de que aquele estranho reprimiu uma risadinha.

ㅡ Vá embora. Está perdendo a festa lá embaixo.

Dei uma olhada na multidão debaixo do viaduto e suspirei.

"Okay, preciso ser criativo aqui."

Tirei uma das garrafas de cerveja da sacola, arranquei a tampa e bebi uns bons goles. O álcool poderia diminuir o meu nervosismo naquele momento.

ㅡ Na verdade, todos eles estão errados. O local certo da festa é onde estamos agora ㅡ eu disse, fingindo relaxar os músculos para me apoiar no parapeito como alguém que não quer nada.

ㅡ Ah, é? ㅡ Ele não parecia tão interessado por causa do tom apático em sua voz esquisita, mas havia um fio de curiosidade e sarcasmo pairando ali.

ㅡ É sim, sabe por quê? ㅡ Tentei mostrar um sorriso confiante. ㅡ Porque às dez horas da noite de 19 de julho de 1985, o vocalista do Arrebol, Jungkook, deu seu último suspiro após avançar o sinal com um carro e acabar na frente do metrô que corta este bairro a uma alta velocidade. ㅡ Apontei para a multidão embaixo do viaduto e forcei uma risada. ㅡ É por isso que todo ano, nesta data e neste horário, as pessoas se reúnem nos trilhos para homenagear o Arrebol. Acontece que em 1985, logo depois do acidente, a prefeitura reformou esta área e construiu um viaduto para evitar outras tragédias. Sendo assim, Jungkook e, consequentemente, a banda não morreram lá embaixo, mas, sim, aqui onde estamos. Bem aqui, em cima da ponte.

O estranho ficou em silêncio por longos segundos, tempo suficiente para uma brisa vir e jogar para trás um pouco da beirada do capuz, revelando um perfil meio sorridente ocultado pela escuridão da noite. Por algum motivo, a iluminação ali em cima estava péssima e me impedia de ver o rosto dele.

ㅡ Você deve saber muitas coisas sobre essa banda ridícula ㅡ sussurrou o desconhecido.

"Ridículo é você", a quinta série que residia em mim quis falar isso, mas eu imediatamente a joguei de volta para fundo da minha mente.

Vamos lá, estamos salvando uma vida aqui.

ㅡ Eu sei sobre várias coisas. Sou fã deles. ㅡ Dei de ombros e me aproximei mais alguns centímetros.

"Será que consigo puxá-lo pelas pernas?", pensei, analisando as chances de aquilo dar errado.

Até que, de repente, aquele estranho murmurou algo que me deixou um pouco paralisado.

ㅡ O que te faz ser lembrado depois que morre?

ㅡ Hm. ㅡ Pensei um pouco. ㅡ Seus feitos, os laços que criou com as pessoas, sua personalidade... Tudo isso, eu acho.

ㅡ E se nada disso valer a pena? E se... e se todas as memórias que fiz aos outros foram apenas uma grande decepção? É melhor ser esquecido, não concorda?

Eu pisquei, e então olhei para o horizonte além do parapeito.

"Ah, entendi..."

Com um ímpeto de coragem ㅡ coragem esta oferecida unicamente pelos goles de cerveja que eu tinha bebido mais cedo ㅡ, deixei a sacola no chão, coloquei minha perna sobre o parapeito, depois a outra e, por fim, todo o corpo. Equilibrei-me devagar para ficar em pé ao lado do estranho. Queria lhe transmitir alguma confiança e certeza quando dissesse as seguintes palavras:

ㅡ Já que começamos falando sobre a banda ridícula de que sou fã, vou te dizer uma coisa... Esse cara, o vocalista que morreu, era bastante complicado. Todo mundo que conhece a trajetória dele sabe dos problemas com as drogas e as bebidas, com as confusões envolvendo a polícia e etc. O Jungkook é lembrado por isso até hoje. Mas ele também é lembrado por ter uma das vozes mais potentes e bonitas do rock mundial, e eu te digo com toda sinceridade que nunca vi nada igual a ele, mesmo só tendo assistido a performances por meio de filmagens antigas ruins. ㅡ Com as mãos nos bolsos, virei-me para o meu companheiro de parapeito. ㅡ Mas ele morreu jovem, muito jovem. O que poderia ter acontecido se o acidente não tivesse existido? A gente nunca vai saber. Mas eu acredito que o Jungkook poderia ter tido uma vida boa depois de crescido.

ㅡ Como pode ter tanta certeza disso?

ㅡ Porque, quando se chega ao fundo do poço, o único caminho alternativo é subir. E por mais clichê que isso soe, é a verdade, vai por mim... ㅡ "Eu sei como é".

Sem desviar meus olhos dele, eu tirei as mãos dos bolsos para estar pronto para segurá-lo a qualquer momento, e continuei falando, não porque gosto de discursar sobre lances filosóficos ou de bancar o coach, mas porque sentia que precisava jorrar essas palavras em cima daquela pessoa.

ㅡ O que estou tentando dizer com isso é que existem coisas ruins que nunca serão apagadas do nosso histórico, e elas vão continuar nos remoendo pela eternidade. Mas também existem coisas boas que serão lembradas, se não por todos, então ao menos por aqueles que realmente importam, mesmo que não saibamos quem... Jungkook e todos os caras do Arrebol não me conheciam, mas eu me lembro das melhores coisas sobre eles. ㅡ Suspirei fundo e dei um passo na direção do estranho. A ventania estava forte ali em cima. ㅡ Mas se você quiser que as memórias felizes se sobreponham às tristes, então aproveite a oportunidade de viver e tente criá-las. Todo dia, toda hora... é difícil e complicado, eu sei, mas é possível. Para que, quando você realmente der seu último suspiro, não venham arrependimentos como esse que está me mostrando agora.

Um pouco trêmulo, ergui a mão direita para ele.

O desconhecido se virou levemente na direção da minha mão como se a encarasse de soslaio.

ㅡ Teria sido legal conhecer você um pouco antes de tudo ㅡ disse ele, e deu um passo à frente, ficando na iminência de cair.

Aflito, abri os dois braços para agarrá-lo e puxá-lo na direção do lado seguro da ponte.

Porém, quando tentei tocá-lo, foi como se eu tivesse abraçado névoa.

Perdi o equilíbrio nesse instante e fui arrastado pela força do vento. Quando pisquei, vi meus braços e pernas erguidos e o peitoral da ponte se afastando rapidamente enquanto eu caía. A figura do desconhecido havia sumido.

Fechei os olhos e assisti ao filme da minha vida. Como eu disse antes, ele era um tanto chato e curto demais.

"Droga. Nem provei das batatinhas..."

Depois disso, veio o impacto da queda e a frieza eterna de que tanto ouvimos falar.

🎤🦋🎤

Ainda estava frio quando reabri os olhos, mas poucos segundos depois a temperatura ambiente se aqueceu e foi como se eu tivesse despertado de um sonho desconfortável.

Esfreguei as mãos no rosto para recuperar o tato e me mexi entre os travesseiros quentinhos da cama macia.

Hmmm... Espera aí, cama?

Pisquei com o cenho franzido e encarei aquele jogo de lençóis bordados ao meu redor. Ergui o olhar para a cabeceira cheia de adornos, para a mesinha de canto com um rádio e um abajur que poderiam ter saído diretamente de um museu, e depois analisei as persianas balançando na frente da janela entreaberta e a cômoda de madeira que sustentava uma TV da era paleozóica.

O que era aquilo? Um cenário do filme Gatinhas & Gatões, de 1984?

Com a cabeça subitamente dolorida, sentei-me na extremidade da cama e comecei a bagunçar o cabelo para pensar direito.

Consegui pôr algumas memórias em ordem. O evento, a barraca de batata frita, minha conversa com o maluco no parapeito, a queda...

ㅡ Meu Deus, eu me droguei e não lembro? ㅡ murmurei, acreditando piamente que tinha ficado louco. Afinal, nenhum ser humano normal sobreviveria depois de cair daquela altura. E, mesmo se fosse o caso, certamente haveria sérias sequelas. Mas eu não estava sentindo nada além da confusão mental que latejava em minha cabeça.

Então só me restava culpar alguma droga. Aquela cerveja que comprei devia estar batizada com algo e me fez ter alucinações. Depois disso, provavelmente invadi a casa de uma idosa no meio da noite e colonizei o primeiro quarto vazio que encontrei.

Você não invadiu nada. Estamos num hotel ㅡ disse uma voz vinda de lugar nenhum.

Quase desmaiei de susto. Minha alma devia ter saído do corpo quando saltei e fiquei em pé.

ㅡ Quem está aí!? ㅡ Peguei o abajur e apontei para todos os lados do quarto.

Eu não via ninguém, mas a voz voltou em alto e bom tom:

É melhor se acalmar, se não quiser morrer de novo, dessa vez de taquicardia.

Escutei uma suave e baixa batida de asas. Em seguida, uma mariposa grande, bonita e meio verde apareceu no meu campo de visão, e pousou sobre a ponta do abajur.

Abaixa isso, garotão. Já deixo avisado que não vamos pagar pelas coisas que você quebrar neste quarto. ㅡ Era a voz de novo. E ela vinha... daquela mariposa.

Entrei em estado de choque. Devagar, abaixei o abajur e o coloquei de volta na mesa com muita cautela. Em seguida, dei um passo para trás com as mãos trêmulas erguidas na frente do corpo.

ㅡ A mariposa falou. A mariposa... um inseto, ha... ㅡ Arfei. Meu desespero se converteu numa risada esganiçada.

Okay, já entendi que assim não vai dar certo. ㅡ A mariposa bateu as asas e saltou. Após flutuar um pouco no ar, ela se desfez em fragmentos que aumentaram de tamanho e giraram numa espiral até moldar o corpo de um humano adulto de beleza andrógina vestido numa espalhafatosa roupa esverdeada. Ele, ou ela, sorriu para mim com seus lábios carnudos, todo convincente, e piscou um olho na minha direção. ㅡ Que tal agora, garotão?

Eu ainda estava petrificado, mas sinto que soltei o grito mais fino de toda a minha existência.

Aquela pessoa só deu de ombros.

ㅡ É chocante, eu sei. Sempre é, todo mundo fica bastante perplexo. ㅡ Ela abanou a mão e revirou os olhos. ㅡ Enfim, vamos direto ao ponto. Bem-vindo à sua segunda chance de vida!

De algum lugar ouvi aplausos e buzinas festivas, como se eu estivesse preso numa sitcom¹ ou num programa de TV. Talvez realmente estivesse. A esta altura qualquer coisa parecia possível de acontecer.

O desconhecido fantasiado continuou a falar:

ㅡ Jimin Park, você morreu aos vinte e dois anos de idade às dez horas da noite de 20 de Julho de 2020, após cair do alto de um viaduto. Mas, no lugar de ser enviado ao túnel da reencarnação, meus superiores celestiais o escolheram para realizar uma missão de salvamento que, se concluída com sucesso, trará sua vida de volta! ㅡ Ele gesticulava e sorria feito um artista de TV, até suas roupas reluziam como se estivessem sendo iluminadas por holofotes. ㅡ Meu nome é Jin e Jinli. No momento sou o Jin, mas posso aparecer na minha forma feminina, Jinli. Fui selecionado para ser o seu guia espiritual durante essa, hm, jornada. Se tiver dúvidas, pode me perguntar, ainda que eu não vá responder 90% delas, hoho!

Eu dei outro passo para trás, e depois outro e mais outro.

ㅡ Eeei, aonde está indo, garotão? ㅡ Jin segurou meu rosto e apertou minhas bochechas. ㅡ Eu ainda não expliquei tudo, então pode espe...

Escapei das mãos dele com um puxão para trás, joguei-me contra a porta, lutei contra a maçaneta e, depois de destravá-la, saí correndo desesperadamente.

As coisas estavam muito piores do que eu pensava. Não só me drogaram como também me entregaram para um lunático não-binário que curte fantasia de carnaval. É mole?

No entanto, enquanto escapava, percebi que numa coisa o tal Jin tinha sido verdadeiro: Estávamos num hotel. Um hotel totalmente parado no tempo, com escadas numerosas, nenhum sinal de elevador, paredes e chão revestidos por decoração do século passado e luminárias amarelas daquelas que vemos em filmes antigos. Deparei-me com a mesma situação quando cheguei ao saguão. Não havia computadores na recepção e os sofás espalhados por ali definitivamente tinham sido a última moda dos anos 70. Talvez o local fosse apenas simples e antigo, mas fiquei surpreso ao encontrar telefones enfileirados numa parede e ver pessoas enfiando moedinhas neles para poder usá-los.

De qualquer forma, segui em frente e saí daquele lugar. Se quisessem me cobrar pela estadia, poderiam entrar em contato comigo depois de alguma forma. No momento eu só queria ficar longe daquela pessoa maluca.

Só que a estranheza não parou por aí.

Assim que pus meus pés fora do hotel, vi que algo estava muito, mas muito estranho.

Eu reconhecia aquelas ruas e tinha certeza de que eram de Sant'Angela, mas pareciam diferentes, mais estreitas e... sei lá.

E tinha os carros. Que carros eram aqueles? Todos coloridos e antigos. Não velhos, mas com modelos ultrapassados que apenas colecionadores os teriam assim, em tão bom estado.

Atordoado, vaguei pela calçada, sem rumo e distraído demais com o visual das coisas ao meu redor. Até as pessoas pareciam estranhas, algumas com penteados bufantes, cintos enormes, roupas coloridas e chamativas, calças boca de sino, leggins e meias felpudas até os joelhos. Encontrei um orelhão e fiquei encarando aquele projeto dinossaurico por, talvez, cinco minutos.

Alguém deve ter olhado para o meu rosto assustado, somado-o às minhas roupas escuras do hardcore, e pensado que eu era um maníaco, porque, pouco tempo depois, um policial me parou e começou a me fazer perguntas. Até tentei falar com ele sobre a minha situação, mas tive a atenção capturada pelo conteúdo do gigantesco telão da imensa torre que ficava no fim daquela rua.

Em letras enormes e bem destacadas piscava "A MÚSICA CRUEL É Nº1 DAS PARADAS OUTRA VEZ, ARREBOL ESTABELECE SEU DOMÍNIO MUNDIAL - SHOW EM 08 DE SETEMBRO DE 1984, NO ESTÁDIO SAINT". E embaixo, a foto dos quatro integrantes do Arrebol, brilhando naqueles tons saturados que só os anos 80 sabiam oferecer.

ㅡ Que porra...?

Fiquei ali parado, encarando os rostos de Taehyung, Namjoon, Hoseok e Jungkook, e me perguntando se deveria voltar ao hotel para conversar com a mariposa falante.

[ ¹Sitcom: São séries de comédia tipo Friends e Brooklyn Nine-Nine.]

🎤🎤🦋🎤🎤

#MariposaPunk

Antes de ir embora, deixe o seu ⭐VOTO⭐, ele é muito importante^^

Certo, estou nervosa. Muito nervosa. Começar uma fic nova de repente se tornou amedrontador para mim de alguma forma, tanto porque tenho medo de quebrar as expectativas daqueles que já me acompanham de outras fics, quanto porque sei que meu tempo para atualizar não é tão frequente assim, e isso decide muita coisa. Mas, okay, estou tentando levar Arrebol como uma experiência nova e descompromissada onde tentarei me aventurar por um gênero diferente da fantasia que estou acostumada (mas, como viram com a aparição do personagem do Jin, ainda teremos detalhes sobrenaturais na narrativa, haha, e prometo que serão engraçados!!). Faz muitos anos que quero contar essa história, então eu a contarei da melhor forma que me for possível, mesmo que isso leve algum tempo.

Sobre o capítulo de hoje... Vocês gostaram? Acho que consegui introduzir alguns personagens essenciais e um pouco do universo que veremos em Arrebol. Anos 80, mariposas falantes e uma missão de salvamento, que grande farofa, hehe. Os demais personagens importantes, como Namjoon, Taehyung, Yoongi, Hoseok e, principalmente, Jungkook, começarão a aparecer nos próximos capítulos. Não quero que isso demore a acontecer. Mas vocês repararam na pessoa misteriosa que surgiu em cima da ponte? Já conseguem formular alguma teoria a partir da conversa que o Jimin teve com ela? Hmmmm...

Agora vou me despedir de vocês. Muito obrigada por terem lido até aqui e pela paciência de alguns que esperaram por esta fanfic. Não sou uma escritora que atualiza com uma frequência tão boa, devido às responsabilidades da vida real, mas sempre estarei me esforçando para trazer capítulos grandes, bons e divertidos!

Até mais💜

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