💫Sanha → Uma breve Historieta Romântica de Sanha |1
INÍCIO DO QUE SERIA FLORES
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— Luna, se eu sair dessa porta, não tem volta — decreta, com o olhar fixo no meu. — Eu 'tô falando sério.
— Por que está hesitando? — retruco, firme na minha decisão, meus olhos brilham em desafio. — Não era isso que você queria desde o início? Só vai!
— Claro que não! Você consegue distorcer tudo, céus! — Ele aumenta a voz em um tom injuriado, ergue os braços, e solta um suspiro passando uma das palmas das mãos no rosto, tentando retomar a voz mais suave — Luna...
— Você fez isso conosco, Yoon. — murmuro, abrindo a porta. Desvio o olhar para o chão. — Aceite a consequência. Agora, vai!
— Luna... — peleja uma última vez, fazendo os nossos olhares se encontrarem. Dor e incredulidade brilhavam em seus olhos acastanhados.
— Adeus, Sanha — me despeço, antes de fechar a porta.
O meu coração se despedaça dentro de mim enquanto deslizo as costas pela porta. Meus olhos começam a transbordar com as lágrimas que contive para ele não notar, o quanto beiro a fraqueza com esse momento que concluí um ciclo lindo, que teve um precoce, e triste, fim.
Não sei como chegamos a esse ponto, mas sei que estávamos guardando os nossos rebuliços internos há tempo demais, era questão de tempo para tudo explodir de vez. Todas as desculpas, todos os questionamentos estressantes cheios de inseguranças, todas as omissões por mais idiotas que fossem... Não confiávamos plenamente um no outro, as inseguranças estavam nos corroendo e não somos maduros o suficiente para seguir com um relacionamento que deveria ser duradouro e bonito.
Eu tive que escolher o caminho mais fácil... Por que Sanha não lutou por nós e me mostrou um caminho diferente, em que o nosso fim não fosse iminente? Eu dei tantas oportunidades para ele, ele só precisava pescar uma delas e tentar abrir uma oportunidade para fazer o nosso namoro florescer e se tornar mais forte.
Nós poderíamos lutar mais um pouco, mas preferimos sucumbir ao cansaço do desgaste instalado em nossa relação.
Eu tinha esperanças e, com apenas uma ligação, voltaria para ele.
Sem pestanejar.
Ligue-me, Sanha.
Deixo o meu olhar embaçado pelas lágrimas percorrer a extensão do apartamento, que antes era cheio de luz e acolhedor, mas agora vazio e grande demais para mim. Sinto um aperto forte no peito enquanto luto contra os vislumbres de memórias querendo me invadir. Ao abraçar o meu corpo, solto um suspiro entrecortado e deixo-me ser levada para as memórias dolorosas que me envolvem.
Deixo-me ser levada para aquele dia infernal, que se transformou em esperança com um coração aquecido.
Sabe quando a cabeça está tão cheia de problemas e tudo vira um borrão completo, seus atos se tornam automáticos e tudo parece não progredir? Era como me sentia no dia em que conheci Yoon SanHa.
Eu estava em pedaços e desesperançosa; estava atrasada com as atividades da faculdade, acabara de perder o emprego e achava impossível encontrar um novo estágio, decente, tão rapidamente para completar as horas do estágio obrigatório da minha graduação. As contas do pequeno apartamento estavam todas atrasadas... Eu estava dentro de um caos e não conseguia ver uma luz no fim do túnel.
Felizmente, o destino queria trazer um pouco de esperança e possibilidades para a minha vida, — bom, foi o que eu pensei, quando tudo aconteceu de forma cômica, inusitada e meiga — ela me trouxe o meu primeiro amor, Yoon Sanha.
— Abraço grátis? — indagou um rapaz animado, parando-me no meio da correria que estava a estação de metrô após fim do expediente.
— Quê?! — questionei, arregalando os olhos e abraçando a minha bolsa, totalmente alerta com as possíveis intenções daquele garoto sorridente e com a feição que enganava a sua verdadeira idade.
— Quer um abraço grátis? — Sanha repetiu, apontando para o enorme cartaz atrás dele, que estava escrito a sua pergunta em letras garrafais. Várias pessoas estavam por perto fazendo a mesma pergunta e distribuindo abraços gratuitamente.
Após dar uma longa olhada na sua camisa onde dizia "abraços salvam vidas", retomei o meu olhar para ele e o respondi, por fim.
— Eu passo.
— Você parece estar precisando dos benefícios de um abraço. — argumentou, dando um novo passo e ficando na minha frente novamente.
O seu olhar demonstrava genuína preocupação enquanto os meus muros contra qualquer solidariedade começavam a ruir dentro de mim. Tudo nele brilhava amor ao próximo, meiguice e sinceridade em cada ato que fazia ou palavra que proferia.
Ao encontrar o seu olhar, o sentimento de tranquilidade e confiança se apossou sob mim, quase que instantaneamente.
— E quais seriam esses benefícios? — cedi, começando a me interessar no projeto "Abraços salvam vidas", e ficando cada vez mais tentada em ter aquele abraço grátis.
— Se eu te der três benefícios, você aceitará o abraço? — Ele abriu um sorriso maroto.
— Pensava ser de graça e não negociável. — rebati, fazendo-o rir e concordar com um aceno.
— Você está certa, mas eu sinto no fundo da minha alma que você necessita desse abraço. — Ele piscou os olhos de maneira fofa enquanto tombava a cabeça para o lado.
Semicerrei os olhos na direção dele.
— Você é sensitivo, é?
— Claro! — concordou, de forma divertida, me fazendo rir enquanto estalava um sentimento quentinho e mágico pela extensão do meu corpo — por isso participo dessa campanha — ele deu um passo na minha direção — sinto quando a pessoa precisa desse abraço de longe.
— Engraçadinho. — murmurei, balançando a cabeça.
— Três motivos e um abraço?
— Feito. — concordei e cruzei os braços.
— O poder de um abraço melhora o estado emocional, alivia o estresse, além de ser cientificamente comprovado que repercute na capacidade do sistema imunológico de responder ao ataque de microrganismos — informou, com a voz suave e firme, vi os seus dedos se levantando enquanto contava cada benefício.
— Uau. — soltei impressionada, levantando os polegares em duas joinhas para ele.
— Vem pro abraço — gracejou, determinando a sua vitória. Sem deixar com que eu pensasse demais, abriu os braços e me fez rir, antes de ceder aos seus braços.
Assim que seus braços me envolveram em um abraço carinhoso e solidário, senti os olhos arderem e o coração palpitar. Por um momento a sensação que tudo teria um jeito, e que a luz no final do túnel apareceria, se eu tivesse um pouco de fé, se apossou de mim. Tive a sensação de que o rapaz sentiu a mudança instantânea em meu corpo e emoções, pois o senti me apertar em seus braços enquanto as mãos afagavam as minhas costas.
— Pode chorar, eu não importo. — murmurou, próximo ao meu ouvido, fazendo eu enterrar o meu rosto em sua camisa, logo fui envolvida pelo seu cheiro adocicado e suave.
— Vou manchar a sua camisa. — resmunguei, sentindo-o me apertar mais, me fazendo abraçá-lo de volta.
— Vai valer a pena, pois você vai se sentir mais leve. — Sanha me tranquilizou, começando a nos embalar de um lado para o outro.
— E com o nariz entupido. — pontuei, fazendo rir.
— Isso é um mero detalhe.
Após alguns minutos, soltei um suspiro entrecortado e comecei a me afastar dele, um pouco relutante demais e até um pouco manhosa. Senti o seu olhar esquadrinhar o meu rosto à procura de algum vestígio, da necessidade de outro abraço, e quando nossos olhares se encontraram abri um sorriso meigo, sentindo uma grande leveza se apossar do meu corpo.
— Você estava certo. — concluí — Me sinto muito melhor e até um pouco mais esperançosa.
— Eu sabia! Poder da vidência, viu?! — brincou, me fazendo rir e negar com a cabeça, logo o seu semblante ficou um pouco mais sério, enquanto colocava as mãos nos bolsos da calça jeans. — O gesto de abraçar é visto como um símbolo de solidariedade humana, mas para mim é diferente, sabe? — explicou, pensativo, me analisando com os olhos acastanhados. — Todos portamos algum tipo de dor, tristeza ou angústia dentro de si, ou até os três! Oferecer um abraço a um desconhecido ou até para alguém conhecido, sem a pessoa ao menos esperar, é como dizer a ele: "tamo junto, mano".
— É uma linda campanha e um lindo pensamento. — concordei com as suas palavras e com a iniciativa das pessoas do projeto.
— Sempre tem vaga para novos voluntários. — avisou, deixando subtendido a proposta, ao arquear as sobrancelhas.
— Vou pensar no caso. — disse, na época, não levando muita fé de que isso um dia aconteça.
Mal sabia eu que ele conseguiria me persuadir a participar daquele projeto por vários meses...
— Você ainda está com a feição de quem precisa de outro abraço. — Ele abriu os braços de novo e me fez dar um passo para trás. — Eu não me importo de ser monopolizado por você.
— Não me tente, você tem um abraço... Gostoso. — confessei a contragosto, o vi abrir um sorriso enorme e dar mais um passo na minha direção. Logo comecei a despejar justificativas para que ele não me abraçasse outra vez. — Eu manchei a sua roupa, sou uma estranha, estou envergonhada.
— Se isso a perturba tanto... — Sanha murmurou com o semblante pensativo, ponderando sobre o que poderia fazer, logo esticou a mão na minha direção. — Bom, o meu nome é Yoon San Ha.
— Sou Luna. — Apertei a mão dele — Luna D'Angelo.
— Viu? — indagou, ainda segurando a minha mão como se eu fosse desaparecer se soltasse. — Agora somos conhecidos.
— Ainda estou com a consciência pesada. — Abri um sorriso envergonhado.
— Eu aceito um passeio até a lavanderia e uma espera em uma cafeteria para batermos um papo. — Propos, se inclinando na minha direção e deixando os nossos rostos próximos.
— Está me chamando para um encontro? — rebati, um tanto surpresa e descrente.
— Só se você quiser. — Sanha olhou no fundo dos meus olhos, fazendo um friozinho na minha barriga começar a crescer — então, topa, Luna?
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