💫MJ → Adeus minha Querida Chama Azul |3
ATO III
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A brisa me despertava com um gélido abraço. Ao abrir os olhos, vi que ainda estava sentado naquele banco em frente ao lago. Precisava seguir meu caminho, mesmo sem fazer ideia de qual era. De uma coisa tinha certeza: o que estava acontecendo naquele momento era exatamente o que devia acontecer. Caminhando até o fim do enorme parque, as luzes que o iluminavam revelaram a beleza que existia ali. Segui em direção a faixa de pedestres, já era possível ver o restaurante onde nos reunimos na noite do nosso término. Estar em frente a esse local trazia à tona aquele sentimento amargo.
Lembro-me de todas as mensagens sem respostas e todas as tentativas, em vão, de comunicação. Era como se fossemos totais estranhos de novo e isso fazia com que meu estômago se remexesse.
Virei em direção à rua e continuei meu caminho, sentia em minhas veias que o fim daquela agonia em meu peito estava próximo. Mas como? O que estava me guiando com tanta certeza, não faço ideia, mas queria que acabasse rápido. Minha cabeça estava prestes a explodir.
Pouco tempo depois do término, eu não conseguia trabalhar devido às náuseas e dores constantes de cabeça. Após alguns dias, finalmente me senti um pouco melhor para sair. Era ótimo voltar a trabalhar, assim conseguia ocupar minha mente e isso me ajudava a não pensar em Luna. Soo-hyun e eu então decidimos nos encontrar no dia seguinte para tomarmos um café — era sábado e estaríamos de folga. Porém, tive um mau pressentimento assim que pisei naquele lugar.
Eu devia ter seguido minha intuição, assim tudo seria diferente.
Enquanto estava perdido em memórias, parei na frente daquele enorme prédio. Edifício Yang, ler aquelas palavras definitivamente me causavam ainda mais desconforto.
— FAÇA PARAR! POR FAVOR!
Por quê? Por que aquilo estava acontecendo? O que fui fazer ali?
As lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto. Mas algo ainda mais incomum do que as constantes dores agudas em minha cabeça, me ocorreu naquele instante.
Por que ninguém vinha ao meu auxílio?
A dor se transferia para todo meu corpo.
— SOCORRO! ALGUÉM! — Mesmo aos gritos, ninguém se quer olhava para mim.
Caído na calçada, minha visão ficou escura e o som cada vez mais distante.
O que é isso? O que estava acontecendo comigo?
Era como se estivesse sonhando.
— MJ! Aqui! — Era a voz de Soo-hyun.
— Soo-hyun?
— Fiz você esperar muito? Desculpe.
— Não, cheguei faz pouco tempo. E aí, tudo bem?
— Ah, a mesma coisa de sempre. Tae-yong e eu brigamos de novo. — Ela parecia aborrecida com a situação.
— O que aconteceu agora?
— Ele está com ciúmes dos meus amigos. O que é ridículo, já falei para ele milhões de vezes para parar com isso. Somos adultos e, além disso, como podemos ter um relacionamento se não tiver confiança entre nós? Você não concorda?
Ela tinha toda razão, como você constrói um relacionamento se houver desconfiança e mentiras? Era difícil me concentrar em Soo-hyun depois dela ter tocado na ferida.
A voz da televisão chamava minha atenção.
— Hoje vamos receber Luna, a mulher que está roubando sorrisos e suspiros da nação. — Meu coração batia muito rápido.
— Fico muito grata pelo convite. — Luna sempre se mantinha sorridente. — Antes de começarmos com a entrevista, se me permitir, gostaria de falar sobre um assunto que logo estará circulando pelas redes. — Era possível sentir que o tom de sua voz estava diferente, poderia até dizer que se tratava de felicidade.
— Por favor, fique à vontade.
— Minha carreira de modelo teve início ainda na minha adolescência, porém nunca tive uma oportunidade para trabalhar com algo, podemos dizer "grande". O reconhecimento pelo meu trabalho foi muito grande e sou muito grata a todos que me deram essa oportunidade, e a todos que me encorajaram a seguir com meus sonhos. Muito obrigada! — A forma em que esfregava as mãos umas nas outras revelavam sua extrema ansiedade. — Tem uma pessoa em especial que gostaria de agradecer, sem ela, definitivamente, não teria conseguido chegar aonde cheguei hoje. — Suas palavras despertaram minha ansiedade. Não! Será que ela pretendia falar sobre nós diante milhares de pessoas? Será que ela estava arrependida? Podia sentir meu estômago se remexer novamente. — Meu marido, Kim Young-min. A um tempo atrás estávamos comemorando nossos 2 anos de casados em Jeju e fazíamos muitos planos para o nosso futuro, mas hoje gostaríamos de compartilhar com o mundo que nossa primeira gravidez finalmente chegou.
— Wow! Nem sabíamos que ela era casada e já está anunciando seu primeiro filho? — A voz de Soo-hyun soava com muita felicidade. — MJ, você está bem?
Mesmo se quisesse, não seria capaz de explicar o que sentia no momento, ou o quão forte era a dor que me preenchia. Era totalmente inexplicável.
Então, apenas corri.
Corri o mais rápido que podia para poder ver, com os meus próprios olhos, se tudo aquilo era verdade.
Naquele momento, o céu começou a chorar. As gotas de água que caiam sobre meu rosto se juntavam com minhas lágrimas. Era como se o céu sentisse exatamente o mesmo que eu.
Quando enfim cheguei ao meu destino estava sem folego. Edifício Yang era onde Luna morava, sabia disso devido as inúmeras vezes que a trouxe para casa. Me sentia sujo, usado, enojado. Meu estômago se remexia, precisava colocar para fora tudo aquilo que o estava incomodando. Então vomitei na lata de lixo próxima a mim. Assim que levantei minha cabeça, saindo pela porta do enorme edifício, pude ver Luna e um homem. Só podia ser seu marido. Dei dois passos para frente na tentativa de confrontá-la.
Porém, fui impedido por um motociclista que havia terminado de fazer uma entrega. Com a buzina, voltei meus dois passos. Ao olhar novamente para o casal, vi que Luna havia notado minha presença. Minha coragem, que me guiou até ela, acabou se transformando em medo. Um medo tão intenso que, ao ver que os olhos de Luna estavam grudados nos meus, me fez correr sem rumo.
E tudo que pude ver naquele momento foram as luzes.
O som dos pneus cantando, pessoas gritando e do impacto do meu corpo com o automóvel foram as últimas coisas de que me lembro.
A força do impacto me fez recobrar a consciência.
É isso. Mesmo que tudo pareça sereno, ainda sinto que não acabou. É preciso terminar esse ciclo, deixar o passado e seguir adiante. Sei o que devo fazer, mas não sinto que vou conseguir.
Levantei minha cabeça e olhei para o céu, mais uma vez ele chorou.
Tudo estava mais fácil, com apenas um fechar de olhos e um imaginar, estava dentro do que seria o apartamento de Luna. Aquela fragrância era inconfundível para mim.
— Querido, você poderia passar no mercado? Enviei a lista por mensagem. Até mais. — Sem dúvida se tratava de Luna.
Vê-la de perto realmente me trazia muitos sentimentos. Sentada diante da sua enorme penteadeira era possível ver que algo a fazia triste. Lentamente me aproximei e a vi. Encarava uma caixa de joias. A dúvida em abri-la era muito visível, foi preciso alguns minutos para que a ação fosse feita e assim que a caixa abriu era possível ver qual era o motivo.
Um celular e uma fotografia.
Com as mãos trêmulas, Luna pegou a fotografia e para minha surpresa era a mesma que eu havia colocado no mural de polaroids.
Por quê? Por que estava com ela?
Com os olhos marejados, ela passou a segurar o celular.
— Está na hora. — As palavras saiam trêmulas de sua boca. — Essa será nossa última mensagem e então deixarei você partir.
Peguei meu celular e então pude ver inúmeras mensagens de Luna. Nosso chat havia se tornado um diário pessoal, lá constavam desde pedidos de desculpas até descrições de dias difíceis.
Antes que pudesse me aproximar dela, o choro de uma criança invadiu o cômodo. Era a filha de Luna. Após pegá-la no colo, voltou novamente a olhar o celular e, com um movimento rápido, apertou o botão de enviar. Então pegou a pequena caixa de joias, colocou dentro da gaveta e com uma chave a fechou. Era possível ver quão determinada ela estava em nunca mais ver aqueles objetos.
Vê-la com sua filha despertava em mim uma felicidade melancólica.
O som de notificação do meu celular quebrou a corrente de sentimentos que me preenchia no momento.
Ao desbloquear vi a mensagem de Luna.
"Meu querido Myung-jun,
O clima hoje está igual ao daquele fatídico dia e isso me perturba a mente, por isso não pude ir trabalhar. Fico feliz por minha carreira estar indo muito bem, mas vivo com culpa por estar curtindo uma vida feliz enquanto você...
Me sinto culpada por simplesmente ter ido embora sem lhe dar nenhuma explicação. Sei que isso era o mínimo que eu deveria ter feito, mas como uma covarde, acreditei que se virasse as costas e fingisse que nada tinha acontecido, as coisas voltariam a ser como eram antes. A verdade é que antes de te conhecer estava enfrentando alguns problemas no meu casamento. Estava cansada de toda aquela rotina de trabalho. Chegar em casa e ter que lidar com o estresse de uma vida a dois me deixava sufocada. Então você veio. O Myung-jun gentil, cavalheiro, divertido e brilhante. No começo tentei ao máximo me controlar, mas a forma como me olhava aflorava o melhor de mim.
Eu simplesmente me viciei naquele sentimento e toda vez que o via precisava de mais. Você fazia com que eu me sentisse desejada e não vou negar, eu adorava. Mas, por mais que eu tentasse — e acredite quando digo que tentei muito — não consegui te desejar como você me desejava. Então conversei com meu marido sobre o nosso casamento, mas não tive coragem de dizer que estava saindo com outra pessoa. Nós tivemos mais uma briga naquela noite, então no dia do nosso encontro no parque a tarde, fui informada de que iriamos para Jeju comemorar nosso casamento antecipadamente e foi ali que tudo mudou. Nossas diferenças foram resolvidas. Estava me sentindo um lixo e não queria ver você sofrendo diante dos meus olhos.
Fui muito cruel em ter usado uma pessoa para aliviar o estresse e a monotonia da minha vida e vê-lo partir daquela maneira quase me destruiu. Desde aquele dia não conseguia deixá-lo partir. Mantê-lo vivo em minha mente parecia fazer como se tudo aquilo não passasse de um pesadelo, e que você ainda estaria entre nós.
Mas agora é hora de seguir adiante.
Me perdoe por entrar na sua vida e fazer com que as coisas terminassem dessa forma, trágica.
Adeus meu querido amigo."
Os sentimentos de Luna ainda me prendiam naquela tormenta. Mas toda aquela raiva e agonia que antes me esmagavam a cabeça, sumiram. A falta do perdão era o que me prendia, e meu corpo ansiava pelo descanso.
Finalmente chegou a hora.
Alcancei o ombro de Luna com a mão, o que pareceu ter surtido efeito já que quase em um pulo ela se virou para ver quem era. Então com um sorriso sincero, finalmente pude me despedir.
— Adeus minha querida chama azul.
Era como se todo meu corpo fosse atingido pelo mais caloroso e aconchegante raio de sol, e a enorme sensação de paz finalmente atingiu o meu ser.
Enfim terei meu descanso eterno.
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