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💫Jinjin → O Equilíbrio entre a Dor e a Felicidade |2

DESASSOSSEGO

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Jinjin passou um olhar panorâmico pela praça de alimentação movimentada à procura daqueles densos cabelos cacheados e do rosto arredondado e sardento. Não costumava frequentar aquele shopping, mas sentiu uma espécie de nostalgia, como se o local tentasse resgatar algum acontecimento perdido na sua memória jovem e já muito prejudicada. Olhou com olhos de raio x para aqueles muitos rostos sorridentes e concentrados em suas comidas gordurosas e lotadas de colesterol. Era de fato curioso como uma refeição conseguia unir de forma consistente, casais, famílias e amigos em volta de uma mesa qualquer dentro e fora de casa, mesmo que em outros momentos a convivência seja complicada.

Com a velocidade de um relâmpago, sua mente resgatou as lembranças de seu último "encontro", quando ficou de pé por duas horas esperando uma presença que nunca chegou. Jinjin olhou em volta com um leve aperto no estômago, como se fosse possível a multidão ali presente visualizar aquela vergonha que invadiu seus pensamentos naquele momento. Ainda sentia repulsa pela garota e mágoa pelo pedido de desculpas fajuto, mas agora isso não importava mais, com Rebecca as coisas seriam diferentes porque ela própria era diferente.

Passou mais uma vez o olhar ao redor e analisou o horário na tela de seu celular. Sua perna tremeu de forma inconsciente e Jinjin congelou ao imaginar uma desistência, questionando-se internamente sobre a hipótese de existir uma dificuldade em passar duas horas ao seu lado. Sua cabeça vibrou com a enxurrada de suposições e, de repente, aquele aglomerado de restaurantes pareceu girar enquanto uma onda de enjoo invadia seu estômago. Após alguns segundos ou minutos de vertigem, que pareceram uma eternidade, uma mão quente tocou-lhe o ombro e Jinjin contemplou, ao se virar, uma espessa franja cacheada que encobria uma parte do rosto de Rebecca.

— Opa, está tudo bem?

— Ah.... Sim, é claro. Foi só uma tontura.

— Deve estar com fome, me desculpe mesmo por essa demora.

— Não imagine. Você deve ter seus motivos, aconteceu algo?

Os olhos castanhos escuros da garota pareciam marejar levemente à sombra daquela pergunta, acentuando o leve inchaço que se fazia presente logo abaixo como quem passou algumas horas derramando suas lágrimas. Todavia, ela foi rápida em afastar o deslize que não pôde conter e respondeu:

— Nada demais, só arrumando a casa com minha mãe, ela só deixa eu sair depois de tudo pronto. Sabe como as mães são né? Respingou um produto de limpeza em meus olhos.

O assunto "mães" sempre gerava nele impulsos minimamente controversos. Por isso, limitou-se a uma resposta genérica:

— É complicado mesmo.

O olhar pesado e apático da garota continuou a estampar o seu rosto oval, mas nada aplacava a ansiedade de um Jinjin que finalmente tinha alguém com quem falar sobre seu livro e ser compreendido. E então, comportando-se de forma assustadoramente atípica, Jinjin desenrolou um diálogo com desenvoltura. Mas só ele o fez:

— Vamos para onde? McDonalds, BK, Subway? Gosto de todos. Rebecca?

— Ah, sim, desculpa. É.... pode ser o McDonalds.

— Ótimo, excelente escolha. Vamos entrar na fila.

— Uhum.

— Acho que vou pegar aquele grandão, e você? Tô cheio de fome.

— A fila tá grandinha.

— Não tem problema, podemos conversar enquanto esperamos, faz o tempo passar. Me fala do seu estágio na biblioteca da escola. Dizem que só os melhores alunos em literatura podem entrar.

— Parece que sim. É bem legal lá.

— Queria muito uma vaga, seria legal para a minha arte. Enviei meu livro esses dias para ser exposto durante a semana da biblioteca, quando você ler com certeza vai gostar.

Um lampejo de pena invadiu o olhar moribundo de Rebecca e a mesma engoliu em seco ao dizer:

— É, tem chegado muito material para o evento.

— Deve ser cansativo organizar aquela quantidade de coisas, mas vocês têm mais acesso aos profs de literatura e isso já é demais. Posso te falar um pouco sobre meu livro?

A menina olhava ao redor, de semblante carregado, enquanto apertava com força as franjas da sua bolsa e mexia involuntariamente o dedo mindinho. Olhou ao redor como uma criança perdida na praia.

— Oi?

— Ah... achei que você fosse meio fechado.

— Devo ser, mas me sinto confortável agora. Isso é problema?

Jinjin ficou levemente chateado com a resposta difusa e com as distrações, mas seguiu enquanto ela se calou:

— Então, é uma história que se passa numa galáxia distante...

— Olha eu quero mudar de assunto.

— Por que?

— Eu peguei escondida os arquivos dos professores e li algumas histórias e os pareceres finais que diziam os alunos selecionados.

Jinjin sorriu internamente diante daquela revelação inesperada e que o deixou mais atraído por ela. Rebecca aparentava ser estritamente honesta, talvez por isso estivesse passando tão mal. Mas, então, o que tinha achado da história dele?

— Ok, todo mundo faz coisas erradas de vez em quando. E... não sei se deveria perguntar, mas o que os professores acham da minha história?

Ela engoliu em seco e refletiu por um breve momento sem olhar diretamente nos olhos dele. Depois de fechar os olhos por um momento, como quem lamenta algo antes mesmo de fazer, respondeu:

— Olha desculpa, eu não sei fingir. Sua história é até legal, mas tinha muitos furos e os professores não selecionaram você. Sinto muito. E também estou com uns outros problemas... desculpa, eu nem deveria ter vindo.

Os olhos agora realmente marejados e a voz embargada de Rebecca foram encobertos pela visível onda de ódio que invadiu o corpo do Jinjin. Suas mãos tremiam e suavam enquanto uma enxurrada de palavras não raciocinadas foram despejadas irracionalmente pela sua boca:

— Você está mentindo. Sabe quanto tempo eu demorei para escrever e editar aquilo? Todo o trabalho que tive para ficar impecável? Pois então porque você veio se diz que tá mal?

Fez-se uma breve pausa em que um Jinjin de rosto muito vermelho e respiração ofegante encarou uma Rebecca que o mirava de volta com olhar vazio de quem quer falar e não consegue, retendo gotículas salgadas que queriam muito se externar. Ele conteve sua tremedeira por um breve segundo onde pareceu entender algo:

— Você estava com pena de mim. É por isso, não é?

Eles seriam os próximos a serem atendidos e os demais clientes que esperavam começaram a se remexer e murmurar reclamando entre si, mas não foram diretamente a eles por curiosidade pela discussão que estava se formando. Rebecca olhou ao redor mais uma vez, como um cachorro acuado pelo dono, como quem quer fugir e se entocar, agora com as lágrimas prestes a pular para fora de seus olhos castanhos. Engoliu em seco antes de dizer:

— Eu sinto muito mesmo.

Saiu velozmente por entre a multidão enfurecida pela comida, sumindo no meio desta. Ficou para trás um Jinjin de olhos arregalados, parado, de punhos agora cerrados, olhando fixamente para o ponto pelo qual ela fugira. Sua cabeça agora não conseguia formular nenhum pensamento sequer, somente direcionar um olhar fixo para onde não havia mais nada além de um monte de gente desconhecida e se encaixando em filas. Em meio ao frenesi do abandono, não foi capaz de ouvir os rugidos e xingamentos de um grupo agora muito grande de gente que esperava pelo atendimento atrás do seu corpo enrijecido. Também não sentiu quando braços fortes de uma pessoa qualquer o guiaram para fora da praça de alimentação.

Após respirar fundo e olhar ao redor como quem desperta de um transe, um único pensamento preencheu a sua cabeça como um tsunami invadindo uma costa: "Aconteceu, aconteceu de novo. De novo, e de novo". Iniciou sua caminhada em meio a multidão cheia de sacolas comendo suas casquinhas de sorvete e alheias a tudo a sua volta. As lojas cheias e atrativas jaziam indiferentes para Jinjin, o qual somente repetia em sua mente o "por que eu? ".

Só conseguiu despertar ao descer de um ônibus lotado, o qual não lembrava de ter pego, e descer no ponto vazio próximo ao seu prédio. Uma onda cinzenta e gelada percorreu os seus ossos, um choque elétrico dado pelos seus próprios nervos, como dormir no sereno numa noite de inverno. Enquanto caminhava, saboreou o agridoce do abandono e o amarelado da tristeza como nunca havia feito.

Não havia ninguém em casa, isso poupava muitas explicações sobre as suas expressões faciais. A sua cama bem-feita e o seu quarto arrumado denunciavam a ansiedade de horas atrás e a empolgação, e esperança, disfarçadas em forma de ação. Sentou-se no edredom com o cheiro doce de rosas que parecia odioso ao seu olfato e permaneceu olhando em direção às ilustrações na sua parede. Ele mesmo as havia feito, eram representações dos personagens e cenários de seu livro e, de repente, foi tomado por uma súbita onda de tristeza e teve vontade de chorar. Mas, decidido a não derramar nenhuma lágrima por isso, pegou o celular e começou a fazer um passeio pela primeira rede social em que seus olhos bateram no momento que a máquina ligou, o facebook.

Fez uma viagem indiferente e alheia pelas postagens, perfis de pessoas aleatórias e por grupos sobre escrita, games e outras baboseiras captadas pelo algoritmo. Não gostava dessa rede social, mas o Instagram não ajudaria em nada com suas postagens de vidas cinematográficas. Seguindo o caminho apontado pela sua revolta momentânea, iniciou uma pesquisa por grupos de sad boys, clicou em vários e seguiu as recomendações, olhando cada um e reprovando todos. Já estava se cansando e prestes a desligar o aparelho quando encontrou o grupo: "lonely guys, one purpose" (Caras sozinhos, um propósito). Parecia ser apenas mais do mesmo: gente postando música triste e se lamentando da vida, por isso decidiu que aquele seria o último a ser visto.

Tudo corria como esperado, até encontrar uma postagem de um tal de "Hunter Hellboy", um nome para lá de estranho para uma rede como o facebook, com a imagem de um símbolo do feminino, que nem aqueles de banheiros, com um x vermelho bem grande por cima dizendo na legenda: "estamos todos cansados disso. Se quiser sair dessa, envie uma mensagem no meu privado". A imagem chamou muito a atenção de Jinjin, e o fez perceber que conseguia imaginar com surpreendente perfeição sua mãe e Rebecca com aquele X enorme em seus rostos. Não fazia ideia do que se tratava, mas não deveria sair perdendo nada só para matar a sua curiosidade: do que o Hunter Hellboy estava cansado? Independentemente do motivo dele, Jinjin também estava e talvez até fizesse um amigo novo. Entrou em contato pelo chat privado e esperou, roendo as unhas, a resposta que chegou em poucos minutos com surpreendente rapidez, sem nenhuma palavra de cumprimento, apenas um link desconhecido.

Jinjin analisou a situação. Ainda tinha a garganta embargada com o recente acontecimento e ainda sentia as centelhas de raiva pairando em sua corrente sanguínea. Não se importava com mais nada, só queria parar de pensar em tudo. Clicou no link e aguardou por 30 segundos até ser direcionado para uma nova janela que continha um site de nome esquisito e um chat com vários anônimos com alcunhas esquisitas. O medo de travar o seu computador com vírus se dissipou assim que começou a ler alguns depoimentos ali compartilhados, a maioria aparentemente de homens. Eles despejavam em longos textos depoimentos raivosos de decepções amorosas e defesas intermináveis de celibato e cortes de contato com mulheres, quaisquer que fossem, de forma assustadora e convincente.

Jinjin não quis pensar em certo ou errado, apenas se identificava com cada comentário que lia. Com certa fluidez, foi deixando de se importar com a voz na sua consciência dizendo que algo ali estava errado, até o fato do seu livro ser rechaçado pareceu menos importante. Não estava sozinho, nunca esteve, olha quanta gente sentia o mesmo que ele. A tristeza e a voz embargada deram lugar a um sentimento diferente que misturava uma raiva assustadora e uma confiança extremamente grande, nunca experimentada por ele.

A imagem de sua mãe foi sumindo devagar de sua mente e dando lugar para o replay de Rebecca o humilhando. Algo tinha de ser feito, na verdade, ele tinha agora a necessidade de fazer algo, só não sabia o quê. De repente, ao fazer uma pausa naquela leitura carregada, passou um olhar mais atento pelos posters dos personagens de seu livro, e a cena de abertura com a protagonista, muito parecida fisicamente com Rebecca, passou como uma peça de teatro pela sua cabeça. Soltou um risinho de canto de boca e pensou: "algo realmente precisa ser feito", e ele já sabia o que faria.

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