𝟬𝟬𝟰. A FAMÍLIA CHO-HWANG
"Uau senho Cho, o senhor é bom mesmo cozinhando! Me lembra muito o Junho! "
As risadas exorbitantes alegravam o cômodo de um pequeno apartamento de Itaewon-dong, casa em que Hwang Junho, Hwang Inho e Park Malsoon, mãe dos rapazes, viveram. Cho Junyu e Cho Sangwoo haviam sido convidados para almoçar em um feriado no meio da semana, mas não era a primeira vez que eles participavam de algo com a família deles, levando em conta que Junyu e Junho já estavam juntos há um ano e seis meses. Lá também estava a esposa de In-ho, Oh Hyojeong. Os dois haviam acabado de voltar da lua de mel e passaram o primeiro feriado com a família.
─ Cunhado, seu casamento foi tão legal! ─ Junyu falou, dando dois tapinhas no ombro do homem ao seu lado. ─ A comida estava ótima e eu me diverti muito, sabia? Até o Junho dançou!
O Hwang mais velho riu, lembrando-se do momento. Todos ali presentes estavam em seu casamento, no dia mais feliz de sua vida. Apesar dos casamentos coreanos não terem padrinhos, Inho decidiu que teria, e que Junho e Junyu seriam os únicos a entrarem juntos e trazerem com eles as alianças de casamento. Sua mãe estava do lado direito, sentada em uma cadeira especial e os pais e Hyojeong do outro. Como o pai dos garotos havia morrido quando eles eram apenas crianças, não estava presente. Quem celebrou seu casamento inteiro, incluindo os votos, foi o senhor Cho Sangwoo, o pai de Junyu. Desde o momento em que a garota e seu irmão viraram melhor amigos, a família dos dois se uniu e Sangwoo tornou-se um grande amigo do policial Hwang In-ho.
─ Pelo menos vocês já sabem quando chegar a vez de vocês, Junyu! ─ Inho respondeu, passando a mão na cabeça da garota. Ele passou a considera-la como uma irmã mais nova e queria cuidar da mesma como cuidava do irmão.
─ Ei, e quem disse que eu vou me casar com seu irmão? ─ Junyu protestou, fazendo uma careta feia. Fingindo que não gostaria que isso acontecesse.
─ Ah, como assim! Você vai se casar comigo sim. ─ Retrucou o namorado, cutucando a garota com o dedo indicador. ─ Você não tem escolha. Vai decepcionar nossas famílias?
─ E quem vai celebrar o casamento de vocês sou eu, não é? ─ Disse Inho, alimentando ainda mais a ideia. Ele tinha certeza que os dois se casariam.
─ Claro que é, essa garota não para de falar de você! ─ Sangwoo falou, fazendo drama. Ele estava na cadeira da frente, entre a senhora Park e Hyojeong.
Sangwoo referiu-se ao fato de Hwang Inho servir de exemplo para Junyu. Até o ensino médio ela não fazia ideia do que queria ser, mas ao conhecer o irmão de Junho, antes do exército e escutando suas histórias, acabou se encantando pela profissão. Primeiro entrou no exército assim que acabou o colégio, depois passou a querer entrar para as forças especiais.
─ Às vezes eu acho que ela prefere o Hyung do que eu. ─ Disse Junho, balançando a cabeça. Ele colocou um pedaço de carne na boca e mastigou, encarando seu irmão e sua namorada na época.
─ Hm... eu acho que prefere mesmo! ─ Hyojeong brincou, concordando. Ela não sentia ciúmes dos dois, na verdade os via como parentes. Todos tiram, até mesmo o cunhado. ─ Um dia eu disse eu disse ao senhor Cho para ele ter cuidado, se não ele ia perder a própria filha.
─ Não é pra tanto, a Junyu ainda me ama muito, não é querida? ─ Ele perguntou, recebendo um 'ok' dela com a mão. Sangwoo adorava se gabar da filha maravilhosa que tinha. ─ E o Junho também gosta muito de mim!
─ Claro que sim, sogro, você é meu favorito! ─ Ele respondeu imediatamente, recebendo um olhar matador de seu irmão mais velho. As três mulheres presentes na mesa sorriram juntas.
Junyu, que estava no meio, não conseguia parar de rir dos dois. In-ho tentou algumas vezes alcançar Junho, para dá uma tapa na nuca do mais novo, mas o outro sempre se afastava. A mulher de Inho pedia para que ele parasse, mas também não conseguia levar aquele momento a sério. Sangwoo continuava dizendo as mesmas palavras "Inho, deixe seu irmão, ele sabe o que está falando".
─ Eu... ─ A senhora Park Mal-soon, a mais velha, se manifestou. Todos pararam para olhar para a senhora, esperando que ela falasse. ─ Estou muito feliz de ver todos vocês juntos.
CHO JUNYU NÃO CONSEGUIA ACREDITAR que seu pai havia morrido. Ela realmente ainda tinha uma esperança, durante esses dois anos, que Cho Sangwoo estivesse vivo. Que ela encontraria a tal ilha com Junho, viria seu pai mais uma vez e eles sairiam de lá juntos. Mas... infelizmente o sonho de tanto tempo virou um pesadelo e parte disso era culpa de Hwang In-ho, seu próprio cunhado, que com certeza sabia que Sangwoo estava no jogo e mesmo assim deixou que isso acontecesse. Deixou que a família deles se destruísse e se corroeu em um jogo, esquecendo das pessoas que também se importavam e procuravam por ele.
Ao menos a última imagem que ela tinha do pai era boa, de um sorriso marcante e uma despedida indo para o "trabalho". Naquele dia, logo cedo, Sangwoo havia ido visitar a filha e o cunhado. Ele chegou com uma cesta de café da manhã e alguns doces para os dois, além de um brinquedo para o cachorro da família, Simba. Eles comeram juntos, riram bastante e conversaram sobre o futuro. O senhor Cho perguntou quando eles parariam de trabalhar tanto e teriam filhos, dizendo o quanto gostaria de ser avô. Após o café da manhã o casal deixou Sangwoo na frente do escritório. Antes de ir, o pai de Junyu depositou um beijou na bochecha da garota e deu duas batidinhas no ombro de Junho, sorrindo adoravelmente enquanto se afastava do carro e acenava para os dois.
Junyu encarava as próprias mãos, sentada em um banquinho do banheiro escuro no quarto 410 e pensando no que faria daqui para frente. Saber da morte do pai a fez querer ainda mais acabar com o jogo e com os responsáveis, mas o dilema também era conflitante, devido ao fato de Hwang Inho, seu cunhado, ser o atual líder do jogo, após a morte de Oh Il-nam. Como ela poderia matar sua própria família? Como ela poderia matar alguém que fez parte da sua vida e que ela sentia falta? No entanto, se fosse comparar a situação e deu desejo, vingar seu pai estava em primeiro lugar. Ela realmente queria acabar com quem contribuiu para morte de Cho Sangwoo. Para a morte de quem lhe criou e lhe amou.
Tudo bem, ela entendia que foi uma escolha dele continuar jogando por pura ganância, e felizmente não sabia das coisas ruins que ele havia feito, mas mesmo assim, era seu pai. Que lhe deu amor e fez de tudo por ela.
─ Amor? ─ A porta do cômodo abriu lentamente, revelando Hwang Junho na sua frente. Sua expressão era calma, mas preocupada. Seu olhos cansados, mas amorosos e empáticos. ─ Você está... bem? ─ Perguntou, mesmo sabendo que ela não estava. Uma pergunta clichê, ele diria.
─ Não precisa pisar em ovo comigo, Jun... não é como se nada disso fosse culpa sua. ─ Ela respondeu, ainda sem olhar para cima. Seus olhos estavam marejados, mas a garota ainda não tinha tido a oportunidade de chorar. ─ Eu sei o que você quer saber, mas... eu não tenho a resposta.
─ Não, só quero saber se você está bem. ─ Respondeu o homem, aproximando-se da esposa. Junho agachou na frente de Junyu, segurou suas mãos e as beijou no dorso. A mão dela estava quente. ─ Sei que não posso proteger você deste sentimento ruim, mas... quero estar com você. Quero te ajudar a lidar com ele.
Claro, Junho não queria que nada acontecesse ao seu irmão mais velho que tanto amava e que tanto procurou, mas ele entendia o sentimento conflitante de Cho Junyu. Seu pai havia morrido e Inho tinha se envolvido com os jogos, chegando a ser o líder deles. O Hwang também tinha um dilema e achava difícil resolvê-lo, porque no fundo, não se tinha ideia se Hwang Inho iria se arrepender do que fez e voltar para a família.
Uma gota caiu nas mãos de Junho e quando ele olhou para cima, viu Junyu cair no choro por tempo. Primeiro vinheram as lágrimas, que encheram os olhos da mulher até que ficassem vermelhos, as fungadas, os soluços e por fim, o choro falado, com palavras de tristeza, decepção e até mesmo, gritos. O policial agarrou a esposa nos braços e a puxou para junto dele, encostando-se na parede do banheiro com ela em seu colo. Junyu escorou a cabeça no peitoral do Hwang, escondendo o rosto e as lágrimas. Ele não estava nem aí que sua camisa cinza havia ficado toda molhada, só queria que Junyu pudesse chorar em paz e que desabasse com ele.
─ Sinto muito, Junnie. ─ Junho, também aos prantos, falou com a voz embargada. Sentia-se culpado de não ter conseguido salva-lo da última vez que se viram nos jogos. Mas ele não ficaria colocando a culpa em si mesmo na frente dela... sabia que Junyu se sentiria mal e que diria o contrário. Não queria ter sentimento de pena nesse momento. ─ Sinto muito pelo senhor Cho.
Junho sentia muito pelo sogro, porque o homem também era como uma família para ele. Eles três passaram ótimos momentos juntos e o casal sempre teve apoio do pai de Junyu. Por mais que não parecesse, Sangwoo de vez em quando dava bons conselhos para Junho, assim como fazia questão de escutar os dele. Eles não eram apenas sogro e genro, mas sim, amigos. Então, com certeza saber da morte de alguém tão próximo também o deixava triste ─ mesmo que ele não quisesse demonstrar por causa de sua esposa. Ele precisava ser forte, como ela era por ele sempre que precisava.
Seong Gihun e Choi Wooseok olhavam para o banheiro pela janela de vidro, em completo silêncio. Dando espaço o suficiente para que os dois sofressem sua perda. Agora com o recrutador do Ddakji morto, eles precisavam achar outra maneira de se comunicar com o líder ─ e essa, aparentemente, levava ao local do cartão: Boate HDH, dia 31/10/2025, à meia noite. Felizmente, Gihun resolveu confiar nos três. Primeiro tinha Junyu, que ele já sabia ser confiável o suficiente. Segundo tinha Wooseok, que explicou ser um dos homens do senhor Kim, quase o braço direito dele e como eles estavam tentando achar o recrutador para Gihun... prometendo ficar ao lado dele. E terceiro tinha o policial, que ele lembrou ter ido na casa dele na primeira vez que ele saiu dos jogos após a votação e depois, dentro dos jogos, disfarçado como um dos mascarado.
Aparentemente, só matar o líder não adiantaria de nada, já que o jogo foi criado para agradar os clientes. Antes de ir falar com Junyu, Junho lembrou a eles que quando disfarçou-se como um dos mascarados e depois, com um dos garçons, encontrou os VIPS. Ele contou como conseguiu ver um deles e que, surpreendentemente, era o senador Kang Galgi ─ ou seja, provavelmente, muitos desses VIPS poderiam ser pessoas bem poderosas.
Após longos minutos silenciosos, o casal saiu do banheiro melhor. Ambos com as lágrimas enxutas, roupas arrumadas e cabelos ajeitados, demonstrando que, mesmo em uma situação difícil, estavam prontos para continuar.
─ Sinto muito, Junyu. ─ Gihun falou, sem ter muito o que dizer.
─ Verdade garota, sinto muito também. ─ Wooseok também disse, sentindo necessidade de falar. ─ Deve ser difícil.
─ Tudo bem, vamos resolver isso e fazer tudo valer a pena. ─ Junyu respondeu, firme e forte. Aprendeu com seu próprio pai que, por mais que as coisas estivessem difíceis, desistir e fraquejar não é uma opção. ─ Qual o próximo passo, senhor Seong?
─ Venham comigo.
Gihun guiou os três até o quinto andar, no quarto 456. O caminho até o local foi silencioso por meio de quase todos, se não fosse por Wooseok contestando várias vezes se eles não deveriam pensar um pouco ao aceitar a ajuda da polícia e das forças especiais. Dizendo que havia caído em um golpe, perdido o dinheiro e, quando resolveu acertar as contas e bateu no cara que o roubou, a polícia o prendeu e ainda o fez pagar um multa. No final, além de ser fichado e pagar a indenização, descobriu que o homem que aplicou o golpe não teve nenhuma punição.
Ao chegarem na sala, que também estava trancada, os três dão de cara com uma grande pilha de dinheiro. Sendo tanto dinheiro, que chegava até a ser impossível, só por cima, contabilizar o quanto tinha na pilha. Eles arregalaram os olhos, obviamente surpresos.
─ Senhor, ganhou aquele jogo de verdade? ─ Wooseok perguntou, chocado. Ele ainda custava a acreditar que era verdade.
─ Esse aqui é o preço de todas as vidas que foram tiradas daquele jogo. ─ Gihun apontou para a pilha de dinheiro, com raiva. ─ Eu vou usar para encontrar esses desgraçados e se quiserem me ajudar, prometo que vou recompensa-los.
─ Não estou fazendo nada disso por dinheiro. ─ Falou Junho.
─ Eu também não senhor Seong. ─ Wooseok concordou com o ex policial. ─ Eles mataram meu chefe na minha frente... ele era como irmão para mim... ─ O Choi alterou a voz algumas vezes. ─ Ele até celebrou meu casamento... eu quero que eles morram.
─ Nem eu... tô nem aí pra sua grana. ─ Junyu, assim como todos os outros, negou o dinheiro. ─ Estou disposta a matar todos eles se necessário e destruir essa porcaria desse jogo. É minha contribuição.
─ Escutem, tem um exercíto armado nessa ilha... vocês não vão conseguir enfrentar eles só com meia dúzia de armas. ─ Junho questionou, tentando entendeu o plano de Gihun. O ganhador do jogo parecia achar ser fácil. ─ E também precisamos de gente.
Mais uma vez o Seong os chamou, arrastando eles por uma porta no quarto e entrando em um cômodo anexado. Lá, haviam diversas armas, cartuchos e entre outras coisas. Realmente, parecia um arsenal.
─ Isso é tudo que estoquei até agora.
─ Essas armas são de verdade? ─ Wooseok perguntou, arregalando os olhos.
─ Pelo visto comprou no mercado ilegal... checou se elas funcionam? ─ Como um bom policial, a função de Junho sempre foi fazer questionamentos até entender tudo. Por isso ele fazia tantas perguntas. Não queria se meter em algo de qualquer jeito.
─ Vocês querem testar? ─ Ele olhou para um dos três e apontou para a outra porta na frente deles. ─ É só entrar ali com uma dessas.
Antes que alguém pudesse pensar, Cho Junyu pegou a primeira AK-47 que encontrou na sua frente e entrou no próximo cômodo. Ela deu de cara com uma enorme sala, que pela sua experiência, com certeza queria imitar a mesma sala de treinamento de tirar que os policiais e militares treinavam. Era basicamente um enorme buraco com várias paredes quebradas de outros quartos, o que dava bastante espaço e deixava o lugar enorme. Haviam vários acolchoados nas laterais, os mesmo contra ruídos.
A mulher não pensou duas vezes, engatilhou a arma e atirou para todos os lados. Pela sua experiência e habilidade de anos, principalmente trabalhando nas forças especiais, nenhum tiro foi perdido. Todas as marcas nos pedaços de paredes nas laterais e os no fundo da sala foram acertados com precisão. O barulho dos tiros era estrondoso, mas Junyu estava tão acostumada com eles, que nem se incomodou. Ela jogou todo ódio que estava sentindo no momento e tirou um ponto específico para descarregar o resto do pente, fazendo um grande buraco na parede no fundo e deixando uma marcar.
Quando todas as balas acabaram, ela colocou a arma na divisória que havia para o campo de treino e olhou para trás. Os três a encaravam, boquiabertos. Junho, claro, já imaginava o quão talentosa era sua esposa, mas sempre ficava admirado o quão perigosa e perfeita ela conseguia ser no trabalho. Os mais surpresos eram Gihun e Wooseok, que claramente sentiram um pouco de receio de chatear a garota, sabendo que ela poderia fazer um furo na cabeça de qualquer um em segundos.
─ Eu ia dizer que que quando tiverem tempo podem vir aqui treinar, mas acho que você não precisa. ─ Gihun comentou, coçando a cabeça. Ela claramente era boa no que fazia. ─ Os demais, também estão convidados... e outra coisa, acho melhor largarem seus empregos.
─ Enquanto outras pessoas? ─ Indagou Wooseok, lembrando dessa questão. ─ Precisamos de gente, não é? Eu conheço uns caras para trabalhar para gente.
─ É, eu também. ─ Junyu também falou.
─ Conhece? ─ Junho perguntou, tentando lembrar de quem seria.
─ Conheço, você só não vai gostar da opção.
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