Capítulo 28
Os presentes na sala de controle e na oficina começavam a se parabenizar pelo feito de terem sobrevivido ao ataque quando quatro mísseis são disparados pelas Unidades restantes. Eles viajam rasgando o ar empoeirado da passagem em uma velocidade supersônica. Os dois primeiros projéteis atingem e destroem as duas metralhadoras fixadas nas paredes do túnel. Segundos depois os outros dois foguetes atingem a sala e a oficina, obliterando a todos que ali se encontravam.
- Idiotas! Eu disse para levarem essa missão a sério!
- Desculpe, Sage. Estávamos levando a sério. Mas nossos sensores não indicaram a presença dessas armas. - Antes que o piloto pudesse continuar mais dois mísseis partem dos ombros de Star Castor e explodem novamente na sala de controle e na oficina.
- Não! Isso é levar uma missão a sério! - Sage, o piloto da armadura Star Castor, apenas encara seus homens. Sua ação fala por si só.
- Ahm... Claro. Sim, senhor. - Contrariado, o piloto da Unidade apenas acena positivamente para o seu líder.
Após ouvir mais duas explosões e já imaginando o pior, Terry se apressa em rastejar até o interior da câmara criogênica. Talvez a escuridão e o frio extremo o ajudassem a se manter invisível aos sensores das Unidades. Quando estava a poucos metros de adentrar o dispositivo, os feixes de luz das lanternas embutidas das Unidades o encontram. Seu sangue gela.
Terry se vira lentamente, com a mão direita cobrindo os olhos da forte luminosidade.
- Ei, Sage. Encontramos mais um. - A Unidade se aproxima de Terrance. - É só um garoto.
As três Unidades param e se posicionam ao redor do jovem Engenheiro, abrindo passagem para Star Castor.
- Outro... Outro Alien? - Terry se surpreende com a semelhança entre aquela armadura e as fisiologias de Berserker e Armacell.
- Não exatamente, garoto. - O capacete da armadura se abre, revelando um homem que beira a idade dos trinta anos em seu interior. Seus cabelos loiros, aparados no estilo militar estão úmidos de suor. - Esse traje foi construído através de engenharia reversa, a partir dos dados que vocês, ao longo dos anos, colheram de Armacell.
- Mas como é possível? Armacell era um segredo até para nós, do C.O.D.A. - O raciocínio de Terry é interrompido por uma vaga lembrança. "- Esse rosto. Onde foi que eu vi esse rosto antes?"
Ao perceber que tinha sido reconhecido, Sage fecha seu semblante, e se vira para o interior da câmara.
- Matem o garoto. Ele me reconheceu. - Com a ordem dada, Sage parte em direção ao encontro de Armacell.
- Não! Esperem, por favor! Eu não o reconheci! - Terry ergue suas duas mãos, como que para se proteger de alguma agressão.
- Sinto muito, meu jovem. Mas ordens são ordens! - A Unidade aponta o seu rifle para a cabeça do jovem aos seus pés e puxa o gatilho.
Antes que o dedo da Unidade pudesse terminar o movimento, entretanto, o tilintar de uma corrente é ouvido. O piloto executor - junto de sua armadura - são atingidos pelo golpe da corrente e arremessados alguns metros para cima, antes de despencar no solo. Uma nuvem de gelo e neve se ergue ao redor da Unidade, indicando o local da sua queda.
- O quê? - Antes que pudesse reagir, a segunda Unidade se vê envolta por milhares de correntes que partem do interior da câmara e é arrastado com imensa facilidade para dentro do dispositivo.
Star Castor, que estava muito próximo da entrada ativa seus propulsores e se afasta da porta. Terry, atônito, permanece imóvel no chão. As duas Unidades restantes se unem ao seu líder, a alguns metros e apontam suas armas para a escuridão de onde partiram as correntes.
- Antony? Antony, na escuta? - Sage tenta entrar em contato com seu homem, ainda tentando entender o que acontecera.
No interior da câmara criogênica, a Unidade, ainda presa pelas correntes é arrastada até o centro e erguida do chão. Quanto mais força a armadura fazia para se livrar das amarras de aço, mais correntes se entrelaçavam ao seu redor, aumentando a pressão de seu abraço metálico.
Finalmente o piloto sucumbe ao medo e para de se debater, somente para testemunhar o surgimento de um par de olhos azuis brilhantes bem a sua frente. Era o mesmo brilho que Terry tinha notado anteriormente.
A câmara e parte da gruta agora são iluminadas pelo mesmo brilho anil.
- Quem é você? - O piloto balbucia enquanto sua mente luta para se manter lúcida.
Ao perceber que uma estranha massa tecno-orgânica começava a cobrir toda a superfície de sua armadura, o piloto começa a gritar histericamente, o que leva os seus companheiros e seu líder a disparar contra o interior da câmara.
Os disparos duram poucos segundos. Assim que se recupera do susto, com um gesto, Star Castor ordena que as duas Unidades restantes cessassem fogo. Tão logo os tiros param, a Unidade que havia sido arrastada para dentro da câmara é violentamente arremessada em direção à Sage. O impacto entre as Unidades é grande e Star Castor é arrastado algumas dezenas de metros para fora da gruta, indo parar no corredor de acesso, entre as duas salas destruídas.
As duas Unidades de Combate, juntamente de Terry, testemunham então o surgimento do alienígena conhecido como Armacell do interior da câmara de criogenia. Seu exoesqueleto da cor de um branco imaculado não apresenta uma única rachadura ou dano aparente.
Ambas as Unidades voltam a atacar o inimigo com suas metralhadoras acopladas em seus braços, mas aparentemente não causam nenhum dano significativo.
Imparcial às ações das Unidades, Terry encara fixamente para Armacell parado em pé bem à sua frente, com suas pernas e seu exoesqueleto totalmente regenerados.
- Impossível! Você estava morto e desmembrado...
Com um forte brilho, o alienígena expande o seu campo gravitacional, formando uma esfera de energia ao redor de si e Terry. As balas e mísseis disparados pelos inimigos esbarram na barreira de energia cósmica de Armacell. É como se dentro daquela esfera, o tempo e o espaço fossem distorcidos, com os projéteis viajando a velocidades muito baixas, quase parando e a neve caindo de baixo para cima. O peitoral de sua armadura se abre e uma luz branca recaí sobre o jovem engenheiro. Instantaneamente Terrance começa a levitar em direção ao alien, ao mesmo tempo em que seu corpo é digitalmente e quanticamente escaneado e absorvido.
Exatamente como há quinze anos, todo o medo, dor e angústia de Terry desaparecem e assim que aquela estranha, mas quente - e confortável - luz toca seu corpo, o corte em sua perna é regenerado. As lágrimas que deixam os olhos de Terrance agora não são por medo ou dor, mas sim por um sentimento inexplicável de felicidade e acolhimento. Calor, conforto e segurança. Tudo que ele poderia querer naquele momento, como no passado, ele experimenta novamente. Um calor estranhamente humano e genuíno.
Lembranças de seu passado afloram em sua mente. Toda a solidão de uma vida marcada por uma tragédia. Todo o menosprezo e a indiferença daqueles que conviviam com ele e se diziam seus amigos. A sua dificuldade de se relacionar e estabelecer laços de amizade com outras pessoas após o acidente. Tudo isso, de alguma forma, foi sendo substituído pelas memórias do próprio alienígena. O conhecimento milenar de uma raça de observadores. A sensação é de um despertar, como um renascimento.
E, finalmente, ao perceber que aquele acidente aéreo onde o seu único e verdadeiro amigo, Ben, havia perdido a vida, e do qual ele nunca havia se perdoado por ter sobrevivido tinha um propósito maior - maior do que ele próprio, maior do que Ben, ou maior até que à qualquer uma vida na Terra -, faz com que seu coração seja preenchido por uma paz da qual nunca havia experimentado antes. Era como se o seu amigo estivesse, de alguma forma ali, presente com ele, e daquele momento em diante ele tivesse a certeza de que não estaria sozinho nunca mais.
- Percorri distâncias incalculáveis para chegar até você. E finalmente nos encontramos finamente. Nosso elo está concluído e não pode mais ser desfeito. A partir de agora somos um só.
- Eu sinto... Eu sinto o poder correndo em minhas veias. – Terry baixa o olhar para sua mão, mas percebe que naquele momento, era a mão de Armacell que ele encarava. Ele volta sua atenção para seus agressores do lado de fora da esfera de energia. Um sorriso de júbilo e confiança surge em seus lábios, por debaixo do capacete da armadura. – Eu sei o que devo fazer.
A esfera gravitacional édesfeita. A abdução é concluída. A fusão está feita. E nada mais no universopoderia desfazê-la.
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