Capítulo 20
Oceano Pacífico.
Tempo transcorrido após o primeiro contato: 60 dias.
- Atenção REGULUS, detectamos um objeto vindo em nossa direção. É muito rápido!
- Confirmado, Anjo Líder. Esse é o inimigo. Abrir fogo!
Quatro mísseis do tipo AIM-270S são disparados. Eles partem a uma velocidade supersônica, serpenteando no ar. Na direção oposta, o alienígena de armadura enegrecida continua sua investida contra as duas aeronaves de combate, se preparando para abater os mísseis.
Dessa vez, as lâminas de plasma surgem de seus dois pulsos.
Os dois primeiros projéteis são habilmente evitados por Dalmas, através de uma manobra evasiva, rolando seu corpo para a direita. Se preparando para o contato com os outros dois projéteis, o pirata começar girar o corpo sobre o seu próprio eixo, passando entre os dois mísseis com seus braços abertos, fatiando-os em três partes com suas lâminas.
O que sobrou dos projéteis ainda viaja um pouco antes de explodir no ar.
- Droga, o inimigo evitou os quatro mísseis! Assumir formação defensiva. Ele está vindo em nossa direção!
Essas são as últimas palavras do Anjo Líder antes de ter seu Sabertooth trespassado pelo alienígena, que usou seu próprio corpo como um aríete para atravessar o caça. O avião explode na hora, caindo como uma estrela cadente, até se chocar com o mar.
-REGULUS, Anjo Líder foi abatido! Repito, Anjo Líder foi abatido.
O caça restante faz uma curva bem aberta, recuando e tentando localizar o inimigo.
-REGULUS, perdi o inimigo!
- Anjo 2, o inimigo está bem em cima de você!
- O quê? –O piloto só tem tempo de olhar para cima e esperar pelo pior.
Berserker aterrissa em cima da fuselagem do Sabertooth e enterra seu punho direito na carenagem do avião. Sua lâmina de plasma, agora do tamanho aproximado de uma espada, trespassa e arranca a asa do caça, que descontroladamente começar a cair em espiral.
Instantaneamente alarmes começam a soar no interior da cabine.
- Droga. Estou perdendo altitude. Vou cair! - O jovem piloto tenta controlar o avião, inutilmente. Devido a alta velocidade de rotação do Sabertooth, ele não consegue ejetar o seu assento a tempo e acaba se estraçalhando nas quentes águas do Pacífico, afundando em seguida.
Dalmas paira no ar, com seus propulsores auxiliares mantendo-o a alguns metros acima da linha da água, enquanto planeja seus próximos movimentos.
"- Se os oficiais a bordo do porta-aviões fossem espertos, manteriam seus caças no navio".
A fragata que enviaram ainda está muito longe. Se fosse aguardar por sua chegada, Dalmas teria tempo suficiente para regressar ao S.S. Saint Paul e reorganizar seus homens. Entretanto, seu navio se tornaria um alvo fácil para os torpedos e foguetes da frota naval de Libra.
O display de se capacete calcula uma distância de 70 quilômetros entre o contratorpedeiro e sua posição atual. Levaria pouco mais de uma hora para serem alcançados. Ele, porém, com seus propulsores em máxima aceleração, percorreria essa mesma distância em menos de 30 segundos.
Seu sangue estava quente. Sua sede de batalha e sua curiosidade para saber até onde o poder do alienígena - que agora habitava seu corpo em uma relação de simbiose -, poderia chegar, o faz optar pelo combate direto.
Voando a dois metros de altura da água, Berserker parte em direção à fragata. Ao voar em uma velocidade oito vezes mais rápida que o som, um ensurdecedor estrondo ecoa por todos os lados, semelhante ao som de um trovão. Por onde passa, o seu deslocamento de ar abre uma fenda na superfície do mar, deixando um rastro por todo o trajeto.
No Comando de Defesa e Monitoramento Aeroespacial, do outro lado do planeta, Whittaker acaba de receber novas atualizações a respeito da batalha travada. Com uma das lentes do CICLOPE travada sobre o extraterrestre, todos na SCGC podem acompanhar em tempo real o embate no oceano.
- Senhor Diretor, o inimigo está se dirigindo para o AES REGULUS. Vai atacá-lo! - Um dos operadores de rádio atualiza Whittaker, que acaba de chegar ao local.
- Ele acabou com três equipes dos melhores fuzileiros da Libra como se fossem crianças. E ainda por cima derrubou cinco naves de combate em questão de segundos.
Rohns, também presente, assiste incrédulo à batalha transmitida através do monitor central. - Whittaker, podemos atacá-lo usando o CICLOPE?
- Usar o satélite para atacar o inimigo? Nosso satélite não é uma arma de guerra, senhor Secretário. Suas armas são para defesa de nosso planeta contra corpos celestes. - A pergunta de Rohns deixa o Diretor ofendido. Odiava como todos os avanços da ciência acabavam sendo implementados como aparatos militares.
Rohns se vira para o Diretor e passa a encará-lo de uma forma muito mais fria e agressiva do que de costume.
- Você parece não estar ciente da situação, Diretor Whittaker. Aquele porta aviões é a última defesa do Pacífico contra esse alien! Se ele for destruído, levaremos horas até posicionarmos mais tropas na região. Pense no estrago que o inimigo poderá causar nesse tempo.
Roger odeia admitir, mas Rohns estava certo. Se não lutassem com tudo o que tem, o invasor logo afundaria o navio mais poderoso da Terra e estaria desimpedido para seguir com seus ataques, seja lá onde fosse.
- Bem, nosso sistema de mísseis seria ineficiente à essa distância. - O rosto de Whittaker se fecha, como se um esforço estivesse muito grande estivesse sendo feito para achar uma solução. - Talvez, se conseguíssemos focar nosso raio de micro-ondas sobre o inimigo, isso poderia detê-lo.
- E quais as probabilidades de isso dar certo? - O Secretário parece gostar da ideia.
- Menos de dez por cento, Senhor. - A voz da Dra. Barnett pega a todos desprevenidos. - Qualquer erro de posicionamento do canhão e poderíamos fritar qualquer uma das cidades próximas do campo de batalha.
O rosto de Rohns se fecha novamente. De fato, os riscos eram grandes demais. - Que bom que pôde se juntar a nós, doutora.
Erika passa direto pelo Secretário de Defesa, indo até onde Whittaker se encontra.
- Senhor Diretor, e se enviássemos os novos protótipos? Tenho certeza de que se combinarmos o poder de fogo do REGULUS com as novas Unidades Táticas, poderíamos detê-lo.
- As novas Unidades? Eu nem sabia que elas foram aprovadas para uso em combate, Dra. Barnett.
- Elas foram, senhor Secretário. Em todos os testes e simulações que realizamos, seus desempenhos foram acima do esperado.
Erika digita alguns códigos no painel e em um dos monitores auxiliares e gravações dos testes de desempenho das novas Unidades Táticas passam a ser reproduzidas. Em outro monitor, uma apresentação digital também é reproduzida.
- A Unidade Tática padrão é limitada devido ao espaço interno ocupado pelo usuário. Agora vejam isso. - Erika retira o usuário da armadura no gráfico e insere uma série de dispositivos no interior do traje, transformando-o agora em um drone. - Nesse novo espaço fomos capazes de inserir um giroscópio atômico, capaz de posicionar e equilibrar a Unidade em qualquer terreno. O número de baterias foi duplicado e o seu sistema de SMES foi aprimorado. Com o novo dispositivo de recuperação de energia, essas novas Unidades são autossustentáveis. Com tudo isso, sua autonomia é quase infinita.
- Isso tudo é muito impressionante Dra. Barnett, mas nós mesmos do exército poderíamos ter implementado todas essas melhorias. - Rohns se aproxima da tela e aponta para um equipamento em especial. - E quanto ao sistema de controle? Vai funcionar?
- O drone se move e age como se fosse um soldado usando o traje. Porém com um aproveitamento de seus disparados de 98%. - Erika digita mais alguns códigos. - Aqui são os números comparativos. Esses são os do soldado vestindo o traje. E esses são os números do mesmo soldado controlando o drone através do DISCMEN, ou Dispositivo de Controle Mental.
- DISCMEN? - Rohn se sobressalta. - Não conseguiram pensar em um nome mais original?
- Ahm, desculpe, senhor Secretário. Mas o criador do dispositivo tem o direito de batizá-lo como quiser. - Erika, visivelmente envergonhada encerra as exibições das novas unidades. "E esse criador em particular, ainda tem muito para amadurecer..."
- Senhor Diretor, o CICLOPE tem apenas mais alguns minutos de janela para lançar qualquer tipo de ofensiva. Logo não estaremos mais em cima do alvo. Quais são nossas ordens?
- Rohns, precisamos da sua autorização para enviar as novas Unidades de Combate. - Whittaker se volta para o Secretário, aguardando uma ordem.
Há muito tempo Gerald Rohns não se sentia tão pressionado. A situação, apesar de crítica, não dizia respeito ao C.O.D.A. ou aos Estados Aliados do Sul. A Libra é quem estava à frente das ações, mas ele também sabia que se qualquer país membro ficasse sabendo que eles se recusaram a agir, isso seria o suficiente para o país ser expulso da organização. O que acarretaria em uma perda muito grande de influência global. Sem falar nos possíveis embargos impostos pela própria Libra.
- Mesmo que eu autorize, como essas Unidades chegariam até Hong Kong? Levaríamos horas para enviá-las até o outro lado do planeta.
O Secretário se vira para Erika, em busca de uma solução. Whittaker, ao perceber o problema logístico, do qual não tinha se dado conta ainda, também se vira.
- Vamos usar a Linha do Dragão.
- A Linha do Dragão? Mas não temos nenhum ponto de ancoragem do sistema na Ásia, Dra. Barnett. Quanto mais nos navios.
- Não. Não temos, Diretor.- Erika retira seus óculos. Seu tom confiante soa quase como um deboche. - Mastemos um bem acima do campo de batalha.
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