Prólogo
Cinco anos antes
O corpo cansado de Bárbara descia as escadas da mansão Valadares calmamente, a jovem passou os dedos pelo rosto em uma tentativa de tirar o sangue que a incomodava, seus olhos encaravam o grupo de gângster parados no início dos degraus. Bárbara sabia o que eles estavam esperando. Sem temer, ou abaixar sua cabeça, a morena continuou descendo a escada. Sua mente a fazia rever a morte de Matheus, seu namorado, o tempo inteiro, porém, a vingança que Bárbara acabara de cometer acendia uma chama em seu peito. E, por mais que não fizera algo assim antes, a sensação ligou todo o seu ser em energia, adrenalina. Matheus podia descansar, pois seu amor acabou com a vida de quem o matou. Bárbara levantou o olhar para encarar os subordinados de seu falecido namorado, os três principais responsáveis pelas divisões a fitaram com uma certa curiosidade e, mesmo não admitindo, orgulho.
Ian, o vice comandante da Leviatã, a gangue fundada por ele e Matheus há seis anos, se aproximou lentamente de Bárbara. A morena encarou o asiático, lembrou-se de todas às vezes que eles saíram com Matheus, os três eram inseparáveis. Agora, isso era apenas mais uma lembrança. Matheus era seu passado. Ian podia ver a dor nos olhos castanhos de Bárbara, ele também estava sentindo essa dor. A falta de seu melhor amigo.
- Eu o matei. - A morena soltou o ar pesadamente, esgotada. - O filho da puta que matou o meu namorado está morto agora. - Bárbara ergueu a mão, tentando entregar para Ian a arma com detalhes em ouro puro que pertencia a Matheus, Ian negou com a cabeça e abaixou a mão dela novamente.
- Sabia que faria isso. - O asiático segurou um ombro de Bárbara, a fazendo encará-lo com os olhos já molhados, Ian passou rapidamente o dedo assim que uma lágrima escapou, mesmo que Bárbara tentasse evitar. - Você é bem maluca, não é? - Ian sorriu fraco, Bárbara quis bater nele, mas estava sem forças. Apenas acompanhou o sorriso fraco dele. O asiático envolveu a morena em seus braços suavemente, ela cedeu. Não tinha mais disposição mesmo. Deixaria Ian a abraçar quantas vezes quisesse.
- Tenho que ir, quero ver a minha irmã. - Bárbara sussurrou para que Ian a soltasse. Ele entendeu e a soltou calmamente.
- Bárbara? - Breno, o negro alto e robusto a chamou, a morena o encarou. - Antes de ir, nós precisamos te dizer quem é o novo líder da Leviatã. - Ele tirou as mãos dos bolsos, a mulher continuou o encarando, esperando que ele falasse.
- Nós conversamos no caminho pra cá depois que você ligou e não há dúvidas. - Heitor pronunciou, o loiro deixou seu olhar vagar por Bárbara, era o único que ainda observava a situação que estava a morena depois de vingar o namorado. - Por não sair do lado dele nem um minuto e vingar a morte de nosso líder, nós, os três capitães, passamos o cargo à você, Bárbara.
Por alguns segundos, Bárbara franziu a testa e piscou algumas vezes. Sua mente deu uma volta, pensamentos descompensados e sem direção atropelaram seu raciocínio. Encarou Ian, ele sorria. Voltou sua atenção para os outros dois que continuavam sérios.
Em seu coração, aquela mesma chama. Era como se Matheus estivesse segurando sua mão e sussurrando palavras de encorajamento. Como ele sempre fazia.
Você consegue, minha princesa. É mais forte do que pensa.
Bárbara sorriu tristemente, pois sentia Matheus ao seu lado. Ele estava ali. E ele estava feliz por ela.
A garota limpou o restante de sangue que tinha no rosto com a manga da blusa, guardou a arma na cintura e respirou fundo.
- Eu aceito, vou dar tudo de mim.
Os três membros da Leviatã presentes se curvaram levemente, o único que mantinha um sorriso era Ian. Bárbara encarou a vista da janela quando os homens se curvaram diante dela e, sem perceber, ela quis que aquela cidade inteira curvar-se diante dela.
Foi naquela noite fria que Bárbara Reis se tornou a líder da Leviatã.
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