Capítulo 8
4451 palavras
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A metrópoles estava em polvorosa, os canais de comunicação bombardearam os telespectadores com o atentado contra a herdeira da Garcia Moda, nos últimos dias, Lana não apareceu nesses canais, por segurança, mas deixou uma breve nota em suas redes sociais, tentando tranquilizar aqueles que a acompanhavam. Mesmo assim, as especulações que não apenas ela, mas outros herdeiros também estavam em perigo correram soltas pela cidade. Um pequeno caos, segundo Bárbara.
A Leviatã se tornou responsável para descobrir e punir o autor, então Bárbara e seus capitães trabalhavam nesse problema. A líder não se permitiu descansar enquanto tivesse essa missão depende, eficácia era seu ponto forte.
Ian caminhava ao lado de Breno nos becos do distrito Malik, o lugar era imenso, o maior dentre os distritos, por conta disso, as chances do grupo contratado para dar um fim na pequena herdeira terem saído daquele lado aumentaram gradativamente.
Conforme avançavam, os gângster sentiram os olhares desconfiados sob eles. Ambos ignoraram. Avistaram o casarão de Levi, o homem que mandava e desmandava nos cantos sujos do distrito. O casarão, dos dois lados, tinha guardas com armas quase de seus tamanhos, os dois pararam na frente deles, Ian cruzou o olhar com o braço direito de Levi, Roberta, a loira sorriu, reconhecendo quem era, Ian também sorriu e a loira se aproximou deles.
— Ian Yamaguchi — Roberta desceu o olhar dos pés a cabeça do asiático, depois voltou o olhar para os olhos escuros dele. — Faz tempo desde a última vez que veio aqui.
— É verdade, sinto muito pelo sumiço. — Ele sorriu fraco, lembrando dos momentos divertidos que passou naquele lado da metrópoles, mas principalmente com Roberta. — Estive ocupado e o trabalho está longe de acabar, sei que você entende.
— Pode ter certeza disso. — Roberta acompanhou o mesmo sorriso fraco dele. — Mas o que vocês estão fazendo aqui? A líder precisa de ajuda da ralé? — Questionou a loira, irônica.
— Não diga isso, Bárbara sempre gostou de você. — Ian riu. — Mas aconteceu algo com um dos nossos clientes, e Levi pode ter alguma informação, talvez ele saiba de algo.
— Entendo, entendo. — Roberta balançou a cabeça. — Vamos entrar, Levi está no escritório. — A loira virou para o casarão, entrando no imóvel, os gângster a seguiram. Por dentro, o lugar continuava organizado e limpo, bem diferente do caminho que eles fizeram para chegar até ele, Levi precisava de organização e um ambiente limpo para conseguir trabalhar, exigia isso de todos os seus funcionários.
Os três subiram as escadas de madeira, Roberta caminhava na frente, calmamente. Olhou para trás e encontrou o olhar de Ian sob seu corpo, nesse instante, ela sorriu e desviou o olhar para frente.
A loira parou diante de uma porta dupla, bateu duas vezes e ouviu um "entre" de seu patrão, ela abriu a porta e entrou na frente.
— Levi, Yamaguchi e Breno estão aqui, querem conversar com você. — Explicou Roberta. Da mesa, um homem moreno, com traços semelhantes aos de Bárbara, levantou o olhar na direção dela.
— Ela não está junto? — Questionou o moreno, Roberta negou com a cabeça. Levi suspirou frustrado, então se ajeitou na cadeira, encostando totalmente no veludo. — Os mande entrar. — Deu de ombros, impaciente.
A loira saiu e não demorou para que os gângster entrassem.
Levi apenas os encarava, nem se levantou.
— Levi! — Breno exclamou, animado. — Você está tão jovem, nossa.
— Eu sou mais novo do que você, Breno. — Desta vez, o moreno sorriu. Breno coçou atrás da cabeça, pensativo.
— De qualquer forma, é bom te ver. — O negro sorriu. Levi concordou com a cabeça.
— Igualmente, você não mudou nada. — O moreno continuou sorrindo, entretanto, seu olhar cruzou com o de Ian e seu semblante ficou rígido, severo. — Já você parece que envelheceu uns dez anos, Víbora.
— Levi, sempre com palavras tão gentis comigo, fico feliz por você ainda gostar tanto de mim. — Ian entrelaçou os dedos e inclinou a cabeça levemente. Levi revirou os olhos.
— Tinha esquecido como você é irritante, porra. Não mudou nada também. — O moreno negou com a cabeça. — Mas o que vocês querem?
— A gente precisa saber se você conhece alguém que tenha ligação com o atentado da Garcia. — Breno explicou, Levi franziu a testa.
— A Bárbara trabalha para o velho Alexandre, é? — Perguntou Levi, ergueu a sobrancelha levemente.
— Ele está querendo saber quem tentou matar a neta dele e pediu esse favor para a Bárbara. — Ian sorriu, nesse instante, o moreno cruzou os braços, não fazia ideia que alguém da sua família estava indo tão longe, poder devia estar no sangue dos Reis.
— Eu não posso negar um pedido da minha prima — Levi abaixou a cabeça, como se eles fossem se quer uma família unida, pensar nisso o fez rir. — Vou escrever o nome do lugar onde é certo que vocês vão encontrar informações, mas não foi aqui que vocês conseguiram o nome desse lugar, entendeu? — Levi rosnou para o asiático, que levantou as mãos em sinal de rendição.
— Ninguém vai saber disso, não se preocupe. — Ian deu de ombros, Breno concordou com a cabeça.
— Muito bem... — Levi puxou um papel e uma caneta, anotou algo e ergueu o papel na direção deles. Ian o pegou antes que Levi desistisse de ajudar.
— Obrigado, Levi. — O asiático sorriu. O moreno continuou sério. — Você é um doce!
— Vai embora logo. — Levi apontou para a porta, Ian gargalhou e começou a deixar a sala, Breno acenou para Levi, que retribuiu com um sorriso simpático. — Venha me visitar, Breno, é sempre bem-vindo.
— Pode deixar, obrigado, Levi, até a próxima. — O negro deixou a sala, sorrindo.
Alguns minutos depois, os dois encontraram um galpão, esse, não estava abandonado como os outros que eles costumavam encontrar, nele, um pequeno grupo, que resolvia pendências menores, se encontrava, diferente da Leviatã, esse grupo não tinha fama, nem almejavam o poder absoluto como Bárbara, mas o trabalho era bem feito e o mais importante, não deixaram rastros.
Ian e Breno entraram no galpão, a dona daquela lugar encarou os dois, primeira vez que via alguém da Leviatã em anos, principalmente o vice.
— Quem é vivo sempre aparece, né? — Ironizou Yara, a morena colocou as mãos sob o casaco, o tirando, quando os meninos entraram no seu campo de visão. — Achei que vocês da Leviatã eram importantes demais para se juntar com os pobres — sentou-se em sua cadeira e apontou para as cadeiras na sua frente, os dois se aproximaram.
— Nós nunca nos esquecemos dos amigos. — Murmurou Ian, após sentar na cadeira. Breno fez o mesmo.
— Você é chefe agora? — Perguntou o negro, admirando a pose autoritária que Yara tinha, ele não a via há muito tempo.
— O Diego mandou o Guilherme para sete palmos debaixo da terra, então me deu o cargo. — A morena deu de ombros, chamou um dos seus funcionários com a mão, o garoto se aproximou rapidamente. — Traga um café pra visita. — O menino assentiu e foi na direção da cozinha improvisada.
— Não precisa se incomodar, nós só precisamos de informações. — Ian deu de ombros, Yara negou com a cabeça.
— Para de ser bicho do mato, Víbora, é só um café. — A morena sorriu, Breno riu. — Como está a Bárbara? Nunca mais a vi.
— Está bem. Anda muito ocupada com suas próprias ambições. — O negro se encostou na cadeira, Yara assentiu, entendia o que ele queria dizer, conhecia Bárbara.
— Ela mandou vocês?
— Sim, nós precisamos da sua ajuda, você sabe algo sobre esse atentado contra a herdeira da Garcia Moda? — Perguntou Ian, Yara franziu as sobrancelhas, intrigada.
— Bárbara faz negócios com o velho Garcia? — Questionou a morena, os gângster assentiram. — Ela é inacreditável mesmo. — Yara riu, nesse instante, o garoto voltou com uma bandeja, nela, duas pequenas xícaras de café, os dois aceitaram e agradeceram o menino. — Mas vocês estão no lugar certo, eu sei quem fez isso, o grupo é liderado pelo meu ex.
— O Lucas? — Questionou Ian, a morena assentiu. — Tinha que ser aquele idiota.
— E por que ele faria isso? — Perguntou Breno, confuso.
— Foi pago pra isso, alguém do grupo do centro que mandou. — Yara explicou, apática. Os membros da Leviatã se entreolharam.
— Onde o Lucas está? Podemos descobrir quem foi o mandante agora. — Breno gesticulou com as mãos, animado.
— Eu lá sei, aquela peste parece uma ratazana, vive nos esgotos dessa cidade, se der sorte, você o encontra no El Diablo, aquele puteiro disfarçado de bar. — Yara revirou os olhos, lembrar do ex namorado era sempre estressante.
— Nós vamos de madrugada, provavelmente ele vai estar lá. — Sugeriu Ian, Breno concordou com a cabeça.
— É melhor, até porque aquele traste não pode saber que alguém está procurando por ele, nem que alguém sabe que ele contribuiu no atentado. Isso é confidencial.
— Ele não vai saber até que esteja em nossas mãos, nós somos discretos. — Breno ergueu a sobrancelha, Yara sorriu.
— O Víbora eu acredito, mas você, Breno? Já tenho minhas dúvidas. — Yara gargalhou, o negro fez uma careta.
— Se fude — Breno falou, irritado. Ian segurava o riso.
— Certo, certo — Murmurou o asiático, depois se levantou da cadeira, deixou a xícara na pequena mesinha do lado. — Yara, obrigada pela ajuda, e pelo café, estava ótimo. — Ian sorriu, simpático. Breno também se levantou.
— E parabéns pela promoção, você mereceu. — O negro completou, fazendo a morena rir sem graça.
— Obrigada, ah, pessoal... — Yara os chamou, eles a encararam. — Dá uma surra no Lucas.
Os meninos assentiram, segurando o riso e deixaram o galpão.
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Bárbara ajeitou os óculos escuros quando desceu do carro, deu alguns passos, subindo na calçada, olhou para trás, Nefertiti trancava o automóvel.
A líder da Leviatã começou a caminhar pela rua, haviam algumas faixas do dia do acidente rolando pelo asfalto, alguns cones estavam postos no lugar do acidente, um guarda ajudava na liberação da rodovia, guiando os carros, que vinham do lado oposto, Bárbara encarou a cena, recriando em sua mente o que poderia ter acontecido.
Nefertiti conseguiu acompanhá-la, caminhando ao lado dela, as duas seguiram em silêncio, Bárbara franziu a testa, mesmo não admitindo, já sabia que esse acidente foi planejado pela mesma pessoa que mandou executar Lana.
As gângster encontraram a joalheria que ficava na frente de onde aconteceu o acidente, Bárbara olhou em volta, não tinha ninguém por perto, entretanto, sentia que estava sendo observada.
— Será que o gerente vai nos deixar ver as câmeras? — Questionou Nefertiti, as duas subiram o único degrau antes de alcançar a porta que, lentamente, abriu-se para elas.
— Não se preocupe, capitã. — Bárbara adentrou a joalheria, caminhou com passos apressados até encontrar o balcão, duas belas jovens encararam as gângster, Bárbara retirou os óculos escuros antes de se pronunciar.
— Bom dia, eu tenho algo muito importante para falar com o gerente, podem chamá-lo, por favor? — Questionou a líder, as meninas se entreolharam e uma delas assentiu.
Não demorou para um senhor branco e baixinho surgir, ele estranhou ver a comandante da Leviatã na joalheria, caminhou até as gângster, receoso.
— Posso ajudar, senhoritas?
— Pode. — Bárbara guardou os óculos escuros na bolsa e retirou um celular descartável do bolso, o velho continuava confuso. — Nós precisamos ver as câmeras no dia do acidente, é para o senhor Alexandre Garcia, se quiser confirmar, disque o número um, ele vai falar com o senhor. — A morena o entregou o aparelho, depois desviou o olhar para um belo colar de rubis vermelhos.
— Só um minuto, fique à vontade, querem algo? Café? — Perguntou o velho.
— Café, por favor. — Bárbara deu de ombros e foi na direção do colar. A morena colocou as mãos nos bolsos do sobretudo de couro, encarou o colar e seus olhos brilharam. Admirou a delicada peça sob um manequim preto, o cordão era de ouro branco, fino. Já a pedra, rubi. Vermelho como sangue.
Uma recepcionista a serviu o café, ela sorriu.
— Senhora, quer vê-lo? — Questionou a jovem, Bárbara assentiu.
Nefertiti parou ao lado dela, nenhuma das peças tinha chamado sua atenção.
— Eu vou buscar a chave, só um minuto, por favor. — Ela saiu, sorridente.
— É um colar lindo, chefe. — Nefertiti admitiu, encarou a peça. Bárbara assentiu, dando mais um gole no café.
— Deve custar os olhos da cara. — Sussurrou Bárbara, depois riu.
Nesse instante, a bela recepcionista voltou com a chave, rapidamente destrancou o vidro, Bárbara nem tinha reparado que ela estava com luvas agora. Com delicadeza, a jovem retirou o colar.
— A senhora gostaria de ir lá dentro? Tem um lugar onde pode observar a joia melhor. — A jovem sugeriu, Bárbara concordou com a cabeça. As duas seguiam, Nefertiti permaneceu olhando as outras joias.
Bárbara encontrou um pequeno escritório, apenas uma mesa e duas cadeiras, a morena se acomodou na primeira, a recepcionista ajeitou delicadamente o colar na mesa.
— Esse colar foi um presente da rainha Maria para sua filha no dia do casamento dela. — A jovem explicou, neste momento, Bárbara levantou a cabeça.
— Então eu deveria usar em um dia especial, não é? — A líder sorriu, já planejando o dia que o usaria. A jovem assentiu.
— No seu casamento? — Perguntou a recepcionista, Bárbara riu, mas não negou a especulação da menina.
— Ele é o colar mais lindo que eu já vi, vou levar. — Bárbara advertiu, serena. — Ah, eu quero mais um café também.
— Claro, claro — A menina se levantou, segurando o colar com todo cuidado. — Vou mandar trazer o café, só um minutinho.
Bárbara sorriu e viu a garota deixar o escritório, se ajeitou na cadeira, encarando o próprio reflexo no espelho.
Não demorou muito para Nefertiti adentrar a sala, em mãos, um pequeno chip com as imagens daquela noite.
— O velho disse que podemos ver aqui se quisermos. — A capitã entregou o chip para a líder, Bárbara retirou do bolso um aparelho semelhante a um Tablet, rapidamente, a líder encaixou o chip no aparelho, o ligando de uma vez.
— Eu quero ver isso logo, mas já sei que alguém deve ter cometido esse acidente propositadamente. — Bárbara advertiu, configurando as imagens para o dispositivo, Nefertiti assentiu.
Da porta, a jovem recepcionista voltou com mais um café para Bárbara.
Alguns minutos depois, das imagens escuras da câmera, a líder da Leviatã percebeu que uma Mercedes vermelha praticamente se jogou na frente do carro de vigilância, nisso, não só interditou a via na qual eles estavam, mas também as outras três que dependiam da liberação da passagem.
Bárbara anotou a placa da Mercedes e as duas deixaram a joalheria apressadamente, porém, a líder não deixou de levar seu mais novo colar.
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Ian procurava por balas do calibre da sua arma no depósito, sempre revirava o arsenal até encontrar as que serviam, o asiático tossiu, a poeira sujava suas mãos e ele não as encontrava em lugar nenhum.
Já estava de tarde, o céu sucumbia lentamente ao crepúsculo, tanto que as cores que entravam pela janela do depósito eram laranja e lilás.
Ian retirou uma caixa de cima do armário e espirrou.
— Saúde. — A voz de Bárbara o fez olhar para trás, a líder adentrou a sala, indo até o armário ao lado do que ele estava. — Descobriu alguma coisa? — Perguntou a morena, abrindo as portas do armário.
— O Lucas Gomes está envolvido até o pescoço nessa merda. — O asiático revirou os olhos, fez uma careta, olhando a sujeira que estava em suas mãos.
— Caralho, ele não faz nada sem que a Yara saiba, né? — Bárbara riu. Ian concordou com a cabeça.
— É impressionante, quem me disse que ela poderia saber foi o Levi, esse é outro que sabe do que acontece em Malik. — Ian sorriu e finalmente encontrou as balas certas, suspirou aliviado e pegou duas caixas.
— E como ele está? Nunca mais o vi. — Bárbara, por um instante, parou o que estava fazendo quando lembrou a última vez que viu seu primo. Fazia anos.
— Do mesmo jeito, não mudou nada, continua estressadinho. — Ele deu de ombros, começando a recarregar a arma. — Ah, de madrugada eu vou até o El Diablo, o Gomes vive por lá.
— Vou com você, mandei o Breno e a Nefertiti verificarem uma placa de carro. — Bárbara encontrou a caixa que procurava, antigos registros dos clientes, antes de qualquer milionário fazer parte dessa rede de apoio, a líder reúne tudo o que puder sobre essa pessoa e arquiva em documentos. Agora, sentia que podia encontrar algo no arquivo feito por Matheus, o primeiro líder da Leviatã.
— Ó, faz tempo que a gente não anda junto pelos lugares sujos dessa cidade. — Ian sentou na mesa, ainda carregando a arma, Bárbara sorriu.
— Como nos velhos tempos, se lembra de antes? — A líder questionou, tirando a antiga ficha Garcia da caixa. — Todo dia a gente ia em um distrito diferente.
— Você sempre reclamava que eu e o Matheus estávamos chapados e tu tinha que cuidar de dois nóias. — Ele gargalhou, Bárbara acompanhou o riso, mas se conteve quando o rosto de Matheus veio na sua mente.
— Nem a minha irmã me deu tanto trabalho como vocês dois. — Bárbara indagou, séria. Ian guardou a arma na cintura, depois encostou no armário ao lado da líder.
— Por isso não tinha outra pessoa pra assumir o lugar de comandante, você sempre fez muito, não digo por mim, ou até mesmo pelo Matheus, mas por todo mundo que faz ou já fez parte da Leviatã. — Ian sorriu, mas a morena evitava contato visual, Bárbara, mesmo executando o trabalho de líder com mestria, nunca se imaginou nessa posição, há também o fato que sua "promoção" veio com a morte de seu namorado, a sua ambição já havia aceitado, diferente de seu coração. — Então sempre que uma única dúvida surgir na sua cabeça sobre se esse é o seu lugar — O vice se aproximou, ergueu a mão e usou o indicador para encostar no meio da testa da líder, a fazendo sorrir. — Lembra disso, tá bom? — Ian beijou a bochecha dela e começou a deixar a sala. Bárbara sorriu e negou com a cabeça.
— Te encontro mais tarde, Ian. — A morena o encarou, o asiático parou na porta e sorriu. — Vamos dar um susto no Gomes. — Bárbara piscou. Nesse instante, Ian colocou a mão sob a boca, segurando o riso.
— Depois vou contar pra Yara — Ian gargalhou, saindo da sala, deixando Bárbara sozinha diante de uma ficha antiga e entediante.
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A líder lia o documento sobre Alexandre Garcia calmamente, não havia nada da família que ela já não tivesse conhecimento, até porque ter um caso com a neta do velho contribuiu para isso. A morena suspirou profundamente quando seus olhos encontraram a descrição da tragédia que aconteceu na família Garcia, o acidente de avião que levou os pais de Lana.
Na época, Matheus era o líder, por esse motivo, nenhuma investigação foi feita, Bárbara se recordou da matéria do jornal, relatando o caso, a líder se lembrava das câmeras, mostrando o estado deplorável que o avião estava após o acidente, há também, mesmo não entendendo o motivo, a cena de Lana com 15 anos, no funeral dos pais. A maneira como taxaram a menina como a única herdeira da fortuna Garcia e não uma adolescente que acabou de perder a maior parte da sua família a fez sentir raiva, Bárbara teve nojo daquele discurso.
Se o acidente tivesse acontecido depois de sua liderança, teria investigado.
Sabia qual era dor de perder os pais, sabia como isso machucava até as fibras de seu ser, onde sua mente se fecha e seu corpo paralisa, seu coração, ainda batendo apressado, sente um buraco, uma parte faltando e a dor é insuportável.
Ela sabia de tudo isso.
Ela ainda sabe.
Seus pensamentos voltaram para o atual momento, a líder balançou a cabeça e pegou outra folha, nela, os principais acionistas estavam descritos.
Bárbara não deu muita atenção para os outros, mas focou em Marcelo Castro.
Podia ser implicância, porém, Bárbara sentia que algo ruim vinha dele, sentia que ele escondia alguma coisa.
Mas, por não trabalhar com intuição, ela não o acusou de nada, ainda.
Seus olhos voltaram para as palavras sobre a família de Marcelo, não tinha grandes novidades, mas Bárbara franziu a testa quando descobriu que ele tinha uma irmã gêmea, depois ignorou essa informação, voltando a ler o texto.
Alguém bate na porta, a fazendo desviar o olhar, Breno sorria gentilmente, segurando a maçaneta.
— Chefe, desculpa atrapalhar, mas eu e a Titi conseguimos o nome do dono da Mercedes. — O negro adentrou a sala com um papel na mão.
— Ótimo, obrigada. — Ela murmurou. — Deixa na minha mesa, depois eu vejo isso. — Bárbara ordenou, o capitão obedeceu.
— Mais alguma coisa, senhora? — Perguntou Breno, Bárbara levantou o olhar na direção dele.
— Eu vou te levar comigo para ir atrás do Lucas Gomes, por isso vai verificar se está tudo certo com a sua divisão, ficou o dia inteiro ocupado com essa missão. — A líder deixou de lado o arquivo sobre Marcelo e se ajeitou na cadeira, olhou seu relógio de pulso, checando o horário.
— Sim, senhora. — Breno começou a deixar a sala, porém, olhou para Bárbara por cima do ombro. — Na hora de ir, me avise.
— Mando Ian te chamar. Pode ir agora. — Bárbara advertiu, abriu o computador para pesquisar o nome de quem seria o dono da Mercedes. Breno assentiu e deixou a sala.
Bárbara leu no papel escrito por Breno e o nome Túlio Fonseca apareceu, fez uma rápida pesquisa sobre esse nome, mas não encontrou nada recente, porém, ela não desistiu, continuou pesquisando e investigando, até que seus olhos encontraram uma foto antiga. Nela, o tal Túlio Fonseca estava ao lado de Leonardo Castro, o falecido pai de Marcelo Castro. A líder sorriu.
A foto era do primeiro dia de aula da faculdade deles e, aparentemente, ambos tinham a mesma idade.
Bárbara sentiu que já podia ir até a mansão Castro fazer algumas perguntas.
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Eram duas da manhã quando Bárbara, Ian e Breno entraram no El Diablo.
Os três estavam acompanhados de alguns membros da Leviatã, o pequeno grupo subia os degraus do prédio calmamente, Bárbara estava na frente, Já Ian, um degrau abaixo dela, e Breno um degrau abaixo de Ian.
A líder alcançou o corredor, paredes simulando madeira clara, carpete escuro e plantas cumpridas que lembravam palmeiras, algumas luzes piscavam, Bárbara encarou Ian, que franzia a testa, os olhos deles se encontraram, nesse instante, ambos fizeram a mesma expressão desdenhosa.
Do quarto 28, gemidos e rangidos da cama podiam ser ouvidos por quem passava por perto, dentro dele, Lucas Gomes desfrutava a companhia e os serviços de uma prostituta, como ele era vaidoso, a garota mais bonita da casa só podia ser dele, ninguém mais tinha acesso aquele corpo.
O vai e vem dentro da jovem fazia Lucas revirar os olhos e abaixar a cabeça, segurando o gemido.
Nesse instante, o garoto ouviu batidas na porta.
— Vai embora, porra! — Esbravejou ele, irritado.
Lucas voltou sua atenção para a jovem, dessa vez, eles trocaram de posição rapidamente, onde a menina ficou por cima, mas antes de começar, a porta abriu abruptamente, a menina se assustou e saiu do colo de Gomes em um pulo, Lucas já estava pronto para gritar com quem quer que fosse, porém, seus olhos se arregalaram quando viu Bárbara e Ian lado-a-lado.
— Lucas, quanto tempo. — A morena sorriu, os olhos castanhos intimidadores de Bárbara encararam o rosto pálido de Lucas, depois ela olhou para a menina, que se cobria apressadamente com o lençol. — Você não mudou nada.
— Reis, Yamaguchi? — Ele franziu a testa, confuso. — O que vocês querem comigo?
— Se veste e vem com a gente, nós precisamos conversar com você. — Ian advertiu, com aquela mesma expressão séria de sempre. Gomes se levantou da cama.
— Eu não vou pra lugar nenhum. Estão doidos? Faz anos que não te vejo e agora querem que eu vá com vocês?— Ele começou a gritar, Ian e Bárbara se entreolharam. O asiático engatilhou sua arma e atirou no abajur ao lado da cama, perto da jovem, a menina deu mais um grito e começou a chorar. Lucas arregalou os olhos novamente.
— O próximo vai ser nela, anda logo, não temos a madrugada inteira. — Bárbara ordenou, irritada. A menina continuava chorando, Lucas sabia que aqueles dois eram capazes de qualquer coisa, não podia arriscar.
— Tudo bem, tudo bem. — Ele ergueu as mãos, rendido. — Mas posso saber que merda aconteceu?
— Só vem com a gente. — Ian pronunciou. Lucas alcançou suas roupas espalhadas pelo quarto, as vestiu rapidamente e se aproximou da jovem, que estava com a respiração alterada de medo.
— Não se preocupe, eu volto, fica no quarto até amanhecer, tá bom? — Ele sorriu, a menina assentiu, encarou os gângster, que cochicham entre si.
— Anda, Gomes. — Apressou Ian, apontando a arma para ele. — Lerdo pra caralho.
— Tô indo, porra. — Lucas revirou os olhos e deixou o quarto, Ian e Bárbara foram atrás. No corredor, o garoto notou alguns homens na escada e Breno encostado na parede quase na frente do quarto que estava. — Breno? Até você tá aqui?
— A Yara te mandou um recado. — O negro sorriu, Lucas ergueu a sobrancelha, nesse instante, levou um soco na boca.
— Oh, desgraçado! — Lucas segurou o maxilar, sentia que seu rosto queimava por dentro. — Desde quando você é próximo da Yara?
— Não te interessa. — O negro deu de ombros e começou a descer as escadas, Lucas queria fugir, mas sabia que eles espalharam homens armados em cada beco, o jeito era ceder, porém, ele não fazia ideia das intenções dos gângster.
— Eu sei que quer fugir, mas só vou te liberar depois que me contar o que sabe sobre o atentado da Garcia. — Bárbara sussurrou, estava atrás de Lucas enquanto eles desciam as escadas. O garoto olhou para ela, a líder sorria.
— Como você... — Ele tentou, mas Ian impediu, o interrompendo.
— Sabemos que está envolvido nisso até o pescoço, então mentir não é sua melhor opção. — O asiático advertiu.
— Ninguém precisa se machucar se você cooperar. — Bárbara completou. — E eu estou achando que ela é mais que uma puta pra você. — A líder ergueu a sobrancelha.
— Sua... — Lucas virou na direção de Bárbara, mas Ian entrou na frente dele, o empurrando.
— Veja lá o que vai dizer. — Ian aconselhou, apertando o braço dele.
— Tá bom, eu conto o que vocês quiserem, mas não mexe com ela, depois me matem, porque se essa pessoa souber que eu falei, estarei morto de qualquer jeito.
Os gângster se entreolharam, e um leve sorriso surgiu nos lábios de ambos.
Estava na hora de resolver mais uma missão.
Obrigada por ler, vote e comente.
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