Capítulo 7
4364 palavras
•••
A festa da Garcia Moda acontecia anualmente no Monte Palace, um luxuoso hotel na região Sul do centro, aquele lado da metrópoles era banhado pelo oceano, sendo assim, a vista do hotel era a praia, o que fazia o lugar ser muito solicitado para grandes eventos.
Um tapete vermelho foi posto na escadaria do hotel para receber os ilustres convidados, de cada lado, jornalistas com suas câmeras para registrar o momento que os milionários chegariam.
Faltava alguns minutos para anoitecer totalmente, os últimos raios solares iluminavam o horizonte, a lua estava cheia e as estrelas começaram a surgir.
Bárbara se olhou uma última vez pelo espelho do carro, a líder usava um longo vestido verde esmeralda, sua maquiagem estava escura ao redor dos olhos e em seus lábios um batom nude, a líder mandou um beijo para seu reflexo, sentindo gostosa pra caralho e encarou seu parceiro, Ian arrumava a gravata azul pela terceira vez, o asiático optou por um terno preto, nem é preciso mencionar como usar preto realçava o tom pérola de sua pele.
— Não chegamos muito cedo? — Questionou Ian, virou o rosto na direção da líder, ela deu de ombros.
— Não, o horário está certo, às seis. — Bárbara mostrou seu antigo relógio de pulso, o asiático confirmou a hora. — Só não vamos entrar pela frente. — A líder encostou no banco de couro e fechou os olhos.
— Alguém vem recepcionar a gente? — O vice perguntou, a comandante assentiu.
— Não se preocupe, daqui a pouco ela chega — Bárbara abriu os olhos novamente, encontrando o olhar impaciente de Ian, ela sorriu. — Por que colocou gravata? Escondeu a tatuagem.
— Estou tentando ser elegante, me dá licença. — Ele revirou os olhos, ela manteve o sorriso.
Bárbara começou a desamarrar a gravata dele rapidamente, Ian a olhava confuso.
— Para, eu não tenho camisinha hoje.
— Idiota, não tô tirando sua roupa, é só a gravata. — Bárbara advertiu, ele riu. A líder tirou a gravata e a guardou no porta-luvas, depois desabotou os primeiros botões e a abriu a camisa para dar um ar mais despojado e rebelde. — Pronto! Agora está mais sua cara, nossa, quem é esse gângster? — Questionou a morena, em seguida começou a rir. Ian revirou os olhos.
— Você só gosta de mim quando estou parecendo um bandido. — O asiático murmurou. — Maria tornozeleira! — Ian gargalhou.
— Cala a boca, peste! — Bárbara ordenou, segurando o riso.
Os dois se encararam, Ian colocou a mão sob a boca e a líder desviou o olhar para a janela.
Alguns minutos depois, uma mulher alta e pálida os levava pelos corredores da parte interna, Bárbara e Ian a seguiam com uma certa seriedade, a mulher sabia que os dois eram gângster, ninguém daquele lado da cidade desconhecia os dois, a líder e o vice comandante da Leviatã.
Bárbara entrelaçou o braço com o do asiático e os dois entraram no salão da festa, o lugar era todo espelhado, em cores neutras e amplo, os garçons já passavam pelo local com taças de champanhe, servindo os milionários presentes, os gângster trocaram olhares e disfarçaram a cara de deboche para a "elite", no fundo, os dois queriam conquistar o núcleo pelo mesmo propósito.
Os comentários discretos e olhares curiosos estavam em cima dos dois jovens, Ian permanecia com a mesma seriedade, fazendo cara de mal, como diria Bárbara.
Já a líder, sorria gentilmente para todo mundo que ia falar com eles. Sempre simpática e receptiva, afinal, eles podiam ser futuros clientes.
— Senhorita Reis. — Juliana Alves, a herdeira do Hospital São Miguel, onde apenas a elite podia ter acesso, a negra alta e curvilínea, se aproximou lentamente dos gângster. Eles se entreolharam e encararam a dama, Ian ergueu levemente a sobrancelha, Juliana não era aliada, mas isso poderia mudar essa noite. Bárbara sorriu, amigável. — Não esperava vê-la essa noite.
— Lana me convidou, somos amigas há muito tempo. — A líder deu de ombros. — É um prazer. — Ela estendeu a mão, Juliana a apertou firmemente. — Esse é Ian Yamaguchi, meu sócio. — Bárbara segurou levemente o ombro de Ian, ele entendeu e sorriu para a dama.
— Boa noite, senhor Yamaguchi. — Juliana estendeu a mão para Ian, que apertou com delicadeza.
— Boa noite. — Ele murmurou.
— Eu estive esperando para conhecer você, senhorita Reis — Juliana voltou sua atenção para Bárbara, que relutou para seu sorriso diabólico não surgir. Apenas manteve a expressão angelical. — Vocês gostariam de ir para a minha mesa? Nós podemos conversar melhor lá. — Sugeriu a negra. Os gângster se entreolharam novamente, ambos sorriram.
— Obrigada, senhora Alves, será um prazer. — Bárbara sorriu e os três caminharam entre o espaço, mais uma vez os olhares curiosos os observavam, a líder acenava para seus conhecidos discretamente.
Juliana Alves os guiou para uma mesa do lado direito, alguns do seus seguranças deram passagem para que os gângster se aproximassem, na mesa, Ian puxou a cadeira para Bárbara, ela sorriu e aceitou a gentileza dele, em seguida sentou ao lado dela.
— Bom, senhorita Reis, eu acredito que não queira falar sobre negócios em um dia de festa. — A negra insinuou. A morena e o asiático se entreolharam.
— A senhora pensa em se tornar uma cliente? — Questionou a líder, a negra assentiu.
— Meu ex-marido está pensando em se casar com a amante dele, quer dizer, namorada, porém, ele começou a fazer seu testamento e isso está sendo prolongado graças ao meu advogado, já que meu ex-marido é novo, digamos assim, há chances de ter outro filho com a namorada. — Juliana explicou, Bárbara concordou com a cabeça, mostrando que estava entendendo. — Não quero o patrimônio do meu filho ameaçado, quando nos casamos, boa parte das ações da empresa da minha família foram para o nome dele, pensar na possibilidade de um filho que ele terá com essa mulher dividir o que é do meu filho me dá náuseas. — Juliana deu um gole na água, esse assunto realmente a perturbava, Bárbara franziu de leve a sobrancelha, já sabia que tipo de trabalho teria que realizar.
— A senhora está precisando de ajuda, não pode deixar o que é da sua família na mão de qualquer um. — Bárbara advertiu, a negra levantou o olhar na direção dela, e um fraco sorriso surgiu.
— Então, a senhorita aceita esse trabalho? — Perguntou Juliana, Bárbara sorriu e assentiu.
— Com licença, senhora Alves, mas onde a namorada dele mora? — Ian perguntou, a negra o encarou, tentando lembrar.
— No distrito Zafir. — Ela ergueu as sobrancelhas quando se lembrou.
— Assaltos são comuns em Zafir, embora as pessoas não são exatamente de classe alta, há uma grande movimentação financeira no que quis respeito aos investidores. Por isso, os assaltantes estão se concentrando naquele lado. — Yamaguchi explicou, continuava com a mesma expressão séria e distante, Bárbara sorriu. Gostava quando a mente criminosa dele funcionava nos trabalhos.
— E assaltos acontecem o tempo todo. — Completou a líder.
Por alguns segundos, Juliana se impressionou com a eficiência deles, antes de tomar essa atitude, a herdeira conversou com alguns aliados, que ficaram do seu lado no divórcio e, por incrível que pareça, a maioria deles recomendou a Leviatã para resolver esse problema. Pelo visto, eles estavam certos.
— Nós podemos acertar os termos em outro momento. — Juliana sorriu, aliviada. Bárbara e Ian se entreolharam.
— É claro, hoje é dia de festa. — A líder riu, em seguida, deu um gole na água. — Mas, me diga, senhora Alves, como está seu filho? Eu vi as notícias sobre ele, é um prodígio. — Bárbara sorriu, nesse momento, conquistou ainda mais o apreço de Juliana, pois seu filho era tudo pra ela.
A conversa seguiu com breves interações entre os três, mas o assunto de inicial não foi tocado, não era momento para isso.
Enquanto eles conversaram, o palco que foi posto na frente das escadas começou a piscar e o resto do salão teve um queda de luz parcial, os convidados olharam naquela direção surpresos, de lá, Lana Garcia surgiu, a baixinha usava um vestido brilhante cor-de-rosa, parecia uma princesa, as mangas do vestido eram bufantes e a saia arrastava no chão, a menina sorriu um pouco envergonhada quando os holofotes ficaram sob seu corpo.
— Boa noite, meus amigos, a Garcia Moda agradece pela presença de vocês, eu tenho uma mensagem de alguém que queria muito estar aqui, mas sua saúde não permite, meu avô, Alexandre Garcia. — Um telão desceu lentamente até o palco, Lana olhou para o aparelho, assim como os convidados. Um vídeo surgiu, um senhor negro, com cabelos brancos sentado em um poltrona de couro encarava a câmera.
"Amigos, sinto muito por não estar com vocês nessa noite, mas eu agradeço por todo apoio que recebi. Estou feliz por continuarem conosco. Minha netinha tem feito um bom trabalho e eu quero agradecer ela também, obrigado, Lana.
Espero que aproveitem bastante, a festa é pra vocês."
O vídeo acabou e podia-se notar as lágrimas no rosto de Lana, os convidados começaram a aplaudir, a negra sorriu para eles e, do outro lado do palco, um homem alto, moreno e de olhos azuis surgiu, ele caminhou até o lado de Lana.
— Boa noite, amigos. Sou Marcelo Castro, vice diretor da Garcia Moda. — O moreno sorriu e colocou a mão sob os ombros de Lana. — Estou aqui em nome dos outros sócios, é uma honra ter vocês essa noite. — Ele manteve o sorriso e Lana acompanhou o sorriso dele. — Mas agora, sem mais delongas, vamos aproveitar a festa. Meu amigo Alexandre quer isso e eu também. — O homem segurou a mão de Lana e os dois desceram, nesse momento, o palco mudou as tonalidades, ficando azul e vermelho, uma fumaça branca cobriu o redor do palco e um cantor surgiu. Aquele era Yuri Araújo, o astro jovem do momento, ao começar a cantar, os convidados gritaram e bateram palmas.
━──────≪✷≫──────━
Bárbara observava os convidados elegantes de longe, resolveu respirar um pouco e seguiu para uma sacada, estava sozinha, Ian havia saído há alguns minutos para atender uma ligação e não voltara. A líder encarou o mar, por estar mais tarde, a lua brilhava e o céu estava coberto de estrelas, Bárbara cruzou os braços e deixou a mente vagar pela imensidão do oceano.
— Fiquei feliz quando te vi. — Uma voz fez Bárbara virar, era Lana, a negra sorria gentilmente, a líder abaixou a cabeça, podia fingir, mas também sentiu falta de Lana. — Você está linda. — A baixinha se aproximou, parando do lado dela, as duas encaravam o mar.
— Eu prometi que vinha, não volto atrás com minha palavra. — Bárbara admitiu. — E você está parecendo uma princesa.
— Obrigada, você parece a madrasta má. — Lana explicou, sorrindo. Bárbara riu.
— Obrigada, eu sempre gostei das vilãs. — A morena sorriu. Lana a encarou por alguns segundos antes de desviar o olhar novamente.
— Combina com você. — Sussurrou a negra. Sem perceber, um silêncio caiu sob elas, Lana respirou fundo enquanto observava as ondas se formando. Bárbara a encarou.
— O que te preocupa? — Perguntou Bárbara, Lana a olhou.
— Só estou cansada. — Lana deu de ombros, Bárbara franziu as sobrancelhas, a líder segurou os ombros da negra, a baixinha ficou um pouco surpresa, seus olhos se arregalaram levemente.
— Lana, sei que se sente sozinha, mas eu sou sua amiga. — Bárbara sussurrou, a negra continuava a encarando surpresa. — Você pode conversar comigo, dos meus negócios com a elite, é a única pessoa que eu realmente gosto.
— Bárbara... — A menina se afastou, dando alguns passos para trás e encarou o chão. — Não faça isso.
— O que? Eu só disse que... — Bárbara permaneceu no mesmo lugar.
— Eu sei o que disse. — Lana a interrompeu, irritada. — É difícil pra mim, entende? Não, você não vai entender. — A negra negou com a cabeça e cruzou os braços.
— Desculpa. — Bárbara sussurrou, sabia que tinha magoado Lana quando rompeu o relacionamento, mesmo que não fosse sério. Sentimentos são complexos.
— Não é sua culpa. — Lana se aproximou dela novamente e segurou sua mão. — Nós conversamos antes, eu que compliquei as coisas. Sinto muito.
— Talvez fosse demais. — Bárbara a encarou. — Talvez o que teríamos podia ser nossa ruína, há coisas que não podemos controlar.
— Tem razão. — Lana sussurrou. — Parece que entende mais de sentimentos que qualquer outra pessoa que eu conheço. — A negra riu.
— É a minha sina entendê-los, mas não vivê-los, pelo menos não como deveriam ser vividos. — A morena sorriu fraco, conformada.
— É uma fardo pesado para alguém tão jovem. — Lana admitiu.
— Não se preocupe, eu consigo. — A líder sussurrou.
As duas ficaram em silêncio por alguns instantes, mas uma movimentação peculiar as fizeram olhar para trás, alguns convidados passaram para o outro lado do salão. Bárbara sentiu seu insistindo apitar, nesse momento, segurou a mão de Lana, a mais nova parecia preocupada.
— Bárbara, eu tenho que ir — A negra tentou se soltar, mas a morena impediu. — O que foi?
— Fica aqui, tem algo errado. — Bárbara advertiu, a encarando seriamente. Lana concordou com a cabeça.
A líder deu alguns passos na direção da porta, Lana continuou no mesmo lugar em que Bárbara a deixara, a morena colocou a mão por dentro da saia de seu vestido, alcançou sua arma, que estava pendurada na meia-calça e a pegou, Bárbara olhou para dentro do salão, alguns homens com máscaras pretas, cobrindo seus rostos, apontavam suas armas para os convidados, a morena franziu a testa, seus olhos correram em volta e avistou Ian se aproximando pelo canto, sem chamar a atenção dos homens.
— Ian, o que está acontecendo? — Ela perguntou quando seu vice conseguiu chegar perto.
— Estão atrás da Garcia. — O asiático apontou para a mais nova, que os encarava sem entender o que eles falavam.
— O que? Como sabe disso? — Questionou Bárbara, engatilhando a arma.
— Eles entraram dizendo isso, eu estava falando com o Heitor quando eles apareceram. — Ian tirou o terno e dobrou as mangas da camiseta branca até os cotovelos, pegou a arma que estava na cintura e a engatilhou.
— Porra. — Bárbara bufou. — Chamou reforço?
— Chamei, mas não sei se eles vão chegar a tempo. — Ian alongou os ombros, e depois estralou o pescoço.
— Então vai ser só nós dois. — Bárbara sussurrou, estralou os dedos.— Você vai na frente, abre o caminho, eu fico atrás e a Lana no meio da gente, vamos sair pelo fundo, por onde entramos. — Explicou a líder, Ian assentiu.
Bárbara virou na direção da negra, a chamou, estendendo a mão.
— O que aconteceu? — Perguntou Lana, assim que segurou a mão da morena novamente.
— Alguém está atrás de você, mas está comigo, então não tem que se preocupar. — Sorriu de canto, Lana arregalou os olhos. — Não vai acontecer nada com você enquanto estiver do meu lado, confia em mim. — Bárbara sussurrou no ouvido dela, a negra assentiu.
— Me tira daqui, Bárbara. — Lana sussurrou de volta. A líder concordou com a cabeça.
O primeiro a deixar o esconderijo foi Ian, o asiático olhou de um lado para outro antes de chamar Bárbara com um simples movimento com a cabeça, a líder entendeu e caminhou junto com Lana, os três seguiram pelo canto do salão rapidamente, entretanto, dois dos invasores surgiram na frente deles, Ian parou e impediu que as mulheres avançassem, o asiático os encarou, um deles avançou na direção do vice, porém, Ian desviou e deu uma rasteira, nesse instante, mirou a arma na direção, mas o outro o atacou, derrubando Ian no chão.
Aquele que Ian havia derrubado se levantou, indo na direção de Lana, Bárbara soltou a mão dela e avançou contra ele, a líder desviou da tentativa de socar seu rosto e revidou, acertando um soco no nariz do homem, o fazendo sangrar, sem perder tempo, Bárbara o chutou na virilha, o homem se curvou, nesse instante, a líder chutou seu rosto, o fazendo cair completamente no chão, mirou sua arma e atirou na testa dele.
Enquanto isso, Ian segurou seu oponente pelo pescoço e bateu a cabeça dele no chão, depois o levantou, segurando pelo cabelo e o jogou contra algumas mesas, quando o corpo do homem caiu novamente no chão, Ian atirou em seu peito.
Os três voltaram para o caminho, viraram um corredor e encontraram mais quatro deles. Ian e Bárbara se encararam por alguns segundos antes de desviar o olhar novamente.
— Bárbara, continua com ela, eu encontro vocês depois. — O vice sorriu, a líder concordou com a cabeça e segurou a mão de Lana, entretanto, virou o rosto na direção de Ian mais uma vez.
— Estou te esperando. — Ela sorriu antes de descer as escadas rapidamente junto com Lana.
Ian voltou sua atenção para aqueles quatro, o primeiro que avançou na direção dele tentou o derrubar com um soco, porém, o asiático desviou, e revidou, acertando um chute na barriga dele, nesse momento, outro oponente atacou Ian, o vice recebeu um soco no rosto, sentiu sua bochecha arder, rapidamente, Ian avançou na direção dele, o segurou pelo colarinho e distribuiu socos no rosto do adversário até que sangue começou a sujar sua mão, Ian se virou e usou o homem desmaiado como escudo, nesse momento, dois deles atiraram na sua direção, os tiros pegaram no escudo humano. Ian atirou no peito dos dois e jogou o corpo de escudo para o lado, entretanto, o último que restou pulou em suas costas, prendendo seu pescoço, o sufocando. Ian caminhou para trás, depois bateu as costas na parede, fazendo com que seu adversário, que estava em suas costas, batesse a cabeça em um quadro, nisso, o asiático segurou o homem pelo cabelo e o jogou no chão, nesse momento, Ian chutou o rosto dele rapidamente, pisou na sua mão, o impedindo de pegar a arma, e atirou em seu rosto.
Nesse meio tempo, Bárbara descia as escadas com Lana.
— Ele vai ficar bem? — Perguntou a negra, enquanto ela e Bárbara desciam os degraus rapidamente.
— Não se preocupe, é do Ian que estamos falando. — Bárbara sorriu, porém, ela parou abruptamente. A líder franziu as sobrancelhas levemente, Lana olhou em volta, confusa. — Se abaixa. — Sussurrou a morena. A negra concordou com a cabeça e abaixou o corpo, nesse momento, o ponto vermelho parou sob Bárbara, ela olhou naquela direção e viu um prédio do outro lado da rua. Bárbara também se abaixou, praticamente se jogando no chão, nesse instante, um tiro quebrou o vazo atrás dela. Lana gritou, assustada. Bárbara se arrastou até a parede, se levantou e engatilhou sua arma dourada, a janela do seu lado se espatifou com outro tiro, vidro caiu por todo lado, dela, uma figura encapuzada surgiu, pulando a janela. Bárbara o acertou com um chute no abdômen e atirou em seu peito, Lana arregalou os olhos, impressionada.
— Vamos descer! — A líder segurou a mão dela novamente e as duas correram pela escadaria, entretanto, avistaram duas figuras encapuzadas perto do corrimão.
— Lana, fica aqui. Eu resolvo isso. — Bárbara falou e virou o rosto na direção dos degraus, porém, Lana segurou seu braço.
— Não morre. — A baixinha disse, com os olhos pidões. Bárbara sorriu fraco.
— Não vou. — Sussurrou de volta. A líder segurou a arma com as duas mãos e começou a descer as escadas lentamente. Os dois estavam olhando para baixo, então ela continuou silenciosa até chegar perto deles, um deles virou, mas já era tarde, Bárbara o acertou um chute na virilha e, em seguida, outro no abdômen, usando força o suficiente para empurrá-lo escada abaixo, o outro tentou mirar sua arma, mas nem chegou perto, Bárbara a derrubou no chão, batendo na mão dele rapidamente, nesse instante, segurou seu pescoço, empurrando a cabeça dele na janela, nesse momento, socou seu rosto e atirou em seu peito. O corpo dele caiu no chão, ela pisou em cima quando passou por ele.
Lana desceu os degraus com os olhos arregalados, engoliu em seco, encontrando o olhar intimidador de Bárbara.
— Você... — A negra pronunciou.
— Não está com medo de mim, está? — Questionou Bárbara, se aproximou da baixinha lentamente. Entendia o medo dela, Bárbara sempre foi mais calma quando fazia seus negócios com os herdeiros e presidentes, mas eles não imaginavam o que ela era capaz de fazer.
Lana negou com a cabeça a pergunta da líder, envergonhada. Bárbara sorriu.
Lana sorriu gentilmente e abaixou a cabeça. Odiava o jeito que Bárbara a deixava, a líder sorriu convencida, tinha noção do poder que possuía contra a garota.
— Eu odeio você. — Sussurrou Lana, ainda sorrindo.
— Vamos embora. — Bárbara se virou, começando a descer os degraus. A negra a seguiu.
Já no final da escada, as duas olharam de um lado para o outro antes de avançar, Bárbara colocou a mão na frente da passagem de Lana, quando ela estava quase indo para fora do hotel. A negra encarou a morena, tentando entender o que era, nesse instante, Ian desceu as escadas atrás delas.
— Demorou. — Advertiu Bárbara, cruzando os braços.
— Apareceram outros no caminho. — O asiático deu de ombros, gatilhou a arma mais uma vez, e parou os olhos sob Lana, Ian esboçou um meio sorriso para a menina, ela retribuiu.
— Tá. — A líder murmurou. — Conseguiu falar com Heitor? Ou qualquer outro capitão? — Questionou Bárbara, encarando Ian, ele levantou o olhar na direção dela.
— Consegui, mas as ruas principais estão interditadas, houve um acidente. — Ian explicou. A líder colocou a mão na testa, irritada. — Alexa pegou o helicóptero, pousou no outro prédio.
— Qual? O de trás? — Bárbara apontou para a escada. — Não podemos ir pra lá, tem um atirador nível profissional.
— É o outro, o espelhado. — O asiático também apontou para a escada, Bárbara assentiu. Os dois viraram na direção da saída, onde Lana os encaravam, pareciam que eram sincronizados. Bárbara segurou no braço da negra e os três deixaram o prédio.
Ian corria os olhos por todos os cantos, a rua estava escura e o mar ficava para trás enquanto eles corriam para o prédio espelhado, em um momento, os faróis de um carro caiu sob eles, fazendo com que fechassem os olhos brevemente.
— Lana? — Um moreno saiu do carro, preocupado. Ele encarou os três, seu olhar cruzou com o de Bárbara e ambos ergueram a cabeça.
— Marcelo! — A negra sorriu, aliviada.
— Você está bem? Está machucada? — Perguntou Marcelo, se aproximando dela e a olhando de cima para baixo.
— Estou bem. — Lana manteve o sorriso, o moreno assentiu. — A Bárbara e o Ian me protegeram. — A menina olhou para os dois gângster sorridente, depois encarou Marcelo.
Nesse instante, o olhar de Bárbara encontrou o de Marcelo novamente.
— Obrigado, eu cuido da Lana agora. — O moreno segurou a mão da negra, a puxando levemente, entretanto, a líder impediu, colocando a mão sob o ombro de Lana, os olhos castanhos intimidadores dela fizeram Marcelo soltar a mão de Lana sem que ele percebesse.
— Nós vamos levá-la, não precisa se preocupar, eu já estou cuidando dela mesmo. — Bárbara explicou calmamente, segurou a mão de Lana e passou por Marcelo, Ian a seguiu com a mão sob a boca, escondendo o riso. — Boa noite, senhor Castro, vá dormir porque amanhã terá muito trabalho depois desse atentado! — Aconselhou Bárbara, simpática.
Marcelo não teve como evitar, viu a líder levando Lana por entre as ruas.
Os três encontraram o prédio espelhado, Ian subiu na frente enquanto as meninas o seguiam, conforme avançavam, Bárbara notou alguns dos integrantes da Leviatã espalhados pelos cantos, fazendo a segurança deles.
Rapidamente, os três chegaram no heliponto, Alexa os esperava próximo ao helicóptero, a latina reverenciou seus superiores brevemente.
— Chefe, Heitor ainda está preso no trânsito, ele que vinha com o reforço que o Víbora pediu. — Alexa explicou, distribuiu fones para os três, Bárbara concordou com a cabeça, entendendo a situação.
— Esse acidente está parecendo suspeito, depois eu vejo isso. — A líder deu de ombros, segurou a mão de Lana mais uma vez e subiu as escadas para o helicóptero, Ian e Alexa a seguiram.
Alguns minutos depois, Alexa pousou o helicóptero no jardim da mansão Garcia, as poucas árvores faziam um círculo no meio e um G feito de pedras, da grande construção, que lembrava as casas aristocratas do século passado, uma senhora surgiu. Assim que Lana desceu, as duas se encararam e a menina correu na direção dela.
— Borboletinha, que bom te ver bem. — A senhora segurava o choro, Lana a abraçou.
— Só estou aqui por causa deles. — A negra virou a cabeça na direção dos gângster, Bárbara e Ian acenaram em sintonia.
— Entrem, o senhor Garcia quer conversar com vocês. — A senhora sorriu, simpática. Bárbara e Ian se entreolharam antes de concordar e seguir a senhora.
Já dentro da mansão, demorou alguns instantes para que os gângster encontrassem o dono da casa, Bárbara observava a pintura estranha em cima da lareira, Ian estava encostado na grande janela de vidro, entediado.
— Desculpe a demora. — Alexandre Garcia abriu a porta com certa dificuldade, ele era alto, porém, andava com uma moleta, seus cabelos brancos e bem arrumados o deixavam sofisticado, embora o velho não estivesse em seus melhores dias. — Senhorita Reis, senhor Yamaguchi.
— Boa noite, senhor Garcia. — Bárbara o cumprimentou. — Não precisava descer até aqui para conversar com a gente.
— Precisava sim, Bárbara. — O velho caminhou até sua poltrona, atrás da mesa de carvalho, sentou calmamente e ajeitou sua postura para encará-los. — Minha neta poderia estar morta. Obrigado por trazer ela de volta.
— Lana é minha amiga, eu a protegeria de qualquer forma. — Bárbara falou, o velho assentiu.
— Eu sinto que isso não foi por acaso, tem alguém querendo matar a minha neta. — Alexandre concluiu, segurou a moleta com mais firmeza, Bárbara concordou com a cabeça.
— Precisa de um serviço meu? — Questionou a líder, depois colocou o cabelo para trás.
— No momento, são as únicas pessoas que eu confio. — O velho deu de ombros, conformado. — Descubra quem é o responsável por isso, serão bem recompensados, eu garanto.
— Eu não me preocupo, faz anos que trabalho para o senhor. — A líder ergueu levemente a sobrancelha, encarou seu vice, que assentiu. — E o que faço quando encontrar o culpado?
— Faça o que achar necessário, mas não o deixe sair com vida. — Respondeu o velho, Bárbara sorriu de lado e concordou com a cabeça.
— Vamos resolver isso, Alexandre, não se preocupe. — Bárbara começou a deixar a sala, entretanto, olhou para o velho por cima do ombro. — Seja quem for, já está com seu destino traçado.
— Boa noite, senhores. — O velho sorriu, Bárbara acenou e ela e Ian deixaram a sala.
Obrigada por ler!
Vote e comente.
Até a próxima
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro