Capítulo 23
3800 palavras
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A noite estava sendo iluminada pela lua cheia, Bárbara deu alguns passos na direção do prédio, franziu a testa, recordando da morte de Marina, parecia que nos poucos minutos que precisou para chegar, revivera toda aquela dor. Fechou o sobretudo, impedindo o frio de alcançar seu corpo, olhou para cima, planejando o que faria. Ian parou ao seu lado, engatilhando sua arma.
— Ele vive com a família na cobertura. — Avisou o vice, olhando para cima.
— Esteja pronto para cumprir minhas ordens em qualquer ocasião. — Ela intimou, mantendo a expressão sombria, se Ian não a conhecesse, poderia temer essa voz ou esse olhar, mas os dois são próximos o suficiente para saber o que o outro realmente sente. Ele assentiu, sabendo que não teria muito o que esperar daquela noite. Bárbara caminhou na direção do prédio, evitando qualquer conversa banal com o vice, eles seguiram juntos, prontos para a primeira vítima da vingança.
De cima do prédio, o antigo secretário de saúde responsável por alguns distritos da metrópoles, admirava a vista da sacada, ele observou o fluxo de carros passando, naquela noite seu apartamento estava silencioso, seus filhos estavam de férias, então foram para o país de origem de sua esposa, ele se viu mais uma noite sozinho e suspirou, sentindo falta das crianças.
Moveu o corpo para trás, a fim de sair da varanda, porém, levantou a cabeça com a estranha sensação que estava sendo observado, ele negou, achando que era tolice. Sem que percebesse, a luz do seu apartamento apagou, ele reclamou baixo, culpando os administradores do prédio, tentou se lembrar onde estava seu celular para ter um pouco de iluminação até a luz voltar, mas uma presença o que parar.
— Alfredo Medeiros. — Uma voz feminina ecoou por seu frio apartamento, ele se virou rapidamente, assustado. Da escuridão, uma mulher surgiu, ela usava preto e seus olhos castanhos eram profundos e tenebrosos, a troca de olhares que eles tiveram foi suficiente para Alfredo engolir em seco. Ela apontou uma arma dourada na direção dele, fazendo-o erguer os braços.
— Quem é você? Como entrou na minha casa? — Ele perguntou, furioso. Ela sorriu, um sorriso cruel.
— Primeiro deixa eu fazer algumas perguntas. — Bárbara deu um passo para frente, encurralando ele na sacada. — Por que impediu recursos médicos para o distrito Zâmbia?
Ele franziu a testa, isso aconteceu há quase dez anos, por que alguém o procuraria para falar disso?
— Eu não me lembro. — Murmurou, tremendo. A morena gargalhou e até abaixou a arma. Alfredo não sabia o que fazer, aquela mulher parecia louca, mas tinha algo no olhar dela que a fazia ter sanidade, uma chama, algo que ela buscava a todo custo.
— Você roubou aquele dinheiro, não foi? — Ela voltou com a expressão severa, ainda com a arma abaixada. Alfredo nada disse, era verdade, sua fortuna veio de todas às vezes que desviou o dinheiro público para o básico da saúde dos distritos. Com seu silêncio, ele ouviu a mulher bufar, como se prendesse o ar por muito tempo.
— Você veio me matar por algo que aconteceu há anos? — Alfredo questionou, indignado.
— O senhor já matou alguém com as próprias mãos? — Perguntou a morena, relembrando o passado. O homem negou com a cabeça. Bárbara se aproximou, segurando sua arma firmemente. — Ah, claro, você mata indiretamente, não é? — Riu sem humor, fazendo Alfredo se arrepiar.
— Vá embora antes que faça algo que irá se arrepender depois. — Ele pronunciou, intimidado. A morena manteve o sorriso diabólico.
— A primeira vez que eu matei tinha dezoito anos — Relembrou, melancólica. — Tirei a vida de quem havia tirado alguém que eu amava, depois daquilo me senti melhor, realmente mais leve após a vingança, você entende o que quero dizer? Eu escolhi esse caminho e cada vez que mato me sinto mais leve. — Bárbara suspirou, deixando seu olhar vagar por breves segundos. — Naquela noite fria, eu jurei que ia me vingar de todos aqueles que tiraram da minha vida quem eu amava. E você é um deles. — Ela o encarou, impaciente.
— Eu posso te dar o que quiser, dinheiro, poder, é isso que procura? Não me mate! — Ele gritou, implorando pela vida. Bárbara ergueu a cabeça, gostando do que viu, entretanto, dinheiro e poder ela conseguiu sozinha, não precisava de ninguém para isso.
— Não adianta. — Bárbara respondeu, apática. — Comece a rezar, Deus tem piedade, eu não. — Ela riu, mirando sua arma na testa dele, o homem fechou os olhos, tremendo. No momento que soltou o gatilho, a bala acertou o meio da testa de Alfredo, manchando o vidro atrás dele de sangue, o corpo tendeu, caindo de joelhos, ainda com os olhos arregalados, lentamente, seu tronco caiu para frente, seu rosto foi ao chão, criando em volta de sua cabeça uma poça de sangue. A líder da Leviatã respirou profundamente presenciando a cena, sentiu seus ombros relaxarem e bocejou, desejando dormir por horas. Ian surgiu das sombras, verificando a cena, limpou o sangue que respingou no seu rosto após matar os seguranças do prédio. Ele encarou o corpo de Alfredo e levantou o olhar na direção de sua amiga, Bárbara parecia sonolenta.
— Que estrago. — O asiático referiu-se ao carpete manchado de sangue.
— Daqui alguns meses esse lugar vai estar pronto para alugar novamente. — A líder ergueu a sobrancelha, entediada.
— Melhor irmos embora, não temos mais o que fazer aqui. — Pronunciou Ian, saindo do campo de visão da morena, ela assentiu e guardou sua arma na cintura. Entretanto, ouviram a maçaneta da porta mexer, os gângster se entreolharam e se esconderam na escuridão do apartamento, da porta, uma mulher alta loira surgiu com duas crianças, um menino e uma menina, ambos se pareciam com a mulher, ela estranhou não ter energia e as crianças correram para a sala, porém, Bárbara saiu da sacada, apontando a arma na direção delas.
— Quem é você? — questionou a esposa de Alfredo, assustada.
— Cadê o papai? — a menina perguntou, aflita. Bárbara gargalhou, sentiu um sabor doce na boca, aquilo era o gosto da vingança?
— Posso te mandar para onde ele está, querida — ela sorriu, nisso, atirou diversas vezes na menina, a mãe e o irmão correram na direção da pequena, desesperados, a líder fez um sinal para Ian, que atirou na testa da mulher e Bárbara atirou no peito do menino, deixando uma pilha de corpos no luxuoso apartamento.
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"Nessa madrugada, o ex-secretário de saúde Alfredo Medeiros e sua família foram assassinados em seu apartamento no centro da metrópoles. Segundo as autoridades competentes, o crime foi premeditado, pois o sistema de alarme estava desativado e os seguranças de Alfredo estavam mortos espalhados pelo prédio. Os outros parentes de Alfredo Medeiros receberam a notícia em outro país estão viajando hoje para o funeral. Lamentamos pela perda de Alfredo, sua família e seus seguranças. Voltamos com mais informação."
Bárbara assistia a reportagem na sala da sua casa, depois que cumpriu a primeira parte da sua vingança, teve o restante da madrugada para dormir e descansar, ela se espreguiçou, deitando no sofá por completo.
As cenas do seu triste passado se misturavam com o poder que tem hoje, ela suspirou, enchendo seu coração de orgulho, ela estava conseguindo, ia mandar naquela cidade hipócrita mais cedo do que imaginava.
Seu telefone tocou e nem precisava olhar para saber quem era.
"Viu a matéria?" Perguntou Ian, do outro lado da linha.
— Acabei de ver. Mais tarde é o funeral. — Respondeu a líder, se levantando do sofá.
"É uma pena." Ele murmurou, apático. "Já marquei a reunião com os capitães."
— Ótimo, não precisa me buscar, vou sozinha. — Bárbara foi para cozinha, procurando algo para beliscar.
"Você que sabe, tenho que desligar, até mais tarde."
— Até. — Ela desligou a ligação, enchendo a boca de torta, ouviu a porta ser aberta e Catrina surgiu no seu campo de visão.
— Você está em casa agora? O que aconteceu? — Questionou a mais nova, confusa. Bárbara a encarou por alguns instantes antes de desviar.
— Trabalhei até de madrugada ontem e fui dormir, só isso. — respondeu, saindo da cozinha. Sua irmã sentiu um arrepiou na espinha quando Bárbara passou por ela, mas Catrina ignorava os defeitos da irmã, e fingia que não sabia do que a gangue era capaz, melhor do que viver brigando.
Do outro lado da metrópoles, Laura acabara de assistir a matéria e desligou a televisão assustada. Sem perceber, seu coração se apertou, como se estivesse sendo pressionado, ela correu para fora da casa, parando na varanda. Por um segundo, sua mente acreditou que Bárbara estava envolvida. Não. Não era possível. Laura puxou o ar novamente, tentando se acalmar, porém, era estranho que sua namorada estivesse ausente na época em que um assassinato acontecesse. A loira puxou o celular do bolso, discando o número dela.
"Laura?" Ouvir a voz dela fez seu desespero se acalmar, porém, sentia que precisava conversar.
— Quero te ver. — Laura falou, antes que a coragem lhe faltasse.
"Claro, meu bem, vamos nos encontrar na praia?"
— Daqui uma hora na praia, onde começamos a namorar.
A loira desligou a ligação rapidamente, respirou fundo e entrou na casa novamente.
Mais de uma hora depois, Laura caminhava pela areia da praia, os melhores momentos com Bárbara passavam por sua mente de uma maneira descompensada.
Ela não queria acreditar que sua garota era responsável por um crime tão cruel. E se fosse, o que faria? Antes de se apaixonar por ela já sabia quem Bárbara era, mas se perguntava até que ponto a conhecia de verdade.
Laura sentou na areia, esperando sua namorada chegar.
Alguns minutos depois, Bárbara avistou sua garota, ela se aproximou sorridente, desejando matar a saudade dela, porém, Laura se levantou da areia.
— O que aconteceu? — Questionou a líder, intrigada. A loira suspirou, em dúvida se estava fazendo o certo, mas já tinha ido longe demais com ela para amenizar o que Bárbara representava na sua vida.
— Vi no jornal sobre um crime, ficou sabendo de algo? — Perguntou a mais nova, evitando encará-la. A morena manteve o olhar fixo na sua namorada, e deu alguns passos na direção dela.
— Não. — Respondeu ela, apática. Laura levantou o olhar na direção dela, encontrando uma frieza que jamais viu nos olhos castanhos de Bárbara.
— Parece que está mentindo. — Murmurou a loira.
— E você acredita em mim? — Bárbara perguntou, intrigada.
— O que esse homem tinha com a gangue? — Laura engoliu em seco.
— Eu não fiz isso. — Cruzou os braços, a encarando. A loira negou com a cabeça, e se afastou, virando na direção do mar.
— Está mentindo, você matou ele, não foi? — Laura tremeu ao perguntar isso, não por medo da líder, mas em pensar que mesmo Bárbara culpada do assassinato, ela ainda estaria apaixonada pela morena.
— Eu me vinguei. — Bárbara confessou. — Eu o matei, isso muda alguma coisa? Você sabe quem eu sou, sabe do que sou capaz, não fique chateada por essa besteira.
— Besteira? — Ela se virou novamente. — O que falou nos jornais, aquilo foi cruel, Bárbara, é como se eu nunca fosse realmente conhecer você, parece que você tem tantos segredos.
— Essa é a minha vida, Laura. — Ressaltou a líder. — Eu te perguntei se estava tudo bem e você disse que me aceitava, então estava mentindo?
— O que mais eu tenho que aceitar? — Ela esbravejou. — O que mais eu vou ver você fazendo? Me diz, Bárbara, porque eu sinto que nunca vou conhecer você de verdade.
— Não tem que conhecer as partes que eu não quero que veja, têm coisas que a outra pessoa não precisa saber, não quero que tenha medo de mim. — A líder suspirou, desviando o olhar, por um segundo, Laura sentiu seu coração se apertar novamente. Odiava estar tão apaixonada ao ponto de fechar os olhos para qualquer atrocidade que Bárbara poderia cometer, entretanto, viver sem ela parecia impossível.
— Eu não tenho medo de você. — A mais nova se aproximou, abraçando Bárbara com firmeza, querendo mostrar que sempre estaria ali, por ela. — Tenho medo que você me deixe por causa da vida que leva, é isso que me assusta.
— Eu não vou te deixar, Laura. — A líder puxou a garota contra si, prendendo ela em seus braços. — Mas não me pede pra desistir da gangue ou sair dessa vida porque eu não posso e as razões vão além do que você imagina.
— Quero estar com você, Bárbara. E estou tentando aceitar tudo isso, só não mente pra mim.
— Não posso prometer algo assim, você não entenderia. — A morena soltou sua namorada, sua expressão ficou abatida, Bárbara colocou as mãos no bolso e evitou contato visual com Laura.
— Mas...
— Preciso ir, depois eu te ligo. — Ela se afastou, praticamente correndo para o asfalto. Laura pensou em correr atrás dela, mas a coragem lhe faltou, apenas encarou sua namorada fugir daquela situação.
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Mais tarde naquele dia, Bárbara se reuniu com os capitães no escritório da Leviatã. Eles estavam confusos com a reunião de emergência, mas não questionaram a decisão da líder.
— Eu queria conversar com vocês sobre ontem — Ela pronunciou, inclinando-se para trás. Os superiores se entreolharam, intrigados. — O tal Alfredo, eu que matei, faz parte da minha vingança, queria contar para vocês, querem me fazer alguma pergunta? — Ela os questionou, entediada.
— O que ele tinha feito para você matar ele? — Perguntou Alexa, perdida na história.
— Ele fazia parte das pessoas que vou matar, Alfredo foi o responsável pela morte de alguém muito importante pra mim, era carta fora do baralho, não se preocupem. — A líder suspirou, seus subordinados pareciam calados demais para o gosto dela. — Vocês já imaginavam que poderia te sido eu?
— Pela maneira que aconteceu, achei que tivesse sido você. — Breno pronunciou, indiferente.
— E o Víbora foi junto. — Acrescentou Nefertiti.
— Com toda certeza ele ia também. — Indagou Heitor.
— Estava tão na cara assim? — Bárbara negou com a cabeça, pelo visto eles a conheciam mais do que ela imaginava.
— Estava. — Os capitães responderam em coro, a líder deu um breve sorriso.
— Não é a última vez que vocês vão ver algo assim, estamos apenas começando. — Ian, que permaneceu quieto sentado na mesa de Bárbara, se pronunciou.
— É, isso não vai acabar tão cedo e o começo para dominarmos a cidade, conto com vocês para os próximos passos. — A líder completou a linha de raciocínio de Ian, ele assentia.
— Pode contar comigo. — Breno sorriu.
— E comigo. — Respondeu Nefertiti, tímida.
— Não importa o que seja, essa gangue é minha vida, e eu quero ajudar. — Heitor desviou o olhar, constrangido.
— Eu me sinto protegida com vocês, algo que nunca tive em anos, quero te ajudar no que for, Bárbara. — Alexa levantou o olhar na direção dela, encontrou a líder com um sorrisinho nos lábios.
— Obrigada, pessoal. — A morena sorriu, deixando o clima leve, embora estivessem falando sobre assassinatos.
— Vamos festejar! — Gritou Breno, tomando a atenção deles para si. — Deixa o bonitão aqui cuidar de achar uma festa bacana pra gente, volto rapidinho. — Sem que ninguém pudesse falar algo, Breno deixou o escritório.
Meia hora depois, os gângster entraram em uma boate no centro da metrópoles.
A maioria ali eram os herdeiros da elite, Ian fez uma careta quando passou pela porta, ouvindo o tipo de garota que os meninos gostariam de pegar naquela noite, o asiático torceu o nariz com o comentário babaca. Bárbara riu, notando a careta dele.
O dono da festa os recebeu com alegria, puxando assunto com Bárbara e ela respondia não tão empolgada.
Breno já havia puxado Alexa para conversar com os amigos que ele acabou de fazer, Heitor foi para o bar e Nefertiti perambulava pela festa. Bárbara e Ian subiram para o camarote, evitando contato com aqueles que estavam na multidão de pessoas se esfregando e bêbadas.
— Tu tá com uma cara feia, achei que ia ficar feliz depois que matou o velho e de quebra a família dele também. — Ian insinuou, virando a primeira dose da noite, a líder virou seu copo, evitando encará-lo.
— Tô feliz que matei o velho, mas a Laura veio com um papo estranho. — Respondeu, deixando de lado o copo. Ian ergueu a sobrancelha, imaginando qual foi o papo.
— Ela perguntou sobre o velho?
— Sim, eu tentei mentir, mas acabei falando a verdade, ela parecia assustada com as coisas que eu posso fazer. Achei que ela não ligaria para isso. — Bárbara se ajeitou no sofá, afundando no veludo.
— E ela não liga, Bárbara, mas estar com alguém que vive no nosso mundo é muito arriscado, podemos morrer a qualquer hora, tu sabe disso. — O asiático afirmou, perdendo a vontade de beber, apenas observava as pessoas do outro lado da festa.
— Não vou deixar a gangue por ela. — Confessou a líder, decidida.
— Sei disso, o que aconteceu depois?
— Eu fugi da conversa, não estava com cabeça pra isso. — Bárbara murmurou, entediada.
— Liga pra ela amanhã, vocês se gostam de verdade. — Aconselhou o asiático, preocupado.
— É, talvez eu devesse conversar com ela, faz tempo desde a última vez que me abri com alguém. — A líder parecia pensativa, realmente se importava com Laura e com o que ela sentia, mas não podia abrir mão de quem era.
— Vocês estão namorando, tem que contar pra ela como se sente, é isso que um casal faz. — Ian sorriu, sentindo-se o conselho amoroso do momento. Bárbara riu.
— E tu que nem namora pra não se apegar demais. — Contou a morena, sorrindo. Ian revirou os olhos.
— Não muda de assunto, tô falando de você. — Ele sorriu, bagunçando os cachos de líder. Ela desviou, irritada.
— Tá bom, tá bom — A líder ergueu as mãos, rendida. — Amanhã eu ligo pra ela.
— Acho bom mesmo, quer ficar chapada? — Ian fez um sinal para Breno, que foi correndo na direção deles.
— Quero.
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Catrina lia algum artigo qualquer na internet quando a campainha do interfone tocou, ela se levantou, estranhando receber visita naquela hora da manhã. A baixinha atendeu o porteiro, que explicou que uma garota chamada Laura queria conversar com ela, Catrina franziu a testa, acreditando que Bárbara tinha feito alguma besteira. A menina liberou a entrada e, poucos minutos depois, ouviu batidas na porta.
— Oi, Cat, bom dia. — A loira a cumprimentou, sorridente. Catrina se aproximou dela, tentando identificar o que poderia ter acontecido.
— Bom dia, o que a minha irmã fez? — Perguntou ela. A loira riu e beijou a bochecha dela antes de entrar.
— Eu só queria te ver, não posso? — Questionou, intrigada.
— Pode, mas sinto que tem algo com a idiota da minha irmã. — respondeu, adentrando a casa.
— Catrina, você sabe tudo o que a Bárbara faz? Ela te conta? — Perguntou Laura, percebendo que não poderia disfarçar o que sentia, Catrina segurou a mão dela, a guiando para seu quarto. Laura a seguiu, confusa.
— Ela não conta, mas eu sei. — A negra fechou a porta do quarto, apontando sua cama para Laura se sentar. — Antes da Bárbara ser a temida líder de uma gangue, ela é minha irmã, minha família.
— E você se incomoda com o que ela faz? — Perguntou a loira, evitando encará-la. Catrina sorriu, alcançando sua carteira cor-de-rosa e relevando uma foto antiga e um pouco amarelada. Na foto, um casal composto por um negro alto sorridente, e uma mulher branca de olhar fechado, que seguravam duas meninas. A mais nova tinha lacinhos no cabelo e estava agarrada no pescoço do pai, a mais velha sorria fraco e segurava na mão da mulher, ambas tinham a mesma escuridão nos olhos. Laura deixou um sorriso escapar vendo sua namorada criança.
— Essa foto é de um pouco antes dos nossos pais morrerem. — Explicou Catrina, segurando as lágrimas. — Nós éramos felizes, depois que eles morreram, nossa vida nunca mais foi a mesma, sempre que tínhamos algo, era tirado de nós. Não quero justificar os crimes dela, mas se nós sobrevivemos foi por causa dela, da força que ela tem. — A mais nova suspirou, segurando na mão de Laura. — Não posso e nem quero deixá-la, por isso finjo que não vejo o que ela faz, mas você não precisa fazer isso.
— Talvez eu não queira deixá-la, não quero ficar longe dela. — Admitiu Laura, deixando lágrimas escaparem, Catrina a abraçou. — É como se eu quisesse proteger ela, você entende?
— Claro, vivo com esse sentimento, se você quer estar com ela, tem que aprender a lidar com a escuridão que ela carrega, mas conhecendo minha irmã, sei que Bárbara não deixaria você ir, ela gosta de você, acredite nisso. — A baixinha continuava segurando Laura em seus braços, apenas ela poderia entendê-la.
— Vou lidar com a escuridão que ela carrega porque não quero a deixar, não posso.
— Faça o que for melhor para você, lembre-se disso. — Aconselhou Catrina, secando as lágrimas de Laura, que assentiu, decidida.
As duas conversaram por mais algumas horas, semana que vem já voltaria as aulas e teriam pouco tempo para estarem juntas, Catrina pediu para que Laura ficasse mais tempo, pois sabia que logo Bárbara estaria em casa, não demorou muito para a líder chegar.
A morena estranhou a porta de Catrina estar fechada e ouviu vozes do quarto, mas ignorou, indo tomar banho, tinha passado a madrugada na boate e depois dormiu no sofá do escritório, sua coluna estava dolorida, talvez não pudesse mais dormir em qualquer lugar como costumava fazer. Deixou as neutras de lado, tirando as roupas e abrindo o chuveiro.
Bárbara deixou a água molhar seus cabelos, tentando se sentir mais leve depois de horas em uma boate. Ela ouviu a porta do seu quarto abrir e achou que fosse Catrina procurando alguma coisa, entretanto, sentiu que alguém entrou no banheiro, ela se virou, confusa. Sorriu quando viu sua namorada, Laura sorriu de volta.
— Que surpresa boa. — Ela riu, notando a maneira que a garota a olhava.
— Vim conversar com sua irmã. — Contou , envergonhada.
— Entra comigo? — Pediu a morena, abrindo o box, Laura concordou com a cabeça, e se apressou para tirar as roupas, as deixando cair no chão. Bárbara ergueu a mão, a puxando para si, fazendo a garota parar debaixo do chuveiro. — O que vocês conversaram?
— Nada importante, mas eu queria te pedir desculpas. — Assumiu, tímida. Bárbara abraçou sua namorada, deixando a água molhar os cabelos dela.
— Não quero que me peça desculpas, está tudo bem, e eu deveria ter sido sincera quando me perguntou sobre o que aconteceu, desculpa. — A morena segurou no rosto de Laura, encarando seus belos olhos azuis.
— Está desculpada. — A loira riu, fazendo sua namorada sorrir. — Não quero brigar.
— Não vamos brigar. — Afirmou Bárbara, roubando um selinho de Laura. — Lava meu cabelo? Estou com preguiça. — A morena fez uma cara pidona, a loira riu, concordando com a cabeça. Alcançou o shampoo e começou a lavar o cabelo da sua namorada, Bárbara sorriu, aproveitando o momento.
Depois do banho, as duas vestiram apenas camisetas e deitaram na cama, Bárbara abraçou a cintura de Laura, encostando a cabeça no peito dela, ouvindo seu coração. Laura a segurou, querendo proteger sua garota do mundo.
— Fica hoje comigo. — Pediu a líder, se aconchegando sob o corpo pequeno de Laura. A loira assentiu, não conseguiria negar, queria estar com ela. Bárbara ergueu a cabeça novamente, segurando no queixo dela e a beijando com ternura. Laura retribuiu, agarrando os cabelos dela e aprofundando o beijo, continuaram com os beijos até que Bárbara deitou a cabeça novamente sob sua namorada e dormiu, Laura, sem ter muito o que fazer, fechou os olhos, esperando que o sono chegasse.
Olá, leitores.
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