Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 22

 4300 palavras

•••

  Duas semanas após a festa da Leviatã, os rumores sobre a possível morte de Ian Yamaguchi correram pela cidade. 

  Os gângster de todas as partes da metrópoles ficaram intrigados com o caso, questionando o verdadeiro poder da Leviatã, porém, o medo que a líder plantou neles há anos os controlou de qualquer golpe para tirá-los da liderança, então ninguém ousou se manifestar contra eles. 

  Nefertiti ficou responsável por encontrar o traidor dentro da gangue, e a capitã não descansou até descobrir quem era, no final, a negra chegou em uma resposta, uma garota dentro da terceira divisão. Depois que comunicou Bárbara, que não quis participar da punição, Nefertiti estranhou a atitude da líder, mas nada disse, apenas avisou o que faria e desligou a ligação.

— O trabalho é só nosso, a Bárbara não vai. — contou a capitã, guardando a arma na cintura. Alexa franziu a testa, intrigada. As duas entraram no carro, era de madrugada, o frio parecia queimar as bochechas e as pontas dos dedos delas. 

— Ela está diferente, não acha? — Questionou a latina, colocando o cinto. Nefertiti deu partida no carro. 

— Ela mudou um pouco, mas ainda é nossa líder, o que ela mandar, nós obedecemos. — Respondeu, evitando comentários a respeito da vida pessoal da comandante. Alexa concordou com a cabeça e as duas seguiram o caminho em silêncio.

  Meia hora depois, elas avistaram a garota na rua, se entreolharam e cada uma foi por um lado, Eloise, a terceira participante do atentado contra Ian, olhou para trás, achando que alguém a observava, mas não encontrou ninguém, então deu de ombros e continuou seu caminho, porém, Nefertiti surgiu na sua frente. Ela se assustou, dando um passo trás.

— Nefertiti? — Ela a chamou, confusa. A capitã ergueu a sobrancelha, caminhando lentamente na direção dela.

— O que faz por aqui essa hora? — A negra sorriu. Eloise engoliu em seco, sinceramente, a capitã sempre a assustou.

— Indo pra casa. — Ela olhou para trás mais uma vez, achando que alguém estava a seguindo.

— Eu te levo, vamos? — A capitã apontou o caminho, simpática. A garota não seria louca de recusar a gentileza, então assentiu, caminhando ao lado dela. O silêncio parecia perturbar Eloise, desconfiada de ter encontrado a capitã. As duas andaram por alguns minutos, mas Nefertiti parou, encarando a garota. — Quanto tempo você achou que ia conseguir se esconder dentro da gangue? — Perguntou a negra, Eloise tropeçou, quase caindo.

— Veio me matar? — Questionou a garota, tremendo. A negra riu, uma risada tenebrosa. 

— Você sabe nadar? — Perguntou, sorrindo. Nesse instante, Alexa surgiu, batendo o cano da sua arma na nuca de Eloise, ela desmaiou.

— Até eu fiquei com medo de você. — Murmurou a latina, cutucando o corpo de Eloise com o pé. Nefertiti bocejou.

— Tô é puta, fiquei atarefada por causa dessa vadia, nem dormi esses dias. — Reclamou a capitã, tirando um cigarro do bolso e um isqueiro. 

— Tá péssima. — A latina riu, abaixando para levantar a garota. 

— Vai se foder, idiota. — Ela acendeu o cigarro, o tragando lentamente. — Vamos acabar com ela logo, tô querendo ir pra casa. — Nefertiti bocejou novamente, cansada. Alexa concordou com a cabeça.

  Alguns minutos depois, as duas estacionaram na praia, a latina arrastou Eloise pela areia enquanto a garota gritava e tentava se soltar.

— Não adianta gritar, ninguém vai te ouvir. — Pronunciou Alexa, sorrindo. Eloise começou a chorar, nisso, Nefertiti a puxou pelo cabelo, se aproximando da água. A garota tentou escapar, mas levou um chute nas costelas, ela gemeu de dor e cuspiu sangue. 

— Fica quieta, eu quero ir logo pra minha casa. — Ordenou a negra, impaciente. Virou a garota com brutalidade na sua direção e socou o rosto dela fortemente, Eloise cuspiu um dente, Alexa sorriu, ajudando a capitã a segurar a vítima, Nefertiti tirou uma faca na cintura, enfiando na perna da garota duas vezes seguidas, ela gritou, mas nada adiantava seus gritos. Alexa amarrou os braços dela, depois as pernas, Nefertiti e a latina trocaram olhares e a empurraram no mar. 

  Por estar amarrada, Eloise apenas afundou nas águas enquanto sentia que não podia respirar, as capitães observaram a cena pacientemente, depois deixaram o litoral.

━──────≪✷≫──────━ 

  A grama do parque que Laura sempre frequentava parecia mais verde. 

  Ela suspirou enquanto estava deitada, observando as nuvens, olhou para o lado e Bárbara estava de olhos fechados, segurando sua mão, a loira sorriu, convencida que poderia ficar naquele momento pelo resto da vida. Laura virou o corpo na direção da líder, acariciando os belos cachos da morena, desta vez Bárbara que sorriu, segurando a mão da menina com mais força, a levando para seu rosto.

— Eu quero ficar com você. — A loira falou, entorpecida pelo perfume da namorada. A líder levantou o olhar na direção dela e a roubou um selinho, Laura riu, segurando no rosto da morena, intensificando o beijo. Bárbara subiu em cima dela, beijando os lábios da loira com calma.

— Você está comigo, meu bem. — A líder parou o beijo, encarando os olhos oceanos de Laura. 

— E vamos continuar assim, não é? — Questionou ela, abraçando a cintura da morena. Bárbara riu, tirando os fios loiros de Laura que caíram no rosto dela.

— Enquanto nós estivermos dispostas. — Concluiu a líder, beijando a bochecha da namorada. As duas se abraçaram, deitando na grama. Bárbara fechou os olhos novamente, aproveitando a companhia dela.

  A líder escapara de mais um dia de trabalho a fim de passar tempo com a namorada, as duas foram para o parque respirar ar puro enquanto conversavam, estar com Laura fazia bem para o coração cansado de Bárbara. 

  As horas passaram rápido naquela tarde, quando deram por conta, o dia tinha acabado.

— Eu preciso ir agora. — Avisou a líder, as duas caminhavam de mãos dadas pelo estacionamento.

— Precisa ir trabalhar? — Perguntou a loira, decepcionada.

— Você sabe que eu tenho evitado as pendências da gangue desde que começamos a namorar — A líder parou de andar, fazendo sua namorada parar também. — Nós não vamos nos ver por alguns dias.

— O que você vai fazer nesses dias? — Perguntou Laura. Bárbara franziu a testa, não queria contar o que realmente iria fazer. 

— Algo que eu não posso te contar. — A morena riu, abraçando sua namorada. — Depois eu te explico, mas não fica preocupada.

— Impossível não ficar preocupada com você. — Laura murmurou, apertando Bárbara no abraço. — Mas será que a gente não pode ficar mais uma hora juntas?

— E o que você está pensando em fazer nessa uma hora? — Bárbara perguntou, confusa. A loira mordeu o lábio inferior e aproximou seu rosto da líder. — Menina, tu não é era da igreja? — Ironizou a morena, sorrindo. Laura riu e segurou o rosto dela com as duas mãos.

— Vamos pro seu carro. — Ela sugeriu, Bárbara negou com a cabeça.

— Anda logo, vamos! — A líder segurou a mão da namorada, guiando-a rapidamente para o automóvel, aquela hora já estava escuro e quase ninguém caminhava pelas ruas, Bárbara abriu a porta do carro e empurrou Laura para o bando de trás, a loira riu vendo a afobação de sua namorada. A morena fechou a porta do carro, e deitou por cima de Laura, alcançando os lábios da loira, sua língua adentrou a boca da loira enquanto suas mãos exploravam as curvas lentamente, tirando as peças de roupa que impediam que tocasse na pele clara dela. Bárbara abriu os botões da calça que Laura usava e a abaixou até os tornozelos da loira. A mais nova puxou o top preto da líder, expondo os seios bronzeados dela, nisso, Laura passou a língua pelos dois, fazendo sua namorada arrepiar, depois colocou um deles na boca, o sugando como se fosse uma fruta.

  Bárbara sorriu, observando sua garota tão concentrada em seu corpo, a mão da morena deslizou para dentro da calcinha da mais nova, Laura soltou um gemido quando os dedos gelados da sua namorada invadiram seu interior, ela revirou os olhos e apertou a cintura de Bárbara contra si, a líder riu e afundou os dedos dentro da intimidade molhada da loira.

— Você me dá água na boca — A morena sussurrou no ouvido de Laura, seus lábios foram para o pescoço da sua namorada, distribuindo beijos e lambidas. Laura suspirou e tirou sua calcinha, dando a visão da sua boceta melada pra Bárbara.
  A líder sorriu, vendo a pressa de Laura para que ela estivesse em sua boca. A morena deslizou pelo corpo da loira, encontrando o meio das pernas dela.
Laura segurou os cabelos de Bárbara enquanto a morena enfiou a língua na namorada de uma vez, a loira gemeu e apertou o couro do banco do carro, a líder sugou o clitóris de Laura e introduziu seu dedo, afundando contra a intimidade molhada da loira.

— Bárbara, você me deixa louca. — Murmurou ela, com a voz rouca. A líder continuou concentrada no que fazia, aproveitando o doce sabor da sua namorada. Em pouco instante, Laura gozou na boca de Bárbara. A líder lambeu até a última gota, não deixando escapar nada.

— Eu estou completamente viciada em você. — Bárbara pronunciou, voltando com os beijos no pescoço de Laura. A garota riu, puxando a líder pela nuca para beijá-la nos lábios.

— Eu quero retribuir. — disse a mais nova, trocando de posição com Bárbara. A líder sorriu, concordando com a cabeça.
Laura não conseguia provocá-la por muito tempo e nem ela mesma aguentava, então apenas abaixou a calça jeans de Bárbara e depois a calcinha preta que ela usava. A loira sorriu e deu um selinho em cima da boceta apertada de Bárbara, nisso, abriu as pernas dela e encaixou seu rosto entre elas, a morena gemeu e revirou os olhos quando sentiu sua namorada explorando seu interior com a língua.
A líder segurou no cabelo de Laura, empurrando o rosto da garota contra si.

  A mais nova segurou nos quadris de Bárbara, ganhando mais firmeza para aproveitar cada parte dela, aquele gosto fazia Laura revirar os olhos, Bárbara gemeu e apertou o couro do banco do carro, soltando seu gozo de uma vez.

— Você é tão gostosa. — Laura sorriu, limpando a boca. Bárbara riu e a puxou para um abraço, seus braços envolveram o corpo pequeno da loira, sentindo o calor dela. Elas permaneceram abraçadas por alguns instantes enquanto recuperavam o fôlego.

— Eu vou ficar alguns dias sem aparecer, mas não quero que você fique preocupada. Logo mais estarei de volta. — Reforçou a líder, apertando sua namorada contra si, Laura suspirou, frustrada.

— Só toma cuidado, volta pra mim inteira. — Laura murmurou, alisando o rosto da sua namorada.

— Vou estar segura e se precisar de alguma coisa, liga pra mim. — Bárbara alertou, roubando um selinho antes de se levantar, procurando seu top

— E quando eu vou te ver de novo? — Questionou a loira, erguendo as roupas que foram abaixadas pela morena.

— Eu não sei direito, mas ainda essa semana vamos nos ver. — Bárbara sorriu, subindo as roupas novamente. Notou que sua namorada parecia distante ou preocupada demais para prestar atenção em algo, por isso ela segurou a mão dela e a colocou sob seu rosto. — Quero ver seus olhos antes de ir. — Sussurrou Bárbara, Laura sorriu e virou na direção dela.

— Não suma, tá bom? — Sugeriu Laura, encostando seu rosto no ombro da morena.

— Não irei — A líder puxou sua namorada para um abraço, acalmando o coração ansiosa dela. — Vamos estar juntas mais cedo do que você imagina.

Laura suspirou, agarrando-se no pescoço da sua namorada, querendo acreditar naquilo.

━──────≪✷≫──────━

  O prédio da Leviatã estava silencioso naquela hora da madrugada, quando Ian entrou no escritório, encontrou Bárbara encarando a vista da metrópoles. O asiático respirou fundo, ajeitando o casaco marrom.

  Bárbara se virou, os dois trocaram olhares antes de falar qualquer coisa.

— Está na hora de ir — Pronunciou Ian, apático. A líder assentiu, tirando da cadeira seu sobretudo e vestindo-se.

— Esse é o começo, Ian — Bárbara sussurrou, evitando contato visual com ele. — Não quero que haja falhas.

— Isso não vai acontecer. — Ele afirmou, seguro do que dizia. Bárbara sorriu fraco, evitando relembrar os velhos tempos. Enquanto eles desciam na direção do carro, a líder se viu com quinze anos novamente, naquela época, ela morava no distrito Zâmbia junto com Catrina, Matheus e Marina, a mãe dele.

  Depois da tragédia que aconteceu no antigo distrito que eles moravam, os quatro se uniram, formando uma família.

  Bárbara não teve sua mãe para lhe aconselhar sobre as mudanças da adolescência, mas Marina a ouvia e a abraçava com o mesmo amor que sempre sentira.

  Nas tardes de domingo, Marina reunia os três em volta da mesa e tentava, com o pouco dinheiro que tinha, dar uma boa refeição para eles.

  E, mesmo que a vida tenha machucado o coração de cada um ali, eles estavam felizes juntos.

— Marina? — Chamou Bárbara, a morena possuía um olhar mais brando, suas maçãs do rosto eram mais cheias e seu cabelo curto.
Marina virou na direção dela, parando de costurar o casaco cinza.

— Oi, querida. O que aconteceu? — Ela perguntou, preocupada. Bárbara se aproximou, notando os curativos nos dedos dela.

— Eu vou trabalhar no mercado, não quero que se mate de tanto costurar. — Pronunciou a adolescente, irritada. Marina sorriu.

— Mas e a escola? Não quero que deixe de ir pra escola.

— Posso estudar de noite. — A morena sorriu, sentando ao lado de Marina, a mais velha deixou a agulha e prestou atenção em Bárbara.

— Você está diferente, sabe que pode me contar qualquer coisa. — Marina ergueu os braços, fazendo Bárbara deitar no colo dela.

— Sinto falta dos meus pais. — Murmurou ela, engolindo o choro. Marina apertou ela contra si, segurando Bárbara com firmeza.

— Se quiser chorar, não segure. — Aconselhou a mais velha, mas Bárbara não fez isso.

— Eu não quero chorar, só peço que não se mate de tanto trabalhar, precisa cuidar da sua saúde. — Bárbara alertou, Marina riu.

— Vou tentar passar no posto amanhã, mas não sei se terei atendimento, você sabe como demora. — A mais velha suspirou, conformada com sua realidade. Bárbara se levantou do colo dela, não aceitando a decisão.

— A Catrina vai com você. — Ela intimou, séria. Marina riu. — E nem adianta negar, vou falar com ela. 

— Eu sou adulta aqui, não você. — Avisou a mais velha, voltando sua atenção para a costura. Bárbara a observou por alguns segundos, preocupada. — Os meninos vão se reunir hoje, vai passear com eles, não tem que me fazer companhia toda noite. — Marina sorriu, incentivando Bárbara a ter uma adolescência.

— Tudo bem, eu vou, preciso sair agora, qualquer coisa pede pra Catrina. — Ela acenou, deixando a sala. Marina apenas concordou com a cabeça.

  Os dias passaram rápido naquele ano, assim algo inesperado aconteceu. 

  Enquanto Bárbara tentava arrumar o cabelo de Catrina, na época com onze anos, ouviu um som estranho vindo do banheiro, ela franziu a testa, confusa. 

— Matheus? — Chamou ela, fazendo o garoto aparecer no quarto.

— O que foi? — Questionou ele, segurando na porta. 

— Cadê a Marina? — Perguntou Bárbara, terminando de trançar o cabelo de Catrina, a mais nova fazia careta com o jeito nada delicado de sua irmã.

— No banheiro. 

— Vai arrumar a mesa pra gente comer. — Mandou a morena. — Ajuda ele, Cat. — Bárbara sorriu para a irmã, que assentiu, indo na direção de Matheus. O garoto estranhou a mudança repentina de Bárbara, mas evitou pensar nisso, apenas segurou na mão de Catrina, a tirando do quarto.

  Bárbara esperou que os dois fossem para a cozinha antes de caminhar até a porta do banheiro, ela bateu três vezes, esperando uma resposta de Marina.

— Você está bem? — Perguntou a morena, com o coração acelerado. A porta abriu, revelando Marina com uma expressão abatida. Os olhos castanhos de Bárbara focaram na privada e notou sangue em alguns pontos. 

— Estou, vamos comer! — A mais velha sorriu, tentando distrair a menina, mas isso não funcionou. 

— Faz quanto tempo que você está vomitando sangue? — Questionou a mais nova, fazendo Marina arregalar os olhos.

— Como você...

— Tem alguma coisa errada desde que você foi no médico, não é? — A menina afirmou, entrando no banheiro, Marina abaixou o olhar, envergonhada. 

— Deu uma alteração nos meus exames, mas o posto não tinha recursos para saber o que eu tenho e... — Ela começou a explicar, mas seu coração apertou vendo a expressão assustada de Bárbara crescer. Marina puxou sua filha para um abraço, onde sentiu as lágrimas da menina molhar sua blusa. 

— Você vai morrer? — Choramingou a morena, segurando na cintura da mais velha. Marina sentiu seu pranto a invadir por completo, não conseguindo se segurar. 

— Querida, se acalme. — Ela apertou a menina contra si, Bárbara levantou a cabeça. — Ainda há chances que eu melhore, só preciso de tratamento adequado.

 — E como você vai receber esse tratamento? Marina, nós somos os refugiados nesse distrito, ninguém se importa com a nossa existência.

  Aquela frase ecoou pelo pequeno espaço do banheiro, mesmo evitando pensar sobre os fatos, a mais nova tinha razão. 

— Eu vou ficar bem, confia em mim. 

  Ressaltou a mais velha, segurando nos ombros de Bárbara, a morena abaixou a cabeça, prevendo a sequência de momentos ruins que teria dali em diante.

— Vamos comer. — Intimou e, sem enrolação, deixou o banheiro. 

  Os dias pareciam curtos depois daquela conversa, elas não tocaram no assunto, mas nem precisava, sabiam que remoer não adiantaria nada. Bárbara evitava ficar em casa, pois imaginava que sua família teria um membro a menos. Certa noite, depois da aula, a morena avistou Ian na praça com algumas pessoas que ela não fazia questão de conhecer, pensou que, uma hora ou outra, teria que desabafar com alguém. Ela se aproximou da rodinha, segurando sua bolsa tiracolo contra si, o asiático levantou o olhar na direção dela e sorriu, porém, algo no olhar dela estava diferente, Ian pediu licença e se afastou do grupo. 

— Oi. — Ela cumprimentou, desanimada. Ele segurou na mão dela, a tirando da praça. — Onde estamos indo?

— Lá em casa, faz tempo que a gente trocou uma ideia só nós dois. — Ian sorriu, ela riu, deixando que ele a guiava pelas ruas mal iluminadas daquele distrito caindo aos pedaços. Os dois andaram em silêncio por alguns breves minutos até encontrar a casa do asiático. Eles subiram os degraus e sentaram no chão da varanda, Bárbara colocou a bolsa na escada e segurou suas pernas, apoiando o queixo nos joelhos. Ian sentou de modo relaxado nos degraus, com as mãos para trás e as pernas na escada. 

— A Lena está bem? — Questionou Bárbara, o asiático assentiu.

— Está, mas você sumiu esses dias, o que aconteceu? — Ele perguntou, preocupado. 

— Estou trabalhando.

— Não estou falando disso. — Ian a encarou, ela franziu a testa, depois suspirou, cansada.

— Acho que a Marina vai morrer. — Pronunciou a morena, sem encará-lo. Entretanto, sentiu Ian se assustar, segurando no ombro dela.

 — Como você sabe disso? — Perguntou ele, aflito.

— Ela disse. — Afirmou, apática. — Esteve no médico esses dias, não há muito o que fazer.

— Bárbara... — Ian a chamou, daquele jeito que sempre fazia, ela estremeceu, ao lado dele era impossível esconder seu real estado. Suas lágrimas surgiram rápido, impedindo que as escondessem. Ian abraçou sua amiga com firmeza, a fazendo apoiar a cabeça no pescoço dele e chorar como nunca fizera, Ian permaneceu calado, ouvindo o pranto dolorido de Bárbara.

— O que vai ser da minha família se ela morrer? — Questionou a morena, escondendo o rosto nele. Ian suspirou pesado, sentiu seu coração disparar vendo a tristeza dela.

— O Matheus sabe? Ou a Catrina? — Perguntou. Ela negou com a cabeça. — Vocês precisam conversar com eles, são uma família, com o apoio um do outro, podem ficar mais fortes e minha avó e eu estamos aqui para ajudar. Você não está sozinha. — Ian sussurrou, fazendo a morena sorrir.

— Obrigada, Ian.

  No dia seguinte, Bárbara reuniu sua família na sala, ela segurou na mão de Marina, dando força para que ela conseguisse falar. Matheus e Catrina se entreolharam brevemente, confusos.

— O que aconteceu? — Perguntou Matheus.

— Eu estou doente. — Marina falou, sorrindo, o sorriso mais triste que já teve. Catrina colocou a mão na boca, assustada.

— O que você tem, mãe? — Questionou Matheus, sentindo a vontade de chorar invadir seu corpo.

— Ainda não sei, querido, mas preciso de tratamento e...

— Você vai morrer? — Catrina questionou, se levantando do sofá. A menina começou a ficar ofegante e trêmula. Bárbara notou o descontrole da irmã e se levantou, a abraçando.

— Cat, respira. — Ela alertou, mas a menina se soltou do abraço e começou a chorar.

— Eu não quero respirar, quero saber se a Marina vai morrer, é isso, não é? — Catrina se virou para a mulher, que apenas abaixou a cabeça. Assim, ela correu para fora da casa.

— Catrina! — Esbravejou Bárbara, nervosa, mas sentiu Matheus segurar sua mão. Eles trocaram olhares, como se conversassem naquele milésimo segundo, os dois se aproximaram de Marina, abraçando-a como nunca fizeram antes.

— Vou até outro distrito buscar tratamento, então preciso que vocês tomem conta da nossa família, pode ser? — Ela perguntou, com o mesmo sorriso amável. Os dois assentiram, receosos. No fundo, não acreditavam que daria certo.

  As semanas seguintes voaram, não dando tempo para que aquela pequena família, unida pela dor da perda, pudesse ter mais momentos juntos.

  Marina lutou todos os dias para continuar viva.

  Ela sorria para eles, porém, sentia seu corpo ficar mais fraco.

  Após tantas tentativas, indo nos distritos próximos, simplesmente aceitou.

  Em todos os postos e hospitais teve a mesma resposta.

  "Não temos recurso para isso, lamento."

  E foi assim por meses.

  Nisso, ela mal levantava da cama, sem forças e sem esperança.

  Bárbara manteve a seriedade nos dias em que cuidava de Marina, realizando tarefas de casa e segurando a mão dela quando tinha medo.

  Lena e Ian os visitavam quase todos os dias, tentando amenizar o efeito que uma morte lenta causava, saber que seus filhos teriam eles foi de grande alívio para Marina, que agradecia sempre que encontrava a senhora de traços asiáticos. 

  Quando percebeu que não aguentaria por mais tempo, Marina reuniu seus filhos no quarto, Catrina subiu na cama, segurando na cintura dela, Matheus do lado esquerdo, segurando sua mão e Bárbara no direito, sentada ao lado dela, tristonha. A mais velha sorriu, erguendo os braços para seus filhos, eles uniram-se no abraço mais frio que já tiveram.

— Cuidem uns dos outros... — Mariana balbuciou, sua pele agora estava acinzentada, com manchas escuras ao redor dos olhos, a maior parte de seus cabelos caíram, seu corpo ficou magro, fraco. Bárbara sentiu uma lágrima escorrer, notando que essa era a última imagem que teria de Marina. — Vocês são minhas crianças, minha família, precisam ficar juntos. 

— Eu vou sentir sua falta para sempre. — Pronunciou Matheus, chorando. Sua mãe sorriu para ele, e segurou seu rosto com uma mão. 

— Estarei zelando por você, querido, não tenha medo. — Ela manteve o sorriso, apertando ainda mais o coração de seu filho, ele se levantou, secando as lágrimas e deixou o quarto.

— Matheus? — Catrina desceu da cama, correndo para fora do quarto, indo trás do seu irmão.

  Sozinhas novamente, Bárbara deitou ao lado dela, em silêncio.

— Sei o que está pensando. — Provocou Marina, puxando de leve um cacho da morena, Bárbara fez uma careta, simulando dor.

— Não sabe! — Ela cobriu o rosto, impaciente.

— Sei sim — Riu. — Está pensando que vai perder mais alguém que ama, mas não pense isso porque de onde eu estiver, vou continuar amando você.

— Era para ter sido diferente, Ma, nossa família deveria ficar unida, isso não é justo, com você, com a gente, estou com raiva e triste, me sinto tão fraca. — Bárbara puxou a coberta, e fechou os olhos. 

— Você não é fraca, é forte e vai ser uma mulher mais forte ainda, só fico triste por não ver isso acontecer, mas, querida, não aceite as injustiças, não normalize a miséria, lute pela vida e pelo o que você quer, estarei orgulhosa de qualquer jeito. 

  Bárbara sorriu, e abraçou com cuidado a mulher que representou sua mãe por anos. 

  Na mesma semana, Marina faleceu. 

  Seu corpo aguentou até onde conseguiu e simplesmente cedeu, fazendo a respiração enfraquecer e os batimentos cardíacos pararem. Ela morreu enquanto dormia, talvez fosse o melhor momento, ela dormiu e nunca mais acordou.

  No funeral, Matheus tomou as rédeas, cuidou de tudo e as pessoas comentavam como ele ficou parecido com seu pai, Catrina segurava o choro e a mão dele o tempo inteiro. Já Bárbara, ficou a maior parte quieta e evitando conversas, fugiu para a capela, evitando qualquer conversa banal e cheia de "sinto muito" ou "meus pêsames". A morena vestia um longo vestido preto e um casaco da mesma cor, no seu pulso, o velho relógio de seu pai, seu cabelo preso para trás, a fazendo parecer mais velha, ela olhou para o altar, encarando a cruz, se perguntou o motivo para ter uma vida tão sofrida. Bárbara se ajoelhou, sem saber direito o que fazia, mas rezou ou tentou pela alma de Marina, para que ela fosse para um bom lugar, depois correu para fora, encontrando o jardim da capela. 

  A garota encontrou um banco de pedra, mais distante ainda do funeral, se acomodou e desejou que aquele dia acabasse, achou que estava sozinha, porém, alguém sentou ao seu lado. Era Ian, o garoto apenas a fez companhia por alguns minutos, admirando o jardim. O menino usava um terno preto e seu cabelo estava amarrado para cima, deixando alguns fios escaparem. 

— O inverno chegou mais cedo esse ano. — Para a surpresa do menino, Bárbara puxou assunto, evitando contato visual. Ele assentiu.

— As cerejeiras continuam floridas, enquanto as outras plantas estão sem vida e sem força, ela continuava bonita, a natureza é engraçada. — Ele sorriu fraco, vendo as lágrimas se formando nos intimidadores olhos castanhos de Bárbara.

— Acha que somos como as cerejeiras? — Questionou a garota, secando as lágrimas.

— Não, nós somos os seres sem tanta beleza e cheios de defeitos que as admiram, mas nós temos possibilidades, nossa vida pertence a nós e devemos viver ao máximo, aproveitar cada segundo porque mesmo as cerejeiras vão morrer um dia. 

  Ian segurou a mão dela, a garota sorriu e encostou seu corpo no dele, buscando apoio. Ele sorriu e permaneceu calado enquanto os dois seres sem tanta beleza e cheios de defeitos observavam a beleza das cerejeiras. 

Oi, leitores! Muito obrigada por todos os votos e comentários, isso me motiva a continuar.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro